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DESTAQUES
• OPME: uma conta perigosa e compartilhada
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SAÚDE BUSINESS 365
OPME: uma conta perigosa e compartilhada
Autor: Paulo Sardinha*
“Somos todos vítimas do esquema. Há um princípio bem simples na Economia: um serviço com uma base coletiva, como é o caso do SUS e dos planos, é financiado por todos
Há alguns dias vimos estourar na imprensa uma denúncia da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) sobre a Máfia das Próteses. A entidade que representa os planos de saúde – que por sua vez tem nas empresas uma parcela significativa de clientes – denunciou um esquema fraudulento e escandaloso que envolve profissionais, hospitais e fabricantes de órteses, próteses e materiais especiais – as chamadas OPMEs -, e que lesa pacientes, o Sistema Único de Saúde (SUS), as operadoras e à sociedade como um todo.
Aí está o ponto X da questão. Somos todos vítimas do esquema. Há um princípio bem simples na Economia: um serviço com uma base coletiva, como é o caso do SUS e dos planos de saúde, é financiado por todos. Assim, as fraudes da Máfia das Próteses, além de colocarem em risco a saúde e a vida de inúmeros pacientes, encarecem todo o sistema. Há um efeito cascata. Os altos custos impostos a esses prestadores, muitas vezes por força de liminares, são repassados aos beneficiários e à população. Quem paga a conta das negociatas somos nós.
Em uma década, o percentual médio dos gastos com o benefício saúde saltou de aproximadamente 3% para, em vários casos, chegar a mais de 11% em relação a folha de pagamento das empresas. Reajustes sistemáticos acima do IPCA provocaram esta realidade indesejada. Convivemos com alguns “ofensores” de custos médicos lícitos: novas tecnologias em diagnóstico, novos medicamentos, maior longevidade da população e maiores coberturas incorporadas a cada dois anos pela agência reguladora. Apesar de dificuldades na hora de pagar a fatura, podemos compreender a conta. O que não é compreensível, são más e inescrupulosas práticas de profissionais de saúde que promovem a disparada da utilização de “materiais cirúrgicos” de alto custo em busca de “suas comissões obscenas” pela indicação dessas órteses e próteses, dispensáveis em boa parte dos casos.
Se retirarmos o custo das fraudes, poderíamos supor que, pelo preço atual, as empresas poderiam oferecer a seus trabalhadores um plano de saúde com coberturas muito melhores, o que permitiria um tratamento mais completo e digno.
A denúncia do esquema repercutiu em todo o Brasil não só pela covardia e pela irresponsabilidade com os pacientes, muitos deles com risco de agravamento de seus quadros clínicos e até de morte. A revelação da fraude acendeu um alerta na Economia, porque atinge em cheio o benefício mais oferecido pelas empresas e mais procurado por brasileiros de todas as classes sociais (principalmente com o aumento do poder aquisitivo entre as camadas mais populares): o plano de saúde.
Recentemente, a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-RJ) encomendou uma radiografia sobre a percepção dos profissionais de grandes empresas do Rio de Janeiro em relação aos benefícios oferecidos por suas corporações. Nesta pesquisa 83% dos entrevistados responderam que o plano de saúde é o benefício mais valorizado entre os trabalhadores, que começa a ser acompanhado de perto pela concessão da Previdência Privada, beneficío que também se torna cada vez mais relevante para os trabalhadores, diante de outra falência do sistema público oficial.
A sociedade precisa acompanhar de perto casos como o da Máfia das Próteses, porque são vergonhosos e nos afrontam. Após o Governo federal anunciar a formação de um grupo de trabalho para estudar medidas que ponham fim ao esquema, outras propostas surgiram e devem ser apoiadas, como a divulgação das principais empresas fornecedoras desses materiais, com os volumes comprados e os valores envolvidos. Além do Ministério da Saúde, a Polícia Federal e o Ministério Público devem agir com rigor. E a sociedade deve estar atenta. Se a conta é nossa, devemos acompanhar, e o governo fica devendo uma resposta rápida para a sociedade.
*Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio (ABRH-RJ)
O POPULAR
Cartas dos Leitores – Medicina
É bem verdade que, na média, a medicina brasileira sofreu uma espécie de “petização” na última década: abertura indiscriminada de escolas médicas a qualquer custo, importação de agentes de saúde de Cuba e de outros cantos da América Latina e a desvalorização do ato médico. Tanto que hoje, qualquer leigo aventureiro se acha no direito de aplicar hidrogel nos outros e realizar procedimentos não menos melindrosos, típicos de especialidades médicas. Tudo isso acontecendo com a conivência da sociedade em seus mais diversos segmentos.
A mesma sociedade que denuncia e condena é exatamente a que estimula o ilícito. Por exemplo, a mesma família que lasca críticas na medicina, estimula seus entes a fazerem o curso nas escolas recém-criadas do interior de Goiás, do resto do Brasil e de países vizinhos (onde nem precisa de “vestibular”), que oferecem condições duvidosas para a formação de mão de obra de qualidade. Basta ver a nota que receberam do Ministério da Educação. A maior e mais conceituada das universidades pagas no nosso Estado recebeu 2.
Grosso modo, é como criticar a violência urbana causada pela disputa do tráfico de drogas e ser tolerante com os filhos que consomem os entorpecentes. E o que as entidades médicas podem fazer com relação a isso é, em princípio, só lamentar. Num segundo momento, aplicar as penalidades previstas em lei!
Leonardo Reis
Secretário de Comunicação e Imprensa do Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação