Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 08 A 10/12/12

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DIÁRIO DA MANHÃ

Cremesp diz que MEC é culpado pelas avaliações ruins de Medicina
 

Mais da metade dos alunos foi reprovada em exame para recém-formados no curso
O Ministério da Educação (MEC) tem “grande responsabilidade” sobre o fraco desempenho dos formandos em Medicina no exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), disse o presidente da entidade, o médico Renato Azevedo Júnior. De acordo com ele, o ministério tem conhecimento, por meio do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), da baixa qualidade de diversas faculdades de Medicina, mas não está agindo para puni-las
“Entre as faculdades que participam do Enade têm pelo menos 16 que por três anos consecutivos tiraram conceitos 1 e 2. Um conceito ruim, porque o Enade vai de 1 a 5. E o que ocorreu com essas faculdades? Quais foram as providências tomadas? Nenhuma. Elas continuam funcionando com o mesmo número de alunos”, disse Azevedo em entrevista à Agência Brasil.
“O MEC tem o dever, inclusive, de fechar essas escolas. Ou obrigá-las a readequar no sentido da qualidade da formação do médico. Nós queremos demonstrar, e vamos levar isso ao MEC, de que é urgente que se faça alguma coisa para melhorar o ensino médico no Brasil”, acrescentou.
O Cremesp divulgou o resultado da prova aplicada, em novembro, em todos os formandos dos cursos de Medicina no Estado de São Paulo.
Mais da metade dos alunos recém-formados foram reprovados, não alcançaram a nota mínima exigida, de 60%.
Dos 2.411 participantes, 54,5% acertaram menos de 60% da prova, ou seja, menos de 71 das 120 questões. O exame contou com a presença de 2.525 estudantes das 28 escolas médicas paulistas que funcionam há mais de seis anos. Foi a primeira vez que todos os formandos foram obrigados a fazer a prova – sem a necessidade de aprovação – para poder retirar o registro médico.
“(O resultado) não surpreendeu no sentido de que é um resultado semelhante ao que a gente já vinha tendo nos outras sete edições. Por outro lado, é uma coisa muito preocupante. O aluno que não consegue acertar 60% de uma prova desse tipo, de aferição do conhecimento mínimo, tem problemas na formação e vai ter dificuldades para exercer uma medicina de boa qualidade”, disse Azevedo.
Para o diretor do Associação Médica Brasileira, José Luiz Bonamigo, o fraco desempenho dos estudantes pode ser explicado pela estrutura deficiente das faculdades, a péssima avaliação interna dos alunos e à falta de punição às escolas ruins. “A gente, hoje, tem faculdades não só privadas, mas públicas, que abrem sem ter um hospital, sem ter uma rede de postos de saúde credenciada para os alunos poderem atender aos pacientes”, declarou.
“A deficiência do ensino médico é uma realidade há alguns anos no Brasil. Os alunos não têm um campo de estágio adequado e a avaliação é muito ruim durante o curso. É raríssimo você ter durante o curso algum aluno reprovado, isso tanto nas mais novas como nas tradicionais”, acrescentou.
Além de colocar os pacientes em risco, Bonamigo destaca que os médicos malformados sobrecarregam o sistema público de saúde e desperdiçam recursos. “Esses médicos malformados geralmente têm dificuldade em fazer um diagnóstico correto com as ferramentas mais importantes que a gente tem, que são a história clínica e o exame físico do paciente. Solicitam muitos exames e sobrecarregam o sistema de saúde. E, mesmo com o resultado, não sabem dar o andamento correto. Um risco social de saúde e um risco de gestão do sistema. Médicos caros e pouco eficientes”, disse.
O Ministério da Educação informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que desconhece as bases das provas que serviram para a avaliação dos estudantes no Cresmep. “Não cabe portanto, neste momento, nenhuma consideração a respeito.”
O MEC ressaltou que, em relação às deficiências das faculdades de Medicina do Estado de São Paulo, assim como no resto do País, mantém uma constante avaliação dentro do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior. “O ciclo de avaliação do ensino superior é de três anos. As escolas de Medicina que estão abaixo da média 3, no Conceito Preliminar de Curso (CPC) ou no Índice Geral de Cursos (IGC), deverão ser reavaliadas no ano que vem. Se mantiverem a mesma avaliação serão sancionadas (punidas). Além do processo de supervisão, poderão ter suspenso seu processo de seleção”, disse em nota. (10/12/12)
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Médico de miss Jataí presta depoimento
 

Thamyris Fernandes – Cidades

O cirurgião plástico Rogério Morale prestou depoimento, na tarde de ontem, no 13º Distrito Policial de Goiânia, a respeito da morte da miss Jataí Turismo, Louanna Adrielle Silva. A modelo, de 24 anos, faleceu no último sábado (1), no Hospital Buriti, no Parque Amazônia, depois de começar uma cirurgia para colocar próteses de silicone nos seios.
De acordo com a delegada Mirian Aparecida Borges de Oliveira, que investiga o caso, o depoimento começou às 10h30 e só foi encerrado por volta de 15h. Ao todo, o procedimento rendeu 13 laudas de relatório.
O médico resumiu à polícia todos os acontecimentos, desde o primeiro dia de contato com a paciente até a cirurgia. Conforme relatou, ontem completou um mês da primeira visita da modelo ao consultório, quando ele pediu a bateria de exames.
Na segunda consulta, a miss já teria voltado com os resultados. De acordo com o que ele disse no  depoimento, Louanne estava saudável. Segundo o cirurgião, ela contou que fazia exercícios regulares e não tomava remédios controlados.
O médico informou, no entanto, que o único detalhe que poderia contar negativamente em relação à saúde da moça era uma arritmia sinusal, que alterna a frequência cardíaca entre batidas lentas e rápidas, detectada no eletrocardiograma. De acordo com ele, a cirurgia foi permitida mesmo assim, uma vez que esse tipo de problema não seria considerado uma doença cardíaca para a medicina.
Segundo a delegada, baseado nisso, Morale nem chegou a realizar a avaliação de risco cirúrgico. Ela conta que o médico se justificou dizendo que nesses casos, só há complicações se o paciente estiver apresentando algum tipo de sintoma da doença, o que não era o quadro da modelo. “Ele afirmou que em momento algum a mãe de Louanna o informou que a moça estava sentindo dores de cabeça e no peito, além de desmaios, há cerca de um mês”, pontuou Mirian.
Paradas
Conforme o cirurgião, no dia da cirurgia tudo correu bem até o final da inserção da primeira prótese, quando a modelo sofreu a primeira parada cardíaca. Rogério relatou que eles começaram os procedimentos para reanimar a jovem e retiraram o silicone. A segunda parada veio em seguida.
Embora não houvesse Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no hospital, o médico diz que a paciente foi levada para o quarto e recebeu todos os cuidados precisos, pois no local havia os equipamentos necessários para isso. “Ele ressaltou também que a modelo tinha consciência desse detalhe da falta de UTI e que foi escolha dela operar no Hospital Buriti. Mesmo sabendo que Morale operava em outros lugares, a moça escolheu o hospital por ser próximo à sua casa”, contou a delegada.
A terceira parada cardíaca da modelo, conforme o médico, foi fatal. De acordo com Mirian, o médico disse que durante as reanimações a moça apresentava reações muito fortes às pequenas doses do remédio que eram ministradas. “Ele explica que essas reações são típicas de pacientes que usaram ou usam algum tipo de substância ilícita.”
Investigação
De acordo com a delegada, o médico se mostrou impressionado com a morte da modelo, por ser jovem, ter bom condicionamento físico e bom estado de saúde. “O processo de investigação continua. A polícia agora vai ouvir as outras pessoas envolvidas, além de acionar o Conselho Regional de Medicina para verificar se realmente não seria necessário ter realizada a avaliação de risco cirúrgico em Louanna.”
Ainda conforme Mirian Borges, esse não é o primeiro caso de óbito relacionado ao médico Rogério Morale. Questionado pela delegada, o cirurgião admitiu que está sendo investigado pela morte de outra paciente, dessa vez na cidade de Jataí, vítima de uma embolia gordurosa.
A delegada conta que esse outro caso ocorreu em junho, durante a realização de uma cirurgia de lipoaspiração. “Ele disse, entretanto, que ainda não foi intimado a prestar depoimento nem à polícia nem ao CRM.” (08/12/12)
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O HOJE

Planos de saúde podem se tornar inviáveis
 

Idec aponta que, em 30 anos, brasileiro não conseguirá pagar pelo serviço privado, pois despesa consumirá mais de 70% do orçamento
André Passos

Afuncionária pública Rosângela Machado, 56, tem um gasto de mais de 800 reais com planos de saúde para a família de cinco pessoas. Mês passado, ela amargou um reajuste de quase 8%. O resultado é que precisou desembolsar 66 reais a mais. O fato é que ela raramente usa o plano. “Vou ao médico no máximo uma vez por ano e quando vou ainda tenho de pagar quase 30 reais de consulta”, conta ela.
As previsões para o futuro não são nem um pouco animadoras a Machado e a mais de 48 milhões de brasileiros, usuários de planos de saúde. É que os custos da manutenção de um plano de saúde devem alcançar 70% do orçamento familiar nos próximos 30 anos, se as taxas de reajuste continuarem com níveis de crescimento acima da inflação, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Há dois anos, essas mesmas projeções apontavam reajustes 15,88% menores. No níveis atuais, as despesas com plano de saúde consomem 7% da renda em média, percentual que já é alto e que exige mudanças rápidas para que o consumidor não fique ainda mais no prejuízo no futuro. Diante disso, não é difícil o usuário sair ou trocar o plano de saúde. “Uso muito pouco e já pensei em mudar. Temos planos 50% mais baratos e vários colegas estão trocando, mas tenho medo”, diz ela.
A economia é tentadora se observado que a relação entre o reajuste dos planos de saúde individuais e familiares e a inflação (IPCA) acumulada entre 2002 e 2012 apresentou uma diferença de 38,12%. Esse resultado indica que os planos de saúde continuam a ser corrigidos acima da reposição inflacionária, ampliando ainda mais o descasamento com a recomposição de renda do consumidor, feita pelo índice de inflação.
Segundo a economista do Idec, Ione Amorim, se essa diferença entre os índices se mantiver nos próximos 30 anos, o consumidor perderá a capacidade de pagamento dos planos de saúde. “Projetando a diferença dos índices para as próximas três décadas, as mensalidades serão corrigidas em 163,49% acima do IPCA”, explica a economista.
Simulação
Um consumidor que tem, hoje, 30 anos, e que possui um plano individual em torno de R$ 210,07 (valor ilustrativo de um plano individual de uma grande operadora), com renda de R$ 3.000,00 por mês, compromete 7% de seus rendimentos para honrar seus compromissos com a operadora. Se forem mantidas as condições de reposição salarial e as regras atuais de reajuste dos planos de saúde, quando este consumidor completar 60 anos, terá, primeiramente, mudado de faixa etária, e seu plano de saúde terá sofrido um acréscimo de 296,79%.
Segundo Amorim, além desse acréscimo, se aplicado reajuste de 163,49% acima da inflação no período, esse mesmo plano passará dos R$ 210,07 para R$ 2.196,28, o que representaria 73,21% de sua renda, e inviabilizaria o pagamento do plano de saúde.
A simulação leva em conta somente o reajuste dos planos individuais/familiares, que são regulados pela ANS e mantém o mesmo nível salarial, sem reajustes. Esses planos representam cerca de 20% do total dos mais de 48 milhões de consumidores de planos e seguros de saúde no País. A projeção é baseada na diferença entre os reajustes de planos e a inflação dos últimos dez anos, não sendo necessário, assim, estimar a inflação do período. Se concretizada a projeção, a destinação de mais de 70% da renda de um consumidor ao pagamento do plano de saúde configura uma obrigação excessivamente onerosa, o que, de acordo com o CDC, é prática abusiva e passível de anulação pelo Poder Judiciário, conforme explica Amorim.
O Idec realizou esta mesma simulação em 2010, e na ocasião, o índice de reajuste da ANS acumulado no período entre 2000 e 2010, apresentava um crescimento de 31,36% acima da inflação (IPCA). Na época, a diferença projetada para os 30 anos apontava um comprometimento de renda de 54,12% da renda do trabalhador. Os resultados do último levantamento indicam que o reajuste dos planos individuais e familiares vem se distanciando ainda mais em relação ao IPCA, pois em apenas dois anos, essa diferença cresceu em mais sete pontos percentuais. (09/12/12)
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Cresce número de cirurgias plásticas
Troca de informações entre médicos e pacientes ajuda no bom resultado dos procedimentos
Jaísa Gleice

Quem não sonha em ter um corpo perfeito e um rosto harmonioso? Se perguntar para qualquer mulher, uma ou outra até poderá negar, mas com com grandes chances de não estar dizendo a verdade. A cada ano aumenta muito a quantidade das que escolhem a cirurgia plástica para trilhar com maior rapidez o caminho rumo ao que acreditam ser sinônimo de beleza. A jovem Bianca Borges Freitas, administradora em marketing, se submeteu a uma lipoescultura em 2010. “O resultado foi tão bom que já me preparo para fazer outra”, afirma Bianca, apoiada no fato de que uma gravidez logo depois da cirurgia comprometeu um pouco o resultado.
O período de férias se mostra o ideal para o repouso, necessário em todos os tipos de cirurgia plástica, que varia de uma semana a até mais de um mês, dependendo do procedimento. O clima mais ameno também ajuda, pois deixa o repouso menos incômodo para o paciente. Foi o que fez Elizete da Silva, auxiliar de serviços gerais, que colocou uma prótese mamária em maio, quando a estação é de temperatura mais baixa. “A anestesia foi geral, mas não senti nada nem durante nem depois da cirurgia”, garante.
Por outro lado, dobra o trabalho dos especialistas por causa da grande demanda. “A cirurgia plástica no Brasil é considerada uma das melhores no mundo, e Goiás já conseguiu se tornar referência também“, destaca o cirurgião plástico Pedro Torminn, que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e atua na área há 22 anos. “Já marquei nova cirurgia, agora uma abdominoplastia, para abril do ano que vem, e tenho certeza que o resultado também vai me agradar”, garante Elizete.
Cirurgias plásticas no corpo ou na face requerem os mesmos cuidados dos pacientes, afinal já se sabe que qualquer intervenção cirúrgica, por mais simples que seja, pode representar riscos para a saúde e até a morte, dependendo do perfil do paciente, portanto a responsabilidade em buscar informação tem de ser da paciente. De acordo com o experiente cirurgião, nos meses de férias aumenta significativamente o volume de cirurgias, sendo que em dezembro este número é quatro vezes maior do que em outro período do ano. Independente da época, é importante que o paciente se informe sobre o médico, o procedimento e a unidade de saúde antes de acertar a intervenção.
Encarar o médico como o melhor amigo, confidenciando hábitos e modo de vida e falar sobre as expectativas em relação à cirurgia ajudam a evitar problemas. “São intervenções geralmente tranquilas, mas é fundamental prestar atenção nos exames pré-operatórios e conversar com o paciente sobre alguma doença pré-existente, o uso de medicamentos controlados ou de drogas, pois, combinados com a anestesia, podem gerar um efeito colateral grave”, alerta. Bianca fez tudo isso. O médico escolhido por ela já tinha feito diferentes tipos de cirurgia plástica em seis amigas da moça, todas com resultado positivo, segundo ela.
“Me submeti a todos os exames pré-operatórios e de risco cirúrgico. No dia, não vi nada, não senti absolutamente nada e tive uma semana tranquila de repouso”, acrescenta ela, que planeja refazer o procedimento para recuperar a forma perdida com a gravidez. “Não tenho medo, não”, diz. O médico Pedro Torminn afirma que não devem ser submetidas a cirurgias plásticas pessoas que sofrem de doenças hepáticas, renais descompensados, cardiopatias graves, que usem drogas ilícitas ou que dependam das lícitas e ainda aqueles que estejam com qualquer tipo de infecção, ainda que seja apenas uma simples infecção de garganta. “São pacientes com potencial para complicações, e nesses casos o cuidado deve ser redobrado até para cirurgias eletivas, por isso a conversa franca com o médico ajuda muito”, afirma.
O especialista garante que não há necessidade extrema de uma UTI na unidade de saúde, uma visão equivocada da maioria. Precisa, sim, o hospital e o centro cirúrgico serem bem equipados e dotados de medicamentos adequados. Assim, se houver qualquer incidente, os primeiros socorros podem ser feitos ali mesmo dentro sala de cirurgia, onde está uma equipe exclusiva para acompanhar o paciente durante todo o tempo, formada pelo cirurgião, anestesista e enfermeira. “A unidade de terapia intensiva recebe os pacientes graves e crônicos, geralmente com infecção, e funcionam por plantão”, acrescenta o cirurgião. Daí a importância de o paciente também se informar sobre as condições do hospital e sobre a habilitação dos membros da equipe.
A lipoaspiração e a colocação de prótese mamária ainda são as cirurgias mais procuradas. Depois vêm as da face. Oitenta por cento são pacientes mulheres. A grande maioria das cirurgias, segundo o médico, faz uso de anestesia local ou peridural. “Menos de um por cento usa a anestesia geral e, mesmo com monitoramento constante do anestesista enquanto durar a cirurgia”, garante. Patrícia Ferreira (nome fictício, a pedido da entrevistada) fez a lipo e colocou prótese ao mesmo tempo há dois anos. “Optei pelos dois procedimentos simultâneos e tudo transcorreu tranquilamente sem nenhum efeito colateral de anestesia e um período de repouso muito bom”, conta.
Ela fez uma relação de nomes de três cirurgiões plásticos, mas nem chegou a visitar os dois últimos da lista. “Encontrei uma amiga antiga que trabalhava com o primeiro médico e todas as referências me deixaram segura. Fiz a escolha certa”, garante. Patrícia faz questão de destacar o quanto a mudança corporal refletiu na autoestima. “Há o antes e o depois da cirurgia”, atesta. O cirurgião comemora o fato de os pacientes demonstrarem receptividade aos conselhos do médico. “Temos de orientar para as limitações. “Quando o paciente entende, ele aceita a cirurgia e o resultado, não vai sair frustrado”, orienta, acrescentando sobre a importância do pós-operatório que, geralmente, implica em dietas, exercício físico e outros cuidados. “Criei disciplina tanto para a alimentação quanto para a ginástica, mas sem excessos ou neuroses”, finaliza Patrícia. (09/12/12)
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Doentes renais no Brasil dobram em uma década
O avanço de doenças crônicas provoca aumento no número de pacientes, de acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia

O avanço de doenças crônicas, sobretudo do diabetes e da hipertensão, tem provocado um aumento no número de pacientes com problemas nos rins. Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia indicam que o número de doentes renais no Brasil dobrou na última década. Estima-se que 10 milhões de brasileiros sofram de alguma disfunção renal. Atualmente, entre 90 mil e 100 mil pessoas passam por diálise no país. As informações são da Agência Brasil.

Outro alerta é que mais de 70% dos pacientes que iniciam a diálise descobrem a doença quando os rins já estão gravemente comprometidos. O presidente da entidade, Daniel Rinaldi, lembrou que os profissionais de saúde da atenção básica devem estar atentos aos chamados pacientes de risco  diabéticos, hipertensos, idosos e pessoas com casos de doença renal na família.

Segundo ele, para esses grupos, devem ser prescritos exames simples e de baixo custo, como a creatinina (sangue) e a perda de albumina (urina). Caso o resultado indique possível doença renal, o paciente deve ser encaminhado para um nefrologista.
O vice-presidente da sociedade médica, Roberto Tecoits, acredita que falta comunicação entre os próprios profissionais de saúde. Um dos principais problemas, continuou Tecoits, é a ausência de um protocolo de atendimento específico para doenças renais a ser adotado pelos médicos, desde a atenção primária.

"Falta uma estruturação da rede. Esse paciente, se acompanhado pelo especialista desde o início, pode não precisar de diálise ou de um transplante", disse. "A doença renal crônica não apresenta sinais e sintomas em fase precoce. Os médicos precisam estar atentos aos grupos de risco", completou.
A expectativa da Sociedade Brasileira de Nefrologia é que uma reunião com representantes do Ministério da Saúde, agendada para janeiro de 2013, possa ser o pontapé inicial para a criação de uma rede de atendimento a doentes renais.

A doença renal crônica significa uma perda lenta, progressiva e irreversível da função dos rins. Até o paciente perder quase metade da capacidade de funcionamento dos órgãos, a doença, praticamente, não é percebida. A partir daí, começam a surgir os primeiros sintomas, como inchaço, pressão alta e anemia. Os principais fatores de risco para uma doença renal são o sobrepeso, o tabagismo e idade acima de 50 anos, além da hipertensão arterial, do diabetes e do histórico familiar. (08/12/12)
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O POPULAR

 

Saúde
Faltam 52 médicos por semana

Profissionais faltosos ampliam deficiências da rede municipal de
saúde, que tem déficit de médicos e alta demanda de pacientes.
Cleomar Almeida

Pelo menos 52 médicos plantonistas faltaram ao serviço por semana e deixaram de atender aos usuários da rede municipal de saúde, em Goiânia, no mês passado. E a segunda-feira registra a maior perda: em média, faltam 12 plantonistas que deveriam estar atendendo na rede.
Mas o problema que atormenta a população é maior que as ausências. Há casos como o de uma médica que foi trabalhar, mas foi flagrada pela reportagem dormindo no consultório enquanto a recepção estava repleta de pessoas à espera de uma consulta (leia reportagem nesta página).
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) admite que o número de faltosos representa 3,7% dos 1,4 mil profissionais que deveriam realizar no decorrer da semana plantões de 12 horas – uma média de 200 por dia divididos em dois turnos –, nos 13 Centros de Assistência Integral à Saúde (Cais) e Centos Integrados de Assistência Médico-Sanitária (Ciams). Não parece muito, mas, somando-se a várias outras deficiências do sistema, o que se vê na prática são pacientes que têm dificuldade de encontrar ajuda na rede de saúde de Goiânia.
Na semana passada, O POPULAR visitou alguns postos para ver como estava o atendimento. “A rede municipal de saúde está doente”, gritava Rosely Queluz, enquanto saía do Ciams no Setor Novo Horizonte com a filha Sarah Cristina de Queluz, de 23 anos. Eram 19h35 de quinta-feira. A jovem tinha apenas 8 dias de resguardo e, mesmo assim, o atendente lhe disse que não poderia incluir mais ninguém na fila. Não havia médico suficiente para atender à demanda. Lá dentro, cerca de 50 pessoas aguardavam sentadas, ansiosas para que seu nome fosse chamado. Outras 10 tomavam soros fixados em pregos na parede de um corredor.
Com os pontos do pós-cirúrgico na barriga, Sarah teve de seguir, com a mãe, o marido e a recém-nascida para outro posto de saúde. Já eram 20h50 quando ela conseguiu fazer sua ficha no Ciams Jardim América, de onde conseguiu sair somente por volta da 1 hora de sexta-feira, após uma consulta que durou apenas 5 minutos. “Estou indignada. No total, levou quase 5 horas para a minha filha ser atendida”, acentuou Rosely,
Na portaria principal do Ciams Jardim América, a reportagem presenciou pacientes aos prantos ou com os olhos inchados de tanto chorar de dor por não conseguirem atendimento. Outros gemiam, como é o caso do estudante Rafael Henryk Araújo Skwronski, de 13. Com febre de quase 40 graus, ele estava deitado no colo da mãe, Eliane Luiza de Araújo. “O atendimento é péssimo, ninguém veio informar uma estimativa de espera na fila”, disse ela.
Eliane e o marido, Wellyngton, levaram o filho ao Ciams Jardim América porque, mais cedo, não conseguiram atendimento no Cais do Setor Campinas. “Eram 19 horas quando buscamos o Cais de Campinas, mas lá estava lotado e disseram que só atenderiam os casos de urgência”, contou. Rafael só voltou para casa à meia-noite, após, finalmente, passar pela consulta.
As diretorias dos Ciams do Novo Horizonte e do Jardim América se negaram a conversar com O POPULAR para informar a quantidade de médicos que estavam no plantão e pediram reforço da Guarda Municipal, ao perceber a presença da reportagem. A SMS informou que a falta de médicos se agrava nesta época do ano porque os plantonistas preferem se dedicar à prova de residência a realizar os plantões. Representantes da categoria rebatem essa alegação e criticam as condições de trabalho no município.
Enquanto crianças passam mal, pediatra dorme em consultório
A demora no atendimento na rede pública municipal prejudica até crianças que necessitam de consulta. Na sexta-feira à noite, o Centro de Assistência Integral à Saúde (Cais) do Bairro Goiá contava com apenas uma pediatra e, para piorar ainda mais a situação, ela dormiu no consultório, enquanto pelo menos seis crianças aguardavam atendimento.
O POPULAR flagrou a médica dormindo no consultório, ao perceber o desespero do pedreiro Hailton Francisco de Oliveira, de 34 anos, que carregava a filha no colo, com apenas 10 dias de vida. “Minha filha está com muita febre”, disse, ao chegar à unidade, por volta das 22 horas. Na unidade, não havia nem profissional para fazer a classificação de risco dos pacientes. “A enfermeira que faz a triagem não veio”, afirmou a atendente.
Depois de muita espera, a reportagem seguiu para o consultório de pediatria, mas, às 22h38, se deparou com a médica debruçada sobre a mesa. Ela não esboçou reação nem com a movimentação na porta de sua sala. “Vimos a médica dormindo, em vez de atender”, reclamou o pai. A Secretaria Municipal de Saúde informou que vai investigar o caso.

Estado e município divergem sobre verbas
Os problemas de atendimento na rede municipal de saúde retomam uma discussão entre os secretários Elias Rassi e Antônio Faleiros. O primeiro diz que o Estado não aplica os 12% constitucionais na área. “Como o direito à saúde se materializa com a falta de recursos do Estado?”, questiona Elias Rassi. “É impressionante como ele (Elias Rassi) gosta de levantar esse tema. No ano passado, foram aplicados 12,9%”, rebate Faleiros.
O secretário municipal disse que já tentou “estabelecer um diálogo, mas o Estado tem negado recursos”. “É muito frustrante para quem está do lado de cá, trabalhando, ralando, tentando conseguir o melhor resultado”, assevera Elias Rassi.
Por outro lado, o secretário estadual diz que a SMS não investe em suas unidades. “Pegam o dinheiro do Fundo Municipal de Saúde, paga as unidades conveniadas, particulares e filantrópicas, mas não paga os públicos”, rebate ele. “Dessa forma, o problema vai continuar”, acentou.

Secretário anuncia novos profissionais
Apesar dos problemas identificados na rede municipal de saúde, o secretário Elias Rassi entende que “a situação está infinitamente muito mais confortável que há dois anos”. “A falta de atendimento é um problema”, admite. “Mas é um problema dinâmico. Hoje temos 52 lacunas em 1.400 plantões de 12 horas, mas, antes, era muito pior”, acrescenta.
O secretário municipal de Saúde diz que o orçamento este ano para a sua pasta vai fechar com mais de R$ 900 milhões, o que, segundo ele, representa um aumento superior a R$ 100 milhões, se comparado com o total de 2011.
Sobre a demora no atendimento a pacientes nas unidades da rede municipal, Elias Rassi diz que novos profissionais estão tomando posse, para atender à demanda, nos 13 centros de saúde.
Enquanto isso, os Cais e Ciams priorizam apenas atendimento de emergência. “Emergência é risco iminente de morte”, explica a diretora de Atenção à Saúde Patrícia Antunes, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). “Estamos perdendo médicos porque muitos deles deixam de atender para estudar para a residência médica”, ressalta, acrescentando que a Prefeitura paga, em média, de R$ 600 a R$ 950 por plantão de 12 horas.
Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) Salomão Rodrigues Filho diz que os médicos saem da rede municipal por não haver condições de trabalho nem plano de carreira. “Faltam material e pessoal de apoio, por exemplo”, criticou. “O vínculo é precário. Não existe nenhuma carreira”, emendou.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Leonardo Reis, a SMS tem de criar mecanismos de promoção e progressão de carreira para fixar o profissional na rede municipal. “Enquanto isso não ocorrer, o problema vai se reproduzir num ciclo ao longo do ano, infelizmente”, considerou. (1/12/12)
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Cartas dos Leitores – Casos de câncer
De acordo com reportagem publicada sexta-feira no POPULAR, nos últimos dez anos seis tipos de câncer tiveram mais casos em Goiânia. Enquanto as enfermidades aumentam, os investimentos na infraestrutura física, em suprimentos e, principalmente, em pessoal qualificado para o SUS não acompanham as necessidades e a demanda crescente.
Sabem por quê? Porque os políticos e gestores públicos do País, quando precisam se tratar de câncer vão para o Sírio Libanês ou para o exterior. É bom lembrar que, mesmo tendo e pagando plano de saúde particular, quando se necessita de tratamento para câncer, o usuário acaba indo se tratar no SUS, porque os planos de saúde não oferecem ou não cobrem o tratamento, que é caríssimo.
Quem tem plano de saúde particular e acha que não se deve lutar pelo fortalecimento do SUS, deve se lembrar disso, pois poderá precisar do atendimento público.
JOÃO DA SILVA PINHEIRO
Setor Pedro Ludovico – Goiânia (09/12/12)
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Pesquisa
Cai número de óbito infantil em casa

Rio – Na última década, o Brasil registrou queda nos óbitos de crianças de até 10 anos de idade por acidentes domésticos. Dados do Ministério da Saúde revelam que o número caiu de 868 em 2000 para 595 em 2010, o que representa redução de 31%. As principais causas de mortes foram os riscos acidentais à respiração (como sufocação na cama, asfixia com alimentos e outros), seguidos pelos afogamentos e exposição à fumaça, ao fogo e às chamas.
Houve queda também nas internações. Em 2010, foram 11,6 mil internações de crianças por acidentes domésticos, que custaram R$ 8,2 milhões. No ano seguinte, o número caiu para 10,2 mil, ao custo de R$ 6,9 milhões. Na faixa etária que vai de 0 a 10 anos, as principais vítimas são os menores de 1 ano. Em 2000, foram 376 mortes em crianças dessa faixa, contra 253 em 2010.
Os riscos acidentais à respiração foram responsáveis por 348 mortes de crianças com até 10 anos em 2000, o que corresponde a 40% dos óbitos por essa causa naquele ano. Já em 2010, o número caiu para 252 – 42% das mortes. Os afogamentos caíram de 247 para 168 no mesmo período. As mortes por exposição à fumaça, ao fogo e às chamas recuaram de 102 para 64 nesses dez anos.
ALERTA
A diretora de Análise de Situação em Saúde, Déborah Malta, faz um alerta à vigilância dos pais e responsáveis. “A criança não tem o conhecimento do risco. Cabe aos adultos evitar as situações perigosas. Todo o cuidado deve ser tomado ao manipular o fogão, deixando panelas ou vasilhas quentes em lugares que a criança não possa alcançar. (08/12/12)

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Médico detalha morte de modelo
Rogério Morale prestou depoimento ontem no 13º Distrito Policial sobre cirurgia de Louanna Adrielle

Seis dias após a morte de Louanna Adrielle Castro Silva, miss Turismo de Jataí, o cirurgião plástico Rogério Morale de Oliveira prestou depoimento ontem à delegada Miriam Borges, titular do 13º Distrito Policial de Goiânia. A jovem de 24 anos não resistiu a duas paradas cardíacas depois de tentar colocar silicone nos seios no dia 1º, no Hospital Buriti, no Bairro Parque Amazônia, em Goiânia.
O médico chegou à delegacia por volta das 10 horas, acompanhado de dois advogados e uma assessora de imprensa, e falou a portas fechadas por quatro horas e meia. Ao sair, se limitou a dizer que prestou todos os esclarecimentos e que mais informações seriam fornecidas às autoridades competentes. “Estamos em sofrimento aguardando o laudo do Instituto Médico-Legal”, concluiu Rogério Morale .
A delegada Miriam Borges comentou que o depoimento do médico, que gerou 13 páginas, foi longo porque ele detalhou desde o primeiro atendimento à jovem até o anúncio de sua morte no Hospital Monte Sinai, no Bairro Ipiranga, em Goiânia, para onde ela foi transferida. “Ele também quer saber o que aconteceu”, disse a delegada. Conforme Miriam Borges, o médico informou que os exames pré-cirúrgicos não apontaram incompatibilidade para o procedimento. Uma arritmia sinusal foi identificada pelo eletrocardiograma, problema que não foi considerado impeditivo para a cirurgia. Rogério Morale garantiu à polícia que o Hospital Buriti, onde Louanna teve a primeira parada cardíaca, possui logística necessária para um procedimento de baixa complexidade, como a colocação de silicone. O quadro de Louanna chegou a ser estabilizado, mas ela acabou sendo transferida para um leito da unidade de tratamento intensivo (UTI) do Hospital Monte Sinai.
Visivelmente abatido e de óculos escuros, Rogério Morale ficou cercado durante todo o tempo por seus advogados. Esta semana ele não atendeu, nem em Goiânia nem em Jataí, cidades onde possui consultório. O POPULAR apurou que diversos de seus pacientes enviaram mensagens a ele prestando solidariedade.
Rogério Morale contou à polícia que Louanna teve a primeira parada cardíaca por volta das 8h30. Ele tinha colocado o silicone da mama esquerda, um procedimento que durou cerca de 15 minutos. Logo após a incisão da mama direita, a frequência cardíaca da paciente caiu e a anestesista Beatriz Vieira Espíndola aplicou medicamento para estabilizar o quadro. A reação, entretanto, não foi a esperada. O coração de Louanna ficou descompassado e a jovem sofreu a primeira parada cardíaca.
Do centro cirúrgico, Rogério Morale encaminhou mensagem via celular para a amiga de Louanna, Andressa Andrade, comunicando o que tinha ocorrido e sugerindo que ela fosse ao hospital para dar apoio à mãe da jovem, a manicure Dênia Ferreira. Por volta das 10h30, o marido de Louanna, Giuliano Cabral, foi localizado em Jataí para trazer o eletrocardiograma pré-cirúrgico. O celular de Louanna foi entregue à Polícia Técnico-Científica para perícia.
Após ouvir o depoimento de Rogério Morale, a delegada Miriam Borges acredita que, desde a entrada de Louanna no centro cirúrgico até sua morte, o maior tempo foi gasto com a estabilização de seu quadro. A jovem deixou o Hospital Buriti em direção ao Monte Sinai, levada por uma unidade do Corpo de Bombeiros às 12h32 e sua morte foi anunciada à mãe pela médica anestesista por volta das 16 horas.
Amigas queriam operação
Amiga de Louanna há dez anos, Andressa Andrade contou ontem que a jovem foi a segunda de um grupo de quatro amigas que pretendiam fazer cirurgia plástica com Rogério Morale neste fim de ano, a enfrentar o centro cirúrgico. Ela própria já tinha se submetido a uma lipoescultura com o médico há dois anos, mas junto com as amigas pretendia fazer ajustes no corpo para as férias de janeiro. Ela confirmou o que o médico disse em depoimento. Rogério Morale acompanhou a paciente até o Monte Sinai e permaneceu ao lado da mãe de Louanna até o anúncio de sua morte. “Quem avisou para a mãe foi dra. Beatriz. O dr. Rogério estava do lado, abaixou a cabeça e chorou”.
A médica Beatriz Vieira Espíndola será ouvida pela delegada Miriam Borges na quarta-feira. Ela acredita que só os laudos do Instituto Médico-Legal referentes aos exames cadavérico, toxicológico e de vísceras vão apontar o que aconteceu. Os resultados devem sair em até 30 dias. (08/12/12)
Clique aqui para conferir a entrevista: http://www.opopular.com.br/cmlink/o-popular/opopular.flip
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SAÚDE BUSINESS WEB

Nova forma de remuneração repercute no mercado de Saúde

No geral, gestores do setor aprovam a iniciativa da ANS, mas alertam para alguns desafios como, por exemplo, mobilizar o corpo clínico a abraçar a causa
A apresentação de novas diretrizes na remuneração entre hospitais e operadoras de saúde proposto pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) repercutiu durante Simpósio Gestão Financeira e Custos Hospitalares, realizado no dia 30 de novembro, organizado pelo Instituto Mário Penna. A proposta promete revolucionar o mercado e a expectativa é que a agência lance o edital no início de 2013 para selecionar oito grupos de hospitais e operadoras, que devem iniciar a implantação do piloto ainda no próximo ano.
Além da questão dos custos, o grupo – *formado por entidades representativas de classe -discutiu sobre temas como tangibilização dos serviços, sustentabilidade, multiplicidade das formas de remuneração, engajamento dos médicos, ajuste de risco, livre concorrência, remuneração por desempenho, contratualização e padronização.
“Vamos lançar o edital para que os hospitais e operadoras tenham acesso ao conhecimento gerado pelo GT e façam os ajustes necessários para adaptar à realidade. Não temos uma proposta formatada, mas sim uma série de diretrizes definidas em conjunto depois de muita discussão. Esperamos fazer com que a relação entre prestadores de serviços e operadoras passe a ser mais proveitosa”, explica o gerente de relações com prestadores de serviço da ANS Carlos Figueiredo. Segundo ele, no cenário atual, os custos das transações são crescentes, há uma burocracia desnecessária, o que gera a necessidade de mudanças estruturais para que os propósitos de cuidado ao paciente e promoção da saúde sejam preservados.
Pacotes
Afonso José de Matos, presidente da Planisa e mediador do grupo de discussão, acredita que a maneira como hospitais e operadoras se relacionam se deve a uma falta de organização de informações, o que dificulta a remuneração pelos serviços prestados. O executivo informa que o trabalho liderado pela ANS propõe um “pacote” de 20 procedimentos padrões, para que todos os interessados tenham condições de prever os custos e serem remunerados adequadamente sem surpresas.
“Como atualmente não há uma formatação, o atendimento de cada paciente é baseado na avaliação do médico. O que fizemos foi identificar serviços que podem ser enquadrados em um padrão, para garantir a qualidade e facilitar o processo de remuneração”, detalha. Conforme ele explica, nesses “pacotes” estão inseridos os materiais que devem ser utilizados, procedimentos, profissionais de saúde envolvidos e estrutura de hotelaria, por exemplo.
Matos ressalta que em um primeiro momento, o principal benefício da implantação das diretrizes será a melhoria no atendimento a partir do estabelecimento de protocolos. Com maior gestão, a expectativa é que no médio e longo prazo seja possível estimar uma redução nos custos de operação, pois haverá maior previsibilidade sobre o que será necessário diante de determinados quadros de pacientes.
O também palestrante do evento e diretor corporativo de Práticas Assistenciais do Hospital São Camilo, Fábio Luís Peterlini, acredita que um dos principais desafios de se implantar essas diretrizes será mobilizar o corpo clínico a abraçar a causa. “Atualmente a maioria dos hospitais trabalha com um quadro aberto de médicos, o que implica em uma relação menos próxima entre os hospitais e profissionais. Para implantar uma mudança como esta será necessário ter uma gestão bem estruturada para gerar engajamento”.
Na opinião de Peterlini existem exemplos de hospitais que tiveram sucesso em implantar propostas parecidas com a proposta para o Brasil. É o caso dos Estados Unidos, que tem vários centros de saúde que adota o modelo hospitalista. Para que o conceito de gestão centralizada seja implantado com sucesso é importante contar com um diretor técnico respeitado, aliado a profissionais com conhecimento médico e de gestão.
“Para sensibilizar os médicos em questões ligadas à gestão é importante abastecê-los com informações sobre desempenho. Esses profissionais geralmente são bastante competitivos e querem dar o melhor de si para os pacientes. Mostrar como isso está sendo feito é bastante produtivo”, conclui.
Na avaliação do superintendente financeiro do Instituto Mário Penna (IMP), Antônio Carlos de Lemos Rezende Filho, ao propor esse trabalho a ANS está cumprindo o seu papel em promover a harmonia entre os players envolvidos na cadeia produtiva de saúde. “Muitas vezes os diferentes agentes não se encaram como parceiros, o que gera desconfiança e custos adicionais com auditorias”.
Na opinião dele, para corrigir a forma como as empresas do setor vinham se relacionando é importante promover uma discussão ampla e aberta. Desta forma, o IMP deve, a partir do primeiro trimestre de 2013, fazer parte de um grupo que irá debater sobre questões do setor voluntariamente.
*Participaram da discussão a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), o Conselho Nacional de Saúde (CNS), a Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas) e a Unimed do Brasil. 10/12/12)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação