Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 09 A 11/05/20 PARTE 1

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES


Protocolo sugere parâmetros para médicos escolherem quais pacientes com covid-19 terão prioridade
Goiás tem quase 2 mil pessoas infectadas pelo coronavírus
Veja relatos de quem se recuperou da Covid-19
Engenheiros e médicos da UFG criam respirador eletrônico para o combate à Covid-10
Família de idoso que morreu com coronavírus denuncia que fez velório sem restrições porque hospital não informou suspeita
Laboratório é condenado a indenizar cliente após diagnóstico errado de leucemia, em Anápolis
Goiás precisará de 11 mil leitos caso adesão ao isolamento siga baixa
Teich coloca militares em postos-chave do Ministério da Saúde
Ex-presidente da Anvisa defende fila única de leitos, unindo SUS e rede privada
Presidente da FenaSaúde condena gestão unificada de leitos
Sem medo de lockdown
Histórias de quem perdeu a vida para a Covid-19 em Goiás
“Todo mundo sabe a gravidade da Covid-19. Mas tem pessoas que são inconsequentes com a vida dos pais, filhos e com a sociedade”

PORTAL TERRA
Protocolo sugere parâmetros para médicos escolherem quais pacientes com covid-19 terão prioridade

Documento lançado por quatro entidades médicas nacionais é uma sugestão com bases legais e científicas; adoção das medidas não é obrigatória
RIO – Um protocolo para atendimento a vítimas da covid-19 , lançado por quatro entidades médicas  nacionais, sugere parâmetros para os médicos escolherem quais pacientes terão prioridade para ir para UTIs ou respiradores – procedimentos que podem ser fundamentais para que não morram. Segundo o documento,  baseado em resoluções do Conselho Federal de Medicina, na legislação nacional, na constituição federal e outros textos, os recursos em esgotamento deveriam ser alocados para quem tiver mais chance de sobrevivência.
Pacientes em estado muito grave, com chances reduzidas de vida, receberiam outros cuidados, possivelmente em enfermaria. A triagem considera escores de avaliação de funções chave, comorbidades preexistentes e possibilidade de um ano ou mais de sobrevida.  A adoção das medidas não é obrigatória – é uma sugestão com bases legais e científicas para que a escolha seja feita.
A gente sabe que isso daí (escolher quem vai receber o recurso que pode salvar sua vida) é muito duro do ponto de vista moral , diz a médica intensivista Lara Kretzer, uma das autoras das Recomendações da AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), ABRAMEDE (Associação Brasileira de Medicina de Emergência, SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e ANCP (Academia Nacional de Cuidados Paliativos) de alocação de recursos em esgotamento durante a pandemia por COVID-19 . É uma decisão moralmente pesada. A gente não é treinado para isso , afirma. O documento também foi escrito por Eduardo Berbigier, Rafael Lisboa, Ana Cristina Grumann e Joel Andrade.
O modelo de triagem foi criado pela AMIB e pela ABRAMEDE e revisado pela SBGG e pela ANCP. Ele recomenda que, primeiro, seja calculado, para o paciente, o escore Sofa (Sequential Organ Failure Assessment). Trata-se de um sistema de pontuação usado internacionalmente, que considera as funções respiratória, cardiovascular, hepática, renal, neurológica e de coagulação. Cada um desses fatores recebe uma nota, de zero a quatro – quando mais alta, pior o estado.
Em seguida, avalia-se se o doente tem comorbidades graves – outras doenças, em estado avançado-, com expectativa de sobrevida menor que um ano. A avaliação é convertida em pontos, preferencialmente pelo SPCIT-BR (versão nacional do Supportive and Palliative Care Indicators Tool) ou PIG-GSF (Proactive Identification Guidance Registration Form). São instrumentos com dados clínicos que sugerem maior probabilidade de que o paciente esteja no último ano de vida.
O terceiro fator a ser aplicado é uma medida de funcionalidade, ou Performance Status, chamado ECOG, escala desenvolvida pelo Eastern Cooperative Oncology Group. Amplamente usado em pacientes com câncer,  o ECOG busca quantificar a capacidade funcional física e capacidade de independência e autocuidado do paciente. Quanto pior o PS, menor a reserva fisiológica do paciente e piores os desfechos clínicos, afirmam os autores no documento.
O documento recomenda então que se some os pontos dos três itens anteriores. E aconselha alocar o leito de UTI ou VM (ventilador mecânico) ao paciente com menor pontuação total desde que não tenha havido empate . Se pacientes ficarem empatados, o desempate será, primeiro pelo menor escore SOFA total. Depois, se prevalecer a igualdade nas avaliações, será resolvido pelo julgamento clínico da equipe de triagem.
Lara Kretzer destaca que o uso do protocolo de triagem deveria ser uma exceção, imposta pela realidade de falta de vagas ante o avanço do novo coronavírus. Não exime, afirma, as autoridades de investir na ampliação dos recursos destinados ao atendimento dos pacientes da pandemia. E só poderia ser acionado, de acordo com o documento, se fossem atendidas algumas condições. Entre elas, estão a  identificação da compatibilidade do protocolo com o arcabouço bioética e legal brasileiro; a declaração de estado de emergência em saúde pública; o reconhecimento de que foram feitos esforços razoáveis para aumentar a oferta dos recursos em esgotamento.
Tudo (no processo de triagem) deve ser registrado, escrito, sujeito a auditoria , diz Lara.  Ela afirma que o protocolo de triagem tira o peso da decisão técnica, da decisão moral e da questão jurídica dos profissionais envolvidos. O processo de triagem deveria ser comunicado à família do paciente de forma empática , diz o documento.
O documento cita como base a Constituição federal e seu reconhecimento, como princípio, da dignidade da pessoa humana; resoluções do Conselho Federal de Medicina e dispositivos do Código de Ética Médica que vedam a eutanásia (abreviação da vida do paciente, mesmo a pedido dele) e a distanásia (o seu prolongamento, com procedimentos inúteis). Os mesmos textos permitem a ortotanásia (limitação ou suspensão de procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável), e citam a obrigação de cuidados paliativos. Também é lembrada resolução do CFM que estabelece critérios para indicação de admissão ou alta para pacientes em UTI.
A resolução recomenda que as admissões em UTI devem ser baseadas, entre outros critérios, na necessidade do paciente, prognóstico e potencial benefício para o paciente. Os critérios de priorização são: i) Prioridade 1: pacientes que necessitam de intervenções de suporte à vida, com alta probabilidade de recuperação e sem nenhuma limitação de suporte terapêutico; ii) Prioridade 2: pacientes que necessitam de monitorização intensiva, pelo alto risco de precisarem de intervenção imediata, e sem nenhuma limitação de suporte terapêutico; iii) Prioridade 3: pacientes que necessitam de intervenções de suporte à vida, com baixa probabilidade de recuperação ou com limitação de intervenção terapêutica; iv) Prioridade 4: pacientes que necessitam de monitorização intensiva, pelo alto risco de precisarem de intervenção imediata, mas com limitação de intervenção terapêutica; e v) Prioridade 5: pacientes com doença em fase de terminalidade, ou moribundos, sem possibilidade de recuperação , afirma o documento.
O ponto de partida para o trabalho concluído pelas quatro entidades em 1º de maio foi um modelo norte-americano, desenvolvido no Estado de Maryland, mas foi preciso adaptá-lo ao Brasil. Um ponto rejeitado aqui, após consulta pública a outras entidades, inclusive das áreas de bioética e jurídica, foi o uso do critério idade na triagem. No modelo brasileiro, esse parâmetro foi considerado discriminatório – e eliminado.  Houve também preocupação para que nos processos de escolha, não pesem questões de gênero, raça, renda, origem social etc.
O presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, André Filipe Junqueira, diz que o protocolo pode ser usado para todas as doenças, apesar de ter sido elaborado para o covid-19. Seria o caso de haver um doente com o novo coronavírus em estado gravíssimo e uma vítima de enfarte do miocário, por exemplo, e apenas uma UTI ou respirador no hospital. Imagine um homem de 50 anos, enfartado, e outro com câncer avançado que pegou covid , expõe. A pessoa do enfarte teria prioridade.
E como lidar  com familiares de pessoas nessa situação? Para Junqueira, é preciso recorrer ao conceito de comunicação acolhedora , como nos protocolos de catástrofe. É preciso mostrar que o paciente não foi priorizado, mas será atendido, de outra forma , diz. Dar prioridade não pode ser ferramenta de exclusão. Todos merecem cuidados.
Junqueira diz que a pandemia causa o uso intensivo e inédito de recursos dos sistemas de saúde, que não têm outra alternativa, a não ser priorizar a quem vão destiná-los. Para comparação, lembrou  o terremoto do Haiti, em 2010, e o tsunami de 2006, mas lembrou que o impacto, em cada um desses casos, foi único e direcionado. Imagine isso todo dia , afirma.
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TV ANHANGUERA
Goiás tem quase 2 mil pessoas infectadas pelo coronavírus
https://globoplay.globo.com/v/8544495/programa/
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Veja relatos de quem se recuperou da Covid-19
https://globoplay.globo.com/v/8542858/programa/
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Engenheiros e médicos da UFG criam respirador eletrônico para o combate à Covid-10
https://globoplay.globo.com/v/8543674/programa/
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PORTAL G1

Família de idoso que morreu com coronavírus denuncia que fez velório sem restrições porque hospital não informou suspeita

Hospital Jacob Facuri informou que alertou os parentes, a SMS de Goiânia e a assistência funerária. Unidade pode ser responsabilizada se comprovado que não houve notificação, segundo SES-GO.
Por Vanessa Martins, G1 GO
Família de idoso que morreu de coronavírus diz que não foi avisada sobre doença em Iporá
A família de um idoso de 77 anos que morreu no último dia 1º de maio denuncia que não foi informada pelo hospital em que ele ficou internado sobre a suspeita de Covid-19 do paciente. Segundo os parentes, a notícia só veio à luz cinco dias após o velório e enterro dele, que ocorreu sem seguir protocolos de restrição para casos suspeitos e confirmados de coronavírus.
O idoso morava em Iporá, no oeste goiano, onde ele foi internado em um hospital particular após complicações por causa do câncer no pâncreas que vinha tratando. De acordo com os familiares, o paciente precisou ser transferido ao Hospital Jacob Facuri, em Goiânia, onde ficou internado por 21 dias e morreu.
A unidade de saúde informou à TV Anhanguera, por meio de nota, que o idoso evoluiu para um quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e foi testado para Covid-19. Segundo o hospital, os parentes, Vigilância Sanitária da capital e assistência funerária foram informados da suspeita de coronavírus.
Também de acordo com o comunicado, ele foi “prontamente incluído no plano de Contingência do Hospital para COVID-19, sendo iniciado tratamento conforme os protocolos do Ministério da Saúde”.
No atestado de óbito do paciente constam os seguintes diagnósticos: Síndrome Respiratória Aguda Grave, choque séptico, obstrução intestinal e adenocarcinoma pancreático.
Uma neta do idoso, que preferiu não ter a identidade divulgada, disse que a primeira informação do hospital sobre a morte do avô foi de que ele sofrera uma parada cardíaca depois de apresentar pressão baixa.
“Meu avô estava se recuperando bem de um procedimento que ele fez para colocar uma sonda para ele voltar a se alimentar. A pressão dele estava baixa e o coração dele estava fraco. Então, ele foi medicado para controlar a pressão. Dia 1º, o coração dele parou, e essa teria sido a causa da morte”, contou.
Ainda de acordo com a neta, a informação sobre suspeita e confirmação de que o idoso estava contaminado com coronavírus só chegou dias depois. Portanto, o velório e o enterro dele foram feitos sem restrições impostas pelos protocolos de Saúde para casos suspeitos ou confirmados de Covid-19.
"Dia 6, fomos informados pela Secretaria de Saúde de Iporá que meu avô foi testado positivo para Covid-19. Depois disso, todos que tiveram contato estão cumprindo quarentena”, afirmou.
Familiares questionaram a funerária sobre a informação e, segundo a neta, eles disseram que também não foram informados. "Se soubéssemos, não teríamos feito a preparação", escreveu.
A Secretaria Municipal de Saúde de Iporá informou que também não havia sido informada sobre a investigação da doença no paciente até o final da tarde de quarta-feira (6), quando contactou a família para fazer o monitoramento de pessoas que pudessem ter se aproximado dele e corrido risco de contágio.
“Não houve comunicado, a equipe que preparou o corpo não foi informada, funerária, ninguém sabia que era um caso suspeito”, disse a chefe da SMS de Iporá, Daniela Sallum.
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia informou que o hospital é responsável por avisar a família.
Investigação da denúncia
Segundo o secretário de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde deve fazer uma investigação do caso e reportá-la à Secretaria de Estado da Saúde (SES). Ele explicou que a unidade de saúde pode ser responsabilizada.
“Considerando que é uma doença de notificação compulsória imediata, o hospital e/ou o médico que assistiu pode ser punido de acordo com artigo 269 do Código Penal – ‘Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória’”, afirmou.
A pena para o crime é de detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
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Laboratório é condenado a indenizar cliente após diagnóstico errado de leucemia, em Anápolis

Magistrado entendeu que o resultado errado gerou aflição à família, que procurou outro laboratório para realizar o teste e deu negativo. Exame aconteceu em março de 2016.
Por Rafael Oliveira, G1 GO
O Laboratório Nossa Senhora Aparecida, em Anápolis, foi condenado pela Justiça de Goiás a pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais após dar diagnóstico errado de leucemia para uma adolescente de 12 anos, que foi fazer exames de rotina. A família procurou outro laboratório para realizar novos testes, que tiveram resultado negativo.
O advogado de defesa do laboratório disse, por meio de nota, que "respeita todas as decisões judiciais, mas irá exercer seu direito constitucional de recorrer da decisão junto ao TJ/GO, uma vez que foi cerceado em seu direito de defesa, em razão de que não houve oportunidade de realização de Audiência de Instrução e Julgamento". (Veja a nota na íntegra ao final).
A decisão do juiz Leonys Lopes Campos da Silva foi proferida na sexta-feira (8). Os exames no Nossa Senhora Aparecida, no entanto, ocorreram em março de 2016.
"Analisados todos os aspectos, entendo como devida a indenização por dano moral, sendo razoável sua fixação no presente caso em R$ 10 mil", determinou o juiz.
O advogado da família, Marcelo Ferreira da Silva, conta que a "mãe levou a filha para fazer exames, após solicitado por um médico. Pegaram os resultados e levaram. O médico assustou, porque o resultado foi um diagnóstico de quem tem leucemia e a menina tinha 12 anos à época".
Depois, a mãe marcou consulta com um médico especialista, que aconselhou a refazer os exames, que mostraram condições de saúde normais para a adolescente.
"A criança teve que fazer dois jejuns de 12 horas por dia, durante dois dias, para fazer os exames, além de passarem quase quatro dias aflitos por causa do resultado anterior. A ofensa foi grande", explica o advogado.
Erro na contagem de células
A defesa do laboratório alegou no processo que o índice de células no sangue pode variar durante o dia, por isto houve erro na contagem, mas a justificativa não foi aceita pelo magistrado.
De acordo com o juiz, a apresentação de resultado em exame laboratorial de "forma tão destoante da real e ensejando a crença de que a menor teria leucemia tem o condão de gerar grande aflição na família, bem como em si".
Segundo Leonys Lopes, é incontestável a falha no serviço prestado e, ainda que o laboratório tenha alegado que a mãe deveria ter buscado novamente sua instituição para fazer novo exame gratuito, “não se espera que, diante da desconfiança de tamanho erro, uma mãe retornaria com sua filha para tal teste”, entendeu o juiz.
Nota de defesa do laboratório
O Laboratório Nossa Senhora Aparecida, vem por meio desta, esclarecer que tem ciência da presente ação, muito embora não houve a intimação da respeitável sentença condenatória.
Esclarece ainda, que respeita todas as decisões judiciais, mas irá exercer seu direito constitucional de recorrer da decisão junto ao TJ/GO, uma vez que foi cerceado em seu direito de defesa, em razão de que não houve oportunidade de realização de Audiência de Instrução e Julgamento.
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MAIS GOIÁS

Goiás precisará de 11 mil leitos caso adesão ao isolamento siga baixa
Estudo ressalta que, no pior dos cenários, mais de mil pessoas podem morrer até o final de junho em Goiás
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Estudo realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) mostra que vai ser preciso abrir mais 11 mil leitos hospitalares no Estado até junho (sendo 400 de UTI) se a adesão popular isolamento continuar baixa. Atualmente, Goiás registra índice menor que 40%. Até o fim do mês que vem, a projeção da UFG é de que morram 1.151 pessoas em função do coronavírus.
Para chegar a esta projeção, os pesquisadores estudaram dois cenários: um com um alto índice de adesão ao isolamento – realizado entre os dias 21 a 27 de abril – e outro com baixa adesão – de 14 a 27 de abril. De acordo com o professor Thiago Rangel, o estudo levou em consideração a estrutura de saúde nos 246 municípios; a velocidade de transmissão do vírus; tempo de incubação do vírus até que os sintomas se manifestem; prazo médio que um paciente internado leva para se curar; período em que um paciente fica na UTI; e a probabilidade de morrer.
No melhor cenário, será necessária a abertura de 440 leitos até o final de maio e 3950 até o fim de junho. No pior cenário, o Estado pode ter que criar 511 leitos até o final deste mês e 11.060 leitos até o próximo mês.
De acordo com o estudo, a adesão ao isolamento cai 2,5% por dia em Goiás. “Significa mais gente nas ruas. Não podemos esquecer que a pandemia avança conforme o comportamento da população muda. Também cabe ressaltar que as medidas do passado interferem no futuro”, diz Thiago.
O professor explica que a relação entre a queda na adesão ao isolamento e o aumento de casos confirmados se nota em um intervalo de dez a 15 dias. Desta forma, o impacto se observa da seguinte forma: em dez dias, nos boletins; em 20 dias, nos hospitais; e 30 dias, nos cemitérios.
“As pessoas falam muito da dengue, pro exemplo, e que ela continua matando. Mas vale ressaltar que com a dengue a gente já aprendeu a conviver e que a curva da morte se mantém neutra. O que não acontece com a Covid-19 e que é totalmente nova em todos os sentidos”, diz Thiago.
O professor afirma que a população resiste em enxergar a pandemia como uma catástrofe, “a não ser que as pessoas leiam um livro de História”. O pouco grau de instrução dos brasileiros, na opinião dele, agrava o problema. “Essa situação, por incrível que pareça é novidade para muita gente. Outro fator que afeta a situação socieconômica. A pessoa que fica presa dentro de casa se preocupa com as contas e com o que vai comer. Isso é ofensivo para a pessoa”, diz.
Atual situação
Vale lembrar que Goiás chegou a ser o estado com maior adesão da população ao isolamento social, com índice próximo a 60%. Agora, é o segundo estado com menor índice adesão, perdendo apenas para o Tocantins.
O Mais Goiás também foi atrás do quantitativo de UTIs disponíveis. De acordo com a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), entre os associados há 1,6 mil leitos – entre enfermarias e apartamentos e mais 500 de UTIs, o que totaliza 2,1 mil. Desse total, 100 leitos de UTI e cerca de 120 dos comuns são destinos aos doentes da Covid-19.
Já a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que são 243 leitos dedicados a pacientes com coronavírus. Destes, 118 estão em implantação. Eles serão ativados de acordo com a demanda. Dos leitos já ativos são: 45 UTIs (15 em Anápolis e 30 em Goiânia) e 80 leitos de enfermaria (18 em Anápolis e  62 em Goiânia), somando um total de 125.
A pasta destaca que, do total de 45 leitos de UTI dedicados para Covid-19 já ativos, 26 estão disponíveis (57,78%) e 19 ocupadas (42,22%).Do total de 80 leitos de enfermaria, 51 estão disponíveis (63,75%) e 29 ocupadas (36,25%)  até esta sexta-feira. A estimativa é que mais 960 leitos sejam abertos, em todo Estado, em unidades divididas em Jataí, São Luis dos Montes Belos, Formosa, Luziânia, Águas Lindas, Porangatu, Anápolis e Itumbiara. Esses leitos serão em hospitais estadualizados, modulares e com convênio com prefeituras.
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O GLOBO

Teich coloca militares em postos-chave do Ministério da Saúde

BRASÍLIA – Há pouco mais de três semanas no cargo, o ministro da Saúde, Nelson Teich, tem privilegiado a nomeação de militares para cargos-chave na administração do órgão, em detrimento de servidores de carreira do ministério. Levantamento feito pelo GLOBO identificou pelo menos sete nomeações de militares para postos estratégicos da pasta, a exoneração de servidores de carreira do ministério e uma série de cargos ainda sem substitutos nomeados.
Teich assumiu o comando do Ministério da Saúde em 17 de abril, após a queda de Luiz Henrique Mandetta. Este passou por um processo de fritura ao se contrapor ao presidente Jair Bolsonaro na defesa de medidas de distanciamento social como forma de enfrentar a epidemia causada pelo novo coronavírus. Ao assumir o cargo, Teich disse estar 100% alinhado com Bolsonaro.
Logo no início de sua gestão, as primeiras nomeações de militares começaram na pasta. O general Eduardo Pazzuelo, que chefiou a Operação Acolhida (para receber imigrantes venezuelanos) foi nomeado para a secretaria-executiva da pasta. Ele é o chamado número doisde Teich no comando do órgão.
Depois dele, foi nomeado o tenente-coronel Alberto José Braga Goulart para chefiar o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Maranhão.
Nova leva
Na primeira semana deste mês, uma nova leva de militares tomou posse em cargos do ministério. Foram nomeados os tenentes-coronéis Jorge Luiz Kormann (diretor de Programa), Marcelo Blanco Duarte (assessor no Departamento de Logística), Paulo Guilherme Ribeiro Fernandes (coordenador-geral de Planejamento), Reginaldo Machado Ramos (diretor de Gestão Interfederativa e Participativa) e a terceiro-sargento Emanuella Almeida Silva (coordenadora de Pagamento de Pessoal e Contratos Administrativos).
Em algumas trocas, os militares substituíram servidores de carreira da pasta, como no caso do tenente-coronel Marcelo Blanco Duarte. Ele assumiu o posto de Adriana Maria Pinhate, servidora efetiva desde 2012.
Além de colocar militares em postos-chave, Teich também exonerou pelo menos dois políticos que faziam parte do núcleo duro do ministério durante a era Mandetta: os ex-deputados federais Abelardo Lupion e José Carlos Aleluia.
Internamente, a ascensão dos militares sobre civis e servidores de carreira com histórico de atuação em saúde pública não tem sido bem recebida por funcionários da pasta. Um servidor do ministério que falou sob a condição de anonimato disse que a chegada dos militares tem causado demora na resolução de processos que já estavam em curso.
Dificuldade de reposição
Outro interlocutor disse que a atual gestão vem encontrando dificuldade para repor peças que deixaram posições estratégicas. Uma delas é a chefia da assessoria de assuntos internacionais do ministério. O cargo era ocupado por uma funcionária de carreira da pasta que pediu dispensa do posto. Desde então, ninguém foi nomeado para a vaga.
Teich tem sido duramente questionado sobre o aumento da presença de militares no ministério. Na semana passada, ele foi indagado sobre o assunto durante uma audiência pública realizada pela Câmara dos Deputados. Teich disse que a presença dos militares na pasta não é definitiva.
Essas pessoas não são definitivas. Conforme a situação voltar ao normal, essas pessoas vão voltar a seus lugares e não militares vão ser colocadas prometeu.
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CNN

Ex-presidente da Anvisa defende fila única de leitos, unindo SUS e rede privada

A pandemia do coronavírus fez com que disparasse o número de pacientes internados para passar por terapias respiratórias. Em alguns estados brasileiros, começando pelas regiões Norte e Nordeste, onde a carência de saúde pública é histórica, houve colapso do sistema. A maior rede unificada de saúde do mundo, o SUS, está sobrecarregado.
Em decorrência desse cenário, em alguns estados do Brasil a rede privada está sendo obrigada judicialmente a oferecer leitos de internação para tratar pacientes com coronavírus. Sabe-se que a rotatividade das pessoas contaminadas, que precisam das terapias intensivas, não é alta, já que boa parte precisa ficar, ao menos, duas semanas internada.
Em entrevista à CNN, o sanitarista e ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina Neto defendeu uma fila única de leitos, reunindo o SUS e a rede privada. "O Brasil tem sete leitos por 100 mil habitantes no SUS, e na iniciativa privada são 32,8 leitos a cada cem mil habitantes. Se nós juntássemos os leitos todos, isso daria um indicador de 14,4, que é mais do que Itália e Espanha tinham", explica, acrescentando que essa seria uma prática extraordinária, somente colocada em prática em função da crise sanitária.
Vecina diz que até o momento nenhuma requisição aos hospitais privados foi feita sem remuneração de leito. Além disso, ele cita a recente Lei de Emergência Sanitária (nº 13.797), de fevereiro de 2020, que permite a requisição de leitos com a remuneração da utilização.
"O Conselho Nacional de Justiça publicou uma nota recomendando os estados a negociarem com as redes hospitalares, sempre quando estiverem próximos da utilização de todos os leitos públicos, a utilizarem leitos da rede privada para que nós diminuíssemos a possibilidade da morte de brasileiros por falta de acesso a leitos de UTI. E sempre que negociassem previamente o valor a ser pago pela utilização", afirmou o sanitarista.
Segundo ele, o estado de São Paulo está propondo pagar R$ 2.100 por paciente por dia em leito de UTI. "A negociação é o melhor caminho. O que não dá para aceitar é que tenhamos um diferencial de leitos muito grande entre o setor público e o privado."
O médico e presidente do Sindicato dos Hospitais de São Paulo, Francisco Balestrin, afirmou que o setor hospitalar paulista responde positivamente a essa solicitação, mas critica a maneira como é feita a negociação. "Já estávamos negociando há mais de 40 dias com o governo do estado de São Paulo essa necessidade de leitos", afirma.
Segundo Balestrin, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SINDHOSP) tem cumprido com o papel de atuar buscando leitos e criando uma condição de negociação entre o governo do estado e os hospitais privados.
Ele chama a atenção para o termo "confiscar leitos" que está sendo usado por alguns gestores públicos, dizendo que não concorda com essa expressão. "Quando falamos de leitos de UTI, nos referimos a um serviço completo. Além da cama, existe uma tecnologia que serve a este leito, com monitores, respiradores, e uma estrutura de diagnóstico hospitalar focada no atendimento e, claro, força de trabalho", afirmou.
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JORNAL DA SAÚDE

Presidente da FenaSaúde condena gestão unificada de leitos

Em webinar promovido pelo Fórum Inovação Saúde (FIS), o presidente da FenaSaúde, João Alceu Amoroso Lima, criticou a possibilidade de leitos de UTI da rede privada serem geridos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as razões que elencou para condenar a proposta, está a deficiência de governança. "As deficiência do SUS não são nenhuma novidade. A pandemia está mostrando mazelas de gestão, de estrutura e de resultado que todos já conhecemos", afirmou. O webinar teve como tema "O risco de apagão de leitos hospitalares e de profissionais de saúde na covid-19. O que podemos fazer?"
Amoroso Lima lembrou que capitais como Manaus (AM), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ) estão próximas de um "apagão" de leitos, tanto nas redes públicas, quanto na rede privada de saúde, o que por si só já comprometeria a gestão unificada pelo SUS. "Esse estresse nessas capitais levou à discussão da gestão unificada de leitos pelo SUS como se fosse a salvação da lavoura, do que discordo".
Mesmo que haja previsão legal, não há, nem houve, preparação real do setor público para gerir todo o sistema, incluindo os leitos de hospitais privados, acredita ele. Falta desenvolver um modelo viável ou mesmo parâmetros como a remuneração justa dos hospitais.
"Não parece haver sistema de gestão nem gestores preparados para conduzir a fila única de forma eficiente. Sistemas de governança são distintos e não existe plataforma que permita a interoperabilidade entre os vários hospitais", disse Amoroso Lima, que também é vice-presidente do grupo NotreDame Intermédica.
Segundo o presidente da FenaSaúde, as notícias de que hospitais privados estão ociosos não são verdadeiras quando se trata de leitos de UTI. "Há muitos hospitais com 85% de ocupação, mas com viés de alta. Acompanho de perto: há claro aumento de casos!" Deve-se considerar que várias outras comorbidades, como pacientes de cardiologia ou oncologia, continuam gerando ocupação de UTIs, sem contar os casos de hospitais que dispõem de prontos-socorros e necessitam de leitos livres de UTI para operarem.
Uma outra tendência que tem aumentado na mesma medida em que o pico de infecções da covid-19 se aproxima é a do confisco de leitos hospitalares por meio de decisões do Poder Judiciário.
"O custo da judicialização é rateados por todos. A gestão unificada de leitos e os confiscos elevam significativamente o risco de desorganização do sistema privado. A intervenção na gestão privada teria consequências ruins para todos, levando ao encolhimento do número de beneficiados do setor suplementar com reflexos no sistema público. Quem sai do privado sobrecarrega o SUS. Os sistemas devem ser parceiros", defendeu Amoroso Lima.
O presidente da FenaSaúde apresentou soluções mais adequadas para os problemas de superlotação enfrentados pela saúde brasileira durante a pandemia. A saída passa pela intensificação da contratação de leitos por parte das autoridades públicas, via SUS, seja por meio de processo competitivo, chamamento ou concorrência junto aos hospitais privados, dentro de suas disponibilidades.
Durante o webinar, Amoroso Lima ressaltou, ainda, que o foco das operadoras de planos e seguros de saúde privados é manter o sistema operando. Ele também condenou projetos legislativos que propõem a legalização da inadimplência. "Isso é um engodo, um tiro no pé. É muito importante que o sistema continue hígido, financeiramente saudável, para manter em dia os pagamentos [que alcançam 85% do faturamento] a toda a cadeia produtiva da saúde, principalmente os hospitais. Todos nós, gestores, temos responsabilidades e dever de enxergar além do nosso nariz".
E completou: "O sistema de saúde suplementar precisa manter-se saudável para atravessar o período da pandemia, continuar a prestar os serviços e a honrar as coberturas garantidas em seus contratos. A alta da inadimplência decorrente de uma proteção legal pode levar operadoras a dificuldades financeiras, com consequente impacto no fluxo de pagamentos para a cadeia produtiva da saúde e, eventualmente, prejudicar um número elevado de beneficiários".
Moderado pelo presidente da Iniciativa FIS, Josier Vilar, e com cerca de 2h15 de duração, o webinar também contou com a participação do diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Rodrigo Aguiar; do secretário-executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Bruno Sobral; do pesquisador da Fiocruz e ex-secretário de Saúde do município do Rio, Daniel Soranz; do diretor-superintendente de Ensino do Hospital Israelita Albert Einstein, Felipe Spinelli; e do diretor-executivo de Inovação, Pesquisa e Educação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Kenneth Almeida.
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DIÁRIO DA MANHÃ

Sem medo de lockdown

Estudo realizado na Inglaterra com 16 estados brasileiros sugere ações mais rígidas caso vírus aumente circulação. Maranhão e outros Estados começaram movimento mais radical
Enquanto em abril a palavra do momento em relação à pandemia do novo coronavírus era o distanciamento social, na última semana um outro termo ganhou visibilidade: o lockdown. A palavra é o correspondente em inglês a confinamento. Mas passou a ser adotada no Brasil pelo seu uso corrente nas discussões internacionais acerca de formas de evitar a circulação de pessoas e a disseminação do vírus.
Um estudo lançado nesta sexta-feira (8) por mais de 60 pesquisadores do Imperial College de Londres, um importante centro de estudos e pesquisas sobre saúde, apontou o lockdown obrigatório como uma medida "que se provou efetiva na contenção da difusão do vírus"."
Ao analisar o caso brasileiro a partir de medidas adotadas em 16 estados no país, os investigadores concluem: "Na falta de intervenções mais fortes, um crescimento substancial futuro da epidemia é esperado nos 16 estados considerados, levando a uma piora da crise de saúde da covid-19."
Outro estudo do Imperial College, publicado em 30 de março, conduzido pela equipe de resposta à covid-19, mapeou práticas de lockdown em diversos países, como Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Noruega, Espanha, Suíça e Reino Unido.
Os autores classificam o lockdown como "legislações ou regulações relativas à restrição de interação face-a-face, incluindo o banimento de eventos não essenciais, fechamento de escolas e espaços culturais e ordens para que pessoas permaneçam em casa."
Contudo, os pesquisadores identificaram diferentes manifestações desse tipo de medida em cada país. A Áustria proibiu acesso a locais públicos e reuniões com mais de cinco pessoas, além de recomendar pelo menos 1 metro de distância. A Dinamarca vetou reuniões com mais de 10 pessoas. Na Alemanha, esse limite era de até duas pessoas.
A França exigiu autorização para pessoas saíram de casa, com multa para violações. Na Itália também foi ordenada a permanência em casa, a não ser em caso de viagens essenciais. Na Noruega, somente pessoas que vivem no mesmo lugar podiam sair à rua juntas. No Reino Unido, encontros com mais de duas pessoas que não eram da mesma casa também eram impossibilitados, sob pena de sanções policiais.
Brasil
No Brasil, o termo é previsto na diretriz até o momento vigente do Ministério da Saúde (MS). O Boletim Epidemiológico n° 8, publicado em 9 de abril, define o lockdown como uma das medidas de distanciamento social. O bloqueio total (como o termo foi traduzido) consiste em cercar um determinado perímetro (estado, cidade ou região), interrompendo toda atividade por um breve período de tempo.
De acordo com a pasta, esse modelo tem como vantagem ser "eficaz para redução da curva de casos e dar tempo para reorganização do sistema em situação de aceleração descontrolada de casos e óbitos"." A desvantagem é o alto custo econômico.
Além dele, são modalidades menos rígidas o distanciamento seletivo e o ampliado.
O primeiro seria aquele focado apenas em pessoas acima de 60 anos ou com doenças crônicas, os grupos de risco, além daquelas que apresentam sintomas da doença. Também conhecido como "isolamento vertical"," teria como finalidade viabilizar o retorno às atividade laborais, já que não impossibilita a circulação de pessoas em estado aparentemente saudável ou que já passaram pela doença e são consideradas imunizadas.
Já o ampliado, que vem sendo adotado na maior parte dos estados e cidades, prevê que todos os setores fiquem em casa, à exceção dos essenciais, desde que nesses seja garantida higienização e evitada a aglomeração. De acordo com o ministério, o objeto é "reduzir a velocidade de propagação, visando ganhar tempo para equipar os serviços com os condicionantes mínimos de funcionamento: leitos, respiradores, EPI, testes laboratoriais e recursos humanos."
Após a mudança no comando do MS, o novo titular, Nelson Teich, vem defendendo o que chamou de abordagem "não linear"," com medidas diferentes para locais distintos de acordo com o avanço da doença e a capacidade do sistema de saúde daquele local de tratar os pacientes, incluindo recursos humanos, leitos, equipamentos e suprimentos.
Teich afirmou já ter finalizado a atualização da diretriz divulgada no Boletim Epidemiológico 8, formulada pela equipe de seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta. Mas declarou nesta semana que ainda não havia divulgado as novas orientações por receio de o tema ser transformado em disputa política. Ele reconheceu que, em locais com situação mais grave, o confinamento pode ser uma estratégia necessária.
Estados e municípios
A definição concreta das medidas de distanciamento social cabe aos estados. Assim como nas iniciativas de distanciamento ampliada, há diferentes abordagens no confinamento. Cada governo estadual ou prefeitura está determinando os limites e eventuais formas de sanção.
O governo do Maranhão foi um dos primeiros a empregar o termo, que traduziu como "bloqueio" em medida que passou a valer na terça-feira (5) na Ilha de São Luís. Foi proibida a circulação, mantidos alguns serviços como mercados, farmácias e circulação de caminhões de carga. O estado registrou na sexta-feira 330 mortes e 5.909 casos confirmados.
O número de usuários de transporte público caiu de 641 mil para 96 mil com a o início do bloqueio. Em entrevista coletiva na sexta–feira, o governador Flávio Dino anunciou para a próxima semana o rodízio de carros na capital, com aqueles de placa com número final par e ímpar podendo circular em determinados dias alternada-mente.
"Às vezes ouço crítica de que o lockdown não está funcionando. Há uma ideia falsa, talvez até um desejo de pessoas com más intenções, de que nós iríamos promover uma espécie de regime mais duro do que o penitenciário. Cenas insensatas não serão verificadas. A polícia está autorizada a adotar medidas coercitivas. Porém, como último caminho. O que estamos visando é o reforço da prevenção"," declarou Dino.
Pará
No Pará, o confinamento passou a valer na capital Belém e em outras nove cidades na quarta-feira (6) e durará até o dia 17 deste mês. A população foi orientada a somente sair de casa para serviços essenciais. Os municípios foram selecionados pela alta taxa de incidência da pandemia e pela sobrecarga no sistema de saúde. O Pará registrava na sexta-feira 5.524 casos confirmados e 410 mortes.
Supermercados, farmácias, bancos e consultas médicas continuam funcionando, assim como feiras, lojas de construção e serviços de entrega de alimentos. Uma pessoa de cada família poderá ir a esses locais. O transporte intermunicipal só é permitido para atividade essencial ou tratamento de saúde, o que deve ser comprovado. O uso de máscaras é obrigatório.
Forças de segurança foram escaladas para fazer a fiscalização nas vias públicas. Quem sair às ruas precisa levar documento com foto e comprovante profissional, caso de se trate de um trabalhador de atividade essencial. As pessoas estão sujeitas a sanções que vão de advertência a R$ 150 para pessoas físicas e até R$ 50 mil para empresas.
Ceará
No Ceará, o governo decretou o "isolamento social rígido" na capital Fortaleza, que teve início na sexta-feira e irá até o dia 20 deste mês. Foram montados bloqueios para restringir a circulação em vias da cidade. As forças de segurança atuam para evitar aglomerações. Em vídeo difundido nas redes sociais na quinta-feira (7), o prefeito Roberto Cláudio disse que os serviços de saúde estão no limite da sua capacidade.
"A gente não vai enfrentar o covid-19 apenas abrindo novos leitos. De um lado, vamos criar uma rede nova e ampliada. Mas de outro, temos que prevenir que a doença aconteça. Ao controlar a disseminação vamos ter menos casos que vão demandar internações e que precisarão UTI"," afirmou Cláudio.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a Câmara de Vereadores de Niterói aprovou o lockdown a partir de segunda-feira (11). Quem estiver nas ruas, praias e praças públicas poderá ser multado. Manterão o direito de sair às ruas os profissionais de atividades essenciais ou quem for adquirir produtos ou serviços relacionados à elas, como compras em supermercados ou farmácias.
Na capital, o prefeito Marcelo Crivella promoveu bloqueios em bairros com maior incidência, como Campo Grande e Bangu. O Ministério Público estadual pediu aos governos estadual e municipal estudos para adoção do lockdown no estado. O órgão se amparou em estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) cuja conclusão recomenda o bloqueio diante do avanço de casos na região metropolitana do estado.
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continua…