Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 11/08/15

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.


DESTAQUES

• Família de jovem reclama da demora para agendar cirurgia para garota
• Governo federal cria decreto que acaba com especialização médica, denuncia CFM
• Quem são os responsáveis pela crise no mercado de OPME?


TV ANHANGUERA/GOIÁS

Família de jovem reclama da demora para agendar cirurgia para garota
http://g1.globo.com/goias/bom-dia-go/videos/t/edicoes/v/familia-de-jovem-reclama-da-demora-para-agendar-cirurgia-para-garota/4381735/
(10/08/15)

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JORNAL OPÇÃO

Governo federal cria decreto que acaba com especialização médica, denuncia CFM

Por Alexandre Parrode

Dr. Salomão Rodrigues explica que decisão presidencial reduz carga horária para formação profissional e cria mecanismo para burlar legislação vigente

O decreto presidencial nº 8.497, que dispõe sobre a criação do Cadastro Nacional de Especialistas, acaba de ser publicado e já promete se tornar o mais novo embate entre o governo e as entidades médicas.
Isso porque, segundo o ex-presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) e atual conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM), dr. Salomão Rodrigues, na prática, acaba com a necessidade de uma formação de qualidade para especialistas médicos. “O Mais Especialidades [programa do governo federal a ser lançado] é um engodo semelhante ao Mais Médicos. Mais uma agressão à classe médica e à população brasileira”, lamenta.
De acordo com o texto, o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação adotarão o Cadastro Nacional de Especialistas como “fonte de informação” para a formulação das políticas públicas de saúde destinadas a “subsidiar o planejamento, a regulação e a formação de recursos humanos da área médica no Sistema Único de Saúde (SUS) e na saúde suplementar”.
Além disso, o governo quer dimensionar o número de médicos, bem como a especialização destes, áreas de atuação e a distribuição no Brasil, sob a justificativa “de garantir o acesso ao atendimento médico da população brasileira de acordo com as necessidades do SUS”.
Nas especificações sobre as competências do conselho, destacam-se: “Propor a reordenação de vagas para residência médica”, “registrar os profissionais médicos habilitados para atuar como especialistas no SUS” e “conceder estímulos à formação de especialistas para atuação nas políticas públicas de saúde do País e na organização e no funcionamento do SUS”.
Em nota divulgada na última sexta-feira (7/8), entidades médicas nacionais (entre elas a Associação Médica Brasileira, Conselho Federal de Medicina e Associação Nacional dos Médicos Residentes) criticam a decisão e afirmam que as medidas representam uma “interferência autoritária por parte do Poder Executivo” na capacitação de médicos especialistas no País, “caracterizando-se, mais uma vez, pela ausência de diálogo com os representantes das entidades médicas, das universidades e dos residentes”.
A questão
Atualmente, para que um médico se especialize em Cardiologia, por exemplo, são necessários quatro anos de formação. O estudante tem que perfazer cerca de 60 horas semanais, o que, em um ano, chegaria a algo em torno de 12 mil horas totais para que ele tenha autorização do Conselho Federal de Medicina (CFM) para validar o título de especialista.
Segundo dr. Salomão Rodrigues, a carga horária das especializações médicas varia entre 9 a 12 mil horas. Com o decreto do governo federal, abriria-se uma brecha para um novo tipo de “médicos especialista”: os que tenham apenas pós-graduação lato sensu. “Médico que fizer 360 horas de curso, no qual são apenas aulas teóricas, estaria habilitado a exercer alguma especialidade sem nenhuma prática”, critica ele.
De fato, a própria nota divulgada pelas entidades médicas afirma que já estão desenvolvendo todos os esforços para impedir os “efeitos deletérios” do decreto.
“Os quais determinam mudanças no aparelho formador de especialistas, com destruição do padrão ouro alcançado pela Medicina do País, após quase seis décadas de contribuições das entidades e da academia, em detrimento do nível de excelência do atendimento oferecido pelos médicos brasileiros, reconhecido internacionalmente”, versa o texto.
Como o decreto não trata, claramente, de qual será o órgão competente para comandar o Cadastro Nacional de Especialistas (o texto sugere que ficará sob os cuidados do MEC e do MiS), o conselheiro federal acusa o governo de estar “burlando” o próprio governo. “Historicamente, qualquer registro de graduação, pós ou especialização é feito no Ministério da Educação. Com o decreto, permite-se que seja feito diretamente no Ministério da Saúde”, alerta.
Com isso, dr. Salomão Rodrigues sustenta que Comissão Nacional de Residência Médica, que é parte do MEC, perderá seu poder de controle e passará a haver dois tipos de médicos especialistas no Brasil: “O verdadeiramente especialista e o outro, ‘falsamente’, que vai por em risco a saúde da população brasileira”.
Não é bem assim?

No entanto, o Ministério da Saúde, em nota-resposta encaminhada ao Jornal Opção Online garante que o decreto não mexerá na formação dos profissionais: “O Ministério da Saúde assegura a livre escolha da carreira médica de cada estudante. A proposta do decreto é adotar politicas públicas que incentivem a formação em áreas de maior carência e ampliar a oferta de profissionais em regiões com maior carência, aprimorando também a distribuição territorial dos médicos”.
O texto, que assegura que todas as entidades médicas participaram da discussão do decreto, explica que o Cadastro Nacional de Especialistas “promove a transparência do processo de formação de especialistas no Brasil” e centralizará as informações em um único banco de dados para ter maior controle de que tipo de médicos está sendo formado no País.
O MiS Cabe ao Ministério da Saúde, em articulação com o Ministério da Educação,
Segundo o MiS, a prerrogativa de orientar as políticas públicas de saúde do Brasil, bem como as diretrizes de formação médica, é da própria pasta, em conjunto com o MEC. “A ausência de uma política relacionada ao setor termina por prejudicar a assistência médica e leva à escassez de especialistas como pediatras, geriatras, oftalmologistas, ortopedista, entre outros de que os brasileiros necessitam nas unidades de saúde”, arremata.
Veja a íntegra da nota do MiS:
O Ministério da Saúde esclarece que o Cadastro Nacional de Especialistas, previsto no Decreto 8497/2015, promove a transparência do processo de formação de especialistas no Brasil. Com a centralização da informação em um único cadastro será possível saber exatamente onde e quando estarão sendo formandos os médicos especialistas brasileiros.
Cabe ao Ministério da Saúde, em articulação com o Ministério da Educação, orientar as políticas públicas de saúde do Brasil, bem como as diretrizes de formação médica no país. A ausência de uma política relacionada ao setor termina por prejudicar a assistência médica e leva à escassez de especialistas como pediatras, geriatras, oftalmologistas, ortopedista, entre outros de que os brasileiros necessitam nas unidades de saúde.
O Ministério da Saúde assegura a livre escolha da carreira médica de cada estudante. A proposta do decreto é adotar politicas públicas que incentivem a formação em áreas de maior carência e ampliar a oferta de profissionais em regiões com maior carência, aprimorando também a distribuição territorial dos médicos.
É importante informar que entidades médicas participaram do processo de discussão da proposta e o Ministério da Saúde mantém abertos os canais de diálogo.
Ministério da Saúde
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SAÚDE BUSINESS

Quem são os responsáveis pela crise no mercado de OPME?

Quando falamos sobre os impactos ocasionados pelas denúncias envolvendo a interferência financeira na escolha de órteses, próteses e materiais especiais por profissionais médicos, não tem sido incomum encontrarmos afirmações que, de maneira cômoda e superficial, atribuem exclusivamente aos doutores e aos fornecedores de OPME a responsabilidade pelos desvios de conduta que vem sendo investigados.

Entretanto, esta avaliação, apesar de correta no que se refere à expectativa de comportamento destas duas classes, não aprofunda a discussão quanto à responsabilidade que os outros agentes da cadeia (hospitais e operadoras de saúde) também desempenharam neste processo.

Em uma estrutura de remuneração baseada na venda de produtos, e não na prestação de serviço em si, não parece impossível considerarmos que, de alguma forma, foi conveniente para todos que os membros deste mercado a realidade que tínhamos.
Se os médicos abusavam nas prescrições, por que hospitais não os descredenciavam? Se os preços de OPME’s eram um problema, por que propostas justas de remuneração em procedimentos gerenciados são tão difíceis de serem obtidas?

Se fizermos estas perguntas aos representantes das classes, cada um apresentará motivos bastante convincentes para suas posições. Mas estou certo que no cerne das respostas estarão presentes três características preocupantes: a desconfiança no relacionamento, a ausência de comunicação em prol do entendimento da cadeia e o infalível hábito de atribuir exclusivamente ao outro a origem do problema.

Eis que chegamos em uma situação na qual o mercado todo se vê em risco, com condições muito menos favoráveis de se dialogar e encontrar caminhos que previnam um colapso total da cadeia, sem a interferência direta da regulação federal.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação