DESTAQUES
Remédio mais caro do mundo contra AME passa a fazer parte da cobertura dos planos de saúde
Mais Médicos: Gestão Lula vai privilegiar brasileiros, mas manterá profissional sem diploma validado
Número de médicos passa de 500 mil no país, mas má distribuição é desafio
Número de médicos especialistas no país cresce 84% em 10 anos
A arte e o fascínio da medicina no Papo Xadrez
Saúde nega que estudantes de Cmei, em Goiânia, estejam com rubéola
Caiado anuncia recursos extra para diminuir fila de cirurgias eletivas
Cantor de rap morre aos 29 anos após infecção bacteriana em Goiás
Baixa adesão à vacina contra o HPV preocupa especialistas
Anahp mostra aumento de glosas e no prazo médio de recebimento
O ESTADO ONLINE
Remédio mais caro do mundo contra AME passa a fazer parte da cobertura dos planos de saúde
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou, na segunda-feira (6), a incorporação do medicamento Onasemnogeno abeparvoveque, na lista de coberturas obrigatórias dos planos de saúde. Com o nome comercial Zolgensma (Novartis), o medicamento é usado para tratamento de pacientes com Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo I, com até seis meses de idade.
Outra condição colocada pela ANS para receber o tratamento é a de que a criança não esteja em ventilação mecânica invasiva acima de 16 horas por dia. A terapia com Zolgensma tem previsão de ser incluída no Rol de Procedimentos da Saúde Suplementar em até 60 dias.
Durante a reunião da ANS, ao votar pela inclusão do medicamento na lista de cobertura , o diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, Jorge Antonio Aquino Lopes, disse que “é extremamente importante no nosso arsenal terapêutico contar com essas novas tecnologias, principalmente, no que diz respeito à pediatria.”
Já o diretor de Normas e Habilitação dos Produtos da Agência, Alexandre Fioranelli, reconhece que todas as propostas de incorporação feitas diretamente à ANS contam com ampla participação social e criteriosa análise técnica, utilizando a metodologia de avaliação de tecnologias em saúde.
A notícia de que o tratamento será pago pelos planos de saúde foi bem recebida por organizações da sociedade que representam os pacientes com AME e familiares. A fisioterapeuta e vice-presidente da Associação Brasileira dos Portadores da Doença de Hunter e Outras Doenças Raras, no Rio de Janeiro, Fernanda Batista, acredita que a decisão vai evitar novos processos na Justiça para o acesso à medicação. “Até hoje, as crianças que têm plano de saúde precisavam de judicialização, porque o medicamento é considerado o mais caro do mundo. Custa em torno de R$ 12 milhões”, comemorou Fernanda.
Ainda de acordo com a vice-presidente, em todo o país, 194 crianças já conquistaram o direito de receber a dose única da medicação por meio do Judiciário. Para a fisioterapeuta, a inclusão do remédio na cobertura dos planos de saúde vai economizar o tempo precioso dos pacientes. “A gente perde o tempo do uso da medicação, que deve ser ministrada até os dois anos de vida da criança. [Com a decisão], a gente encurta esse acesso, uma vez que ele é regulamentado pela ANS e faz com que tenha cumprimento via plano de saúde.”
A técnica em enfermagem, Renata Mendonça Lago de Santana, conheceu de perto os efeitos positivos do Zolgensma no tratamento da filha. Maria Sofia, hoje com dois anos e cinco meses, foi diagnosticada com AME, aos seis meses de vida, após a família perceber tremores nos membros superiores e na cabeça. Em setembro de 2022, após determinação da Justiça, a criança conquistou o direito de tomar a medicação em Curitiba.
Segundo a mãe, a vida da Sosô, como é chamada, mudou. A menina voltou a se desenvolver. “Até tomar o Zolgensma, Sosô já tinha sido internada em um leito de UTI, porque piorou. E estava dependente do BiPAP [aparelho que funciona como um respirador mecânico no tratamento de doenças pulmonares]”.
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PORTAL TERRA
Mais Médicos: Gestão Lula vai privilegiar brasileiros, mas manterá profissional sem diploma validado
Médicos formados no exterior sem exame de revalidação ainda representam quase 40% dos mais de 8 mil profissionais que atuam no programa; ministério estuda ofertar pós-graduação para atrair novos participantes
O Ministério da Saúde ampliará o programa Mais Médicos privilegiando graduados em território nacional, mas mantendo os profissionais formados no exterior sem diploma revalidado, que correspondem hoje a mais de 3 mil médicos, quase 40% do total. Está descartado no momento um novo acordo de cooperação com o governo de Cuba para trazer profissionais cubanos, principal controvérsia da versão original do programa.
A nova gestão federal estuda ainda oferecer cursos de pós-graduação e especialização aos participantes como forma de atrair mais brasileiros a partir dos próximos editais do programa.
Os planos para a retomada e fortalecimento do Mais Médicos foram detalhados ao por Felipe Proenço, secretário-adjunto de Atenção Primária à Saúde do ministério. Médico da família e comunidade e doutor em saúde coletiva, Proenço coordenou o programa Mais Médicos entre 2013 e 2016, durante a gestão de Dilma Rousseff (PT).
Ele afirma que, com o aumento de vagas nas faculdades de Medicina nos últimos anos (o número dobrou em 12 anos), a nova gestão federal espera atrair mais brasileiros, mas explica que a própria Lei do Mais Médicos, aprovada em 2013, prevê a possibilidade de chamada de médicos formados no exterior sem diploma revalidado (intercambistas) quando não há preenchimento de todas as vagas pelos médicos com registro no Brasil. A permissão excepcional é alvo de críticas de entidades médicas desde sua criação.
“A gente conta muito com os médicos formados no Brasil, inclusive pelo fato de que aumentou o número de vagas (de Medicina) e, portanto, de egressos. Mas, durante todos esses anos, se mantiveram intercambistas no programa, com o exercício profissional através do registro do Ministério da Saúde, seguindo as prerrogativas (da Lei) do Mais Médicos”, diz Proenço, que defende a combinação de formatos para atrair mais profissionais.
“É evidente que a gente precisa lidar com estratégias diversificadas para o provimento de médicos e, nesse sentido, a gente poder contar, em algumas situações, com médicos que têm seu exercício profissional reconhecido em outros países e passam por um módulo de acolhimento e avaliação aqui. Isso é uma estratégia de vários países para garantir o provimento em áreas de mais difícil inserção”, afirmou o secretário.
O Mais Médicos foi criado com a proposta de levar de forma emergencial médicos para locais de difícil provimento, como cidades distantes dos grandes centros, distritos indígenas e periferias das capitais.
Ele chegou a ter 18,2 mil profissionais, dos quais 11 mil eram cubanos trazidos por meio de um acordo de cooperação do governo brasileiro com Cuba intermediado pela Organização Panamericana da Saúde (Opas). A maioria dos cubanos deixou o Brasil ainda no final de 2018, logo após a eleição de Jair Bolsonaro (PL), contrário ao acordo e crítico do governo do país caribenho.
Apesar das críticas ao Mais Médicos e da promessa de criar um programa para substituí-lo – o que fez Bolsonaro conquistar apoio de expressiva parcela da classe médica -, o ex-presidente acabou mantendo as principais características do programa criado pela petista e não conseguiu fazer decolar o Médicos pelo Brasil, criado para substituir o projeto da gestão petista.
A iniciativa foi anunciada em 2019, mas teve seu primeiro edital lançado somente em 2021. Hoje, os dois programas coexistem, mas o Mais Médicos tem mais profissionais do que o Médicos pelo Brasil.
De acordo com Proenço, são 8.321 profissionais atuando pelo Mais Médicos e 5.515 pelo Médicos pelo Brasil, que só aceita quem tem registro profissional no País. Do total de doutores atuando hoje no Mais Médicos, 39% (ou seja, mais de 3,2 mil) são formados no exterior sem diploma revalidado, os chamados intercambistas.
Proenço afirmou que a nova gestão “não vislumbra” a necessidade de um novo acordo de cooperação como o que foi feito com Cuba. “A gente tem vários outros passos antes: a gente oferece a vaga para médicos com registro no Brasil, depois para brasileiros formados no exterior, depois para estrangeiros, e a cooperação seria somente um quarto passo. A gente não vislumbra algo nesse sentido exatamente porque a gente conta com os profissionais brasileiros formados nesses cursos mais recentes”, diz.
Duas pesquisas lançadas nesta semana pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB) mostram que o número de novos médicos formados no País dobrou em 12 anos e bateu recorde. O aumento das vagas de Medicina foi estimulado pelo programa Mais Médicos para que, com o passar dos anos, os intercambistas fossem gradativamente substituídos por profissionais graduados no Brasil.
Apesar disso, os profissionais continuam concentrados nas regiões e cidades mais ricas e o programa ainda depende dos intercambistas, que permanecem no programa porque, por não terem o diploma revalidado, só conseguem exercer a Medicina em território nacional dessa forma.
Questionado sobre por que o aumento de vagas ainda não se traduziu em melhor distribuição de médicos, Proenço afirmou que as normais do Mais Médicos que promoviam a formação médica “foram descaracterizadas” nos governos de Michel Temer e de Bolsonaro.
“Por exemplo, o Mais Médicos previa uma proposta de caminho de formação através da residência, da formação de médicos de família e comunidade. Houve uma expansão bem importante das vagas de residência nessa especialidade desde 2013 até 2015 e depois deixou de ter essa expansão. Isso fixava esses profissionais nessas áreas. Quem faz graduação e residência numa mesma localidade tem uma chance muito alta de de permanecer naquela localidade.”
Ministério estuda ofertar pós-graduação para atrair mais brasileiros
Proenço afirma que o ministério estuda formas de oferecer formação médica para os participantes como forma de fixá-los no programa. “Nossa diretriz é trabalhar com a perspectiva de que, ao longo da inserção do médico no programa, ele possa alcançar a formação como especialista, possa ter acesso a modalidades de pós-graduação porque um dos motivos que a gente vê de desistência do programa é os médicos brasileiros procurarem outros formatos de educação médica. O que a gente está estudando é exatamente qual é a viabilidade de ter isso ofertado pelo próprio programa”, afirma.
De acordo com Proenço, o tempo médio de permanência dos médicos formados no Brasil é de um ano e oito meses enquanto o dos intercambistas chega a três anos.
O secretário disse que, antes da abertura de novos editais do Mais Médicos, o governo está retomando dois editais lançados no ano passado, ainda na gestão Bolsonaro, e que foram paralisados por restrições orçamentárias. Juntas, as duas chamadas ofereciam 1.174 vagas, das quais 152 eram voltadas para distritos indígenas.
“Chegou a haver a alocação dos profissionais, a publicação dos municípios em que eles atuariam, mas não tinha recurso para dar andamento nesses editais. A gente retomou esses editais e os médicos que confirmarem participação começam já em março”, declarou.
O secretário-adjunto disse que o ministério ainda avalia qual será o número de novas vagas ofertadas nos próximos editais do Mais Médicos. Em reunião com representantes do Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde (Conasems) no mês passado, o secretário titular de Atenção Primária, Nesio Fernandes, indicou que esse número pode chegar a 5 mil.
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FOLHA DE S.PAULO
Número de médicos passa de 500 mil no país, mas má distribuição é desafio
Na proporção, Sudeste tem duas vezes o número de médicos da região Norte
São Paulo
Levantamento feito pela AMB (Associação Médica Brasileira) e pela USP (Universidade de São Paulo) aponta que o Brasil alcançou a marca de 562.229 médicos inscritos nos 27 CRMs (Conselhos Regionais de Medicina). A taxa nacional é de 2,6 profissionais por 1.000 habitantes, mas há grande desigualdade na distribuição dos médicos pelos estados.
O dado, de janeiro de 2023, consta no estudo Demografia Médica Brasileira, lançado nesta quarta-feira (8). A coordenação é do professor doutor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, Mário Scheffer.
Em comparação com 2000, quando havia 219.896 médicos no país, o número de profissionais mais do que dobrou. No mesmo período, a população brasileira cresceu cerca de 27%.
Entre 2010 -quando o país tinha 1,63 médicos por grupo de 1.000 habitantes- e 2023, 251.362 novos profissionais passaram a atuar no Brasil, graças à abertura de cursos e de vagas de graduação em medicina, segundo o levantamento.
Equipe médica do Hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, durante cirurgia de broncotomia – Eduardo Anizelli – 9.dez.2020/Folhapress
“Mesmo com o aumento expressivo no número de médicos nos últimos anos, está mantida uma concentração de médicos nas capitais, nos grandes centros. Essa desigualdade se sobrepõe a outra desigualdade. A força de trabalho médico está cada vez mais concentrada em serviços privados que atendem a menor parcela da população. É a soma da desigualdade geográfica com a crítica entre o público privado num sistema de saúde, que faz com que mesmo num país onde teremos um milhão de médicos em curto prazo, continuarão os vazios existenciais em razão da estrutura do sistema de saúde”, diz o pesquisador.
Onde estão os médicos
Apesar do crescimento, a desigualdade segue a tendência dos últimos anos. Com taxa por mil habitantes de 3,39, o Sudeste concentra a maior parte dos médicos, seguido pelas regiões Centro-Oeste (3,10) e Sul (2,95).
O Norte e o Nordeste possuem densidade de médicos por 1.000 habitantes abaixo da média nacional – 1,45 e 1,93 respectivamente. Com exceção da Paraíba (2,81), os estados das duas regiões possuem taxas abaixo de 2,4.
Das 27 unidades da federação, 11 têm densidade de médicos por 1.000 habitantes acima da taxa nacional (2,41) e, 16 estão abaixo.
Acre (1,41), Amazonas (1,36), Maranhão (1,22) e Pará (1,18) possuem as menores taxas.
A maior parte da população médica está nas capitais, onde a densidade por 1.000 habitantes é de 6,13 -1,14 nas regiões metropolitanas e 1,84 nos interiores. As capitais dos 26 estados e o Distrito Federal concentram 50.916.038 pessoas.
Nas demografias médicas publicadas em 2018 e 2020, o Sudeste também foi a região com mais médicos por grupo de mil habitantes – taxa de 2,81 e 3,15 respectivamente – e o Norte com menos profissionais -densidade de 1,16 e 1,30 respectivamente.
“Quando falamos em vazios existenciais, imaginamos que isso só acontece na região Norte, no Amazonas, nas populações ribeirinhas. Não! Isso acontece em São Paulo também. A nossa pesquisa tem aspectos qualitativos, muito mais do que quantitativos, o que nos remete a um grande equívoco. Nós podemos imaginar que nosso problema é só de quantidade de médicos, de distribuição de médicos. Mas temos um problema qualitativo, que é a má qualidade da formação dos médicos, afirma César Eduardo Fernandes, presidente da AMB.
“Nós abrimos muitas escolas de medicina, de qualidade duvidosa e não vemos nenhum controle. A responsabilidade é do Ministério da Educação. Se autoriza a formação médica numa cidade que não tem condição de formar médico, deve ser responsável pela qualificação desse médico. Ela deve ser atestada e comprovada. Nós na AMB defendemos que o médico que vem de fora para trabalhar aqui precisa do revalida. Por que não fazemos o mesmo com o nosso egresso de medicina? Nosso problema não é só de mais profissionais, mas de médicos qualificados e resolutivos”, conclui Fernandes.
Comparação com outros países
O índice brasileiro de médicos por 1.000 habitantes é menor do que a média dos países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (3,73).
Os indicadores são altos na Grécia (6,16), Áustria (5,45), Noruega (5,18), Espanha (4,58), Itália (4,13) e Austrália (3,83), entre outros.
O percentual brasileiro é maior do que o registrado na China (2,24), Índia (0,90), África do Sul (0,79) e Indonésia (0,63), e compatível com Coreia do Sul (2,51), Estados Unidos (2,64) e Canadá (2,77), por exemplo.
Projeções
Em dois anos, o Brasil deverá ter uma taxa de 2,91 médicos por 1.000 habitantes, quase três vezes a registrada em 1980 (0,94).
Em 2035, mais de um milhão de médicos estarão em atividade no Brasil – com densidade de 4,43 por 1.000 habitantes. Segundo o levantamento, mulheres mais jovens deverão prevalecer. A desigualdade também.
Entre 2009 e 2022, o número de mulheres evoluiu de cerca de 133.000 para aproximadamente 260.000, ou seja, quase dobrou.
Entre os homens, o crescimento foi de 43%, em média.
Médicos especialistas
Em junho de 2022, 321.581 médicos brasileiros tinham pelo menos um título de especialista, o que correspondia a 62,5% do total de 514.215 profissionais (dados de junho) em atividade no país. Os demais 192.634 (37,5%) eram generalistas.
Os dados mostram que, no mesmo período, o país tinha 438.239 títulos em especialidades e 495.716 registros de médicos titulados.
Para Mário Scheffer, apesar do aumento de 85% no número de especialistas, a desigualdade na distribuição torna-se um problema.
“Eles não estão mal distribuídos em relação ao território, mas também concentrados em serviços privados que atendem a menor parte da população. É urgente a adoção de políticas de maior atração e fixação de especialistas no SUS. Também há um crescimento importante dos médicos sem especialização. É um dado que precisa ser discutido, uma vez que não haverá, pelo menos no cenário atual, uma oferta de capacidade de formar especialistas. O número de vagas em residência médica é insuficiente. Há uma defasagem em relação ao grande número de recém-formado de egressos das escolas médicas e dos cursos de medicina”, afirma.
Clínica médica, pediatria, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, anestesiologia, ortopedia e traumatologia, medicina do trabalho e cardiologia representam, juntas, mais da metade (55,6%) do total de registros de especialistas.
O sexo masculino é maioria em 36 das 55 especialidades médicas, e o feminino está em 19 delas.
Em urologia, neurocirurgia e ortopedia e traumatologia os homens são mais de 90%.
As mulheres são minoria em todas as especialidades cirúrgicas, mas dominam a dermatologia – 8.236 médicas, que correspondem a 77,9% dessa área.
Elas também ocupam mais espaço na pediatria (75,6%), alergia e imunologia e endocrinologia e metabologia (ambas com 72,1%).
A presença de homens e mulheres é equilibrada nas especialidades de nutrologia, medicina física e reabilitação, e gastroenterologia.
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MEDICINA S/A
Número de médicos especialistas no país cresce 84% em 10 anos
O número de registros de médicos com título em alguma especialidade cresceu 84% nos últimos 10 anos no Brasil. As mulheres passarão a ser maioria na profissão já a partir do próximo ano. Com a expansão da abertura de cursos e vagas de medicina, em 2035 haverá no país mais de um milhão de médicos no país.
As informações constam da mais nova edição da Demografia Médica no Brasil (DMB) a primeira produzida em parceria entre a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), no mais completo estudo já realizado sobre a realidade dos médicos em todo o país.
A DMB 2023, coordenada pelo pesquisador Mário Scheffer, professor livre-docente do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, foi formulada a partir de três eixos principais: estudos demográficos da população médica, estudos sobre formação e profissão médica e inquéritos sobre Residência Médica e trabalho médico no Brasil.
César Eduardo Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira, destaca o suporte institucional oferecido para a nova edição da DMB, por meio da disponibilização dos dados anonimizados dos associados da entidade, dentre outras informações. Temos orgulho de participar ativamente desta edição da Demografia Médica, que oferece dados de relevância nacional e importantes subsídios a todos os gestores públicos e privados comprometidos com a valorização da medicina e a saúde da população, enfatiza.
Para a professora Eloisa Bonfá, diretora da Faculdade de Medicina da USP, a Demografia Médica tem se revelado importante fonte de informações dirigida a pesquisadores, veículos de comunicação, entidades e órgãos governamentais. É fundamental para o planejamento do sistema de saúde tomar conhecimento do número, do perfil e da distribuição dos médicos e médicas no Brasil, das mudanças na graduação de Medicina, na Residência Médica e na oferta de especialistas, assim como acompanhar as transformações no mercado de trabalho médico, afirma.
Além da AMB, a produção da Demografia Médica no Brasil 2023 também contou com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), FFM (Fundação Faculdade de Medicina), Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e Ministério da Saúde.
Médicos especialistas e especialidades médicas
Em 2022 o Brasil possuía 321.581 médicos com ou mais títulos de especialistas, o que representa 62,5% dos profissionais em atividade no país. Os demais 37,5% eram médicos generalistas, ou seja, sem titulação em nenhuma especialidade.
O número total de registros de médicos titulados no país chega a 495.716, o que representa 84% a mais em relação aos 268,2 mil registros existentes em 2012. Trata-se de um dado inédito e relevante da Demografia Médica, resultado da expansão da Residência Médica no Brasil e da atuação da AMB e de suas filiadas sociedades de especialidade que concedem títulos de especialistas.
Um mesmo médico pode ter título ou ter concluído Residência Médica em mais de uma especialidade e, por isso, o número de títulos em especialidades é maior que o número de indivíduos especialistas.
O estudo considerou as 55 especialidades médicas reconhecidas pela Comissão Mista de Especialidades, composta por representantes da Comissão Nacional de Residência Médica, Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira.
A defasagem entre os egressos de cursos de medicina e vagas de Residência Médica de acesso direto aumentou no período analisado pela Demografia Médica. Essa diferença, que era de 3.866 vagas em 2018, passou para 11.770 vagas em 2021. Considerando que a oferta de vagas de graduação em medicina vem aumentando no país, em curto prazo o número de médicos sem formação especializada deverá aumentar ainda mais, caso não haja ampliação de vagas de Residência Médica.
As especialidades com maior número de registros de especialistas são Clínica Médica, com 56.979 médicos, Pediatria (48.654), Cirurgia Geral (41.547), Ginecologia e Obstetrícia (37.327), Anestesiologia (29.358), Ortopedia e Traumatologia (20.972), Medicina do Trabalho (20.804) e Cardiologia (20.324). Juntas, essas oito especialidades representam mais da metade (55,6%) do total de registro de especialistas.
Um segundo grupo, de cinco especialidades – Oftalmologia, Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Psiquiatria, Dermatologia e Medicina de Família e Comunidade, soma 14,4% do total de especialistas. Assim, 13 das 55 especialidades médicas existentes no Brasil reúnem 70% dos registros de especialistas.
No período entre 2012 e 2022, algumas especialidades como Clínica Médica, Medicina de Família e Comunidade, Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Medicina Legal e Perícia Médica, Cirurgia de Mão, Medicina de Tráfego, Angiologia, Geriatria, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Neurologia, Genética Médica e Mastologia pelo menos dobraram o número de especialistas.
Outras 15 especialidades se destacaram, com crescimento entre 80% e 100%. São elas, Ortopedia e Traumatologia, Cirurgia Vascular, Endocrinologia e Metabologia, Cirurgia do Aparelho Digestivo, Dermatologia, Reumatologia, Patologia, Nefrologia, Medicina Intensiva, Medicina Esportiva, Cirurgia Geral, Endoscopia, Psiquiatria, Infectologia e Oftalmologia.
Os homens são maioria em 36 das 55 especialidades médicas e as mulheres predominam em 19 delas. As especialidades mais femininas são Dermatologia, Pediatria, Alergia e Imunologia, Endocrinologia e Metabologia e Genética Médica. As especialidades mais masculinas são Urologia, Ortopedia e Traumatologia, Neurocirurgia, Cirurgia Cardiovascular e Cirurgia do Aparelho Digestivo.
A especialidade com maior número de mulheres é a Dermatologia: são 8.236 médicas, o que representa 77,9% dos dermatologistas do país. Outras especialidades com grande proporção de mulheres são Pediatria (75,6%), Alergia e Imunologia e Endocrinologia e Metabologia, ambas com 72,1%.
Em nove das 55 especialidades, os homens são mais de 80%. As mulheres são minoria em todas as especialidades cirúrgicas, caso da Cirurgia Geral, em que representam menos de 25% do total de especialistas.
Em 34 das 55 especialidades médicas existentes no Brasil, a média de idade dos médicos especialistas é inferior a 50 anos.
No Sul do país, 68% dos médicos possuem alguma especialidade. Já no Centro-Oeste 63,4% dos profissionais são médicos especializados, enquanto no Sudeste são 63,3%, no Norte, 57,2% e no Nordeste, 52,3%.
O Distrito Federal possui a maior proporção de médicos especialistas em relação ao total de profissionais (72,7%), enquanto o Amapá registra a menor (40,4%).
Em relação à Força de Trabalho Cirúrgica – que inclui cirurgiões, anestesiologistas e obstetras, a Demografia Médica aponta que, no Brasil, há uma densidade de 66 especialistas por 100.000 habitantes, mais do que o triplo do recomendado pela Lancet Commission On Global Surgery, que é de 20 por 100 mil.
Contudo, também nesse quesito há disparidade na distribuição territorial. Enquanto no Distrito Federal e no Estado de São Paulo, a FTC tem razões, respectivamente, de 151,5 e 85,4 por 100.000 habitantes, no Maranhão e no Acre os índices são de 26,7 e 28,6.
Aumento de médicos no Brasil
Nos últimos 13 anos, de 2010 a 2023, mais de 250 mil novos médicos (251.362) entraram no mercado de trabalho no Brasil, resultado direto da abertura de cursos e de vagas de graduação em medicina.
Em janeiro de 2023 o país contava com 562.229 médicos inscritos nos 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), o que corresponde a uma taxa nacional de 2,6 médicos por 1.000 habitantes. Na mesma data, o total de registros médicos chegava a 618.593.
Essa diferença entre o quantitativo de indivíduos médicos e o de registros se refere aos profissionais que possuem inscrições em mais de um CRM, seja porque trabalham em cidades de diferentes estados ou porque se deslocam temporariamente a outro estado.
No ano 2000 o Brasil contava com 239.110 médicos. Enquanto o número de profissionais mais do que dobrou até 2023, a população geral do país cresceu em torno de 27%.
Duas regiões do país possuem número de médicos em relação à população inferior à média nacional. No Norte há 1,45 médico por 1.000 habitantes e, no Nordeste, 1,93.
Já as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil possuem razões de 3,39, 3,10 e 2,95 médicos por 1.000 habitantes, respectivamente.
Os estados brasileiros que possuem maior densidade de médicos por 1.000 habitantes são o Distrito Federal (5,53), Rio de Janeiro (3,77), São Paulo (3,50) e Santa Catarina (3,05). As menores densidades são encontradas no Pará (1,18 médico por 1.000 habitantes), Maranhão (1,22) e Amazonas (1,36).
Os dados da Demografia Médica ainda mostram que os médicos se concentram nas capitais brasileiras que, somadas, reúnem 312.246 médicos de todo o país, o que representa uma razão de 6,13 profissionais por 1.000 habitantes.
Já o grupo de regiões metropolitanas do Brasil (excluindo capitais) possui 44.824 médicos, o que significa 1,14 médico por 1.000 habitantes. Na somatória das cidades que compõem o interior do Brasil, são 225.996 médicos ou 1,84 profissional por 1.000 habitantes.
Ainda é pouco significativa a dispersão territorial ou interiorização de médicos, o que vinha sendo aguardado depois que inúmeros cursos de medicina foram abertos no interior. Pela projeção feita, o Brasil como um todo terá 4,4 mil médicos por mil habitantes em 2035, mas a desigualdade pode até mesmo se intensificar, com mais profissionais se dirigindo para locais onde a concentração já é alta, destaca o documento da Demografia Médica em suas considerações finais.
Projeção da oferta de médicos no Brasil nos próximos anos
Uma das projeções inéditas feitas pela nova edição da Demografia Médica no Brasil 2023 é referente à oferta de médicos em atividade no país nos próximos anos.
Em dois cenários analisados – de eventual congelamento na abertura de cursos de graduação e vagas de medicina entre 2023 e 2029 ou de manutenção dos efeitos da legislação vigente em 2022 em que a abertura de cursos e vagas é regulada e não seria interrompida nos anos seguintes -, a projeção é de que em 2035 haverá entre 1.016.121 e 1.032.753 médicos no Brasil.
Em ambos os cenários o Brasil chegará a 2035 com densidade superior a 4,4 médicos por 1.000 habitantes. E, em qualquer circunstância, a população de médicos no país será, além de mais numerosa, mais feminina, mais jovem e, provavelmente, mais desigualmente distribuída.
Haverá acirramento das disparidades de concentração de médicos. Das 27 unidades da Federação, 18 delas irão apresentar densidade de profissionais por mil habitantes abaixo da média nacional, estimada em 4,4 em 2035. Ou seja, se medidas excepcionais não forem adotadas, estará mantida ou será agravada a desigualdade da distribuição geográfica, o que fará persistir a escassez localizada de profissionais, mesmo em cenário de maior e crescente oferta de médicos, alerta o documento da pesquisa.
Mais mulheres na profissão
O fenômeno da feminização da profissão médica já vinha sendo observado desde 2009 entre os recém-graduados, mas ainda havia, no total da profissão, 59,5% de homens e 40,5% de mulheres. Em 2022 a proporção foi de 51,4% de médicos e 48,6% de médicas. Para 2024 a projeção é de que 50,2% do total de médicos no país sejam mulheres.
Entre 2010 e 2022 o número de mulheres médicas quase dobrou, passando de 133 mil para 260 mil. Entre os homens o crescimento foi mais lento, com acréscimo de 43%.
O estudo também demonstrou desigualdade de renda entre os gêneros. Conforme dados obtidos por meio de declarações junto à Receita Federal referente ao ano-base de 2020, as médicas brasileiras declaram rendimento médio anual 36,3% inferior que os profissionais do sexo masculino.
Ainda de acordo com a projeção do estudo da Demografia Médica, a idade média do médico brasileiro vai cair e, em 2035, mais de 85% dos profissionais terão entre 22 e 45 anos. Também em 2035 haverá 56% de profissionais de medicina do sexo feminino contra 44% do sexo masculino.
Consultas médicas no Brasil
Segundo dados inéditos da Demografia Médica, mais de 600 milhões de consultas médicas são realizadas por ano no Brasil, o que corresponde a pouco mais de 3,13 consultas por habitante/ano (dados relativos a 2019, ano pré-pandemia). O número é menor do que a média dos países que integram a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) – 6,8 consultas por habitante/ano.
Considerando o número de médicos no país, cada profissional realiza, em média, 1.260 consultas anualmente ou 4,5 consultas por dia, em um calendário de 280 dias úteis (excluindo finais de semana e feriados). O número também é menor do que a média dos países que integram a OCDE – 2.122 consultas por médico/ano.
As disparidades relativas a consultas nas diferentes regiões do país e nos setores público e privado de saúde, contudo, são significativas. Em 2019 foram 2,3 consultas por habitante entre usuários do SUS e 3,3 entre clientes da saúde suplementar.
As regiões Sudeste e Sul apresentaram maior proporção de consultas por habitante, chegando a 3,93 e 3,19, respectivamente. As regiões Centro-Oeste (2,86 consultas por habitante), Nordeste (2,38) e Norte (1,86) estão abaixo da média nacional.
Com relação aos estados, São Paulo (4,64 consultas por habitante) e Rio de Janeiro (3,80) se destacam como os estados com maior número de consultas por habitante, seguidos pelo Mato Grosso do Sul (3,62). Tocantins (1,60), Amapá (1,60), Pará (1,76) e Amazonas (1,77) possuem os indicadores mais baixos.
O número de consultas médicas realizadas no SUS em 2019, segundo dados do Datasus , foi de 482,6 milhões, correspondente a 2,12 consultas por habitante.
O indicador varia bastante no território brasileiro. As regiões Norte e Nordeste apresentam razão de consultas SUS por habitante inferior a 2: 1,49 e 1,76, respectivamente.
Em relação aos estados, Amapá (1,20), Piauí (1,25) e Distrito Federal (1,27) apresentaram menor número de consultas médicas por habitante na rede pública. No outro extremo, São Paulo registrou 2,96 consultas SUS por habitante, o que contribui para manter a região Sudeste à frente, com 2,48 consultas por habitante.
Já as regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram indicadores de consultas SUS por habitante de 2,22 e 2,01, respectivamente.
A proporção de consultas médicas por habitante entre os clientes de planos e seguros de saúde, em comparação com as consultas de usuários do SUS, se mostra superior em todas as grandes regiões do país.
A região Sudeste apresenta o maior número de consultas por usuários de plano privado, com 3,62 atendimentos por habitante, chegando a 4,59 no Espírito Santo e a 3,91 em São Paulo. O Nordeste foi a segunda região com maior número de consultas por usuários de planos de saúde (3,25 por habitante), seguida das regiões centro-oeste (2,67) e Sul (2,61).
Já a região Norte, assim como ocorreu nas consultas SUS, foi a que apresentou a menor razão de consultas por habitante entre usuários de planos privados de saúde (2,02).
A expansão dos cursos de medicina no Brasil e o perfil dos estudantes
Segundo a Demografia Médica, de 2013 a 2022 foi registrada a maior expansão do ensino médico da história do Brasil.
Em 2022 o Brasil contava com 389 escolas médicas que, juntas, ofereciam 41.805 vagas de graduação. Desse total, 23.287 novas vagas foram abertas de 2013 em diante. O aumento foi quase quatro vezes maior do que o registrado entre 2003 e 2012, quando foram autorizadas 5.990 vagas.
Uma das principais características da expansão da oferta de graduação médica nos últimos 20 anos no Brasil foi a abertura de vagas predominantemente no setor privado de educação.
Nesse período, enquanto as novas vagas de medicina em universidades públicas passaram de 5.917 em 2003 para 9.725 em 2022 (aumento de 64%), as vagas em escolas médicas do setor privado subiram de 7.001 para 32.080 (crescimento de 358%).
Proporcionalmente, a participação das instituições públicas no ensino médico atingiu seu menor patamar histórico em 2022, quando menos de um quarto das vagas foram ofertadas em 121 escolas públicas, enquanto as vagas nos 268 cursos privados representaram 77% do total. No Sudeste brasileiro, que concentra quase metade de todos os postos de graduação em medicina no Brasil, apenas 16,6% das vagas estão em instituições públicas.
Entre 2010 e 2020 o número de alunos cursando o primeiro ano de escolas médicas passou de 16.818 para 40.881, o que representa crescimento de 143% no período, resultado da ampla abertura de novos cursos de graduação no país.
As mulheres foram maioria entre os alunos do primeiro ano de medicina no período analisado pela Demografia Médica, representando 54,9% do total de estudantes em 2010 e 61,4% em 2019.
A Demografia identificou um aumento da população negra – soma de alunos que se declararam pretos e pardos -, de 1.483 estudantes de medicina em 2010 para 9.326 em 2019.
Além disso, cresceu a participação de estudantes de medicina entre aqueles que cursaram o ensino médio em escolas públicas, de 25,9% do total em 2010 para 29,8% em 2019.
Oferta e distribuição de Residência Médica
Em 2021, 4.950 programas de RM estavam credenciados no Brasil. Naquele ano, os 41.853 médicos que cursavam Residência Médica representavam cerca de 8% do total de médicos em atividade no país.
O estado de São Paulo concentra 33,3% de todos os residentes, seguido por Minas Gerais (11,1%), Rio de Janeiro (10%) e Rio Grande do Sul (7,1%). Das 27 unidades da Federação, 11 possuem menos de 1% do total de residentes do país. Desses, à exceção do Mato Grosso, todos se localizam nas regiões Norte e Nordeste.
Cerca de 46% das instituições que oferecem RM se concentram na região Sudeste, onde está metade dos programas credenciados.
O Distrito Federal é a unidade federativa com maior densidade de médicos residentes por 100.000 habitantes (44,92), seguido por São Paulo (29,86), Rio Grande do Sul (25,84) e Rio de Janeiro (24,06). No outro extremo, o estado do Maranhão apresenta a densidade mais baixa (4,57), seguido por Amapá (5,13) e Pará (7,10).
Em 2021, cerca de 43% dos médicos residentes cursavam programas em quatro especialidades: Clínica Médica (14,2%), Pediatria (10,87%), Ginecologia e Obstetrícia (9,15%) e Cirurgia Geral (9,08%).
Entre 2018 e 2021 o número de médicos que cursavam Residência Médica no Brasil passou de 38.681 para 41.853.
Ao comparar a oferta nacional de vagas de primeiro ano de Residência Médica com o número de profissionais que concluíram medicina no ano anterior percebe-se um descompasso entre a formação especializada e o ensino de graduação. Em razão da intensa abertura de cursos de medicina, as vagas de R1 disponíveis no Brasil não têm sido suficientes para formar especialistas em quantidade equivalente aos novos registros de médicos formados no ano anterior.
Ainda conforme a nova Demografia Médica no Brasil, apenas 24,6% dos médicos residentes entrevistados afirmaram ter intenção de trabalhar majoritariamente ou exclusivamente no SUS (Sistema Único de Saúde) no prazo de um ano após a conclusão da residência. No cenário de após cinco anos da conclusão da RM, a intenção de trabalhar majoritariamente ou exclusivamente no SUS cai para cai para 12,1% dos entrevistados.
A maioria dos residentes (55,7%) pretende, um ano após a formação, manter exercício profissional de dupla prática, dividindo a atuação profissional entre os serviços público e privado. Porcentagem semelhante (49%) pretende manter essa inserção público-privada após cinco anos de formado.
Cerca de 20% dos residentes entrevistados revelaram a intenção de trabalhar majoritariamente ou integralmente no sistema privado após um ano da conclusão do curso. Essa proporção sobe para 40% quando questionados sobre a intenção de local de trabalho cinco anos após a conclusão da RM.
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O HOJE
A arte e o fascínio da medicina no Papo Xadrez
O cirurgião e deputado federal conta detalhes sobre a vida política e a carreira médica
Por: Everton Antunes
No 50º episódio do Papo Xadrez, realizado na segunda-feira (6/2), os apresentadores Ananda Leonel e Felipe Cardoso contaram com a presença de Zacharias Calil Hamu – médico pediatra, cirurgião e deputado federal pelo partido União. Reeleito com quase 88 mil votos, o parlamentar e, sobretudo, doutor traz ao programa boas doses de informação e detalhes da carreira.
O Médico, que é mundialmente conhecido por intervenções cirúrgicas em gêmeos xifópagos – ou siameses –, consagrou-se pela separação das irmãs Larissa e Lorrayne, no Hospital Materno-Infantil, em Goiânia. Ao papo, o pediatra conta que operou cerca de 22 gêmeos siameses e, até mesmo, avaliou casos internacionais no México, por exemplo.
De origem humilde, o deputado nasceu em Goiânia, no ano de 1953, embora sua família seja de Ribeirão Preto – município localizado no interior do estado de São Paulo. Ainda na infância, Zacharias mudou-se para o município paulista, porém, entre idas e vindas a Goiânia, foi aprovado no vestibular de medicina da UFG.
“Eu sonhava com medicina, principalmente com cirurgia”, relembra o doutor. Para ele, os processos cirúrgicos são como um diligente processo artístico, que pode ser classificado como “fascinante”.
No ano de 1979, o então estudante de medicina do 4º período conheceu o atual Governador, Ronaldo Caiado. Ao lado do político, o doutor Zacharias atuou em plantões médicos e revela que desenvolveu uma relação profissional que, mais tarde, gerou o forte compromisso da gestão com a saúde goiana.
O médico também realizou operações em caráter de urgência durante o período como residente e descobriu na cirurgia a sua vocação. “É uma especialidade muito bonita, te dá uma realização muito grande operar uma criança com uma hora de vida e, de repente, você a encontra na rua com 30 anos de idade”, afirma.
É em 1986, após atender em hospitais de Brasília, que Zacharias retorna a Goiânia e se estabelece no Hospital Materno-Infantil. A partir daí, o cirurgião explica que decidiu seguir o caminho da Saúde Pública e, durante alguns meses, chegou a realizar algo em torno de 120 cirurgias pelo SUS.
Durante a conversa, o doutor recorda casos que o projetaram a nível internacional e traz detalhes das operações, além de recordar momentos que o comoveram – a exemplo da morte de Arthur, após a separação do irmão, Heitor. O doutor comemora os avanços que as tecnologias possibilitaram aos procedimentos cirúrgicos: “você opera com mais segurança”, diz.
Em caso mais recente, Zacharias Calil comenta sobre a cirurgia das gêmeas Heloá e Valentina, que comoveram o estado no início deste ano. “A Valentina teve um problema sério, porque começou a apresentar um quadro neurológico severo, o que a gente chama de um mal epiléptico”, esclarece.
No entanto, o pediatra declara que a criança respira por catéter nasal e que, apesar das complicações, a recuperação de Valentina é positiva e acompanhada de maneira extensiva por toda a equipe de enfermagem. O doutor ainda comenta sobre a importância do contato de Heloá com Valentina, após a sua recuperação.
Sobre o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (HECAD), o deputado elogia as conquistas na promoção de saúde acessível à população goiana. “Hoje, no Brasil, não há um hospital como o HECAD, e tudo pelo SUS”, comemora.
Antes sob ameaça de inundação e abandono, o Hospital Materno-Infantil encontrava-se debilitado, porém o doutor observa que destinou emendas para criar pólos de saúde infantil em Goiás, como o HECAD. “Tive grandes oportunidades, aprovei projetos” e, ainda, “eu sou médico e, como segunda opção, político”, ressalta o doutor sobre o seu compromisso com a saúde.
Além disso, o médico estabelece que é preciso “valorizar e fortalecer o SUS, é muito importante para a saúde da população”. Ele também aponta que uma melhor remuneração dos profissionais da rede pública e a abertura de concursos na área são alguns dos caminhos para o fortalecimento da medicina goiana.
Ao podcast, o doutor Zacharias contou sobre sua trajetória na pediatria e reafirmou o seu compromisso com a população goiana e o acesso à saúde de qualidade. É possível conferir alguns trechos da entrevista no instagram do Papo Xadrez, ouvir o podcast pelo Spotify e, ainda assistir à entrevista completa no canal do YouTube, ‘Papo Xadrez’.
Nos últimos episódios
Zacharias Calil Hamu, médico e cirurgião pediatra, está na 50ª transmissão ao vivo do podcast ‘Papo Xadrez’. Zacharias se junta aos outros 57 convidados que estiveram nos estúdios do jornal ‘O Hoje’ de frente com os apresentadores Ananda Leonel e Felipe Cardoso. Dos encontros dedicados ao mundo da música e seus bastidores, aos episódios sobre a indústria da moda: nenhuma pauta fica de fora do ‘Papo Xadrez’.
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A REDAÇÃO
Saúde nega que estudantes de Cmei, em Goiânia, estejam com rubéola
“O diagnóstico das quatro crianças foi negativo para rubéola, sarampo e dengue”, esclareceu a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nesta quarta-feira (8/2), acerca da suspeita de que estudantes de um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei), localizado na região Sudoeste de Goiânia, estivessem com a doença infect-contagiosa. A pasta disse ainda que os alunos continuarão sendo acompanhados.
“A SMS recebeu, do Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO), os resultado dos exames das quatro crianças em questão e todos deram negativo para a doença”, traz o documento. De acordo com a pasta, foi averiguada ainda a possibilidade dos alunos estarem com sarampo ou dengue – o que também foi descartado.
Na terça-feira (7/2), a SMS já havia dito que “seguiu os protocolos sanitários previstos para casos suspeitos, que inclui o afastamento dos estudantes até a confirmação ou não do caso e segue acompanhando o caso e orientando as instituições sobre a importância do cumprimento dos protocolos de biossegurança.”
Com o resultado negativo dos exames, a SME informou que a unidade de ensino receberá uma pulverização contra o mosquito aedes aegypt. “A ação ocorrerá na sexta-feira (10/2). As crianças, segundo o atestado médico, já podem retornar à unidade de ensino”, explicou. Além disso, destacou que o Brasil é considerada área livre da circulação do vírus.
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JORNAL OPÇÃO
Caiado anuncia recursos extra para diminuir fila de cirurgias eletivas
Conselho de Secretarias Municipais se reunirá para traçar planejamento que visa atender cirurgias eletivas, exames complementares e consultas especializadas em todo o Estado
O governador Ronaldo Caiado anunciou ontem, 7, durante lançamento da segunda etapa da ampliação do Hospital Estadual de Trindade Walda Ferreira dos Santos (Hetrin), a destinação de R$ 20 milhões em recursos estaduais, já previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para redução das filas de espera por cirurgias eletivas em Goiás. “Vamos trabalhar dobrado para que a população tenha certeza de que o dinheiro existe e, quando é bem aplicado, os resultados são esses”, afirmou.
Na última segunda, 6, o Governo Federal publicou portaria que institui a Política foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Com essa ação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra Nísia Trindade (Saúde) lançaram o Programa Nacional de Redução das Filas, que destinará R$ 600 milhões em apoio aos estados e municípios que aderirem à iniciativa. Deste montante o MS irá destinar cerca de R$ 20,2 milhões para o Estado de Goiás.
Ao Jornal Opção a secretária-executiva do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (COSEMS-GO), Jaqueline Oliveira, explicou que desde o anúncio do Ministério da Saúde a entidade, que congrega secretários e técnicos da Saúde dos 246 municípios goianos e também da Secretaria de Estado de Saúde dialogam para fazer o diagnóstico das demandas que irá culminar em um plano de ação a ser apresentado ao órgão federal.
De acordo com Jaqueline Oliveira, uma reunião do colegiado para deliberar sobre os pontos da proposta, entre outras questões técnicas e administrativas, está prevista para o próximo dia 28 ou dia 1º de março e terá como pauta o levantamento das principais necessidade de atendimento de cada município e região (para formar uma espécie de fila unificada), bem como capacidade instalada para atendimento ao cidadão o mais próximo de sua residência.
“Com a pandemia muita coisa ficou represada. Precisa fazer uma atualização do cadastro das filas e rever os casos que aguardam há muito tempo com novos exames e consultas pré-operatórias, se necessárias. Com o plano anunciado para redução de filas teremos maior equidade para que todas as regiões do estado possam ser atendidas em suas necessidades de cirurgias em detrimentos de grandes centros, como acontecia com a Região Metropolitana”, explicou.
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PORTAL G1
Cantor de rap morre aos 29 anos após infecção bacteriana em Goiás
Segundo a família, Otavio Tavares ficou seis dias internado e teve uma parada cardíaca. Ele era conhecido como “T Jotta”.
O cantor de rap Otavio Tavares, conhecido como “T Jotta”, morreu após ter uma infecção bacteriana. A morte do jovem de 29 anos, que morava em Anápolis, foi confirmada ao g1 pela família.
De acordo com os familiares, o cantor tinha uma doença autoimune e, quando teve a infecção bacteriana, ficou sem resistência.
Ainda segundo a família, a infecção teria evoluído para uma “sepse”, uma reação do organismo à infecção que, em último caso, pode causar falência dos órgãos.
Os familiares contaram que o jovem chegou a ser internado e ficou em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por seis dias. Ele morreu após ter uma parada cardíaca na terça-feira (7).
Cantor e compositor, T Jotta utilizava as redes sociais para divulgar seus shows, músicas e clipes que eram lançados.
Ainda nas redes sociais, diversos amigos e familiares lamentaram a partida e expressaram carinho pelo jovem.
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NOTÍCIAS DO ES
Baixa adesão à vacina contra o HPV preocupa especialistas
Muito menor do que o esperado. Esse foi o resultado registrado pelo Programa Nacional de Imunização sobre a campanha de vacinação contra o HPV, uma infecção sexualmente transmissível (IST) que pode evoluir para cânceres bastante agressivos, como o de colo de útero. A baixa adesão à vacina leva o Ministério da Saúde a prever, para 2023, mais de 17 mil novos casos. Ainda de acordo com o Governo Federal, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres, ocupando o terceiro lugar nas causas de morte, quando comparados aos outros tipos. Em breve pesquisa na plataforma DataSUS, em 2022, 28% das meninas entre 9 e 14 anos receberam a vacina, enquanto que somente 20% dos meninos, entre 11 e 14 anos, foram imunizados. Os especialistas alertam para essa baixa adesão e acreditam que a falta de informação sobre o imunizante é um dos fatores.
Pesquisadores da Escola de Enfermagem da UFMG entrevistaram cerca de 159 mil estudantes brasileiros entre 13 e 17 anos, sobre o motivo para não terem recebido a vacina. “Não sabiam que tinha que tomar” foi a resposta de mais de 45% dos entrevistados. A ginecologista e cooperada da Unimed-BH, Cristiana Fonseca Beaumord, alerta ainda para outro motivo para a baixa adesão: “Muitas famílias acreditam que, dando a vacina para os seus filhos adolescentes, estariam estimulando a um início precoce da vida sexual”, explica a médica. Na visão dela, esse motivo é uma inverdade e recheada de falsas informações. Ela reforça que, quando tomada no momento certo, a vacina tem uma resposta muito mais eficaz para a prevenção de ISTs e de cânceres adquiridos por esses vírus invasores. “a chance de evoluir para um câncer invasor é próxima de zero, se a vacina contra o HPV for tomada na faixa etária indicada”, afirma Cristina.
Ela afirma que, quando a campanha era feita com o apoio das escolas públicas, o resultado era mais favorável e que ainda é tímida a campanha nos veículos de grande circulação, levando a chancela do Ministério da Saúde. “Quando não damos visibilidade às informações verdadeiras sobre assuntos sérios, esse hiato é tomado pela desinformação”, conclui. Sobre o HPV e o seu imunizante De acordo com a ginecologista, o HPV (papiloma vírus humano) pode ser fator de risco para o aparecimento de tumores tanto em mulheres, quando em homens. É o vírus responsável pelo câncer de colo de útero e, também, pelos cânceres de vulva, vagina, alguns tipos que acometem o ânus, o reto, o pênis e a orofaringe. O Programa Nacional de Imunização (PNI) inclui a vacina contra o HPV para meninos e meninas de 9 a 14 anos, de acordo com última atualização do Ministério da Saúde, em setembro de 2022. Além desses, pessoas até 45 anos que convivam com HIV/Aids, sejam transplantadas ou pacientes oncológicos podem tomar três doses do imunizante nos postos de saúde.
Para aqueles que não se encaixam nesses quesitos, o imunizante é encontrado em clínicas e laboratório particulares. A vacina é indicada para pessoas de até 45 anos, mesmo aquelas que já tiveram HPV.
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SAÚDE BUSINESS
Anahp mostra aumento de glosas e no prazo médio de recebimento
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgou, no último dia 6, que a glosa saiu de um percentual de 3,63 da receita líquida dos hospitais associados à Anahp para 4,51 no último ano. Já o prazo médio de recebimento saiu de 68,26 para 75,80 dias. A publicação Indicadores Hospitalares Anahp apresenta os resultados computados entre janeiro e novembro de 2022, comparando com o mesmo período do ano anterior.
Para o diretor-executivo da Anahp, Antônio Britto, os números confirmam o que tem sido uma reclamação diária dos hospitais associados, que é o crescimento no volume de glosas apresentadas pelas operadoras.
“Reconhecemos a importância de as contas hospitalares passarem pela análise das operadoras, até para encontrar eventuais inconsistências e solicitar ao hospital esclarecimentos. Na prática, porém, o que vem acontecendo é a dinâmica de um sistema em que são glosadas, em muitos casos, contas em um volume tão grande que desequilibram a relação entre as operadoras e hospitais, impactando no fluxo de caixa dos prestadores”, explica Britto.
Já sobre a importância de um prazo de recebimento adequado, o executivo citou a dificuldade encontrada pelos hospitais ao fazerem gastos em um determinado momento e essa conta levar meses para ser paga pela operadora.
“O setor hospitalar conhece as dificuldades que estão sendo vividas pelas operadoras com aumento de sinistralidade e a redução dos resultados operacionais. Mais do que isso, temos procurado ser parceiros na busca por soluções estruturais. Porém, as dificuldades que estão sendo vividas neste momento não podem servir para uma política deliberada de imposição de glosas”, afirma.
De acordo com Britto, cada operadora tem o seu sistema e as suas práticas, o que torna o processo de apresentar as contas hospitalares altamente complexo. “Basta saber que 60% das glosas são questões administrativas. Às vezes, um equívoco sobre um detalhe, troca de algarismo”, reitera.
Seção exclusiva na Anahp
Como parte das novidades previstas para 2023, a Anahp lançou, em seu novo site, uma seção exclusiva com um conjunto de Indicadores Hospitalares. A área possui funções interativas e permite que o usuário selecione o tema de interesse, informe quais indicadores gostaria de visualizar e possibilita também comparações de séries históricas.
A mudança faz parte de um conjunto de iniciativas para dar mais transparência e acesso às informações qualificadas por meio da transformação digital. Há mais de 15 anos, a Anahp compartilha anualmente com o mercado os indicadores de desempenho de suas instituições associadas por meio do Observatório Anahp.
Para ampliar a capacidade de análise e identificação das tendências do setor, a entidade também divulga um grupo selecionado de indicadores mensalmente, com o objetivo de disponibilizar informações relevantes sobre qualidade hospitalar, assistência operacional, gestão de pessoas e índices econômico-financeiros.
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Assessoria de Comunicação