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DESTAQUES
Número de médicos cresce no Brasil, mas distribuição é desigual
Rede D’Or capta R$ 11,4 bi com oferta de ações
Pazuello sob pressão
Não há plano, dizem cientistas sobre vacinação contra a Covid-19 no Brasil
Corrida maluca das vacinas não faz sentido algum
Governadores cobram estratégia nacional de imunização
ANS suspende a comercialização de 12 planos de saúde
Caiado critica “corrida maluca” e uso político da vacina contra covid-19
Goiás registra 1.240 casos e 23 mortes pela covid-19 em um dia
“Atraso na compra de seringas não afeta Goiás”, diz secretário da Saúde
‘Estado tem 2,5 milhões de unidades’, afirma
Anvisa alerta para 1º caso de fungo super-resistente no Brasil
Crianças devem ficar por último na fila da vacina em Goiás e no Brasil
AGÊNCIA BRASIL
Número de médicos cresce no Brasil, mas distribuição é desigual
País possui mais de 500 mil profissionais
Brasília – O número de médicos cresceu fortemente nos últimos anos no Brasil, atingindo mais de 500 mil profissionais, uma média de 2,4 para cada 1 mil habitantes. Entretanto, a distribuição ainda é bastante desigual, com maior presença nas regiões mais ricas e menos oferta no Norte e Nordeste.
Os dados estão em pesquisa lançada nesta terça-feira (8/12) pelo Conselho Federal de Medicina. O levantamento da demografia médica brasileira foi elaborado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e chegou a sua 5ª edição, avaliando a evolução dos profissionais desta carreira.
Entre 2010 e 2020, o país ganhou 180 mil novos médicos. A taxa de aumento do número desses profissionais foi maior do que de crescimento da população em geral, ampliando o indicador de 1,7 para 2,4 por 1 mil habitantes nos últimos 10 anos.
Em entrevista coletiva virtual para a divulgação do estudo, o autor, professor Mário Scheffer, destacou que o Brasil galgou espaços no ranking internacional. Nesta última edição do levantamento, quando considerada a média por 1 mil habitantes o país ficou à frente de outras nações como México, Japão, Coreia do Sul e Colômbia.
Contudo, o país ainda está abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 3,4 para cada 1 mil habitantes. O Brasil vem atuando para ser admitido no grupo.
Mário Scheffer avaliou que o aumento do número de médicos no Brasil é decorrente da ampliação da estrutura de oferta no ensino superior para esta área, que ocorreu por meio da liberação de novos cursos nos últimos anos.
“Aumentou em função da abertura desenfreada de cursos e expansão de vagas em escolas que já existiam. De 2011 até agora foram mais de 20 mil novas vagas de graduação de medicina. É isso que impacta no número de médicos. Temos quase 37,8 mil vagas em 2020.
Entre 2010 e 2020, a média de profissionais que deixaram a carreira a cada ano ficou estável entre 1,2 mil e 1,5 mil. Contudo, o número de egressos dos cursos de medicina anualmente foi de 12,7 mil para 21,9 mil neste período. Segundo o presidente do Conselho Federal de Medicina Mauro Ribeiro, diante do grande número de egressos, a cada ano há deficiência para poder dar continuidade à formação adequada. “Não existe infraestrutura hospitalar que permita aumento de vagas de residência para acompanhar este aumento exponencial de formandos no Brasil”, pontuou.
Desigualdade
Mas o estudo também verificou que apesar do incremento na oferta de médicos, esta está distribuída de forma desigual no território brasileiro. Nas regiões Sul e Sudeste e em estados mais ricos ou com produto interno bruto per capita mais alto, como São Paulo, Rio de Janeiro ou Distrito Federal, possuem taxas muito maiores do que os demais. No Sudeste a proporção médico/habitante é de 3,15 e na Sul, 2.68. Na capital, a média é de 5,11.
Já no Norte e Nordeste o quadro é bem diferente, com taxas respectivas de 1,3 e 1,69 profissionais para cada 1 mil habitantes. O Pará, por exemplo, possui a menor média, de 1,07 médicos para cada 1 mil habitantes, cerca de cinco vezes menos do que a capital do país.
Na comparação entre capitais e interior, também se verifica desigualdade. Enquanto as cidades do interior abrigam 76,2% da população, elas possuem apenas 45,7% dos médicos. E o crescimento tem sido lento: em 2017 eram 44,9% profissionais desta carreira. Já as capitais são local de residência de 23,8% dos brasileiros mas contam com 54,3% dos formados em medicina.
“Foi feita uma política de abertura de escolas médicas com justificativa de que aumentaria a oferta. Alertamos que tinha que ter política pública de indução da ida do médico para o interior. Esta desigualdade persiste não obstante o aumento absurdo de escolas médicas”, avaliou Mauro Ribeiro.
A falta de equilíbrio ocorre também quando comparados os sistemas de saúde. Dos profissionais, 28% atendem exclusivamente no setor privado, 22% somente no setor público e os 50% restantes nos dois tipos de serviços.
“Como num país de meio milhão de médicos pode haver escassez de profissionais? Além da desigualdade na distribuição regional há também dentro do próprio sistema de saúde. Se pensarmos que o setor privado atende 25% da população, temos concentração de médicos de forma desproporcional, muito mais concentrados nas estruturas privadas de saúde”, analisou Mário Scheffer.
Perfil demográfico
O estudo também verificou o perfil demográfico a profissão. Nas últimas duas décadas, houve um acréscimo na proporção de mulheres. Se em 1990 elas representavam 31% dos profissionais, em 2020 chegaram a 47%. Em 2019, 57,5% dos novos registros dos conselhos regionais de medicina eram dados a médicas, enquanto 42,5%, a médicos.
Com a abertura de novos cursos e entrada de mais pessoas por ano, a idade média caiu, chegando a 45 anos em 2020. Por conta do incremento de mulheres na carreira, estas possuem uma média de idade menor, de 42 anos. Já no caso dos homens este índice é maior, de 48 anos.
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O GLOBO
Rede D’Or capta R$ 11,4 bi com oferta de ações
Na maior operação de venda inicial de papéis de uma empresa dos últimos sete anos no país, grupo de hospitais chega à Bolsa como a décima em valor de mercado, com R$ 114,9 bilhões, superando companhias como BB, BTG e Telefônica/Vivo
RENNAN SETTI
Na maior oferta pública de ações do Brasil em sete anos, a Rede D’Or movimentou R$ 11,39 bilhões ontem e estreará amanhã na Bolsa valendo R$ 114,9 bilhões. O grupo hospitalar chegará à B3 como décima maior empresa listada, superando companhias como Banco do Brasil, BTG Pactuai e Telefônica/Vivo.
O grupo de hospitais definiu em R$ 57,92 a cotação das ações que vendeu no IPO, sigla em inglês usada no mercado financeiro para falar sobre esse tipo de negócio. O valor ficou um pouco acima do preço médio da faixa indicativa, que ia de R$ 48,91 a R$ 64,35. Assim, a companhia levantou cerca de R$ 8,44 bilhões na parte primária da oferta, que é o valor que vai para o caixa financiar sua expansão.
Já os atuais acionistas – a família Moll, que fundou a empresa, o fundo americano Carlyle e o fundo soberano de Cingapura – venderam R$ 2,95 bilhões de seus próprios papéis na oferta.
Com o valor total de R$ 11,39 bilhões, o IPO da Rede D’Or é o maior desde que a BB Seguridade levantou quase R$ 11,5 bilhões, em 2013. É o terceiro maior IPO já feito no país, em lista encabeçada pelo Santander Brasil, que movimentou cerca de R$ 13,2 bilhões em sua estreia em 2009.
Os planos para o IPO da Rede D’Or foram primeiro publicados pela coluna Capital em agosto.
A oferta consagra a trajetória de um grupo surgido no Rio em 1977, como Grupo Labs, de diagnóstico, e se transformou na maior rede hospitalar independente do Brasil. A Rede D’Or tem 51 unidades próprias e gerou R$ 9,8 bilhões em receitas líquidas nos primeiros nove meses de 2020. O IPO multiplica a fortuna de Jorge Moll Filho, o cardiologista que fundou a companhia e é até hoje seu principal acionista.
Com o IPO, a participação da família Moll na empresa cairá de 57,37% para 51,61%, mantendo o controle. Essa fatia valerá cerca de R$ 60 bilhões na Bolsa na estreia. Antes de a Rede D’Or fechar o valor do IPO, a Bloomberg calculava que a fortuna pessoal do fundador Jorge Moll Filho ultrapassaria R$ 40 bilhões com a oferta, tendo como parâmetro o preço médio.
Esses valores colocam Moll na sexta posição do ranking de bilionários brasileiros da Bloomberg, atrás apenas de Jorge Paulo Lemann, Joseph Safra, Eduardo Saverin (cofundador do Facebook), Marcei Telles e Carlos Sucupira (estes dois sócios de Lemann na 3G). Até então, a fortuna de Moll era estimada pela Bloomberg em cerca de US$ 2,7 bilhões (R$ 13,9 bilhões).
DA FARIA LIMA AO LEBLON
Depois do IPO, a fatia do fundo soberano de Cingapura (GIC) na Rede D’Or cairá de 25,93% para 23,33%, enquanto a do Carlyle será reduzida de 11,87% para 10,68%.
Segundo fontes, a demanda atingiu pelo menos R$ 60 bilhões, e houve interesse de praticamente todas as gestoras importantes da Faria Lima e do Leblon. Pelo menos metade da oferta ficou na mão de estrangeiros, de acordo com um gestor, e o americano Capital Group teria sido um dos mais relevantes.
– Está longe de ser um negócio extremamente barato, mas o IPO saiu com “múltiplos” (relação entre o preço dos papéis e os números da operação da companhia) semelhantes aos de Hapvida e Notre Dame Intermédica, que são as empresas mais próximas dela na Bolsa. E, dado o seu tamanho, a Rede D’Or tem chance de ser negociada com um prêmio em relação às outras duas – afirmou um gestor de uma grande asset paulista que participou do IPO e preferiu não ser identificado.
De acordo com esse gestor, o principal desafio da Rede D’Or será crescer fora do eixo RioSão Paulo, onde já está consolidada. Nos últimos meses, o grupo vinha acelerando sua estratégia de aquisições, mas seu crescimento terá como obstáculo o apetite crescente de concorrentes menores. De olho em um mercado que se expande conforme a população brasileira envelhece, rivais como Hapvida, Notredame e Dasa vêm fazendo aquisições.
Embora não tenha tido dificuldades para encontrar investidores, o IPO da Rede D’Or dividiu analistas. Enquanto a Eleven Financial Research enxerga preço-alvo de R$ 81 para o papel, o que proporcionaria alta de quase 40% das ações nos próximos 12 meses, a Suno Research recomendou aos clientes que não participassem da oferta por não encontrar “valor justo que contemplasse a margem de segurança adequada para a realização de um investimento” ou seja, achou caros os papéis.
– Tanto pelo tamanho como pela história de sucesso até agora e pelo crescimento que deve haver adiante, os grandes fundos acabam entrando. A Rede D’Or deve entrar em índices acionários locais e externos, o que dá mais fôlego para o papel – disse outro gestor.
Os papéis da Rede D’Or vão estrear na Bolsa no segmento Novo Mercado (de maior nível governança).
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Pazuello sob pressão
Governadores e prefeitos cobram vacinação ágil
Governadorese prefeitos aumentaram a pressão sobre o governo federal por avanços na estratégia de vacinação contra a Covid-19. Em reunião com o ministro da Saúde, chefes dos executivos estaduais reclamaram da falta de coordenação sobre o tema e, especialmente, dos planos de compra de imunizantes. Prefeitos emitiram nota pedindo que sejam compradas “todas as vacinas reconhecidas como eficazes e seguras”, enquanto o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para que estados possam comprar imunizantes diretamente, com apoio financeiro da União.
Na reunião, marcada por tensão e até um bate-boca do ministro com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Eduardo Pazuello estimou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária leve 60 dias para aprovar o registro de algum imunizante e previu que no caso da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca em parceria com a Fiocruz isso só ocorrería no final de fevereiro:
– A Anvisa vai precisar de um tempo cumprindo essa missão. Se tudo estiver redondo, teremos o registro da AstraZeneca no final de fevereiro, dando início à vacinação.
Doria anunciou para 25 de janeiro um plano de vacinação em seu estado, com a CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac com o Instituto Butantan. Na reunião, ele questionou se o ministro não estava preterindo esse imunizante por “questão ideológica, política ou falta de interesse”, lembrando o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter desautorizado Pazuello após acordo para a compra de 46 milhões de doses.
Pazuello rebateu dizendo que Doria trata a vacina como se fosse do estado de SP. E disse que quando o trabalho de desenvolvimento for concluído será analisada a demanda:
– Eu já expus a todos os governadores, quando a vacina do Butantan, que não é do estado de São Paulo, é do Butantan, eu não sei por que o senhor fala tanto como se fosse do estado, ela é do Butantan. O Butantan é o maior fabricante de vacina do nosso país e é respeitado por isso. O Butantan quando concluir seu trabalho e estiver com a vacina registrada, avaliaremos a demanda e se houver demanda e houver preço nós vamos comprar. (…) Havendo demanda, preço (inaudível), todas as vacinas, todas as produções serão alvo de nossa compra.
Mais tarde, Pazuello fez um pronunciamento no Palácio do Planalto afirmando ser competência do governo federal o plano de vacinação. Bolsonaro, em publicação nas redes sociais, afirmou que o país disponibilizará de forma gratuita os imunizantes com registro na Anvisa e afirmou que as vacinas não podem ser usadas para “fins políticos”.
Mesmo governadores aliados pressionam pela aceleração dos planos. O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), afirmou que já iniciou conversas com o estado de São Paulo para aquisição da CoronaVac. Ele fará uma visita ao Instituto Butantan hoje para verificar o plano de produção do imunizante.
– O povo não aguenta esperar. Eu já pedi autorização da assembléia para que, se for necessário comprar, eu possa comprar. Se os países da Europa já começaram, esperar até março não tem justificativa.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, criticou a possibilidade de que um estado tenha acesso à vacina e outros não. Para ele, a busca pelo imunizante não pode se transformar “numa corrida maluca”.
– Não se pode ter alguns estados podendo atender e outros não. Isso é uma regra nacional. Mais uma vez a importância de o governo federal assumir a distribuição das vacinas do país. Isso não pode se transformar numa corrida maluca – afirmou.
Wellington Dias, governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, que representa os estados da região, disse que a posição dos governadores é “colocar a vida em primeiro lugar” e é obrigação “a união de todos” para um plano nacional.
Flávio Dino preferiu já acionar o Judiciário para garantir a distribuição de imunizantes. A ação do governo do Maranhão pede que o estado seja autorizado a elaborar e executar o plano de vacinação e que a União dê auxílio financeiro para aquisição das vacinas.
As cobranças também vêm dos prefeitos. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) e outras entidades que representam municípios divulgaram nota pedindo para o governo federal comprar e distribuir “todas as vacinas reconhecidas como eficazes e seguras contra a Covid-19”.
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Não há plano, dizem cientistas sobre vacinação contra a Covid-19 no Brasil
O Observatório Covid-19 BR, um projeto multidisciplinar de cientistas para mitigação da pandemia, analisou o plano de vacinação divulgado pelo Ministério da Saúde para conter a doença. A conclusão dos especialistas: Ainda não temos um plano.
CoronaVac:
O grupo, um coletivo de 80 integrantes que inclui especialistas dos centros de pesquisa mais importantes do país, como USP, Fiocruz, UFSC e outras universidades, colheu informações disponíveis até agora sobre como o país pretende imunizar sua população contra a Covid-19, e afirma que é preocupante o estado atual de planejamento.
É um esboço rudimentar, com tantas fragilidades e lacunas que dificilmente poderá ser seguido, escreveram, em nota técnica divulgada hoje. São marcantes a falta de ambição, de senso de urgência e de comprometimento em oferecer à população brasileira um plano de vacinação competente, factível, que contemple as diversas vacinas em teste no Brasil, com transparência e em articulação com estados e municípios, diz o documento.
Covid-19:
Segundo os cientistas, a iniciativa partiu de um sentimento de consternação em relação ao documento, obtido com exclusividade pelo GLOBO e posteriormente divulgado no website covid19br.github.io.
Esse trabalho nasceu em parte da indignação que a gente tem de saber que o Brasil poderia ter um plano consubstanciado, bem documentado e construído com uma racionalidade, mas não tem diz a epidemiologista Maria Amélia Veras, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, uma das articuladoras da nota técnica.
Segundo a análise dos pesquisadores, um dos poucos aspectos do plano razoavelmente claros é o de priorização do público a ser vacinado. O ministério determinou que, na primeira etapa, por exemplo, são profissionais de saúde, idosos acima de 75 anos e indígenas. Ainda assim, os pesquisadores afirmam que algumas populações vulneráveis, como moradores de rua, também deveriam ter sido incluídas.
Quais vacinas?
As maiores críticas dos pesquisadores são à falta de definição de quais vacinas serão usadas, à ausência de um cronograma e à exclusão de esferas estaduais e municipais na elaboração do plano. No contexto do SUS, iniciativas federais são executadas por agentes municipais.
O Observatório Covid-19 BR afirma que é estranho o governo não ter incluído no plano nacional a vacina CoronaVac, que deverá ser produzida pelo Instituto Butantan, do Estado de São Paulo. O governo paulista afirma ter um plano próprio de vacinação, que os cientistas também criticam.
Projeto de lei:
Este plano existe publicamente apenas na forma de uma apresentação de PowerPoint e, como o plano federal, não se fez acompanhar de documento público que permita uma avaliação, dizem.
Outra preocupação dos cientistas é a logística: Além da produção da vacina para duas doses por indivíduo, a operacionalização da vacinação demanda outras questões logísticas fundamentais, como a aquisição de insumos diretamente ligados à aplicação da vacina (seringas e agulhas, por exemplo), o transporte e a conservação da vacina, escrevem os pesquisadores.
O Ministério da Saúde afirma que está em processo de aquisição desses materiais, mas não dá detalhes.
Segurança e equidade
A falta de transparência no processo, dizem os cientistas, compromete também aspectos éticos do plano.
Existe uma urgência sanitária, uma demanda da população e de todos os setores pela vacina, mas ela precisa ser atendida com critérios de segurança, equidade e justiça afirma a sanitarista Tatiane Moraes, da Escola Nacional de Saúde da Fiocruz, que também ajudou a articular a nota técnica.
Reunião tensa:
Além das várias fragilidades que apontamos, (…) a desarticulação com outros níveis federativos provoca imensa apreensão sobre sua adequação para o momento atual. Apesar de o início da vacinação estar próximo, vivemos um tempo de pandemia ainda repleto de incertezas, afirma o grupo. O propósito principal afinal é a preservação de vidas e de qualidade de vida. O plano de vacinação do governo federal não demonstra tal compromisso, por atos e por omissões, completa.
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Corrida maluca das vacinas não faz sentido algum
A romaria de governadores a Brasília, em busca de uma estratégia nacional de vacinação contra Covid-19, tem razão de ser. A pandemia chegou a um ponto crítico. Cientistas alertam para a sincronização da alta de casos e mortes em vários estados. Já é visível, em cidades como o Rio, o risco de colapso no sistema de saúde. Enquanto isso, a população deposita esperanças numa vacina que, até o momento, não está pronta.
Espalha-se pelo Brasil aquilo que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, descreveu apropriadamente como uma corrida maluca. Cada estado ou município tenta se garantir com a vacina que estiver a seu alcance. O governador paulista, João Doria, apressou-se em anunciar o início da vacinação em São Paulo para janeiro, sem haver ainda resultado preliminar sobre a chinesa CoronaVac, testada em parceria com o Instituto Butantan. Persistem ainda dúvidas de ordem científica, logística e jurídica sobre essa vacina.
Ainda que ela receba sinal verde da Anvisa, haverá na primeira fase apenas 18 milhões de doses (das 46 milhões previstas) para imunizar populações sob maior risco no estado de São Paulo, além de outras 4 milhões para o resto do Brasil. Daria para vacinar 11 milhões de pessoas. É muito pouco para a necessidade brasileira. Na conta do Ministério da Saúde, seriam necessárias 420 milhões de doses ao todo, daí a importância de apostar na maior variedade possível de opções.
Só que o Ministério da Saúde desdenha a vacina chinesa por um capricho ideológico do presidente Jair Bolsonaro. Apostou todas as fichas na da AstraZeneca, que começará a ser produzida em janeiro pela Fiocruz. Depois do atraso provocado por um erro na última fase de testes, ela foi chancelada ontem pela revista médica The Lancet. O ministro Eduardo Pazuello anunciou que estará disponível no fim de fevereiro. Não sem antes ter partido para outro lance de marketing: tentar garantir 70 milhões de doses da vacina da Pfizer, que traz desafios logísticos imensos num país como o Brasil.
Nem é preciso investigar quantos superfreezers de R$ 100 mil seriam necessários para conservá-la abaixo de 70 oC negativos. A discussão aqui é mais primária: não há plano para comprar e distribuir agulhas e seringas. Até o início da semana, os fabricantes nacionais não haviam recebido pedido do governo para as 300 milhões previstas, cuja produção leva entre 60 e 90 dias.
Nada há de errado na tentativa, ainda que tardia, de ampliar as opções ao alcance do país. Ao contrário. Mas o que se vê, na falta de estratégia, é um salve-se quem puder. Governadores e prefeitos partem para iniciativas isoladas, sem coordenação nacional, essencial em campanhas de vacinação. O Observatório Covid-19, iniciativa de pesquisadores independentes, resumiu com perfeição a situação do plano de vacinação do governo: São marcantes a falta de ambição, de senso de urgência e de comprometimento em oferecer à população um plano competente, factível, que contemple as diversas vacinas em teste, com transparência e em articulação com estados e municípios.
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FOLHA DE S.PAULO
Governadores cobram estratégia nacional de imunização
Governadores que se reuniram com o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) disseram que o governo federal deve apresentar nesta quarta-feira (9) um plano logístico para a vacinação da população contra a Covid-19.
O compromisso feito por Pazuello e mostrar como será feita a distribuição das doses em todo o território nacional.
Segundo relatos feitos à Folha, a ideia é que o ministro detalhe os preparativos para a compra de seringas e de ultrarrefrigeradores, necessários para o armazenamento de imunizantes como o da Pfizer e da Modern em temperaturas baixíssimas (-70 -C).
O ministro sinalizou que faria o anúncio na reunião com governadores. Seis chefes de governo estadual compareceram ao Palácio do Planalto enquanto os representantes das demais unidades da federação acompanharam a reunião por teleconferência.
Na reunião, Pazuello bateu boca com João Doria (PSDB) sobre a falta de interesse do governo federal na Coronavac, o imunizante chinês produzido no Brasil pelo Instituto Butantan. O governador paulista e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) travam disputa política em torno da pandemia e têm posições opostas sobre como lidar com ela.
Após a reunião, o Ministério da Saúde divulgou uma nota informando que o planejamento da distribuição das vacinas já foi elaborado e que ele será “apresentado em breve”.
Na chegada ao encontro, realizado um dia depois de Doria anunciar um cronograma de vacinação em São Paulo a partir de janeiro, os governadores cobraram a divulgação de um plano nacional de imunização do governo federal.
A preocupação deles é que um programa de vacinação contra o novo coronavírus paralelo, levado adiante por uma única unidade da Federação, gere desorganização e falta de acesso a doses do imunizante por outros estados.
“O governo federal deverá liderar o processo de imunização. O Ministério da Saúde deve exercer a liderança nesse processo. Segundo [ponto]: não deve haver distinção de vacina. Todas as que estejam habilitadas para uso devem ser adquiridas. A população brasileira tem pressa em se vacinar e se proteger”, disse o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Ele disse que Pazuello confirmou que faria o anúncio nesta quarta.
“O ministro deverá vir a público para informar a sociedade a respeito desse cronograma e, acima de tudo, das garantias a todos os brasileiros de que nenhum estado ficará sem o suporte ou a cobertura da vacina contra a Covid”, afirmou o governador emedebista. Ricardo Delia Coletta e Renato Machado
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MEDICINA S/A
ANS suspende a comercialização de 12 planos de saúde
A medida faz parte do Monitoramento da Garantia de Atendimento, que acompanha regularmente o desempenho do setor e atua na proteção dos consumidores. Nesse ciclo, a ANS determinou a suspensão de 12 planos de 03 operadoras devido a reclamações efetuadas no 3º trimestre.
A proibição da venda começa a valer no dia 11/12. Ao todo, 12.290 beneficiários ficam protegidos com a medida, já que esses planos só poderão voltar a ser comercializados para novos clientes se as operadoras apresentarem melhora no resultado no monitoramento.
Além das suspensões, a ANS também divulga a lista de planos que poderão voltar a ser comercializados. Nesse ciclo, 3 planos de 2 operadoras tiveram a venda liberada pelo Monitoramento da Garantia de Atendimento.
Resultados do Monitoramento da Garantia de Atendimento (3º trimestre)
12 planos com comercialização suspensa
3 planos com a comercialização liberada
12.290 beneficiários protegidos
25.405 Reclamações analisadas no período de 01/07/2020 a 30/09/2020
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DIÁRIO DA MANHÃ
Caiado critica “corrida maluca” e uso político da vacina contra covid-19
Questionado sobre qual deveria ser a vacina, sintetizou: “A que estiver no mercado, pronta, e deve ser distribuída corretamente em todos os Estados, de acordo com os grupos de risco”
O governador Ronaldo Caiado defendeu o Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19 ao chegar para reunião, em Brasília, com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos, e outros gestores, no final da manhã desta terça-feira (08/12). Ele assegurou a jornalistas, na entrada do Palácio do Planalto, que a imunização dos brasileiros é questão de saúde pública e não pode ser transformada numa “corrida maluca, em que cada um pode agir por si”.
Questionado sobre qual deveria ser a vacina, o governador sintetizou. “A que estiver no mercado, pronta, e deve ser distribuída corretamente em todos os Estados, de acordo com os grupos de risco. Não pode ter prioridade para Estado A ou B.” “Nós não podemos ter estadualização de vacina, ela faz parte de uma política nacional e não abrimos mão”, afirma o governador.
A distribuição, continuou, deve ser promovida de forma igualitária pelo Ministério da Saúde e de acordo com a população prioritária de cada Estado. “Por exemplo, Goiás tem 1,8 milhão incluídos as áreas de saúde, segurança pública e o grupo de risco. Esses são os que precisam imediatamente”, explicou. Ele citou que, no total, são 7,2 milhões de goianos à espera da imunização. “Todos os estados devem receber proporcionalmente de acordo com esses grupos. Não pode ser um ou outro, uma cidade ou outra a ter o benefício da vacinação.”
“Não cabe a nenhuma autoridade ficar oferecendo vacina a ninguém. Isso é prerrogativa do governo federal”, sintetizou o governador. “Concentre toda vacina no Ministério da Saúde e distribua de acordo com o grupo de risco, saúde e segurança pública. Essa é a ordem que tem que ser dada, e eu falo como médico”, pontuou.
Além de Caiado, governadores de outros Estados devem participar da reunião com Pazuello para tratar da vacinação contra a Covid-19 e de toda a logística que envolve o Plano Nacional de Imunização. A expectativa é que cerca de 20 chefes de Estado participem do encontro no Palácio do Planalto, parte deles por videoconferência.
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A REDAÇÃO
Goiás registra 1.240 casos e 23 mortes pela covid-19 em um dia
Théo Mariano
Goiânia – Goiás registrou 1.240 casos e 23 mortes pela covid-19 em um dia. Os dados foram divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) nesta terça-feira (8/12). Segundo os números, há 287.858 infectados e 6.486 óbitos pelo vírus no território goiano, além de 277 mil recuperados da doença.
Ainda de acordo com a pasta, as causas de 229 óbitos são investigadas para saber se houve ligação com covid-19, e outros 249 mil pacientes são considerados casos suspeitos. A taxa de letalidade do vírus no Estado é de 2,25%.
O Governo de Goiás disponibiliza plataforma, atualizada diariamente, com os principais dados sobre o avanço do novo coronavírus no Estado.
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“Atraso na compra de seringas não afeta Goiás”, diz secretário da Saúde
Théo Mariano
Goiânia – Secretário da Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino afirmou, em entrevista ao jornal A Redação nesta terça-feira (8/12), que o atraso do Ministério da Saúde (MS) para adquirir seringas e agulhas não afetará a vacinação contra a covid-19 no Estado. “Compramos individualmente 2,5 milhões de unidades”, disse o titular.
O secretário explicou que a demora não terá impacto no Estado pois o quantitativo de seringas e agulhas que vier do MS será utilizado em “demais fases” e “na aplicação de outras vacinas”. “Qualquer atraso do Ministério, a priori, não afeta Goiás”, garantiu.
Segundo Ismael Alexandrino, as unidades adquiridas pela SES-GO são o bastante para vacinar os grupos prioritários no Estado e servirão “não apenas para a primeira fase”. Os pacientes com prioridade, de acordo com o secretário, são cerca de 1,8 milhão de pessoas. “Conseguimos segurar a barra até que o Ministério da Saúde envie as unidades”, frisou, ao acrescentar que o quantitativo comprado “é o bastante para ações no ano que vem”.
Ainda conforme o titular da SES-GO, a vacinação em Goiás tem previsão de início para o final de fevereiro e seguirá cronograma do MS.
Distribuição igualitária
O governador Ronaldo Caiado defendeu, durante visita a Brasília para reunião com ministros do governo federal, a “distribuição igualitária” das vacinas entre os Estados. “Por exemplo, Goiás tem 1,8 milhão incluídos as áreas de saúde, segurança pública e o grupo de risco. Esses são os que precisam imediatamente”, continuou.
A afirmação de Caiado veio após posicionamentos do governador de São Paulo, João Doria, de que qualquer pessoa dentro do território paulista poderia receber a Coronavac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. “Não cabe a nenhuma autoridade ficar oferecendo vacina a ninguém. Isso é prerrogativa do governo federal”, declarou o governador de Goiás.
“Concentre toda a vacina no Ministério da Saúde e distribua de acordo com o grupo de risco, saúde e segurança pública. Essa é a ordem que tem que ser dada, e eu falo como médico”, pontuou Caiado.
Prorrogação do estado de calamidade pública
Alexandrino preferiu não comentar as possibilidades de prorrogação do estado de calamidade pública em Goiás. “O governador não se pronunciou ainda”, disse ao AR.
Em Goiânia, porém, o secretário de Governo da prefeitura, Paulo Ortegal, afirmou que irá solicitar ao prefeito Iris Rezende a prorrogação do decreto, que vence no dia 31 de dezembro. “Muitos contratos, que foram celebrados pela área da saúde, especialmente os processos seletivos, não podem vencer”, ponderou nesta terça-feira (8/12), após primeira reunião com a Comissão de Transição da chapa eleita no pleito deste ano.
Ortegal alertou para provável refortalecimento da covid-19 no País e, consequentemente, em Goiânia. “Nós estamos vendo aí pelos meios de comunicação uma possível segunda onda da covid e nada mais justo do que em um planejamento sério seja prevista também a continuidade desses decretos na área da saúde”, disse. “Vamos pedir ainda hoje ao prefeito Iris que ele solicite a prorrogação deste decreto.”
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AGÊNCIA ESTADO
Anvisa alerta para 1º caso de fungo super-resistente no Brasil
São Paulo – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu alerta de um possível primeiro caso de Candida auris nesta segunda-feira (7/12) no Brasil. De acordo com o comunicado, o fungo é considerado “uma séria ameaça à saúde pública”. O C. auris foi identificado no último dia 4 em amostra de paciente internado em uma UTI adulto em hospital do Estado da Bahia por complicações da covid-19.
O C. auris é considerado potencialmente fatal, pois é um fungo multirresistente, capaz de driblar vários medicamentos antifúngicos comumente utilizados para tratar infecções por Candida, além de poder causar infecção em corrente sanguínea e outras infecções invasivas e ser facilmente confundida com outras espécies de leveduras.
Outra característica deste fungo é a capacidade de permanecer viável, por longos períodos no ambiente, de semanas a meses, e apresentar resistência a diversos desinfetantes comuns, mesmo os que são à base de quartenário de amônio. Do ponto de vista laboratorial existe a preocupação de possíveis surtos, uma vez que há uma dificuldade de identificação pelos métodos laboratoriais rotineiros e de sua eliminação do ambiente contaminado.
Após a suspeita, a amostra foi encaminhada pelo laboratório do hospital para o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA) que comunicou a suspeita de caso positivo para C. auris. Assim, a amostra foi encaminhada para o laboratório da Rede Nacional para identificação de C. auris em serviços de saúde (Laboratório da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFM-USP) para a realização das provas confirmatórias.
Diante deste caso, a Anvisa recomendou o reforço da vigilância laboratorial do fungo em todos os serviços de saúde do País, além de medidas de controle e prevenção que minimizem a disseminação do patógeno. Já em 2017 a Anvisa havia emitido alerta em que afirmava que “o modo preciso de transmissão dentro do ambiente de saúde não é conhecido”.
Apesar de as evidências iniciais sugerirem que o organismo poderia se disseminar em ambientes médicos por contato com superfícies ou equipamentos contaminados, ou mesmo de pessoa para pessoa. O primeiro caso de C. Auris foi identificado pela primeira vez em humanos em 2009, após seu isolamento em um paciente no Japão.
Desde então, infecções por C. auris ocorreram em vários países, incluindo Coréia do Sul, Índia, Paquistão, África do Sul, Quênia, Kuwait, Israel, Venezuela, Colômbia, Reino Unido e mais recentemente nos Estados Unidos e Canadá.
O mesmo documento emitido pela Anvisa em 2017 cita que, no ano anterior, a Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) publicaram um alerta epidemiológico em função dos relatos de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina, recomendando aos Estados-membros a adoção de medidas de prevenção e controle de surtos decorrentes deste patógeno.
O primeiro surto detectado de C. auris na região das Américas foi relatado na Venezuela entre março de 2012 e julho de 2013, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Maracaibo. O surto afetou 18 pacientes, dos quais 13 eram pediátricos. Neste caso, todos os isolados foram inicialmente identificados como Candida haemulonii, sendo que apenas após novos estudos se identificou que o microrganismo envolvido era C. auris.
Outro exemplo da dificuldade de identificação desse patógeno foi relatado em um surto, ocorrido em agosto de 2016, em uma UTI do distrito de Cartagena na Colômbia. Neste, cinco casos de infecção foram identificados inicialmente como C. albicans, C.guillermondii e Rhodotorula rubra, mas após a realização de um teste mais complexo, chamado de MALDITOF foram confirmados como C. auris.
Um possível surto também preocupa as autoridades de saúde, pois pelas evidências até o momento, algumas cepas de Candida auris são resistentes a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas). O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC/Atlanta/EUA) demonstrou que dos surtos globais que têm investigado, quase todos os isolados são altamente resistentes ao fluconazol.
Em sua análise, mais da metade dos isolados de C. auris eram resistentes ao voriconazol, um terço eram resistentes à anfotericina B e alguns resistentes às equinocandinas, indicando que as opções de tratamento são limitadas. Este tipo de multirresistência não foi visto antes em outras espécies de Candida.
Além disso, como os métodos de detecção de rotina não conseguem identificar C. auris, suas taxas de incidência e prevalência não são conhecidas ao certo, sendo, provavelmente, uma causa de candidíase mais comum do que é atualmente considerada.
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JORNAL OPÇÃO
Crianças devem ficar por último na fila da vacina em Goiás e no Brasil
Por Eduardo Pinheiro
Secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino, aponta que as vacinas que não vão ser liberadas e nem testadas em crianças por enquanto
O anúncio do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), de que irá iniciar a imunização ainda em janeiro para a população paulista, a busca do governador Ronaldo Caiado (DEM), pela “democratização” do acesso à vacina apontam na direção antes inimaginada: o acesso a vacina em pouco menos de um ano do início da pandemia no Brasil. Porém, a imunização não será para todos.
O secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino, aponta que as vacinas não estão sendo testadas em crianças. Segundo ele, nenhum dos estudos que estão em fase adiantada para liberar prevê isso.
Segundo o painel da Secretaria de Estado da Saúde, em Goiás há registrados 5.609 casos em crianças de 10 a 14 anos e 8.321 em crianças menores de 10 anos. No total, incluindo-se todas as faixas etárias, são 288.685 casos de Covid-19 registrados no Estado, desde o início da pandemia.
Em Goiás, a secretaria aponta que houve 13 mortes em decorrência do coronavírus entre crianças até 15 anos. Os números são baixos, no entanto, é certo que os mais jovens podem agir como espalhadores da doença, por serem assintomáticos e terem contato com pais e avós.
Goiás deve seguir o Plano Nacional de Imunização, que depende, por enquanto, do desenvolvimento da vacina pela Universidade de Oxford, comercializada pela AstraZenica. O Ministério da Saúde estima 109,5 milhões de doses na primeira etapa, que serão distribuídas por todos os estados.
Há a possibilidade da compra da vacina desenvolvida pela Pfizer, que, no entanto, exige uma logística mais complicada sobretudo pelas baixas temperaturas para o armazenamento. A própria Pfizer incluiu idosos e crianças de 5 a 12 anos nos testes da fase 2, mas no Reino Unido.
A vacina do Butantan, em parceria com a SinoVac, é alvo de guerra político-ideológica entre Dória e o governo Jair Bolsonaro (sem partido). É a vacina prometida pelo governo paulista para janeiro. O laboratório iniciou testes clínicos em crianças e adolescentes de 3 a 18 anos em setembro.
A farmacêutica Moderna (foto) anunciou, no início de dezembro, a inclusão de três mil crianças, entre 12 e 17 anos, nos testes das vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19. A ideia é testar, em duas doses, a faixa etária, que até o momento não tem recebido testagens massivas.
Estudos
No entanto, o horizonte ainda é turvo em relação às crianças. A mesma Moderna, que anunciou a testagem na faixa etária, testou encontrou eficiência de 94,1%, na testagem de 30 mil adultos. No entanto, isso não garante que seja seguro nas crianças. A testagem inicial em adultos ajuda a ter a certeza que são seguras para testes em crianças. Mas é preciso testá-las.
Cientistas apontam que o sistema imunológico das crianças são mais “ativos” que dos adultos. Isso leva a fortes reações, como febres, dores musculares e fadiga. Caso essas reações sejam de fato fortes, é possível que pais não se sintam encorajados a levar os pequenos para uma segunda dose. Isso já acontece em vacinas existentes.
As crianças não estão, por enquanto, dentro do universo estabelecido pelo Ministério da Saúde para possível vacinação contra Covid-19 em 2021. Por enquanto, a pasta listou profissionais de saúde, grupos imunodeficientes, indígenas e pessoas com mais de 60 anos.
Segundo aponta artigo publicado na Helthline, pesquisadores ainda precisam avaliar estudos adicionais para mensurar como as vacinas afetam crianças pequenas. Pesquisadores precisam determinar dosagens, intervalo entre doses, e número de doses que funcionam bem nas crianças. Isso pode demorar muitos meses. A expectativa é que não sejam vacinados até o verão ou outono no hemisfério norte — ou seja, até o fim do ano.
Diante disso, a Academia Estadunidense de Pediatria (AA) publicou uma nota, em novembro, para que as farmaceuticas incluissem as crianças em seus testes. Nos Estados Unidos, estima-se que em torno de 1 milhão de crianças contraíram a Covid-19.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação