Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 13 A 15/02/16


ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.


DESTAQUES

• Pacientes reclamam da demora no atendimento em unidades de saúde de Goiânia
• Cristiane Kobal tira dúvidas de telespectadores sobre doenças do Aedes Aegypti
• Como montar uma universidade corporativa no seu Hospital?
• Muitas ideias, poucos resultados
• Cartas dos Leitores – Infectologistas
• Cartas dos Leitores – Repasses do SUS
• Goiás confirma 66 casos da doença
• Secretaria teria repassado R$ 53 mi
• Aedes aegypti já se tornou mosquito doméstico, alerta epidemiologista

 


TV ANHANGUERA/GOIÁS

Pacientes reclamam da demora no atendimento em unidades de saúde de Goiânia
http://g1.globo.com/goias/jatv-2edicao/videos/t/edicoes/v/pacientes-reclamam-da-demora-no-atendimento-em-unidades-de-saude-de-goiania/4810962/ (13/02/16)


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Cristiane Kobal tira dúvidas de telespectadores sobre doenças do Aedes Aegypti
http://g1.globo.com/goias/jatv-1edicao/videos/t/edicoes/v/cristiane-kobal-tira-duvidas-de-telespectadores-sobre-doencas-do-aedes-aegypti/4809716/ (13/02/16)

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SAÚDE BUSINESS

Como montar uma universidade corporativa no seu Hospital?

Por Daniel Raizer Heller*

Você já ouviu falar em universidade corporaHomem é preso suspeito de vender drogas dentro do Hospital Geral de Palmas
tiva? O modelo chegou ao segmento de saúde e tem promovido a formação continuada de profissionais, alavancando assim o desenvolvimento do segmento hospitalar. Ao contrário do que muitos imaginam, a implantação de uma universidade corporativa não requer um projeto grandioso, com alto investimento em equipamentos, estúdio e equipe para produção de conteúdo. Neste post você vai perceber que o seu hospital já tem tudo o que precisa para criar um grupo de multiplicadores e começar a disseminar o conhecimento.
A autora Jeanne C. Meister cita no livro Educação Corporativa alguns dos fatores que estão impulsionando o avanço da universidade corporativa. Ela destaca a mudança da hierarquia vertical para horizontal, a formação de equipes mais enxutas e flexíveis, a consolidação da economia do conhecimento e redução do prazo de validade das informações, devido às constantes mudanças. O perfil dos profissionais das novas gerações também interfere no ambiente de trabalho, fazendo com que as novas metodologias para difusão do conhecimento ganhem força.

Entenda o propósito da universidade corporativa
O segmento de saúde registra uma alta rotatividade e a cada contratação de colaboradores é preciso transmitir os processos internos e a política da organização aos profissionais recém-chegados. Mas, a produtividade e a qualidade do atendimento ao público externo poderão ser impactadas se cada setor tiver que interromper suas atividades para treinar os novos colaboradores. É muito mais simples gravar um vídeo com as informações que, além de documentar os processos, pode ser visto quantas vezes forem necessárias, em qualquer lugar e horário. Esse é o papel da universidade corporativa nos hospitais: criar e armazenar conteúdos para uso interno, proporcionando a capacitação e o desenvolvimento da equipe.

Como montar uma universidade corporativa no seu hospital?
Conhecimento e informação são os pontos mais importantes da universidade corporativa, então elabore o seu planejamento focando nisso. Depois, selecione os profissionais que irão transmitir as informações. Você pode formar um grupo de multiplicadores de conhecimento, que periodicamente podem gerar novos conteúdos. Não se preocupe tanto em relação à tecnologia, os vídeos podem ser gravados usando um smartphone, uma câmera fotográfica ou até mesmo a câmera interna de um notebook. Os vídeos produzidos podem ficar disponíveis em plataformas gratuitas como o Moodle, que é focada em e-learning, ou no próprio Vimeo, basta criar um canal privado e liberar o acesso somente para seus colaboradores.

Quais conteúdos abordar no segmento hospitalar
A universidade corporativa de um hospital pode abordar inúmeros assuntos, desde como solicitar que a operadora de saúde autorize um procedimento, a forma adequada de fazer a administração e o controle de medicamentos, até boas práticas para o controle de infecção ou temas ainda mais específicos, como nefrologia ou neuropsicologia da memória. Os relatórios de gestão costumam apresentar os principais gargalos produtivos do hospital, ofereça conteúdos para resolvê-los. Com a universidade corporativa em funcionamento, o hospital estará criando um valioso banco de informações, com fluxos de trabalho e informações relevantes para a rotina hospitalar, visando à excelência no atendimento.
Você entendeu a importância da universidade corporativa para o segmento hospitalar? As formas de consumir a informação mudaram e o segmento de saúde precisa acompanhar essas mudanças. A universidade corporativa é uma alternativa acessível para a qualificação profissional de equipes de saúde. Ao implantá-la, crie estratégias que disseminem o conhecimento e promovam o desenvolvimento profissional e institucional.

*Eng Daniel Raizer Heller, Diretor de Healthcare da Teltec Solutions (13/02/16)

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O POPULAR
Muitas ideias, poucos resultados
Estratégias para conter proliferação do mosquito mostram pouca eficácia ou ainda não se tornaram solução para problema


Pedro Nunes

Drones para vistorias em imóveis fechados, mutirões em tempo recorde, peixes que se alimentam das larvas do mosquito Aedes aegypti e até distribuição de plantas que atraem predadores naturais. Essas são algumas das várias estratégias traçadas nos últimos anos no combate ao inseto em Goiás. Muitas delas inovadoras, mas nem todas tiveram andamento para acabar com o vetor de diversas endemias, como a dengue, o zika vírus, febre amarela e chikungunya. Apenas da dengue são quatro tipos de vírus, ou seja, uma mesma pessoa pode contrair a doença quatro vezes.
A tática mais recente é do governo federal, em parceria com as demais esferas do poder público, de preparação para uma verdadeira guerra. No último sábado, 13, foi o dia nacional de mobilização para o combate ao mosquito com ações em 350 municípios. O ministro do Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias esteve em Goiânia e, inclusive, vistoriou algumas residências em busca de focos.
O evento marcou o primeiro dia de atividade das Forças Armadas na campanha. Na semana passada os soldados e oficiais do Exército passaram por qualificação junto dos agentes de saúde. Os principais alvos em Goiás são as regiões mais populosas, como a Região Metropolitana de Goiânia e Anápolis.
E toda essa preocupação não é para menos. Mesmo diante de diversas tentativas, o Estado já vive situação de epidemia de dengue e, pela primeira vez neste ano, o número de notificações já superou as de 2015, quando Goiás enfrentou a pior epidemia de sua história ao registrar a maior incidência da doença em todo o País.
Os dados divulgados na última sexta-feira pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) mostram que até a quinta semana epidemiológica 19.762 notificações de dengue já foram contabilizadas. Em 2015, nesse mesmo período, foram 19.638 casos.
Isso não quer dizer que os dados estão fechados. Eles devem sofrer alterações já que nem todas as unidades de saúde repassam as informações no tempo correto e elas são incrementadas nos próximos boletins epidemiológicos equivalentes. Ou seja, o número de casos pode crescer ainda mais.
Esse, porém, não é o pior começo de ano da história de Goiás. Em 2013, em outra epidemia, até a quinta semana já tinham sido registrados 26.824 casos.
Mudas
Mesmo sem existir evidências de que dê certo, o proprietário de um viveiro em Vianópolis, a 100 quilômetros de Goiânia, decidiu distribuir no município sementes e mudas da planta Crotalária Juncea que são utilizadas no combate ao Aedes. A história de Carlos Alberto Correa foi mostrada pelo POPULAR no ano passado. Ele tomou a iniciativa depois de enfrentar cinco casos de dengue na família.
A mesma planta agora tem sido distribuída pelo Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo). A flor da Crotalária atrai a libélula, que é uma predadora natural de pequenos insetos como o da dengue. A libélula também coloca seus ovos em água parada e suas larvas se alimentam de larvas de mosquitos, o que contribuiria para a quebra da cadeia reprodutora do vetor.

Georreferenciamento para mapear focos

Ao invés dos focos de queimadas, a tecnologia de georreferenciamento do Corpo de Bombeiros será utilizada para encontrar os focos do mosquito Aedes aegypti em Goiás. As imagens que reconheciam os incêndios em tempo real foram readequadas, primeiramente, para as vistorias feitas nas quadras nos 246 municípios goianos.
O trabalho de vistoria dos imóveis no Estado é repassado para o Posto de Comando da corporação que lança num sistema de controle. “O levantamento feito por quadra em campo é preenchido numa ficha e repassada ao Posto de Comando, onde são lançadas no sistema, por exemplo, com focos encontrados ou imóveis fechados com lote e quadra especificados. Os números são atualizados de 30 em 30 segundos”, explica o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Pedro Carlos Borges.
Dessa maneira as quadras são identificadas por cores. As cinzas ainda não foram visitadas. Já as pintadas em vermelho foram vistoriadas e nelas foram encontrados focos do mosquito. Nas quadras amarelas alguns imóveis ou todos estavam fechados. E as identificadas em verde não contam com nenhum foco e nenhuma casa fechada. “Com isso podemos ter a informação em tempo real de todo o Estado. O município ou o prefeito, inclusive, pode acompanhar diariamente a cidade sendo ‘pintada’ durante as vistorias”, completa o tenente-coronel.
A intenção da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) agora é cruzar esses dados com os casos das doenças transmitidas pelo mosquito em cada município. “Com a localização georreferenciada das quadras onde existem casos de doenças transmitidas pelo mosquito, poderemos fazer o cruzamento de dados para ter ainda mais sucesso no combate ao vetor”, detalha a superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Maria Cecília de Brito.

Ipameri se destaca por iniciativas tomadas

As iniciativas tomadas pela prefeitura de Ipameri, a 180 quilômetros de Goiânia, no combate ao Aedes aegypti têm chamado a atenção. As ações do município renderam, neste ano, uma Carta Verde enviada pelo secretário Estadual de Saúde, Leonardo Vilela, parabenizando a cidade que se encontra em situação de "baixo risco para epidemia de dengue".
Atitudes, inclusive, inéditas. Antes do período letivo de cada ano a gestão municipal intensifica o trabalho de coleta de materiais recicláveis. Isso com a ajuda dos 26 mil habitantes. O incentivo é a troca dos itens plásticos, de pneus ou latinhas, por exemplo, por materiais escolares. O gerente de endemias da Secretaria Municipal de Saúde de Ipameri, Fabiano Gomes, conta que nesta edição já foram recolhidas mais de duas toneladas de utensílios que podem ser recuperados. “São possíveis criadouros do mosquito. E todos participam. Tem criança que chega até com a lista de material escolar específica para fazer a troca”, detalha.
Ao longo do ano as coletas não são deixadas de lado. Existe uma premiação que segue de fevereiro a novembro para os alunos que arrecadarem mais material reciclável nas 16 escolas participantes do município. “Aqueles que se destacam são premiados com bicicletas ou outros produtos”, exemplifica o gerente de endemias.
Peixe
E tem mais. Em outra atitude inovadora a cidade utiliza um peixe, o lebiste, de cerca de dois centímetros que se alimenta das larvas do mosquito. O peixe tem sido colocado em caixas d’água, cisternas e tanques abertos. O larvicida geralmente usado no combate ao vetor dura em torno de 60 dias. Já o peixe, que se reproduz rapidamente e custa poucos centavos, vive em torno de 10 anos. “Tivemos o apoio de biólogos que comprovaram que não faz mal algum para os humanos. Como o Ministério da Saúde tem disponibilizado poucos larvicidas, essa é mais uma alternativa que nós encontramos para a luta”, destaca Fabiano. (15/02/16)
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Secretaria teria repassado R$ 53 mi

A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) diz que foram destinados R$ 53 milhões para serem repassados às Organizações Sociais (OSs) que fazem a gestão dos hospitais públicos goianos. O superintendente de gestão, planejamento e finanças da pasta, Oldair Marinho, afirma que as transferências foram feitas na quinta-feira e ontem, com valores R$ 32 milhões e R$ 21 milhões respectivamente.
Marinho informa que esses repasses são referentes ao custeio das unidades e que boa parte dos fornecedores poderá receber. Mas ele afirma que a secretaria não interfere nessa relação com fornecedores. “Acompanhamos as despesas e só repassamos o valor específico para manutenção da unidade. A gestão é com a OS. Para isso foram chamadas.”
O superintendente diz que a pasta tem meios de acompanhar os custos. “Nós temos ferramentas que permitem o monitoramento da movimentação financeira da OSs. Acompanhamos tudo de perto para saber como o dinheiro público está sendo investido. Esses atrasos são esporádicos e não interferem no atendimento ao público.”
Com relação aos dados citados na reportagem publicada ontem no POPULAR, que mostra que o estado não havia repassado R$ 103 milhões às OSs gestoras dos hospitais estaduais, Marinho disse que os dados do Portal da Transparência precisam ser analisados sob outros aspectos, além do saldo a ser repassado. O primeiro é o cálculo do contrato de gestão para repasse de custeio mensal, que se refere a um teto e não necessariamente será repassado.
O valor efetivo do repasse está condicionado, segundo explica, à comprovação do serviço efetivamente prestado. De acordo com os contratos de gestão, cada OS tem uma margem de até 15% do valor do repasse para aplicar em investimentos. Algumas vezes, pontua ele, esse valor é retido. (13/02/16)
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Goiás confirma 66 casos da doença
Dayse Luan

A infectologista Christiane Kobal compartilhou em seu Facebook uma informação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) de que 57 casos da febre de Mayaro foram confirmados em Goiás.
A médica, que faz parte da diretoria do Hospital de Doenças Tropicais (HDT), explicou que suas redes sociais possuem caráter educativo, já que é seguida por vários colegas de profissão. Ela lembrou ainda que a população não tem como identificar a febre de Mayaro, já que tem sintomas parecidos com o da dengue.
Ontem, a SES divulgou relatório que confirma 66 casos da febre de Mayaro em Goiás. A febre é uma infecção causada pelo vírus MAYV, que é transmitido pelo mosquito Haemagogus, o mesmo que transmite a febre amarela silvestre. (13/02/16)
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Cartas dos Leitores – Repasses do SUS

O Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) esclarece que a resposta da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia sobre o pagamento dos honorários médicos para pessoa física, publicada ontem, é uma inverdade! Muitos médicos estão sem receber o pagamento de seus honorários desde outubro, em destaque, os profissionais do Hospital Araújo Jorge.
A falta de compromisso da gestão municipal com os médicos que atuam no SUS se estende também aos profissionais da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia e do Hospital Santa Genoveva, que também têm enfrentado nos últimos meses problemas com relação à falta de pagamento.
A justificativa de que os médicos que não receberam estão com pendências tributárias é inaceitável. Vários profissionais já entraram em contato com a diretoria do Fundo Municipal de Saúde (FMS) e com o Departamento de Recursos Humanos da SMS e nenhuma pendência que pudesse bloquear o pagamento foi encontrada. Esclarecemos ainda que vincular o não repasse por causa de eventual pendência tributária é ilegal, já que se baseia num decreto municipal, que não tem poder para se sobrepor ao Código Tributário Nacional nem à Constituição.
Esperamos que esse problema seja resolvido até a assembleia geral extraordinária dos médicos do Hospital Araújo Jorge, marcada para terça-feira, com indicativo de greve.

Rafael Cardoso Martinez – Presidente do Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás . (13/02/16)
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Cartas dos Leitores – Infectologistas

Bastante pertinente a reportagem Goiás tem 87 infectologistas, publicada dia 7. No entanto, discordo em relação ao fato de que doenças infecciosas podem prescindir da orientação, tratamento e seguimento por infectologista. As doenças endêmicas causam elevada morbimortalidade, que podem ser mais bem conduzidas pelo especialista. Em Goiás temos o privilégio de ter o Hospital de Doenças Tropicais dr. Anuar Auad (HDT/HAA), uma unidade voltada especificamente para assistência na área de doenças infecciosas onde, atualmente, contamos com mais de 30 infectologistas no quadro clínico.
Há mais de três décadas o HDT/HAA forma infectologistas e infectopediatras em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) e, há cinco anos, conta com residência própria da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). Apesar de sermos poucos e insuficientes – como foi explicitado por um dos médicos entrevistados, o dr. Boaventura Braz –, caso não houvessem os cursos de residência médica no hospital poderíamos estar em pior situação.
O infectologista é fundamental no tratamento de doenças como a aids, hepatites virais e infecções relacionadas à assistência à saúde, mais conhecidas como infecções hospitalares, além de atuar no controle e prevenção dessas e de outras patologias. O consórcio de especialistas, entretanto, é uma ideia que precisa ser mais bem avaliada pelas Secretarias de Saúde do Estado e do município. É importante salientar que não são apenas os infectologistas que fazem falta e ressaltar as várias situações adversas e complicadas vividas por médicos clínicos gerais nas unidades básicas de saúde.

Letícia Aires é médica infectologista Setor Marista – Goiânia . (13/02/16)
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AGÊNCIA BRASIL
Aedes aegypti já se tornou mosquito doméstico, alerta epidemiologista
O Aedes aegypti se dispersou pelo mundo a partir da África
  
Há cerca de 50 anos, o Aedes aegypti iniciava um processo de transição de mosquito selvagem para urbano. Originário do Egito, o mosquito se dispersou pelo mundo a partir da África: primeiro para as Américas e, em seguida, para a Ásia.
As teorias mais aceitas indicam que o Aedes tenha se disseminado para o continente americano por meio de embarcações que aportaram no Brasil para o tráfico de negros escravizados. Registros apontam a presença do vetor em Curitiba, no final do século 19, e em Niterói (RJ), no início do século 20.
Ao chegar às cidades, o Aedes passou a ser o responsável por surtos de febre amarela e dengue. A partir de meados dos anos 1990, com a classificação da dengue como doença endêmica, passou a estar em evidência todos os anos, principalmente no verão, época mais favorável à reprodução do mosquito.
A infecção se dá pela fêmea, que suga sangue para produzir ovos. Uma vez infectado, o mosquito transmite o vírus por meio de novas picadas. Atualmente, o inseto transmite, pelo mesmo processo, febre chikungunya e zika.
Em entrevista à Agência Brasil, o epidemiologista e secretário-geral da Sociedade Brasileira de Dengue e Arbovirose, Luciano Pamplona, disse que o Aedes aegypti já pode ser considerado um mosquito doméstico. “Ele é praticamente um bichinho de estimação”, disse Pamplona, que também é professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Dados do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), do Ministério da Saúde, apontam que, no Nordeste, o principal tipo de criadouro do mosquito são tonéis e caixas d’água. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o depósito domiciliar, categoria em que se enquadram vasos de plantas e garrafas, predomina como criadouro do vetor. No Norte e no Sul, a maior parte dos criadouros do mosquito está no lixo.
Confira abaixo a entrevista com o especialista:
O Aedes aegypti se adaptou ao longo dos anos?
Luciano Pamplona: Com certeza. Registros de 40 ou 50 anos atrás indicam que, naquela época, ele estava se tornando um mosquito urbano. Essa transição aconteceu de forma bastante acelerada. Hoje, ele é um mosquito doméstico, totalmente adaptado aos nossos hábitos domiciliares. A principal prova disso é o mapa com os principais criadouros do país. Em torno de 80% a 90% dos focos do vetor estão dentro das casas das pessoas.
O Aedes já se reproduz em água suja e não mais apenas em água limpa?
Pamplona: O que é água limpa pra você? Para o mosquito, é apenas uma água que não tem matéria orgânica em decomposição e que não está turva. Isso basta. Em uma fossa, por exemplo, quando o sedimento desce, a água se torna limpa para ele. Por isso, a definição de água limpa para o mosquito é muito relativa. E mais: se não houver um recipiente com água limpa, ele procura a menos limpa, até chegar ao esgoto. Tudo pode se transformar em foco.
Qual o ambiente considerado ideal pelo Aedes para se reproduzir?
Pamplona: Muita gente acha que a fêmea do mosquito coloca o ovo na água, mas, na verdade, ela coloca na parede dos depósitos. Ela precisa que o recipiente tenha paredes. Por isso, não pode colocar ovos em rios, por exemplo. O fato de a água estar parada ou não influencia pouco. Mas a fêmea tem sim preferência por água parada, locais mais escuros, paredes porosas que fixem melhor os ovos e pouco movimento. São esses os depósitos predominantes para o mosquito.
É verdade que o Aedes já consegue chegar a alturas mais elevadas?
Pamplona: Quem mora em apartamento chega em casa de que forma? Pelo elevador. E o mosquito faz isso da mesma maneira que nós. Na prática, o fato de não voar grandes altitudes não impossibilita que ele chegue até locais mais altos. Como nós, ele também sobe de elevador, anda de carro, viaja de avião. O mosquito se locomove utilizando os mesmos mecanismos que a gente. Onde a gente vai, ele vai atrás.
O Aedes é capaz de espalhar o vírus Zika de forma mais rápida que a já conhecida dengue?
Pamplona: Vivemos um momento de muita especulação. Sabe-se pouca coisa sobre o Zika. É uma doença que de pouquíssima gravidade e que, em 80% dos casos, não causa nenhum sintoma. As três pessoas que morreram por Zika podem ter fatores associados e que provavelmente contribuíram para o óbito. No caso da dengue, temos mais de 800 pessoas morrendo por ano no Brasil. O fato é que ainda temos muito mais perguntas que respostas. Creio que vamos demorar um bom tempo estudando o vírus Zika. (14/02/16)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação