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DESTAQUES
Presidente do CFM se recusa a vetar cloroquina para covid; OMS é contra
Brasil alcançou o menor numero de transmissões do coronavírus
Sedentarismo e inatividade física causam gastos de R$ 300 milhões ao SUS
Após trégua, Goiás volta a registrar mortes por Covid-19 e contágio não para
Menino com hérnia gigante na virilha aguarda por cirurgia há três anos, em Aparecida de Goiânia
Tocantins registra 99 novos casos da Covid-19 nesta terça-feira (12)
Muita gente morreu por falta de atendimento adequado, diz Ludhmila Hajjar
TERRA
Presidente do CFM se recusa a vetar cloroquina para covid; OMS é contra
Mauro Ribeiro argumenta que experiência de quem atende diretamente a paciente é importante e difere da de profissionais que ficam ‘lendo estudo e nunca viram doente na vida’; atuação do CFM é alvo de investigação do MPF e da CPI da Covid
RIO – O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Britto Ribeiro, investigado pela CPI da Covid, disse em entrevista ao Estadão que estudos científicos internacionais adotados como parâmetro pela Organização Mundial da Saúde (OMS) não são suficientes para que o conselho condene o uso de hidroxicloroquina e cloroquinano tratamento precoce da infecção pelo Sars-CoV2. Em abril de 2020, um parecer do CFM, do qual Ribeiro foi relator, liberou o uso das substâncias, a critério de cada médico, no combate à pandemia. Àquela altura, o presidente Jair Bolsonaro tinha acabado de demitir Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde por resistir à prescrição dos medicamentos.
Ribeiro ainda defende a decisão do conselho, apesar de, em março deste ano, a Organização Mundial da Saúde ter concluído que a hidroxicloroquina é contra-indicada no tratamento da covid, com risco de efeitos colaterais adversos. A OMS emitiu “forte recomendação” contra o uso da substância.
Segundo o presidente do CFM, a “experiência observacional” do médico que atende aos pacientes da pandemia nos hospitais e postos de saúde também deve ser levada em conta na decisão de prescrever a cloroquina ou não.
“É diferente o médico que fica no ar condicionado lendo estudo e que nunca viu um doente na vida”, disse.
Segundo Ribeiro, de 25% a 30% dos médicos brasileiros são favoráveis ao uso das substâncias. “Não podemos pegar trabalhos científicos e tomar decisões apenas em cima disso. Temos que levar tudo em consideração.” Por isso, explicou, o CFM preconiza a autonomia médica na decisão do tratamento. “Não defendemos o tratamento”, frisou, acrescentando que todas as decisões do conselho são pautadas pela ciência e não pela política.
Segundo anunciou na última quarta-feira o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Ribeiro passou à condição de investigado “por seu apoio ao negacionismo, pela maneira como deu suporte à prescrição de remédios ineficazes – e os defendeu publicamente – e pela omissão diante de fatos evidentemente criminosos”.
Ribeiro disse lamentar ter passado à condição de investigado sem nunca ter sido ouvido pela CPI, embora tenha se oferecido para falar. Ele afirmou ainda que o Brasil vive um momento complicado em função da politização da pandemia.
“Não podemos questionar nada que somos colocados como negacionistas, como terraplanistas, isso está errado, temos que discutir as coisas”, afirmou Ribeiro. “Estamos diante de uma doença desconhecida, não pode ter assunto proibido.”
A seguir os principais trechos da conversa de Ribeiro com o Estadão, realizada na tarde quinta-feira, 7, antes da notícia de que também o Ministério Público Federal em São Paulo abriu inquérito sobre a conduta do conselho.
Como o senhor recebeu a notícia de que passou a ser investigado pela CPI da Covid?
Recebemos com toda tranquilidade do mundo, sem nenhuma surpresa, apenas lamentando o fato de termos pedido várias vezes para sermos convocados na CPI e nunca termos sido chamados, mesmo sendo a voz dos médicos. A comissão investigou o tratamento da covid-19. Várias pessoas foram chamadas para falar, mas os médicos não se fizeram representar por sua maior instituição que é o Conselho Federal de Medicina (CFM). Mas a verdade vai prevalecer, vamos prestar todos os esclarecimentos, dentro daquilo que temos dito: não apoiamos nenhum tipo de tratamento, nem condenamos. Defendemos, sim, a autonomia do médico, um princípio hipocrático, e vamos defender sempre. O tratamento das doenças está sendo criminalizado no Brasil. Os jornalistas dão opiniões definitivas, os políticos dão opiniões definitivas. O único que não está sendo ouvido é o médico brasileiro.
A Associação Médica Brasileira (AMB), que reúne as 54 sociedades médicas do País, já se pronunciou várias vezes contrária ao tratamento precoce. Diversas sociedades médicas também se posicionaram contra o uso da cloroquina, bem como muitos médicos individualmente…
A entidade médica que verdadeiramente representa os médicos é o CFM. Todos os médicos brasileiros — e somos mais de 530 mil — têm registro na nossa instituição. A AMB é importantíssima, mas ela é uma entidade opinativa. E ela vem dando declarações de forma reiterada contra a autonomia do médico. É uma opinião que lamentamos muito. É a primeira vez que vejo um representante da classe falar contra a autonomia do médico. Respeitamos a opinião deles, mas vamos combatê-la de forma veemente. (Na verdade, as declarações da AMB são favoráveis à autonomia médica. A associação defende, no entanto, que a autonomia não se aplica a drogas cuja ineficácia já está comprovada cientificamente).
Qual é o papel do CFM?
Somos uma autarquia federal, cujo objetivo maior é garantir à população boas condições de atendimento em saúde. Temos a competência legal de fiscalizar e normatizar a medicina no Brasil, somos responsáveis por julgarmos os médicos por delitos éticos e estabelecer o que é tratamento experimental e o que não é. A associação dá opiniões, nós não. O que dizemos deve ser cumprido.
O senhor falou que uma das atribuições do CFM é estabelecer o que é tratamento experimental. O tratamento precoce contra a covid-19 (com hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina) não é experimental?
Não, não é. A covid é uma doença sobre a qual não sabemos nada. Vou repetir: não sabemos nada sobre essa doença. Todo dia surge algum tipo de nova complicação. O mundo parou em razão dessa doença. Buscamos respostas avidamente, mas a ciência não teve tempo ainda de responder. É uma doença para a qual não há um tratamento reconhecido. Por isso, é possível usar medicações off label; ou seja, que já têm registro na Anvisa para uso contra outras doenças. Um tratamento experimental é um tratamento novo, ainda não reconhecido, para uma doença para a qual já existem outros tratamentos aprovados. Nós permitimos o tratamento com drogas reposicionadas contra a covid-19 na fase inicial, mas não a ozonioterapia, que não é reconhecida para nada no Brasil.
Não incomoda ao senhor o fato de o posicionamento do CFM ser diferente daquele preconizado pelas mais importantes instituições de saúde do mundo, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA, o Serviço Nacional de Saúde, do Reino Unido, bem como das principais agências regulatórias do planeta, como a FDA e a própria Anvisa?
Não, não me incomoda. Não há nenhuma outra entidade que se guie mais pela ciência do que o CFM. Não temos nenhum outro interesse que não seja fazer o melhor. As decisões do CFM não são monocráticas. São 28 conselheiros fazendo uma varredura de tudo de importante que acontece no mundo sobre covid-19. O FDA é muito importante, mas temos autonomia para tomar as nossas decisões. Temos uma atividade de regulação da medicina que nem todos esses órgãos têm. É legítimo que se discuta a eficácia das medicações. Mas não dá para dizer que as drogas são ineficazes; a ciência ainda vai dar essa resposta de forma definitiva. É um excesso de retórica que não tem correspondência na realidade. Estamos falando de drogas seguras, usadas há 40, 60, 70 anos. Lembrando sempre que o nosso parecer não defende o tratamento precoce.
O senhor afirmou que “não dá para dizer que essas drogas são ineficazes; a ciência ainda vai dar essa resposta”, mas não é bem assim. Estudos de algumas das instituições de saúde mais importantes do mundo, publicados nas revistas científicas de alto impacto, já mostraram que as drogas são ineficazes contra a covid-19. Alguns estudos pequenos, sobretudo no início da pandemia, mostraram eficácia. Muitos já foram inclusive desmentidos. Desconheço que exista hoje estudo comprovando a eficácia do tratamento precoce, mas, se existe, certamente não tem o mesmo peso científico daqueles publicados nas revistas de alto impacto e revisado por pares.
Já te coloquei a posição do CFM. Se pegar uma média, pode ser que seja o que você está falando. Provavelmente até é. Mas se pegar a literatura como um todo, não. E a experiência observacional do médico não está sendo levada em conta e ela também é importante. Por isso, delegamos essa decisão ao médico. Metade da população brasileira, ou até mais, quer fazer o tratamento precoce. De 25% a 30% dos médicos, segundo levantamento nosso, já propõem o tratamento precoce. Metade da classe médica acredita no tratamento, seja pelos trabalhos que lê, seja pela prática diária. Uma coisa é estarmos aqui no ar-condicionado, sem estresse, discutindo sobre o tratamento. Outra coisa é estar na UPA, com um paciente inseguro, chorando na nossa frente, com medo da doença, com a família estressada. Essa questão é muito mais complexa do que é posta pela imprensa ou por determinados segmentos da sociedade. E tem que levar em conta o médico na ponta; não o que fica no gabinete lendo estudo e nunca encontrou um paciente na vida. Uma coisa são os estudos de gabinete. Outra coisa diferente é a prática da medicina. E temos que levar isso tudo em conta. Não podemos pegar trabalhos científicos e tomarmos uma decisão em cima apenas desses fatores. Eles são importantes, mas não são os únicos. Não tiro a sua razão, mas quando contextualizamos com casos concretos, num País continental como o nosso, em que temos excepcionais hospitais nos grandes centros e o médico que atende a população ribeirinha na Amazônia, é outro Brasil.
Na última Assembleia-Geral da ONU, o presidente Jair Bolsonaro citou o CFM quando disse “desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, segundo recomendação do nosso CFM. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial”. Essa não é uma politização do posicionamento do CFM para legitimar a política do governo?
A imprensa também usa politicamente o nosso parecer. Estou sendo colocado como investigado (na CPI) sem nunca ter sido ouvido, porque as pessoas dizem que o CFM incentiva o tratamento precoce. A interpretação do presidente está dentro do que está no parecer, “apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce”. Mas não vou ficar discutindo com o presidente. Nossas decisões são técnicas. Elas refletem a conduta dos mais de 530 mil médicos que existem no País. Como podem pensar que vamos levar em conta a posição política de alguém, mesmo sendo o presidente da República, o ministro? Isso não existe aqui no CFM. É impossível acontecer isso. Eu fui o relator do parecer. Ele foi discutido detalhadamente, ponto a ponto, e votado pelos 28 conselheiros. Não tem como, numa decisão colegiada, ter essa influência política. Agora, o que está acontecendo hoje no Brasil é que não podemos questionar nada que somos colocados como negacionistas, como terraplanistas. Isso está errado, temos que discutir as coisas. Estamos diante de uma doença desconhecida, não podemos ter um assunto proibido. Por que se politiza tanto o tratamento no Brasil? Estive há pouco tempo em Portugal, os colegas contaram que a oposição apoiou as diretrizes do ministério, não houve essa politização.
Sim, mas qual era a diretriz do ministério da Saúde de Portugal sobre tratamento precoce?
Não sei qual é o posicionamento do ministério português. (De acordo com o site do Ministério da Saúde de Portugal, o tratamento é dirigido apenas aos sinais e sintomas, e não há recomendações de drogas específicas).
Falando então sobre a autonomia do médico. Onde termina a autonomia médica e começa a imprudência? Não há limites para a autonomia médica?
A medicina hipocrática tem dois pilares: o sigilo médico e a autonomia do médico. Em qualquer instância, estamos defendendo um dos pilares milenares da medicina hipocrática. O médico pode fazer tudo? Óbvio que não. A autonomia médica tem limite? Lógico que tem. Tem limite na lei e na ética. O que é ilegal está fora. O que é antiético está fora. Dentro desse limite, ele pode fazer o que julgar mais adequado para o tratamento.
De acordo com o código de ética do médico, o profissional está livre para escolher o tratamento mais adequado dentre “os meios cientificamente reconhecidos”, o que não é o caso do chamado kit covid…
Sim, mas para as doenças para as quais existem tratamentos. Não é o caso da covid, que é uma doença que não tem tratamento. Esse é o ponto. A covid é uma doença terrível, altamente transmissível, que sequela, mata e para a qual não há tratamento reconhecido. Por isso, é possível usar uma droga reposicionada. O dia em que houver um remédio específico, não será mais assim.
Um executivo da Prevent Senior admitiu à CPI ao vivo, para todo o País, que houve alteração em prontuários médicos e até em atestados de óbitos de pacientes que morreram por covid-19. Como o CFM se posiciona sobre isso?
Não tenho como me posicionar. O Conselho Regional de Medicina de São Paulo está investigando o caso. Posso dizer que todos os denunciados terão ampla defesa e essa sindicância será arquivada ou transformada em processo ético-profissional. Neste caso, serão absolvidos ou condenados. Se forem condenados, podem recorrer à segunda instância, que é o CFM. Então não posso me posicionar com antecedência. A única coisa que posso falar é que, no Brasil, todos têm direito à ampla defesa e ao contraditório.
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DIÁRIO DA MANHÃ
Brasil alcançou o menor numero de transmissões do coronavírus
A cada 100 pessoas infectadas podem transmitir o vírus para outras 60. Pela a margem de erro das estatísticas, essa taxa pode ser maior de até 0,79 ou menos de 0,24
12 de outubro de 2021 13:21 | Atualizado há 18 horas
Nesta semana o Brasil alcançou o menor índice de transmissão do coronavírus desde abril de 2020, segundo o Imperial College de Londres a média foi de 0,60, que foi atualizado na segunda-feira (11).
A cada 100 pessoas infectadas podem transmitir o vírus para outras 60. Pela a margem de erro das estatísticas, essa taxa pode ser maior de até 0,79 ou menos de 0,24. Nesse caso, a cada 100 pessoas com o vírus podem infectar outras 79 ou 24 pessoas.
O ritmo de contágio é um número que traduz o potencial de pessoas contaminadas com a doença: quando é superior a 1, cada pessoa infectada transmite a doença para mais de uma pessoa e assim acaba avançando, mas quando é menor, ela recua.
Em novembro de 2020 a taxa havia sido medido com 0,68. Entretanto, essa data coincide com o apagão de dados que atrasou a atualização dos casos e mortes por covid-19 pelo Ministério da Saúde.
Apesar do números estar caindo, devemos lembrar que ainda temos que seguir todas as medidas de segurança para combater o coronavírus, usando a máscara, ter o distanciamento físico e principalmente evitar aglomerações, e sempre optar por espaços abertos e bem ventilados e higienizar as mãos.
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O HOJE
Após trégua, Goiás volta a registrar mortes por Covid-19 e contágio não para
Por: Nielton Soares
Nesta terça-feira (12/10, Goiás registrou a morte de 16 pessoas por complicações da Covid-19. A quantidade de óbitos passou de 23.799 para 23.815. E a taxa de letalidade segue em alta, com 2,71%.
Há também 497 óbitos suspeitos que estão em investigação. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SESGO) e são divulgados diário pelo portal do Governo de Goiás.
Já os casos, nas últimas 24 horas, tiveram o acréscimo de 381 pacientes, totalizando 880.914 pessoas contaminados. Desses, 848.506 se recuperaram da doença. Ainda há 634.246 casos suspeitos em investigação e 316.668 casos foram descartados.
Vacinação
Um levantamento realizado pela SES-GO mostra que, em relação à primeira dose de vacinas contra a Covid-19, já foram aplicadas 4.884.221 doses e, referente a segunda ou dose única, foram imunizadas 2.880.011 pessoas. Os dados são preliminares e coletados no site Localiza SUS do Ministério da Saúde (MS).
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Sedentarismo e inatividade física causam gastos de R$ 300 milhões ao SUS
Estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) constatou que o impacto econômico da inatividade física de brasileiros, em diferentes regiões do país, representa gastos no Sistema Único da Saúde (SUS) de cerca de R$ 300 milhões somente com internações, em valores de 2019.
“Esse custo seria evitável na medida em que você ampliasse o acesso da população a programas de promoção de atividade física”, disse à Agência Brasil, Marco Antonio Vargas, subchefe do Departamento de Economia da UFF e coordenador executivo da pesquisa, denominada “Implicações socioeconômicas da inatividade física: panorama nacional e implicações para políticas públicas”.
Ele afirmou que esses programas devem ser direcionados a variados segmentos de diferentes faixas da população. “Você tem carências muito claras em alguns setores, principalmente em populações mais vulneráveis”, ponderou. O estudo objetiva contribuir para a formulação e implementação de políticas em saúde preventiva, assim como ao estímulo à prática de atividade física no país.
Doenças crônicas
Vargas esclareceu que a inatividade está associada à incidência de diversas doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), entre as quais hipertensão, diabetes, neoplasias de cólon e mama e doenças isquêmicas do coração, entre outras. A inatividade física constitui um dos principais fatores de risco associados à mortalidade de DCNTs no mundo e no Brasil.
“Em maior ou menor medida, essas enfermidades guardam correlação com a inatividade física. Algumas em percentual menor e outras, maior”, observou Vargas. Dentro do conjunto de custos no SUS associado ao tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, a pesquisa buscou a parte que pode ser atribuída à inatividade física.
O coordenador informou que o nível de escolaridade e de renda está associado à prevalência maior de inatividade física. A partir de dados de 2017 da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério de Saúde, observou-se que o sedentarismo é maior entre os indivíduos com sete anos ou menos de escolaridade (57,92%) em comparação com aqueles que possuem 12 anos ou mais de escolaridade (41,18%).
O nível de inatividade é maior entre mulheres do que entre homens e quanto menor for o nível de escolaridade, maior o nível de inatividade.
Vargas defendeu, ainda, que a promoção da atividade física deve ser encarada como parte integrante de uma política de saúde. “Ela não está separada e, portanto, deve ter uma atenção bastante especial do ponto de vista de programas voltados à prevenção”, salientou.
O estudo cita dados da Base de Informações Municipais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BIM-IBGE). Eles mostram que 88% dos municípios brasileiros desenvolvem algum tipo de ação, projeto ou programa permanente na área de esporte e lazer.
Entretanto, o percentual ainda é muito baixo quando se trata de programas na área de esporte voltados à inclusão social em comunidades carentes (26,4%) ou para pessoas com deficiência (16,8%). O mesmo ocorre em relação a programas de inclusão social de idosos e de mulheres, que são desenvolvidos em apenas 30% dos municípios.
Ações para jovens e adultos já contam com um percentual maior: 50% das cidades têm iniciativas de inclusão social para essas camadas da população voltadas à educação física.
O coordenador destacou que esses dados necessitam de um olhar mais minucioso para identificar o que está ocorrendo nas cidades e como estão acontecendo esses programas de esporte nas escolas. Ao mesmo tempo, a pesquisa observou que, ao longo dos últimos anos, houve uma queda significativa de gastos com desporto e lazer na esfera federal, que representam, em média, apenas 0,024% do total de gastos federais.
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PORTAL G1
Menino com hérnia gigante na virilha aguarda por cirurgia há três anos, em Aparecida de Goiânia
Cosma Dias diz que espera pela vaga desde 2018. Prefeitura alega que procedimento foi adiado por conta da pandemia.
Por Michel Gomes, g1 Goiás
O menino Bruno Clemente, de sete anos, espera pela vaga de uma cirurgia de retirada de uma hérnia inguinal, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da Capital. A diarista Cosma Dias, mãe da criança, desabafa que espera desde 2018 e não aguenta mais ver o filho sentindo dor.
“Tem dias que ele não dá conta de estudar, fica torto de tanta dor, ele é especial e sofre muito. Eu peço a Deus que a cirurgia saia logo”, lamenta a mulher.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Aparecida diz que o procedimento ainda não foi realizado por causa da suspensão de cirurgias eletivas durante a pandemia. Enquanto espera, Cosma lamenta que não tem condição de pagar uma cirurgia na rede particular e espera ansiosa pela vaga.
De acordo com a secretaria, a Prefeitura de Aparecida vai entrar em contato com a família e verificar o caso de Bruno.
“A Secretaria informa ainda que nesta quarta-feira, 13 de outubro, entrará em contato com paciente para agendar uma reavaliação pré-operatória”, diz a prefeitura.
Espera
Cosma fala ainda que inicialmente a cirurgia seria realizada no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER), mas não recebe boas notícias da espera.
“A moça falou que ele está na lista, que a fila é enorme e tem que esperar”, explica Cosma.
O g1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia às 20h05 de segunda-feira (11) para verificar se o caso de Bruno foi encaminhado para a capital, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
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Tocantins registra 99 novos casos da Covid-19 nesta terça-feira (12)
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JORNAL DO TOCANTINS
Muita gente morreu por falta de atendimento adequado, diz Ludhmila Hajjar
Em março, a médica recusou convite para ser ministra da Saúde no governo Bolsonaro, após a saída de Eduardo Pazuello
O avanço da vacinação e a expectativa criada por resultados positivos de medicamentos contra o coronavírus -como a pílula da MSD- não devem tirar o foco de que o principal para o paciente ainda é o atendimento adequado.
A opinião é da cardiologista Ludhmila Hajjar, intensivista da Rede D’Or São Luiz, professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora de UTI de Covid no Hospital das Clínicas de São Paulo. Em março, ela recusou convite para ser ministra da Saúde no governo Bolsonaro, após a saída de Eduardo Pazuello.
Acostumada a tratar de políticos e celebridades, ela afirma que falta ao país uma padronização do atendimento para enfrentar a Covid nas redes pública e privada. Desde o início da pandemia, o Brasil registra 600 mil mortes pela doença.
“Nós já aprendemos que o principal para essa doença são boas condições de atendimento, suporte estrutural, equipe médica, não morrer de infecção bacteriana. Mas nós não descobrimos uma medicação milagrosa”, afirma.
Em meio à sua rotina corrida, não raro com mais de 18 horas de trabalho, a médica falou à Folha de S.Paulo o que funciona na hora de cuidar de pacientes com Covid e contou ainda resultados da pesquisa que liderou com tocilizumabe, anticorpo monoclonal que não demonstrou benefício contra a doença.
PERGUNTA – Atualmente, a senhora é a pesquisadora principal de 15 estudos clínicos, o mais recente a ser concluído foi com tocilizumabe. Qual foi o resultado?
LUDHMILA HAJJAR – O tocilizumabe é uma medicação já aprovada há anos para o tratamento da artrite reumatoide. Nós descobrimos que, nas formas graves de Covid, com comprometimento respiratório, também há uma liberação aumentada de fatores inflamatórios. Foi daí a ideia de fazer um estudo para avaliar o tocilizumabe, ainda em abril de 2020, mas meu projeto não foi aprovado no Ministério da Saúde por falta de recursos.
Na mesma época, a OMS [Organização Mundial da Saúde] iniciou um grande estudo com essa droga, o Recovery. Só bem tardiamente meu projeto foi aprovado em um edital do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], e o ensaio clínico começou apenas em janeiro deste ano.
Mesmo assim, é um estudo bastante importante. Finalizamos agora, com 308 pacientes, em estado grave, no HC [da USP]. Nosso resultado foi que o tocilizumabe não adicionou nenhum benefício em termos de chance de o paciente ser intubado ou de reduzir a mortalidade.
Além do nosso, há oito estudos menores já publicados e o grande estudo da OMS, que foi o único com resultado positivo. Mas eles tiveram 4.000 pacientes em cada braço, e um benefício pequeno nesse caso já tem poder estatístico. Foi isso que deixou todo mundo interessado e subiu com o preço do remédio. Uma corrida desnecessária e não baseada em evidências científicas.
P. – O que sabemos hoje que funciona para a evitar a mortalidade?
LH – Nós já aprendemos que o principal para essa doença são boas condições de atendimento: não morrer de infecção bacteriana, ter ventilação mecânica não invasiva, intubar adequadamente e no momento certo. Não descobrimos uma medicação milagrosa, algo que vá modificar a sobrevida do paciente. Não adianta focar no remdesivir [antiviral aprovado pela Anvisa], no tocilizumabe… O nosso foco, óbvio, tem que ser em prevenção, mas, quando temos o paciente infectado, temos que focar na estrutura, no treinamento das equipes e no atendimento. Isso é fundamental.
P. – Como deve ser o trabalho das equipes? E qual é a estrutura necessária?
LH – O que eu vi cuidando de gente em todo o Brasil: muitos doentes morreram porque demoraram para intubar, porque não sabiam intubar ou porque após a intubação a pressão despencou, e não conseguiram ressuscitar. Muita morte também por infecção bacteriana, pelas condições estruturais. Não adianta só comprar o respirador. As pessoas estão treinadas para usá-lo? Tem tomografia no hospital? Tem radiografia? Tem fisioterapeuta?
Nessa doença, e nas doenças virais em geral, como a dengue, não temos um tratamento específico que vá mudar [o curso da doença], mas sim o suporte.
P. – Nenhum dos anticorpos monoclonais, inclusive os que foram aprovados pela Anvisa, dá bom custo-benefício?
LH – Dão, mas os anticorpos monoclonais são para uma outra fase da doença, o início. Os estudos são positivos para pacientes que tiveram diagnóstico e têm alto risco para complicar, recebem o anticorpo monoclonal e reduzem significativamente a sua chance de hospitalização.
P. – Esse é o modelo adotado nos EUA, certo?
LH – Exatamente. Você “captura” o doente que é idoso, obeso, diabético, cardiopata ou já tem carga viral alta, com perfil inflamatório, e trata com o coquetel no hospital.
P. – Do ponto de vista medicamentoso, o que faz diferença então?
LH – Para o paciente não ser hospitalizado, anticorpos monoclonais. E, para o doente hospitalizado, a medicação que foi invariavelmente positiva [nos estudos] foi a dexametasona [corticosteróide], que é barata e tem na rede pública. Também foi adotado o anticoagulante que, aparentemente, na dose preventiva é melhor -e heparina também é barata e tem em todo lugar-, para evitar coágulos.
Já o remdesivir é uma medicação que, caso tivesse em ampla escala, seria usada, mas o benefício é marginal. O maior estudo da droga mostrou que numa população de 1.092 pacientes ele diminuiu o tempo de doença, mas não reduziu a mortalidade ou a chance de intubação.
A dose completa de remdesivir custa R$ 25 mil. A ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] fez com que os planos de saúde pagassem, mas o SUS [Sistema Único de Saúde] não introduziu isso na prática clínica. Não critico. Se há um investimento, que ele seja priorizado no que realmente muda a lógica de tratamento dos pacientes. E, no caso desta doença, é o tratamento de suporte. Isso está claro.
P. – Por atuar tanto na rede pública quanto privada, acha que há ainda muita diferença no atendimento para Covid entre elas?
LH – Existe, como sempre existiu, em tudo: na estrutura hospitalar, no fato de que eu tenho remdesivir na rede privada e não tenho na pública. Tanto é que os dados são indiscutíveis, é melhor a sobrevida de um paciente no privado do que no público. Infelizmente.
Essa disparidade ficou mais evidente nesta doença, mas é claro que a rede pública fez o seu papel. Em um país do tamanho do Brasil, se não houvesse acesso universal, teríamos muito mais mortos. Mas, do ponto de vista de quem está na linha de frente e vive as duas realidades, é muito diferente. E não deveria ser.
Sei que é impossível ter a estrutura de um hospital nível A para 210 milhões de habitantes, mas o mínimo de qualidade de atendimento e de estrutura é um direito do cidadão. A gente paga por isso.
P. – Quanta gente morreu sem transporte, ou porque parou no posto de saúde e não teve atendimento complexo?
LH – Porque não tinha um intensivista ou fisioterapeuta? Ou vaga de UTI? A gente já vivia um déficit de leitos, aumentamos em milhares de leitos e treinamos pessoal, mas isso aconteceu tarde.
Em relação aos procedimentos nos hospitais, caso tivesse aceitado o convite para ser ministra, o que teria feito?
Primeiro, teria equilibrado o tratamento do ponto de vista de treinamento. Isso daria para ser feito a curto prazo. Colocaria as universidades para ter um p apel mais ativo, faria boas parcerias público-privadas. Nós temos tantas faculdades particulares sem hospital e tantos hospitais públicos com falta de recursos, não seria tão difícil. Em segundo lugar, faria uma desburocratização, no sentido de incorporar novas tecnologias e medicamentos, encurtando o tempo para avaliá-los.
P. – O principal desafio do atual ministro, Marcelo Queiroga, é a campanha de vacinação. Como avalia essa fase? Poderia ter ido melhor?
LH – Sem dúvida, mas a gente teve um ganho nos últimos meses. [A vacinação] demorou para começar, mas felizmente os números estão aumentando e isso resulta na redução significativa de mortes. Há ainda muita politização, coisas que acabam atrapalhando a velocidade, mas avançamos e agora temos leitos disponíveis para tratar outros doentes.
P. – Passado esse tempo, fica aliviada de ter recusado o ministério?
LH – Sem dúvida é um alívio. Tenho certeza que não conseguiria fazer o que eu pretendia. Não foi uma indicação política, mas, sim, porque eu estava me destacando no combate à Covid. Eu não seria feliz estando ali. Se tivesse uma opção de ter um cargo estritamente técnico no combate à pandemia, seria outra história, mas não como política.
P. – Como a sua rotina, que já era agitada, foi afetada pela pandemia?
LH – Agitou mais cem vezes (risos). Eu não tinha noite, não tinha dia, não tinha final de semana. Foi mais de um ano de dedicação total. Dormia “picado”, por algumas horas.
A vida do profissional da saúde mudou, mas nós aprendemos, tivemos muitas vitórias, além de, claro, termos sofrido também junto com as pessoas. Na época [da crise] de Manaus, eu fiquei muito chateada. Muitos pacientes foram transferidos para cá [São Paulo] e acho que fui a médica daqui que mais cuidou dos amazonenses. Foi realmente uma experiência de vida. A gente viveu nos limites da morte e da vida. Essa doença é esquisita demais.
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Assessoria de Comunicação