Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 14/08/20

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES


Médico alerta para subnotificação de síndrome infantil com possível relação à covid-19
Bolsonaro anuncia acesso fácil a hidroxicloroquina e ivermectina
Planos de saúde só são obrigados a cobrir teste de Covid-19 após 8º dia de sintomas
A hora da telemedicina País já fez 1,7 milhão de consultas à distância
'Podemos vacinar contra a Covid-19 em janeiro', diz diretor do Butantan
Goiás registra 78 mortes por covid-19 e 3.460 casos em um dia
Cremego comemora decisão que impede divulgação de imagens com “antes e depois” na internet

O ESTADO DE S.PAULO

Médico alerta para subnotificação de síndrome infantil com possível relação à covid-19

Ministério da Saúde registrou três mortes de síndrome rara que atinge crianças e adolescentes; Sociedade Brasileira de Pediatria emitiu alerta

SÃO PAULO – A ocorrência de uma síndrome rara com possível ligação à covid-19 no Brasil acendeu o alerta de médicos da área pediátrica para a necessidade de notificação obrigatória em todo o País. Segundo o Ministério da Saúde, até o final de julho, 71 casos haviam sido registrados em quatro Estados: Ceará (29), Rio de Janeiro (22), Pará (18) e Piauí (2). Desse total, foram reportadas três mortes no Rio. A Secretaria da Saúde do Ceará, porém, reportou, no mesmo período, 41 pessoas identificadas com a síndrome e duas mortes, o que sinaliza para subnotificação.
"Isso não deve ser o número verdadeiro ainda", disse Jorge Afiune, presidente do Departamento de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), sobre os números divulgados pela ministério. "Uma coisa é notificar, saber que existe, e outra é todas as equipes que estão atendendo seguir o caminho da notificação, uma questão de adesão. A síndrome não tem um código, não tem um prontuário, pode ter fatores que confundem. A ideia da Sociedade é sensibilizar a classe pediátrica para que tenha adesão à notificação", explica.
O médico participou da elaboração de uma nota de alerta, emitida pela SBP em 7 de agosto, para reforçar a necessidade de notificação obrigatória da síndrome. Descrita como síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), o quadro pode afetar crianças de sete meses a adolescentes até 16 anos, conforme o ministério, e pode ser uma reação grave e tardia à infecção pelo novo coronavírus.
Afiune diz que o fato de estarmos diante de um novo fenômeno requer a necessidade de notificação. Segundo ele, há um número de casos relativamente pequeno de crianças com covid-19 em todo o mundo e, quanto menor a idade, mais a doença parece poupar. As explicações passam pelo fato de elas terem menos receptores para o vírus.
"Como é uma coisa nova e o diagnóstico não se faz na fase inicial da doença, o quadro principal não é respiratório, a gente está diante de uma situação um pouco desconhecida. Como a evolução dessa síndrome pode ser potencialmente muito grave se não tiver tratamento inicial, sentiu-se a necessidade de buscar notificação para que a gente tenha uma clareza maior da prevalência da doença e também da verdadeira mortalidade", ressalta o médico.
O especialista comenta que a notificação se faz urgente também pela similaridade de percurso que a síndrome fez no mundo. Os primeiros relatos foram vistos na Europa, no final de abril, quando os serviços de saúde do Reino Unido e da França reportaram alguns casos. No começo de maio, teve-se notícia de 15 crianças hospitalizadas em Nova York, nos Estados Unidos.
"Começou a chamar atenção após a primeira onda da doença em alguns países da Europa. Isso seguiu um pouco o caminho que a pandemia fez, que começou na Ásia, passou pela Europa, Estados Unidos e América do Sul. Especialmente na Itália, França, Suíça e Inglaterra, depois que a primeira onda acometeu adultos principalmente, começou a perceber casos de apresentação diferente em crianças, entre 5 e 12 anos", descreve Afiune. "A maioria havia relação temporal com a covid-19, até quatro semanas, de um caso na família ou presença do vírus."
Até o momento, embora a maioria dos casos conhecidos no País esteja associada à infecção pelo novo coronavírus, não há uma confirmação de causa e efeito. O Ministério da Saúde destaca que as ocorrências são raras diante do número maior de crianças e adolescentes que evoluíram bem após contrair o vírus.
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Bolsonaro anuncia acesso fácil a hidroxicloroquina e ivermectina

Ministro disse que governo negocia o preço para a compra de 4 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina

O presidente Jair Bolsonaro anunciou, na noite de ontem, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai facilitar o acesso à hidroxicloroquina e à ivermectina, medicamentos defendidos por ele para tratamento do novo coronavírus, mesmo sem ter eficácia comprovada para a doença. A partir de agora, segundo Bolsonaro, não será mais necessária a retenção da receita no local da compra. Mais cedo, ministro da Saúde falou que há demanda reprimida pela substância.
"O presidente da Anvisa acabou de confirmar a informação sobre a hidroxicloroquina e a ivermectina. Você já pode comprar com uma receita simples, caso o seu médico recomende para você, obviamente", disse Bolsonaro durante a transmissão semanal que faz em suas redes sociais. Até o momento, era necessária a apresentação de receita em duas vias.
Bolsonaro disse ainda que "não tem cabimento" o acusarem de ser responsável pelo fato de o Brasil ter ultrapassado a marca de 100 mil mortes pelo novo coronavírus. E alegou que seu governo tomou "medidas concretas" mesmo antes do primeiro caso, citando o resgate de brasileiros em Wuhan.
Mais cedo o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a pasta não tem estoque de hidroxicloroquina para atender à demanda reprimida de Estados e municípios. Segundo ele, a pasta já distribuiu 5,3 milhões de doses do remédio. "Nosso estoque hoje, no Ministério da Saúde, é zero. Não temos nem um comprimido para atender às demandas. Nós temos uma reserva de 300 mil itens apenas para atender malária guardados, que representa algo em torno de 20% do que eu preciso por ano", disse ontem no Congresso. "Temos uma demanda reprimida hoje de mais de 1,6 milhão de doses para Estados e municípios, só hoje." Segundo o ministro, o governo negocia o preço para a compra de 4 milhões de comprimidos do medicamento produzidos pela Fiocruz. Há ainda em torno de 2 milhões de unidades no Laboratório do Exército, que foram doadas pelos EUA. A droga precisa ser fracionada, pois está em frascos com 100 comprimidos.
Pazuello afirmou que o governo federal não conseguiu atender "nem 50%" da demanda por cloroquina feita pelos entes federados. "Coloco de uma forma bem clara que nós atendemos demandas, nós não distribuímos sem demanda, e alerto que nós não conseguimos atender nem 50% do que nos demandam", disse. O ministro foi convidado pelos parlamentares para explicar a logística de distribuição de medicamentos e testes para covid-19.
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YAHOO

Planos de saúde só são obrigados a cobrir teste de Covid-19 após 8º dia de sintomas

Os planos de saúde só terão que cobrir o teste de sorologia para Covid-19 após o oitavo dia do aparecimento de sintomas. A norma foi aprovada ontem pela diretoria colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mas restringe a cobertura a pacientes sintomáticos. A norma tem eficácia imediata a partir da publicação no Diário Oficial da União.

O exame identifica a presença de anticorpos no sangue dos pacientes que foram expostos ao vírus em algum momento, independentemente de apresentarem sintomas. Foram inseridos no rol o teste referente ao IgG ou a anticorpos totais. A advogada Ana Carolina Navarrete, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), considera que a diretriz para o uso do exame está equivocada:

– Entendemos que deveria ser obrigação do plano cobrir sorológicos nas situações de pacientes que tiveram contato com pessoas positivadas, mas que não desenvolveram sintomas. O setor privado deve dividir com o sistema público o ônus de rastrear a doença .
O teste de sorologia já havia chegado a ser coberto pelas operadoras por decisão judicial, entre 26 de junho e 14 de julho, quando a medida foi derrubada pelo Tribunal Reginal Federal da 5ª Região. Dois dias depois, a diretoria colegiada da ANS suspendeu a resolução que incluía o procedimento entre aqueles que deveriam ser arcados pelos planos de saúde. Para o advogado Rafael Robba, especializado em direito à saúde, a decisão é uma conquista para o consumidor, ainda que tardia.

Para a FenaSaúde – entidade que reúne as operadoras do setor – "levantamentos mostram que, no oitavo dia, quase metade dos resultados podem ser falsos". A entidade acrescenta que, segundo especialistas, o momento adequado para a realização dos testes sorológicos é a partir do 21º dia do início dos sintomas. Apesar de admitir que havia solicitado intervalo de tempo maior para realização do exame, a Associação Brasileira de Planos de Saúde afirma que "a avaliação preliminar da Diretriz de Utilização para acesso ao teste sorológico é de que está tecnicamente correta". Desde março, os planos são obrigados a cobrir outros testes para diagnóstico da Covid-19, como o RT-PCR.
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EXAME

A hora da telemedicina País já fez 1,7 milhão de consultas à distância

A tragédia causada pela covid-19 traz, para o sistema de saúde brasileiro, uma oportunidade única de se modernizar – e já há empresas liderando essa corrida
A startup Conexa faz parte do seleto grupo de empresas que cresceram em meio à pandemia de covid-19. Há três anos no mercado, oferece serviços de telemedicina para operadoras de saúde, hospitais e clínicas. Antes da atual crise global, atendia em média 50 pacientes por dia. Agora são 15.000. Desde janeiro, a Conexa fez 1 milhão de consultas, enquanto a população usuária de telemedicina subiu de 150.000 para 3,5 milhões no país. "Sabíamos que o mundo de saúde digital chegaria e nos preparamos para isso", diz Guilherme Weigert, presidente da empresa, que ampliou recentemente o quadro de funcionários de 40 para 170 e conseguiu um aporte de 40 milhões de reais de investidores, como o fundo de private equity americano General Atlantic. Para grande parte das empresas de saúde brasileiras, que, ao contrário da Conexa, está atrasada tecnologicamente, lutando com custos crescentes e ineficiência, a telemedicina traz uma boa e uma má notícia. As que conseguirem correr e incorporar as inovações deverão entrar em um modelo mais sustentável e que atenda melhor a população. As demais poderão acabar sendo contadas entre as vítimas da covid-19.
A pandemia colocou uma lupa sobre os desperdícios na cadeia de saúde brasileira, um problema antigo. De acordo com um estudo recente realizado pela plataforma de gestão de saúde DRG Brasil com 1,8 milhão de diárias hospitalares de mais de 500.000 pacientes, 37,7% das internações poderiam ter sido evitadas, por exemplo. "A crise econômica empurra o sistema de saúde na direção da eficiência. O que é caro em medicina é a medicina malfeita", afirma Renato Couto, presidente da IAG Saúde, consultoria de eficiência em saúde e desenvolvedora da DRG Brasil. A grande aposta que vem chacoalhando o setor é a de que a crise causada pela pandemia vai impulsionar os serviços de saúde digital, levando a uma significativa redução de custos e à ampliação do acesso da população. O país está atrasado no emprego dessa ferramenta quando comparado com outros países. Um estudo mostra que 46% dos americanos agora usam a telemedicina, ante 11% no ano passado. Mas o maior obstáculo à modernização no Brasil foi removido pela covid-19, mesmo que temporariamente. Até abril, a regulamentação para a telemedicina determinava que o atendimento poderia ocorrer somente com um médico nas duas pontas. A chamada interconsulta é útil para os casos em que o paciente está com um clínico-geral e, durante o atendimento, busca a orientação remota de um especialista. Com o isolamento social, o Congresso Nacional liberou a telemedicina para consultas diretas entre paciente e médico. Operadoras de planos de saúde, laboratórios e clínicas correram para oferecer a modalidade. De lá para cá, pelo menos 1,7 milhão de atendimentos já foram realizados, de acordo com dados compilados pela EXAME.
O movimento pode modificar o mercado de forma permanente. Inicialmente usado para orientar pacientes com suspeita de contaminação pela covid-19, o recurso logo se estendeu a consultas agendadas e atendimentos de urgência. Pacientes que antes procurariam um pronto-socorro por causa de uma gripe passaram a pensar duas vezes antes de sair de casa. Os dados das operadoras de saúde mostram o que os médicos já sabiam: boa parte dos pacientes que buscam um pronto-socorro não precisaria estar ali. Esse costume brasileiro é um dos grandes ralos de recursos do sistema que podem ser atacados com as novas tecnologias. Com 3,6 milhões de beneficiários, a Amil, por exemplo, desenvolveu uma plataforma própria de atendimento remoto. Até agora, realizou 380.000 atendimentos via telemedicina. Dos pacientes atendidos em emergência, só 2% procuraram um pronto-socorro até sete dias após o atendimento remoto. Os outros 98% tiveram sua situação resolvida no próprio atendimento remoto ou foram orientados a marcar uma consulta com especialista, presencial ou à distância. "A telemedicina é uma ferramenta de direcionamento do paciente para o local adequado. Com isso, o pronto-socorro será usado por quem realmente precisar", afirma Fernando Pedro, diretor clínico da Amil.
O fluxo de atendimento pode ser otimizado ainda mais cedo para evitar a piora de doenças crônicas, o que significa outra importante redução de despesas. Um relatório da Aon mostra que, na América Latina, as doenças que mais geram custos médicos são, em ordem de importância, câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão. "Se o atendimento virtual for usado como apoio da atenção primária, o sistema se tornará mais sustentável e acessível", afirma Paulo Jorge Cardoso, vice-presidente de saúde e benefícios da Aon. Com a mudança de comportamento permanecendo após a pandemia, a redução do número de atendimentos presenciais deverá ajudar a derrubar a inflação médica no país, medida pela Variação do Custo Médico-Hospitalar, um indicador que considera tanto o preço do serviço quanto a frequência de utilização. Em 2019, o índice foi de 15,9%, ante uma inflação geral de 4,3%. Em 2020, a expectativa era que ficasse perto dos 15%, segundo a consultoria de gestão de riscos Aon. Agora a projeção é que o indicador recue para cerca de 10% no Brasil, o mais baixo dos últimos cinco anos, também por causa do adiamento de cirurgias eletivas em 2020.
Na operadora Prevent Senior, que já fez mais de 500.000 atendimentos via telemedicina em 2020, a modalidade que mais ganhou força com o uso da tecnologia foi o chamado telemonitoramento, focado em doenças crônicas e no pós-operatório. São atendimentos com duração média de 15 minutos para verificar se o paciente está tomando a medicação correta ou checar a situação de doenças como a diabetes. "O monitoramento aumenta os pontos de contato com o paciente e ajuda a reduzir as reinternações, descobrindo problemas precocemente", afirma o diretor médico da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Junior. A operadora, voltada para o público idoso, também passou a oferecer outras facilidades, como os exames via drive-thru com hora marcada.
A disseminação da telemedicina também encurta as distâncias. O programa de telemedicina do hospital paulistano Albert Einstein já realizou mais de 270.000 atendimentos desde 2012 – cerca de 100.000 somente neste ano. No início do mês, o hospital ampliou sua parceria com o Ministério da Saúde na Região Norte para levar atendimento remoto a comunidades indígenas do distrito de Iauaretê, no Alto Rio Negro, Amazonas. Estão incluídas especialidades como cardiologia e psiquiatria. Outro acordo com o governo possibilita que 20.000 médicos e enfermeiros do Sistema Único de Saúde atendam remotamente com a plataforma do hospital. "A ferramenta nos ajuda a levar saúde para regiões distantes e aumentar o número de pacientes atendidos", afirma Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. A possibilidade de ampliar o atendimento de médicos especialistas tem incentivado mudanças na operadora de saúde Hapvida, forte no Norte e no Nordeste. A companhia começou a contratar equipes de especialistas como reumatologista e endocrinologista para atender remotamente beneficiários em todo o país. "Consigo negociar com essas equipes com mais escala, o que melhora o preço, gerando eficiência", diz Bruno Cals, diretor financeiro da Hapvida. Desde o início da pandemia do coronavírus, a operadora já realizou aproximadamente 60.000 atendimentos à distância.
Para além da consulta por vídeo, há muito espaço para a expansão do uso da tecnologia nessa área. "A saúde é um dos últimos setores a passar por uma transformação tecnológica. Quando um consumidor pensa em mobilidade, alimentação ou serviços bancários, já olha para o celular. Na saúde, isso ainda não acontece", afirma Carlos Marinelli, presidente do Fleury. O laboratório possui uma plataforma própria de telemedicina e desenvolve um sistema para agregar serviços de saúde e reunir as informações de exames e consultas do usuário em um prontuário eletrônico. Até agora já investiu 50 milhões de reais na ideia.
A necessidade de melhorar o uso dos recursos acabou acelerando, também, uma discussão que já rendeu grandes brigas no sistema: a remuneração dos prestadores de serviço pelos planos de saúde. O tema é especialmente importante para as operadoras que não contam com hospitais e clínicas próprios, utilizando apenas redes credenciadas. É o caso da Bradesco Saúde, que tem discutido com parceiros a adoção de pacotes pré-negociados de serviços para ter mais previsibilidade de custos. O modelo fee for service, em que a operadora paga por tudo o que é consumido no hospital, está ficando para trás. "Boa parte dos procedimentos nos hospitais tem desfecho previsível. Então, o custo também pode ser. Essa discussão tende a crescer ainda mais no pós-pandemia, com maior pressão sobre os custos vindo inclusive das empresas clientes", afirma Thaís Jorge, diretora da Bradesco Saúde. Na SulAmérica, quase 40% dos procedimentos já são remunerados via modelos alternativos, em que o prestador de serviço divide a responsabilidade do resultado financeiro com a operadora. Adicionalmente à mudança na forma de remuneração, a operadora vem investindo em prevenção com a ajuda da tecnologia. "Começamos a estabelecer a jornada de cuidado dos beneficiários, a pegá-los pela mão e a ajudá-los a fazer uso do sistema da forma correta", afirma Raquel Giglio, vice-presidente de saúde e odontologia da SulAmérica.
Os avanços proporcionados pela tecnologia chegam em um momento financeiramente sui generis para as operadoras de planos de saúde. Neste ano, com as cirurgias adiadas e os beneficiários saindo menos de casa, os planos registraram queda na sinistralidade e têm apresentado bons resultados em meio à pandemia. O lucro da SulAmérica disparou 91% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, para 498 milhões de reais. Mas o efeito da pandemia nas contas das operadoras daqui para a frente é difícil de estimar. "Esse nível de sinistro não é normal e a tendência é que volte aos patamares registrados antes da crise. O que preocupa no longo prazo é como a alta do desemprego vai afetar o número de beneficiários", afirma Gabriel Machado, analista da corretora Necton. O mercado de planos de saúde é baseado principalmente nos contratos empresariais, que correspondem a 67% dos beneficiários das operadoras. Com o desemprego em alta, a debandada já começou. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar revelam que os planos de saúde perderam 283.000 beneficiários entre março e maio deste ano. Uma projeção feita pela consultoria Deloitte mostra que o setor poderá perder de 5,7% a 13,5% de seus 47 milhões de clientes com a alta do desemprego.
Sem vínculo formal com uma empresa, o brasileiro, que passou a se interessar mais pela saúde suplementar devido à ameaça imposta pela pandemia, enfrenta grande dificuldade para conseguir uma cobertura. Boa parte das operadoras deixou de oferecer planos individuais porque os reajustes periódicos são limitados pela Agência Nacional de Saúde. "Vejo operadoras entrando em contato com o funcionário que foi desligado para oferecer uma alternativa de plano. A palavra de ordem atualmente é 'retenção de clientes', muito mais do que 'aquisição'?", afirma Luis Fernando Joaquim, sócio da Deloitte para a área de saúde. Em sérias dificuldades com a crise, as empresas também têm precisado negociar reajustes menores para permanecer com suas operadoras. "No ano passado, os reajustes ficaram na casa dos 20%. Neste ano, estamos negociando até menos de 10% para algumas empresas", afirma Luis Alexandre Chicani, presidente do conselho da gestora de benefícios BenCorp. A covid-19 aumentou o peso dos custos de saúde para as empresas. Uma pesquisa da Aliança pela Saúde Populacional em conjunto com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), realizada entre janeiro e março deste ano, mostrou que 40% das empresas ouvidas tiveram um aumento no plano de saúde entre 10% e mais de 20% em 2019. Para tentar aliviar um pouco o orçamento, as empresas dividem os custos com os funcionários por meio da coparticipação no custeio do plano – 61,9% disseram recorrer a esse recurso, enquanto 42,1% declararam ter programas de gestão de saúde. A solução passa por estimular os colaboradores a se cuidarem antes que uma doença se apresente, algo que a tecnologia deve ajudar bastante a partir de agora. "As empresas precisam trazer para si a responsabilidade pela prevenção", afirma Paulo Sardinha, presidente da diretoria executiva da ABRH. Um levantamento da Mercer March Benefícios mostrou que a telemedicina foi incluída por 54% das empresas que alteraram os benefícios de saúde para os funcionários durante a pandemia.
O Grupo Boticário, de cosméticos, iniciou há dois anos uma mudança com o objetivo de gerir internamente a saúde de seus funcionários. Criou campanhas de prevenção ao câncer e ampliou o programa de acompanhamento para grávidas depois de perceber que nas localidades em que o programa existia eram menores os índices de internação na UTI neonatal. Com a chegada da pandemia, a implementação da telemedicina foi acelerada. "A sensibilização para a gestão da saúde vem pelo amor ou pela dor. O caminho do amor é entender que com saúde o funcionário trabalha melhor. Pela dor é a conta cara do plano de saúde, com elevados reajustes, porque não foi feita a gestão daquele sinistro", afirma Renata Simioni, gerente de saúde corporativa do Boticário.
Ainda não se sabe como vão ficar as regras para a telemedicina quando a pandemia acabar. A regra em vigor até o início deste ano é de uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 2002. No ano passado, o CFM emitiu uma nova resolução sobre o tema. Mas a regra gerou tanta discussão que acabou sendo revogada. O principal ponto de discórdia era a possibilidade de realização da primeira consulta com um paciente via telemedicina. Quem é contra a liberação dessas consultas argumenta que a avaliação do paciente fica prejudicada sem o exame físico. Também existe a preocupação de que a liberação leve a serviços em que o atendimento remoto seja compulsório, e não mais uma opção do paciente. O CFM trabalha em uma nova resolução, que deverá sair até o final deste ano e entrar em vigor quando a pandemia acabar. "A telemedicina passou a fazer parte do cotidiano, mas tem de ser feita com segurança. A responsabilidade do médico não muda, e a relação de confiança com o paciente precisa ser preservada", afirma Donizetti Dimer Giamberardino Filho, vice-presidente do CFM. A telemedicina tem potencial para ampliar a capacidade de atendimento do sistema de saúde brasileiro, sem a necessidade de abrir hospitais, na avaliação do professor Chao Lung Wen, professor responsável pela área de telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. "Isso é humanização, porque significa ampliar o acesso à saúde", diz Wen. "A telemedicina, se realizada de forma responsável, poderá ajudar na quebra de paradigmas, para que a medicina seja vista não só como o cuidado das doenças mas também como uma forma de evitar que a sociedade fique doente." A covid-19 deixaria, assim, uma boa lição ao Brasil.
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FOLHA DE S.PAULO

'Podemos vacinar contra a Covid-19 em janeiro', diz diretor do Butantan

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, 63, afirma que é factível o estado de São Paulo iniciar a vacinação contra o coronavírus em janeiro de 2021. O Butantan, instituição pública ligada ao governo paulista, fez acordo com a farmacêutica chinesa Sinovac para testar e produzir em larga escala a vacina. Os ensaios clínicos acontecem em seis estados e vão envolver 9.000 voluntários em 12 centros de pesquisa. "Tem muita gente dizendo que é otimismo demais. Isso pode ser relacionado a outras vacinas, não a essa [chinesa]", diz o médico, professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).
Nesta terça (11), a Rússia aprovou a sua vacina e disse que pretende usá-la em grande escala até outubro. O governo do estado de São Paulo afirmou que não deve participar da pesquisa ou da produção com os russos. "O instituto [Butantan] já está totalmente empenhado na pesquisa da CoronaVac, da farmacêutica Sinovac Biotech", diz a nota.
A entrevista de Covas à reportagem foi feita antes do anúncio russo. O diretor do Butantan acredita que o estudo chinês é atualmente o mais avançado do mundo. "É a vacina que pode chegar mais rapidamente ao mercado", afirmou.
A vacina depende de resultados positivos de eficácia e segurança para obter registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Na China, ela já está sendo produzida e aguarda autorização de uso emergencial.
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PERGUNTA – O sr. prevê o início da vacinação contra o coronavírus em janeiro de 2021. Não há excesso de otimismo, já que os ensaios clínicos ainda estão em andamento?
DIMAS COVAS – A vacina da chinesa Sinovac já está em processo de produção. Chegou muito rapidamente nessa fase porque eles já tinham iniciado o seu desenvolvimento lá atrás, quando teve a epidemia de Sars [Síndrome Respiratória Aguda Grave]. A China tem hoje quatro vacinas em fases adiantadas com base nisso. Com o coronavírus, foi uma adaptação, simplesmente mudou o vírus. Por isso que ela foi feita em três, quatro meses. É uma vacina que já está pronta, esperando autorização para uso emergencial. Existem outras sendo usadas emergencialmente por lá. O Exército chinês já está vacinando. Demonstrada a segurança, o procedimento [na China, em relação às normas regulatórias] é diferente.
P – Do ponto de vista prático, quando teremos a vacina chinesa no Brasil?
DC – Em outubro, teremos 5 milhões, em novembro, 5 milhões e em dezembro mais 5 milhões.
P – Mas para se obter o registro na Anvisa é preciso concluir os testes clínicos com 9.000 voluntários, comprovar a eficácia. Isso será possível em um período tão curto?
DC – Então, essa é a grande incógnita. De qualquer maneira, essas 15 milhões de doses estarão produzidas e há uma grande probabilidade de os resultados esperados aparecerem.
As vacinas já estão sendo produzidas. É uma produção de risco, exatamente para ganhar tempo antes de sair a demonstração de eficácia.
P – E essa produção está baseada em que parâmetros de eficácia?
DC – O estudo publicado envolveu 744 pessoas. A indução da imunidade protetora tanto celular quanto humoral foi acima de 90% nos indivíduos vacinados. É um perfil muito bom. Não temos esse perfil para a vacina da gripe, por exemplo, que tem eficácia entre 40% e 50%. Se tivéssemos uma vacina hoje com eficácia de 30% já seria extremamente útil. Se eu desencadeio 30% de imunidade protetora na coorte inteira de pessoas, eu coloco esse epidemia lá para baixo. Eu diminuo o número de casos, de mortes.
As pessoas ainda não compreenderam isso. É um cenário muito grave. E tem gente usando bobagem, cloroquina, hidroxicloroquina. Se tivesse uma vacina segura, sem efeitos colaterais, com 30%, 50% de eficácia já seria extremamente útil. Em São Paulo, 90% das pessoas ainda são suscetíveis à infecção.
P – Então, janeiro é um prazo realista para o início da imunização?
DC – Sim. A forma como o estudo foi desenhado é muito propícia considerando a atual situação da epidemia no Brasil, a incidência de casos, os profissionais de saúde expostos. Se a gente terminar a inclusão dos 9.000 até setembro, e esse é o plano, é grande a probabilidade de termos em outubro ou novembro a demonstração de eficácia. Paralelamente, existe uma manifestação da Anvisa de que haverá um processo acelerado de análise.
Quando eu falo que podemos ter de fato uma vacinação inicial em janeiro, ela não é fora da análise crua do cenário. Tem muita gente dizendo que é otimismo demais. Isso pode ser relacionado a outras vacinas, não a essa [chinesa]. É uma vacina tradicional, o Butantan já tem duas outras vacinas com essa tecnologia, a da raiva e da dengue. Isso desenha um cenário muito favorável. É a vacina mais avançada neste momento em termos temporais, que pode chegar mais rapidamente ao mercado.
P – Grupos prioritários já foram definidos no estado de São Paulo?
DC – O Plano Nacional de Imunização ainda não se manifestou sobre isso mas o perfil será muito assemelhado ao da vacina da gripe, com exceção das crianças, que não são a população de risco para o coronavírus. Ou seja, indivíduos idosos, com comprometimento imunológico, comorbidades, muito expostos, profissionais de saúde, de segurança. Em números, o Brasil tem hoje 30 milhões de idosos. Dessa população, tem a aqueles que já foram ou serão naturalmente infectados, que estão imunes. Estamos falando, num primeiro momento, de uma população que não vai passar de 50 milhões. Aí ficaria uma segunda etapa da vacinação para atingir a imunidade de rebanho, para controlar definitivamente a circulação do vírus. Para isso, teríamos que ter mais de 95% de adesão da população.
P – Outro questionamento que vem sendo feito: haverá seringas suficientes para essa imunização em massa?
DC – A vacina que estamos desenvolvendo junto com a Sinovac já vem com seringa. Essas 15 milhões iniciais são doses únicas em seringa. De qualquer forma, o Brasil tem o maior programa de imunização pública do mundo. Não existe nenhuma dificuldade logística de fazer as vacinas circularem.
P – Já há movimentos de boicote à vacina contra coronavírus. Também circulam notícias falsas sobre a vacina chinesa. O sr. teme que isso atrapalhe a imunização? DC – O movimento antivacina no Brasil ainda é incipiente e não tem progredido. O que existe aqui é um movimento de desleixo em relação à vacina, que é um pouco diferente. Foi assim no caso do reaparecimento do sarampo.
Quando lançamos o pré-cadastro da vacina, tivemos em uma semana 1,5 milhão de inscritos. Esse negócio de falar da China não tem o menor sentido. A Apple está lá, grandes aparelhos, aplicativos são feitos na China. É uma potência mundial em termos de ciência e tecnologia. Só quem não conhece a China usa isso como ideologia para desconsiderar. Eu não temo em absoluto que haja algo significativo em relação [à vacina chinesa].
P – O estado de São Paulo tem autonomia para criar planos próprios de imunização. Há chance de o estado fazer a vacinação contra o coronavírus sem o governo federal?
DC – Essas 15 milhões de doses já estão contratadas. Vou receber nesta semana a visita do Ministério da Saúde que só agora se dispôs a conversar. Espero que isso [governo não aderir] não aconteça. Seria muito ruim o estado trazer 15 milhões de doses para vacinar os paulistas, e as vacinas não estarem acessíveis ao Brasil. Espero que haja juízo suficiente das autoridades do governo federal para não ir por esse caminho. Seria um desastre. Não adotar uma vacina só porque ela é feita pelo estado de São Paulo, porque ela é chinesa.
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Dimas Tadeu Covas, 63 Graduado em medicina pela USP, tem mestrado, doutorado e livre-docência pela USP e é professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Médico hematologista, também é diretor-presidente da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto. Dirige o Instituto Butantan de São Paulo desde 2017.
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A REDAÇÃO

Goiás registra 78 mortes por covid-19 e 3.460 casos em um dia

Goiânia – Goiás registrou 78 novas mortes por covid-19 e 3.460 casos em um dia. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (13/8) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), apontam os totais de 2.213 óbitos e 97.425 contaminados pela doença em municípios goianos. Segundo a pasta, 87.363 pessoas se recuperarm do vírus no Estado.

Ainda de acordo com os números, mais de 157 mil casos são suspeitos. A SES-GO também investiga 60 mortes para saber se a causa foi covid-19. A taxa de letalidade do vírus no Estado é de 2,27%.

O Governo de Goiás disponibiliza plataforma, atualizada a cada 30 minutos, com os principais dados sobre o avanço do novo coronavírus no Estado.
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JORNAL OPÇÃO
Cremego comemora decisão que impede divulgação de imagens com “antes e depois” na internet

Por Felipe Cardoso

Na interpretação do Conselho, veiculação desse tipo de imagem pode induzir pacientes a acreditarem que resultados do tratamento serão iguais aos divulgados, sem medir os riscos inerentes aos procedimentos

A Justiça decidiu manter a decisão referente a divulgação de imagens nas redes sociais envolvendo o “antes e depois” de pacientes submetidos à procedimentos cirúrgicos. A decisão foi proferida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Reguião de Porto Alegre (RS).
Acontece que o TRF4 negou um recurso cujo objetivo era alcançar permissão para divulgação de fotos que exibiam resultados alcançados após a realização de certos procedimentos na internet.
Mesmo sob compromisso de resguardar a identidade do paciente ou de extrair autorização prévia para divulgação do conteúdo, o Judiciário não titubeou.
Para o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goias (Cremego), o veto visa a proteção da sociedade. “A veiculação dessas imagens pode induzir o paciente a acreditar que todos os resultados do tratamento serão iguais aos divulgados, sem medir os riscos inerentes aos procedimentos”, explica.
O Conselho lembrou ainda que a resolução 1974/2011 do Conselho Federal de Medicina (CFM) veta qualquer tipo de divulgação nesse sentido. Seu descumprimento, “além de infringir a resolução em questão ainda pode ser caracterizado como autopromoção e fere a ética profissional do exercício da medicina”, pontua.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação