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DESTAQUES
Hospitais privados oferecem apoio para vacinação contra a covid-19 em Goiás
Morre o prefeito de Goiânia, Maguito Vilela
Covid-19: Goiás registra 2.624 novos casos e 23 mortes em um dia
Caiado sanciona lei que desobriga goianos de se vacinarem contra a covid-19
Sob crítica, Butantan diz que eficácia geral da Coronavac atinge 50,38%
Anvisa decide domingo sobre 2 vacinas
Brasil registra maior média móvel de casos de Covid-19 desde o começo da pandemia
Saúde desiste de vermífugo anunciado como eficaz
Saúde força uso da cloroquina
Uso emergencial: sinal verde pode vir domingo
Planos de saúde criam alternativas para consumidor manter benefício
Projeto prevê dedução do Imposto de Renda para médicos e clínicas que prestarem atendimento gratuito
Marketing de Doria para divulgar Coronavac sai pela culatra e alimenta movimento antivacina
A REDAÇÃO
Hospitais privados oferecem apoio para vacinação contra a covid-19 em Goiás
Goiânia – A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) ofereceu, via ofício encaminhado ao governador Ronaldo Caiado, apoio para contribuir com a logística de imunização contra a covid-19. O objetivo, diz a entidade, é garantir a “vacinação do maior número de goianos contra a Covid-19, no menor tempo possível”.
Segundo a associação, nesta fase de preparativos é possível auxiliar na elaboração e aplicação do plano de vacinação no Estado. Uma das formas de apoio sugerida é por meio da cessão de espaços em instituições associadas para a instalação de salas de imunização, ampliando, assim, os locais de atendimento ao público-alvo.
Em nota, a Ahpaceg informou que tem atuado desde o início da pandemia “para assegurar a assistência à população na rede hospitalar, de diagnóstico e bancos de sangue privados goianos”. A entidade também auxiliou a rede pública, como por exemplo na disponibilização de camas e respiradores ao Hospital de Porangatu.
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Morre o prefeito de Goiânia, Maguito Vilela
Théo Mariano e Mônica Parreira
Goiânia – Faleceu, na madrugada desta quarta-feira (13/1), o prefeito de Goiânia, Maguito Vilela (MDB). Ele tinha 71 anos e estava internado desde outubro do ano passado, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com quadro de covid-19. O óbito foi confirmado pela unidade de saúde às 4h10.
“É com profundo pesar que comunicamos o falecimento do prefeito de Goiânia, Maguito Vilela, ocorrido nesta madrugada de 13 de janeiro. Internado desde o dia 22 de outubro para tratar da Covid-19, Maguito lutava contra uma infecção pulmonar diagnosticada na semana passada. A família está providenciando o traslado do corpo de São Paulo para Goiás e ele deve ser sepultado em Jataí, sua terra natal. Assim que tivermos mais informações repassaremos à imprensa”, diz o comunicado oficial emitido pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Goiânia.
Dono de currículo extenso, o prefeito falecido foi um dos principais personagens políticos da história de Goiás, com cargos de governador (1995-1998) e vice-governador (1991-1995), prefeito (2008-2016), vereador (1977-1983), deputado estadual (1983-1987) e federal (1987-1991) e senador (1998-2006).
Além dos cargos nos Poderes Executivo e Legislativo, o emedebista também foi vice-presidente do Banco do Brasil, em 2007, nomeado pelo então ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Filho de Joaquim Morais Vilela e Nazime Martins Vilela, Luís Alberto Maguito Vilela nasceu em Jataí no dia 24 de janeiro de 1949. No ano de 1974, ele se formou em Direito na Faculdade de Direito de Anápolis.
O primeiro cargo público ao qual se elegeu foi de vereador, pelo município de Jataí, em 1976. Maguito era filiado à Aliança Renovadora Nacional (Arena). Apesar de ter sido eleito por legenda favorável ao regime militar (1964-1985), o político trocou sua sigla em 1979, após a extinção do bipartidarismo e a reformulação partidária. A partir daí, Vilela migrou para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) – agora somente MDB -, legenda que se opunha à ditadura.
Em 1982, tornou-se deputado estadual pela sigla à época peemedebista e durante seu mandato foi escolhido como vice-líder do partido e líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). Desde então, Maguito não trocou mais a sua legenda, pela qual se elegeu prefeito de Goiânia, apesar de ter permanecido licenciado do cargo desde sua posse, no dia 1º de janeiro de 2021.
Aclamado como um gestor preparado, Maguito tornou-se referência na política de Aparecida de Goiânia após dois mandatos como prefeito no município. Em sua segunda eleição, inclusive, o emedebista recebeu mais de 63% dos votos válidos na cidade e foi eleito no primeiro turno. Até hoje, é tido pelo atual chefe do Executivo aparecidense, Gustavo Mendanha (MDB), como o prefeito que alavancou o desenvolvimento do município.
O posto mais alto assumido pelo emedebista foi o cargo de governador de Goiás. Em 1994, Maguito foi eleito para chefiar o Executivo estadual após ter sido vice-governador de Iris Rezende no mandato anterior. À época, Vilela recebeu 1.013.025 votos para atingir o mais alto escalão da política goiana.
Aos goianienses, resta o nó na garganta por sequer ter visto o prefeito eleito assumir o posto ao qual foi empossado. A enorme perda, tanto à sociedade quanto à família Vilela e amigos, torna-se agora um descanso após tantos dias de batalha contra as complicações da covid-19, uma doença traiçoeira que já findou a vida de mais de 204 mil brasileiros.
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Covid-19: Goiás registra 2.624 novos casos e 23 mortes em um dia
Adriana Marinelli
Goiânia – Goiás registrou 2.624 novos casos da covid-19 e 23 mortes pela doença nas últimas 24 horas, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) na tarde desta terça-feira (12/1). Com as atualizações, o Estado chega a 320.996 casos e 6.988 óbitos confirmados.
Segundo a SES-GO, há o registro de 309.541 pessoas recuperadas em Goiás. No Estado, há 276.281 casos suspeitos em investigação e outros 212.249 já foram descartados.
Além dos 6.988 óbitos confirmados de covid-19 em Goiás até o momento, o que significa uma taxa de letalidade de 2,18%, há 206 óbitos suspeitos que estão em investigação.
*Os números divulgados pela SES-GO são referentes aos dados inseridos/confirmados no sistema no último dia. Não significa necessariamente que as mortes aconteceram nas últimas 24 horas.
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Caiado sanciona lei que desobriga goianos de se vacinarem contra a covid-19
Goiânia – O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), sancionou o projeto de lei que desobriga os goianos a se vacinarem contra a covid-19. A proposta, de autoria do deputado Humberto Teófilo (PSL), foi aprovada em dezembro do ano passado pela Assembleia Legislativa.
Conforme a nova legislação, publicada nesta terça-feira (12/1) do Diário Oficial do Estado, é permitido que os residentes no Estado de Goiás não se submetam à imunização de forma compulsória. No entanto, Caiado vetou parte do projeto que previa a manutenção de um “sistema para cadastro” das pessoas que não querem se vacinar.
Veja documento: https://www.aredacao.com.br/noticias/145011/caiado-sanciona-lei-que-desobriga-goianos-de-se-vacinarem-contra-a-covid-19
Apesar da lei sancionada, não há uma data específica para o início da aplicação da vacina por meio do Plano Nacional de Imunização.
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FOLHA DE S.PAULO
Sob crítica, Butantan diz que eficácia geral da Coronavac atinge 50,38%
Número inclui voluntário com sintoma muito leves; proteção contra caso moderado é de 77,96%
Igor Gielow, Everton Lopes Batista e Ana Bottallo
Após controvérsia acerca de números divulgados na semana passada, o Instituto Butantan disse nesta terça (12) que a vacina Coronavac previne 50,38% dos casos da Covid-19.A informação foi antecipada pela Folha.
O dado foi informado à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no pedido de registro emergencial da vacina, e está acima dos 50% requeridos para considerar um imunizante viável.
Àprimeiravista, parece um dado muito inferior aos 78% (exatos 77,96%) de prevenção de necessidade de atendimento ambulatorial dos casos leves e 100% de pacientes moderados, graves ou mortos evitados pela Coronavac revelados pela Folha na semana passada.
Sobre os casos graves e chegam à morte, o Butantan afirma que é preciso estudar mais para afirmar com segurança que a vacina vai impedir internações e óbitos.
Mas a eficácia geral divulgada nesta terça inclui voluntários que foram infectados pelo coronavírus e não tiveram sintomas que necessitaram de atenção médica – classificados como casos muito leves, uma particularidade do estudo feito no Brasil.
Alémdisso, avacinasemostrousegura, com apenas 0,3% dos participantes reportando algum tipo de reação alérgica.
Cientistas presentes no anúncio evidenciaram que o número mais baixo não deve ser visto como preocupante e ressaltaram a importância de uma vacina segura e disponível no país.
Sérgio Cimerman, infectologista do Instituto Emilio Ribas, disse que “2020 foi o ano do luto, 2021 será o ano de lutar pela vida. É isso que devemos buscar, e não nos pautar só em números, mas, sim, uma proteção clínica e uma vacinação em massa”.
“A melhor vacina é a vacina que estará à disposição da população”, disse a infectologista Rosana Richtmann.
“Não há justificativa nenhuma para que não se use uma vacina que está disponível no Brasil, é fácil de distribuir e que tem ótima relação de custo-benefício”, disse Natalia Pasternak, bióloga e fundadora do Instituto Questão de Ciência.
“Não é a melhor vacina do mundo, é a vacina possível, é uma boa vacina e é uma vacina que certamente vai iniciar o processo de sairmos da pandemia. Isso não quer dizer que depois dela não poderão entrar outras. Se essa vacina é o começo, vamos começar?”, questionou.
Na avaliação de cientistas ouvidos pela Folha, vacinas como a Coronavac, que usam o vírus inativado em sua formulação, estão entre as imunizações mais seguras e bem estudadas disponíveis, além de serem de fabricação mais simples e manutenção viável em um país de clima mais quente como o Brasil.
“É uma vacina que não traria surpresas ruins, e os resultados apresentados corroboramisso. É segura”, disse o infectologista pediátrico Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo, também presente ao anúncio.
A vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech foi testada em um grupo com 12.508 voluntários no estudo da chamada fase 3.
O ensaio no Brasil foi comandado pelo Butantan, e todos eram profissionais de saúde com idade maior de 18 anos que trabalham com pacientes de Covid-19. Por essa característica, esses voluntários estão entre as pessoas que têm o maior risco de ter contato com o vírus.
Ao todo, foram recrutadas mais de 13 mil pessoas para o estudo. Os dados de eficácia divulgados nesta terça (12) contam com informações de 9.242 desses voluntários.
Foram infectadas, desde julho, 252 pessoas. Dessas, 167 tinham recebido placebo e 85, a Coronavac.
O estudo não avaliou a quantidade de voluntários assintomáticos, que podem ter se infectado sem desenvolver nenhum tipo de sintoma.
Estimativas de cientistas apontam que assintomáticos podem ser mais de 50% do total de infectados pelo Sars-CoV-2.
Mas a ausência de manifestações clínicas dificulta o diagnóstico. Não foi divulgado ainda o detalhamento etário.
A definição de casos de Covid-19, de acordo com Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa do instituto e responsável pelo ensaio, foi a mais abrangente possível.
Isso, segundo ele, pode ter influenciado a análise. Palacios afirma que na vida real, na população em geral, o resultado tende a ser de maior eficácia da vacina.
Um caso podia ser definido como qualquer participante com um ou mais sintomas como febre, tosse, falta de ar, fadiga, perda de olfato ou paladar, diarreiaevômito, entre outros – por dois ou mais dias, além daqueles casos confirmados pelo exame laboratorial de RT-PCR.
AOMS (Organização Mundial da Saúde) define uma escalade 0 a 10 de sintomas, zero sendo o assintomáticos, 1 a 3 leves, 4 e 5 moderados, 6 a 9, graves e 10, fatalidades. O Butantan enfatizou, na divulgação da semana passada, a eficácia da Coronavac para todos os grupos acima de 1.
Segundo Dimas Covas, diretor do Butantan, as pesquisas com a vacina vão continuar. Estão previstos pelo menos quatro novos estudos com a Coronavac nopaís.
Três pesquisas clínicas vão avaliar a eficácia da vacina em idosos e pessoas com comorbidades (1.400 voluntários), em grávidas (500 voluntárias) e crianças e adolescentes, sem número de participantes divulgado. Está previsto ainda um estudo para avaliar o impacto da vacina para mitigar apandemia.
Os 50,38% do resultado geral estão abaixo dos dados acima de 90% de eficácia divulgados pelas vacinas que utilizam a nova tecnologia de RNA mensageiro, como as da Pfizer e da Moderna, nas quais material genético é usado para levar proteína estimulante do sistema imune ao paciente.
No caso da vacina da Pfizer BioNTech, por exemplo, há 95% de eficácia geral apontada, segundo estudo revisado por pares e publicado na revista científica New England Journal of Medicine.
Nesse grupo, houve 162 infectados entre quem tomou placebo e apenas 8 entre vacinados, entre 44 mil voluntários. Só que o relatório da FDA (a agência regulatória dos EUA) aponta a exclusão de 3.410 pessoas que tiveram sintomas de Covid-19, mas não tiveram a doença confirmada.
Desses casos suspeitos, 1.594 faziam parte do grupo vacinado e 1.816, do que recebeu placebo. Isso foi ressaltado em texto de Peter Doshi, editor associado do prestigioso British Medical Journal Se todos fossem casos de Covid-19, o que é improvável, isso derrubaria a eficácia geral para 19% (com todos os suspeitos) ou 29% (excluindo os casos que ocorreram nos primeiros sete dias da vacinação, que podem incluir reações ao imunizante), nas contas de Doshi.
Todo vaivém acerca da divulgação dos números pelo governo paulista explicita uma faceta complexa da discussão acerca das vacinas.
A despeito da tragédia da pandemia, que já matou mais de 200 mil brasileiros, elas são produtos, e suas fabricantes, empresas listadas em Bolsa que querem lucrar com eles.
Isso ajuda a explicar a queda de braço entre o Butantan e a criadora da Coronavac, a Sinovac, que proibiu a divulgação de dados só do estudo brasileiro no fim do ano passado. O instituto paulista já formula e vai fabricar o imunizante no país, provavelmente a partir de meados do ano.
O laboratório Sinovac viu discrepâncias entre dados do estudo indonésio (65,3% de eficácia geral para uso emergencial), turco (91,25% em resultados preliminares) e o brasileiro, algo natural, dado que eles não foram aplicados na mesma população.
Comercialmente, contudo, o interesse chinês é ter um número unificado. A disputa Pequim-Ocidente se replica.
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O ESTADO DE S.PAULO
Anvisa decide domingo sobre 2 vacinas
Agência analisa pedidos para uso emergencial da Coronavac, do Butantã, e do imunizante de Oxford, que será produzido pela Fiocruz
Mateus Vargas
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai realizar reunião de diretoria colegiada no domingo para decidir sobre pedidos de uso emergencial das vacinas Coronavac e de Oxford/AstraZeneca contra a covid-19. “Para tanto, faz-se necessária a entrega, em tempo hábil para análise, dos documentos faltantes e complementares”, afirma a agência.
A diretoria da Anvisa é formada por cinco diretores, sendo o médico e contra-almirante Antonio Barra Torres o presidente do órgão. A data da reunião será no penúltimo dia de prazo estimado pela própria agência para análise dos pedidos.
Segundo painel publicado no site da Anvisa, o Instituto Butantã, ligado ao governo paulista, ainda não apresentou 5,47% dos documentos exigidos para o uso emergencial da Coronavac e 37,64% da documentação ainda está “pendente de complementação”. Já 16,19% estão em análise e 40,7% dos documentos tiveram a avaliação concluída.
O governador João Doria (PSDB) tem cobrado urgência da Anvisa na liberação do uso da Coronavac, desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Já a Fiocruz apresentou todos os documentos exigidos para liberar o uso emergencial da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica britânica AstraZeneca.
Conforme a Anvisa, 14,44% da documentação ainda está “pendente de complementação”. Outros 53,17% estão em análise e 32,39% dos documentos tiveram a avaliação concluída.
Data.
O governo federal afirma que no melhor cenário começará a vacinar em 20 de janeiro. Para isso, depende do aval da Anvisa.
Cerca de 50 países já iniciaram a vacinação contra o novo coronavírus, incluindo latino americanos como México e Argentina.
A Pfizer também discute um pedido de uso emergencial da sua vacina à Anvisa.
Ontem, a empresa teve nova reunião com a agência, mas ainda não encaminhou essa análise. Nos bastidores, a empresa afirma que aguarda avançar um contrato com o Ministério da Saúde para entrar com a documentação.
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O GLOBO
Brasil registra maior média móvel de casos de Covid-19 desde o começo da pandemia
Cálculo aponta que, em média, 54.784 pessoas foram diagnosticadas com coronavírus por dia no país na última semana
Evelin Azevedo
RIO – A média móvel de casos de Covid-19 bateu um novo recorde nesta terça-feira, chegando a 54.784. Isto significa que, nos últimos sete dias, essa foi a média de diagnósticos positivos para o novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, foram notificados 61.660 casos da doença, elevando para 8.195.493 o total de pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 em território brasileiro. Também foram registradas 1.109 novas mortes, totalizando 204.726 vidas perdidas. A média móvel de óbitos ficou em 993, quebrando a sequência de dois dias acima de mil.
A “média móvel de 7 dias” faz uma média entre o número do dia e dos seis anteriores. Ela é comparada com média de duas semanas atrás para indicar se há tendência de alta, estabilidade ou queda dos casos ou das mortes. O cálculo é um recurso estatístico para conseguir enxergar a tendência dos dados abafando o “ruído” causado pelos finais de semana, quando a notificação de mortes se reduz por escassez de funcionários em plantão.
Os estados que mais notificaram novos casos de Covid-19 foram São Paulo (12.702), Paraná (8.927) e Minas Gerais (7.826). Já os estados que registram mais mortes foram São Paulo (283), Rio de Janeiro (205) e Rio Grande do Sul (121).
Os dados são do consórcio formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo e reúne informações das secretarias estaduais de Saúde divulgadas diariamente até as 20h. A iniciativa dos veículos da mídia foi criada a partir de inconsistências nos dados apresentados pelo Ministério da Saúde.
A CoronaVac, vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, tem uma eficácia global de 50,38%, anunciou nesta terça-feira o governo de São Paulo. Os dados incluem os voluntários do teste clínico que contraíram a doença, mas tiveram casos leves, o que mostra que o imunizante é capaz de proteger contra formas graves da Covid-19. A vacina supera o índice recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar do valor ser menor do que o índice 78% de eficácia anunciado inicialmente em relação a casos moderados.
A taxa global é menor do que os 78% porque inclui casos muito leves de coronavírus, ou seja, mesmo que a pessoa tenha se infectado, pode ter sido assintomática ou não ter necessitado de hospitalização. Para casos moderados e graves da Covid-19 – com hospitalização, incusive em UTIs -, a eficácia do imunizante foi de 100%.
Alguns dos principais nomes das áreas médica e científica do país, que haviam alertado para a falta de dados detalhados da CoronaVac, foram convidados a participaram da coletiva de imprensa no Instituto Butantan. Após serem informados sobre o dado, defenderam o início da vacinação assim que houver aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Cerca de 10 nomes de peso estiveram presentes hoje no Instituto Butantan para destacar a segurança do imunizante.
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Saúde desiste de vermífugo anunciado como eficaz
Bolsonaro e Marcos Pontes apresentaram, em outubro, a nitazoxanida como remédio para tratamento precoce contra Covid-19
ADRIANA MENDES
0 Ministério da Saúde informou à Câmara dos Deputados que decidiu não incorporar a nitazoxanida, vermífugo também conhecido comercialmente como Annita, para o tratamento da Covid-19 na rede pública de saúde. Anunciado anteriormente como eficaz pelo governo, o medicamento não consta no rol de compras e distribuição do SUS.
“A nitazoxanida não consta nas orientações deste Ministério da Saúde para o tratamento da Covid-19, e também não se encontra incluída na Relação Nacional de Medicamentos, de forma que esse medicamento não é adquirido ou financiado com recursos federais do SUS”, diz o texto enviado à Câmara em resposta a pedido de informações do PSOL.
Em evento no Palácio do Planalto, em outubro, com o presidente Jair Bolsonaro e Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, o governo afirmou ter comprovado que a nitazoxanida reduziría a carga viral de pacientes infectados com Covid-19 nos primeiros dias de sintomas.
Os testes em humanos foram anunciados por Pontes em abril, após pesquisas em laboratório. Na época, o ministro afirmou que os resultados seriam apresentados em quatro semanas, e especialistas questionaram a taxa de eficácia apresentada com base em estudos preliminares na fase in vitro. Pontes admitiu que sua previsão inicial foi otimista demais.
CLINICAMENTE INEFICAZ
Os pesquisadores responsáveis pelo teste clínico do vermífugo no Brasil publicaram artigo no qual afirmam que o medicamento se mostrou clinicamente ineficaz e não superou o placebo na melhora de sintomas de pacientes. O único efeito positivo verificado é um desfecho secundário, a presença do vírus nos pacientes medida no quinto dia de tratamento. A posição secundária atribuída a esse critério significa que o estudo não foi desenhado para avaliar carga viral.
O pedido de informações encaminhado pelo PSOL questionava a pasta da Saúde sobre os planos do governo para uso do medicamento na rede pública de saúde e a previsão de compra do remédio.
Para a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), o Ministério da Ciência e Tecnologia e o presidente incentivaram o uso do medicamento “demonstrando irresponsabilidade e desinformação”.
O ministério investiu milhões num estudo sobre a nitazoxanida, mesmo que a comunidade científica internacional já tivesse negado sua eficácia. Insistiram no estímulo ao uso, também através das redes sociais do próprio presidente da República – disse Sâmia.
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CORREIO BRAZILIENSE
Saúde força uso da cloroquina
Por meio de um ofício enviado à secretaria de Saúde de Manaus, Shadia Hussami Hauache Fraxe, no último dia 7, o Ministério da Saúde pressionou a gestão municipal a utilizar medicamentos antivirais sem qualquer comprovação científica. O documento é assinado pela secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Isabel Correia Pinheiro, e diz ser “inadmissível” a não adoção da referida orientação.
O ministério tem prescrito a utilização da ivermectina e da cloroquina. Mas, em documento com orientações do MS, “para manuseio medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da covid-19” (nota informativa nº17/2020), de agosto do ano passado, a pasta orienta o uso de cloroquina e azitromicina para o tratamento de paciente com sintomas leves da covid-19.
Na nota, a pasta justifica que considera “a larga experiência do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças crônicas no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde), e a inexistência, até o momento, de outro tratamento eficaz disponível para covid-19”. Durante o evento em Manaus, ao falar sobre recursos executados no estado do Amazonas, Mayra afirmou que foram distribuídos e entregues em janeiro “120 mil comprimidos de hidroxicloroquina para o tratamento precoce da doença e mais de nove mil unidades de medicamentos para uso durante a intubação”.
Ontem, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre o assunto, dizendo que precisou intervir em Manaus porque a cidade não estava fazendo “tratamento precoce” na população diagnosticada com covid-19, e que, por isso, houve aumento de mortes. Ele voltou a defender o uso dos medicamentos.
Ao Correio, o ministério afirmou que o tratamento precoce aumenta as chances de recuperação dos infectados. “Reforçamos que o protocolo está a critério dos profissionais de saúde, em acordo com a vontade dos pacientes, e que cabe ao ministério orientar as medidas preventivas e de atendimento precoce contra a covid-19”, explicou em nota. (MEC e ST)
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Uso emergencial: sinal verde pode vir domingo
Diretoria colegiada da Anvisa se reúne para decidir sobre a liberação para que as vacinas da Fiocruz e do Butantan possam ser aplicadas em grupos específicos da população, dando início à campanha de imunização. E a CoronaVac apresenta 50,4% de eficácia global
MARIA EDUARDA CARDIM SARAH TEÓFILO
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reúne, no próximo domingo, para decidir sobre os pedidos de autorização para uso emergencial das vacinas CoronaVac, do Instituto Butantan com a farmacêutica Sinovac, e do imunizante da Universidade de Oxford e da AstraZeneca, que será replicada no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A expectativa é de que seja anunciada a liberação dos dois medicamentos faltando um dia para o fim do prazo, de 10 dias, previsto em lei para que a agência analise a autorize os imunizantes.
A Anvisa ressaltou, em comunicado divulgado ontem, que os documentos que faltam ser entregues pelas duas instituições de pesquisa precisam ser enviadas para análise, pois, do contrário, pode haver atrasos no anúncio da liberação para uso emergencial. Até ontem à tarde, segundo o painel de controle da Anvisa, 14,4% da documentação da Fiocruz estavam pendente de complemento.
Já o Butantan ainda precisava entregar 5,5% da documentação, e complementar outros 37,6%. O diretor do instituto, Dimas Covas, frisou, ontem, que demandas por parte da Anvisa extras são esperadas.
Eficácia da vacinaApós questionamentos sobre o percentual de cobertura da CoronaVac, anunciada na última semana, o Butantan e o governo de São Paulo divulgaram ontem que a eficácia global do imunizante contra a covid-19 é de 50,38%. Na semana passada, havia sido anunciada uma abrangência de 78% para casos leves e de 100% para graves, mas estes números são recortes do estudo do medicamento. Observando toda a amostra, chega-se à eficácia geral, que é o principal indicador da pesquisa e cujo número é menor.
Assim, os números mostram que a vacina protege pouco mais da metade das pessoas contra o vírus. O índice atende à cobertura mínima recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 50%, percentual que também é adotado pela Anvisa. Conforme estudo, dos voluntários vacinados com a CoronaVac que contraíram o vírus, 77,96% não manifestaram nem sintomas leves da doença.
Apesar de o governo de São Paulo ter indicado que a eficácia da vacina em casos graves e moderados é de 100%, o diretor-médico de pesquisa do Butantan, Ricardo Palácios, disse que o significado estatístico desse número não é válido, porque o número de infectados que precisaram de hospitalização no total é pequeno: não houve nenhum caso grave de covid-19 no grupo que recebeu a vacina, em comparação com o grupo que recebeu placebo, com sete casos graves.
Na entrevista do Butantan, foram convidados diversos especialistas para comentarem os estudos. Sérgio Cimerman, médico infectologista do Hospital Emílio Ribas, destacou que “os dados (da coberturea global da CoronaVac) podem saltar aos olhos da população e de outras pessoas como baixo, mas não é”.
Já Natália Pasternak, bióloga e presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), frisou que não é preciso dizer “que essa é a melhor vacina do mundo”. “A gente tem que dizer que essa é a nossa vacina, uma vacina possível, uma boa vacina”, ressaltou.
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AGÊNCIA BRASIL
Planos de saúde criam alternativas para consumidor manter benefício
Os reajustes anuais e por mudança de faixa etária de planos de saúde foram suspensos entre setembro e dezembro do ano passado, por determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e devem ser cobrados em 12 parcelas a partir deste mês. Com o adiamento dos reajustes que seriam realizados para compensar os gastos das operadoras no período anterior, as empresas poderão fazer a cobrança de dois reajustes anuais, dependendo da data-base da aplicação a ser considerada.
Com a pandemia do novo coronavirus, o plano de saúde pode pesar no bolso dos consumidores diante do desemprego crescente no país, que reduziu os ganhos e o consumo. O problema levou a Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab) a orientar as empresas do setor a criarem alternativas para os consumidores. De acordo com a entidade, pelo menos 20 novos produtos foram criados até o momento para atender os consumidores que desejam manter o benefício e migrar de plano, com preços mais acessíveis após o reajuste que está sendo aplicado.
A Anab representa as empresas gestoras e comercializadoras de planos de saúde coletivos, em que o benefício é vinculado a alguma empresa ou entidade de classe a que o consumidor esteja ligado. Segundo a ANS, existem cadastradas no Brasil 168 administradoras de benefícios. Cerca de 6,2 milhões de clientes têm planos da modalidade coletivo por adesão, dos quais em torno de 3 milhões contam com a atuação de uma administradora.
Opções
O presidente da Anab, Alessandro Acayaba de Toledo, disse que as empresas associadas estão atuando para ‘orientar os consumidores a fazerem seus cálculos e a optar por alternativas muito próximas ao produto que já dispunham e, assim, manter o plano de saúde, que é tão importante, sobretudo em meio a uma pandemia”. A redução dos valores ocorre, normalmente, pela oferta de redes credenciadas de alcance regional, com foco em necessidades locais; e também por parcerias com operadoras verticalizadas, isto é, que têm seus próprios locais de atendimento ao paciente.
Dados da Anab mostram que, nos últimos oito anos, a diferença entre o valor pedido pelas operadoras para o reajuste anual e o efetivamente cobrado dos clientes das administradoras de benefícios alcançou R$ 6 bilhões, com queda de 54%, o que gerou economia mensal por beneficiário de R$ 131. Toledo informou que o reajuste médio aplicado pelas administradoras nos contratos que venceram em 2020 e está sendo aplicado em 2021 ficou em 15,3%, depois das negociações com as operadoras. O valor médio pago pelos beneficiários é de R$ 837.
Planos
No Brasil, 47,1 milhões de pessoas têm plano de saúde privado, o que corresponde a pouco menos de 25% da população. São três os planos praticados no país: individual ou familiar, coletivo empresarial e coletivo por adesão. Os consumidores se dividem entre pessoas físicas, que contratam o plano por conta própria, e pessoas jurídicas, em que o plano é um benefício oferecido pela empresa em que as pessoas trabalham ou pela entidade de classe a que pertençam.
A Anab sustentou que todos os planos de saúde têm regras estabelecidas pela ANS. Os planos individuais têm o percentual de reajuste definido pela agência reguladora, enquanto os planos coletivos obedecem à livre negociação entre a operadora e as empresas, associações de classe ou sindicatos, devendo comunicar o percentual de reajuste à ANS.
A Anab chamou a atenção para o fato de que, além dos reajustes anuais, pode haver também reajuste por mudança de faixa etária para alguns beneficiários. Nos contratos celebrados até janeiro de 1999, prevalece o que foi estabelecido na época. Planos a partir de janeiro de 1999 até 1º de janeiro de 2004 têm sete faixas, sendo a primeira entre 0 e 17 anos e a última faixa com 70 anos ou mais. Contratos firmados após 1º de janeiro de 2004 contêm dez faixas, sendo a primeira entre 0 e 18 anos e a última com 69 anos ou mais. Pela Resolução Normativa ANS nº 63/2003, o valor fixado para a última faixa etária não pode ser superior a seis vezes o valor da primeira faixa (0 a 18).
Procon
O órgão de defesa do consumidor do município do Rio de Janeiro esclareceu que apesar da permanência do estado de calamidade pública em função da covid-19, a medida que suspendeu o reajuste não foi estendida, o que permite que as operadoras cobrem o aumento a partir deste ano.
O Procon alertou, entretanto, que o consumidor precisa saber de algumas regras para recorrer de alguma cobrança indevida. A primeira delas é que, de acordo com a ANS, o reajuste deve ser parcelado em pelo menos 12 vezes sem juros. Outra observação a ser feita é sobre a data de aniversário do contrato e quando foi feita a suspensão da cobrança, porque os reajustes serão relativos apenas aos meses que não tiveram o valor aplicado.
O órgão de defesa do consumidor do município lembra que o valor máximo do reajuste para planos individuais é de 8,14%. Para os planos coletivos, não há essa limitação e o cálculo é feito de acordo com a sinistralidade da carteira de clientes.
A coordenadora do Procon, Renata Ruback, afirmou que os consumidores que tiverem qualquer problema com a cobrança devem registrar reclamação no órgão. ‘Caso seja verificada abusividade, a operadora pode ser multada e o consumidor ter o valor cobrado indevidamente restituído”, disse Renata. Ela lembrou que a determinação da ANS não impede que o consumidor que esteja em dificuldades financeiras negocie com a empresa uma proposta com melhores condições de pagamento. ‘Vimos casos em que a operadora isentou a cobrança da parcela de janeiro, por exemplo”.
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AGÊNCIA BRASIL
Projeto prevê dedução do Imposto de Renda para médicos e clínicas que prestarem atendimento gratuito
Dedução é limitada a 70% do valor pago pelo SUS para consulta ou exame semelhante
O Projeto de Lei 4757/20 permite a dedução do imposto de Renda para médicos e clínicas que prestarem serviços de saúde gratuitos. Pela proposta, o montante da dedução é limitado a 70% do valor pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para consulta ou exame semelhante realizado em hospital conveniado. O texto ressalva que não devem ser considerados, para o cálculo da dedução, os atendimentos ou exames pagos pelo SUS.
O projeto estabelece que a pessoa física ou pessoa jurídica de direito privado solicite o reconhecimento do direito à dedução ao Ministério da Saúde, em formulário próprio, com o número e o tipo de serviços gratuitos a serem realizados. Pela proposta, o médico ou a clínica deve apresentar, anualmente, até 30 de abril, relatório circunstanciado de suas atividades no exercício anterior.
Segundo o autor da proposta, deputado Hercílio Coelho Diniz (MDB-MG) , existe uma enorme demanda por serviços de saúde gratuitos no País, sobretudo, pelo fato de apenas um terço da população possuir plano de saúde.
“Desse modo, todas as partes envolvidas são beneficiadas. O Estado ganha com a economia de recursos, o médico recebe um estímulo para realização de trabalho voluntário na comunidade onde atua e o cidadão de baixa renda terá ampliada a oportunidade de usufruir serviços de saúde de qualidade”, explica Diniz
Tramitação
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
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EL PAÍS
Marketing de Doria para divulgar Coronavac sai pela culatra e alimenta movimento antivacina
Governador apostou por amplificar dados positivos, e uma primeira fala à imprensa, e adiou divulgação dos números globais da pesquisa. Vacina do Butantan já lida com xenofobia anti-China estimulada pelo bolsonarismo
Felipe Betim
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Uma sucessão de erros de marketing político do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que aposta na vacina contra a covid-19 como um trampolim para sua ambição de se candidatar à presidência do Brasil, vem alimentando o descrédito em torno da Coronavac, desenvolvida pelo estatal Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e dando ainda mais fôlego a movimentos antivacina no Brasil, segundo avaliam renomados cientistas sem ligação com a gestão estadual. A vacina tem uma eficácia global de 50,38%, conforme foi divulgado nesta terça-feira. O número é considerado bom e dentro dos limites aceitos pela comunidade científica, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Contudo, o Governo estadual havia apostado na semana passada em divulgar apenas os resultados parciais e, à primeira vista, mais positivos. Autoridades anunciaram na última quinta-feira que o imunizante tinha uma eficácia de 78% para prevenir casos graves, moderados ou leves de covid-19, e de 100% para casos graves ou moderados. Os números foram apresentados em coletiva de imprensa com a presença do governador Doria, mas foram ignoradas as cifras de casos muito leves da doença. Considerando também esses casos, chega-se a uma eficácia geral de 50,38%. Isso significa que de um grupo de 4.599 voluntários que receberam placebo nos testes, 3,6% pegaram covid-19. Entre os 4.653 voluntários que receberam a vacina, 1,8% contraíram a doença. Ou seja, a pessoa que foi vacinada tem metade da chance de ficar doente.
Para que esse dado viesse à luz nesta terça-feira, foi necessário pressionar o Governo estadual para que liberasse os dados completos da pesquisa. Mas dessa vez Doria não compareceu à coletiva de imprensa. ‘Foi extremamente prejudicial essa tentativa de fazer o resultado parecer mais favorável, de anunciar uma eficácia de 78%, que não é a eficácia real. Isso gera insegurança e muita dúvida na população’, explica a médica epidemiologista Denise Garrett ao EL PAÍS. Com isso, o risco é de que o principal fique de fora: ‘O que temos é uma vacina com 50% de eficácia, que deve ser usada e já vai ajudar. É nisso que temos que estar focando’, acrescentou.
Natalia Pasternak, doutora em microbiologia e presidente do Instituto Questão de Ciência, participou da entrevista coletiva nesta terça-feira e resumiu a questão da seguinte maneira: ‘Temos uma boa vacina. Não é a melhor vacina do mundo, não é uma vacina ideal, é uma boa vacina que tem a sua eficácia dentro dos limites do aceitável’, explicou a pesquisadora. Ela enfatizou que a vacinação não é o fim da pandemia, o começo de seu fim. ‘Eu quero essa vacina, eu quero que meus pais tomem essa vacina, essa é uma vacina possível para o Brasil, compatível para nossa produção local. Uma vacina só e tão boa quanto a sua capacidade de vacinação’.
Uma pesquisa Datafolha de dezembro mostrou que metade da população rejeita a Coronavac, pejorativamente chamada de ‘vacina chinesa’. Esse descrédito vem sendo estimulado inclusive pelo presidente Jair Bolsonaro, que vem boicotando as medidas de combate à pandemia e negando sua gravidade. Bolsonaro também diz que não será obrigatório se vacinar e diz que todos os imunizantes são ‘experimentais’ e, portanto, arriscados. Nesta terça, após o anúncio paulista, boa parte da tropa bolsonarista, incluindo os filhos do presidente, foram às redes sociais criticar Doria e fazer ilações sobre o imunizante. O Governo federal aposta desde o início no imunizante da AstraZeneca/Oxford, que será produzido no Brasil pela Fiocruz, mas também teve que ceder à pressão e já anunciou que vai comprar a Coronavac para distribuir na campanha nacional de vacinação, a ser comandada pelo gigantesco sistema público de saúde, o SUS.
Com os números apresentados nesta terça, a comunidade científica prevê que quase 100% da população deverá ser vacinada com a Coronavac para que se consiga a chamada imunidade de rebanho. O desafio, agora, será fazer uma comunicação de massa eficaz para driblar os grupos antivacina. ‘Esses discursos afetam muito. A gente percebe quando escuta do velhinho que, em tese, é uma pessoa que não tem paixão política, que não é uma pessoa engajada em rede social, mas ele está dizendo que não vai tomar vacina da China’, explicou Carlos Lula, presidente o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), em entrevista ao EL PAÍS. ‘Isso é preocupante demais. Quando chega a este nível de debate é porque já foi pro imaginário social. Nosso trabalho na vacinação é desconstruir o imaginário social de que o que vem da China é ruim.’
Histórico de críticas a Doria
A estratégia do Governo estadual já vinha sendo criticada mesmo antes da semana passada por causa de uma série de recuos na divulgação dos dados. A gestão Doria chegou a anunciar que dados preliminares seriam apresentados no dia 12 de dezembro, mas depois recuou e disse que apresentaria dados consolidados para pedir o registro definitivo -e não mais a autorização para uso emergencial à Anvisa. Nos dias seguintes, porém, voltou atrás e disse que solicitaria as duas autorizações, com o objetivo iniciar a vacinação no dia 25 de janeiro.
A data para apresentação dos dados foi passada então para o dia 23 de dezembro. Nesse dia, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, limitou-se a dizer os testes mostraram que a Coronavac atingira ‘o limiar da eficácia’ pedido tanto pela Anvisa quanto pela OMS, mas mais uma vez adiou a apresentação de dados concretos. Ficou de fora também o governador Doria, que havia viajado para Miami e não participou da entrevista coletiva.
Somente na coletiva de imprensa de 7 de janeiro, última quinta-feira, é que os dados finalmente foram apresentados. Mas ainda assim de forma incompleta, frustrando a expectativa da comunidade científica no Brasil.
Por sua vez, a vacina da Astrazeneca/Oxford possui uma eficácia média de 70%. De acordo com o laboratório, o imunizante atingiu uma eficácia mínima de 62%, mas pode chegar a uma eficácia de 90%. A análise dos dados foi feita de forma combinada, a partir dos testes da fase 3 feitos em diferentes países, o que também gerou críticas da comunidade científica.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação