Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 15 A 17/06/13 (PARTE FINAL)

O HOJE

Maternidade ainda sem uma previsão
Projeto de maternidade com UTI em Aparecida de Goiânia segue emperrado após questionamento e com estrutura abandonada
GRACCIELLA BARROS

Com 60% da estrutura concluída e gastos superiores a R$ 7 milhões, a Maternidade de Aparecida de Goiânia está parada desde que o Ministério da Saúde, responsável pelo pagamento de R$ 5 milhões do empreendimento, não aprovou os projetos e o orçamento, que descumpriam exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O estabelecimento, localizado entre os jardins Boa Esperança e Tiradentes, seria responsável por desafogar o atendimento no município e de cidades vizinhas da região Centro-Sul, mas a conclusão, prevista inicialmente para 2012, ainda é uma incógnita.
Segundo o secretário municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia, Paulo Rassi, ao assumir a Secretaria, a atual administração descobriu que o terreno não era do governo do município, mas da imobiliária Tropical Imóveis. “Só descobrimos porque a Anvisa pediu o documento de propriedade dos lotes. A obra já estava em estado avançado.”
A Prefeitura de Aparecida de Goiânia comprou os lotes e, após remembramento, exigido pela Vigilância Sanitária, iniciará o processo de licitação para reiniciar as obras, pré-aprovada pela Agência. “O projeto ainda sofrerá modificações, pois a Anvisa exigiu a construção de mais um pavimento, já que, inicialmente, aUnidade de Terapia Intensiva (UTI) foi erguida ao lado da cozinha, entre outros problemas no projeto”, afirma o secretário.
Portanto, com o andamento do remembramento dos terrenos, a previsão da Secretaria de Saúde do município é de que pode ser retomada ainda este ano, mas sem estimativa de conclusão. “Só acho que deveria haver penalização para quem começou a obra. Tem que respeitar dinheiro público”, comenta Paulo Rassi.
Desde matéria publicada pelo jornal O HOJE, no dia 26 de janeiro, retratando a situação de abandono do prédio e o entrave na construção, pouca coisa mudou. Na época, a diretora do Departamento de Arquitetura e Engenharia da Prefeitura de Aparecida listou alguns itens da extensa ficha de problemas na obra.
De acordo com a diretora, a UTI foi planejada para estar entre a recepção e o refeitório da maternidade, ao lado da lavanderia – ambiente no qual haverá máquinas lavadoras que podem interferir na aparelhagem da UTI. Para os centros cirúrgicos foram projetadas janelas, o que é vetado.
Outra irregularidade é que não há previsão de posto policial, sala de higienização e sala de raio X, além do subsolo ser área sujeita a inundações, onde foi planejada a colocação do gerador e transformador.
Horta cultivada e galinheiro pelo pátio
Atualmente, é visível o estado de abandono da obra. Há apenas um funcionário da Prefeitura de Aparecida de Goiânia que afirma que mora no local. “Moro aqui. Por isso, fiz uma horta e também tenho um galinheiro”, conta.
Para o secretário municipal de Saúde, a situação é tranquila e afasta os problemas de abandono. “Até resolvermos todos os problemas burocráticos e pudermos retomar o projeto, a ocupação do funcionário é muito boa, pois cuida do terreno e afasta problemas com invasão de moradores de rua e usuários de drogas.”
A promessa é de que a construção da Maternidade atenda gestantes dos 25 municípios da região centro-sul de Goiás, com estimativa de 700 mil pessoas, por isso, a paralisação nas obras revolta a população. “É um prejuízo muito grande. Já me disseram que vão ter que demolir e fazer tudo de novo. Por que não fiscalizaram antes?”, reclama Divino da Silva, metalúrgico, morador da região.
“Se você precisa de um parto, tem que ir na Maternidade da Vila Brasília, que sempre está cheia, ou para hospital particular”, conta Jorceli Godoi, dona de casa, que acredita que a Maternidade Marlene Teixeira é cheia porque a população da cidade não tem opção de onde ir.
Uma questão recorrente é levantada pela comerciante Lucilene Xavier. “Como o governo começa uma obra sem um projeto de verdade? Só vê que tem problemas depois que gastou tanto?”.
Os prejuízos para os moradores são incontáveis. Segundo a comerciante Sônia Francisca, a demanda para os cais é muito grande, então, o prédio desafogaria os centros de saúde da região. “A região cresceu demais. O governo precisa olhar para o povo de cá.” (16/06/13)
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Uma escolha pessoal ou do Estado?
Estatuto prevê vida a partir da concepção e causa debate sobre aborto e pesquisas
CATHERINE MORAES

Onde se tem início a vida? Na concepção, na formação neurológica ou a partir do nascimento? Tais perguntas são facilmente respondidas por qualquer pessoa, mas as respostas variam de acordo com as crenças e religiões. Por esse mesmo motivo, um estatuto em votação que define a vida a partir do primeiro minuto de concepção causa polêmica no Brasil, considerado laico. Aprovado por duas Comissões da Câmara dos Deputados, o Estatuto do Nascituro segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e prevê a inviolabilidade do embrião, que pode afetar inclusive pesquisas som células-tronco. Outro ponto polêmico, popularmente chamado de bolsa-estupro, prevê o benefício de uma pensão para mulheres que optarem ter filhos oriundos de violência sexual. O assunto virou cabo de guerra entre bancadas religiosas e movimentos sociais e tem também tomado as ruas, por meio de marchas e manifestações.
O polêmico projeto foi criado em 2007 pelos ex-deputados federais Luiz Bassuma e Miguel Martini. Desde então, passou pela Comissão de Seguridade Social e Família (2010) e pela Comissão de Finanças, no último dia 5 de junho. Agora, seguiu para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, caso seja aprovado, será apreciado pelo plenário e senado. Se por um lado mais de 132 mil pessoas já assinaram uma petição contra o que prevê o estatuto, religiosos manifestam pelo país pregando o direito à vida, mesmo que de uma criança concebida após um estupro. Em 14 de junho, o deputado Marco Feliciano (PSC) também solicitou a redistribuição do estatuto para tramitar na Comissão de Direitos Humanos.
No texto original do projeto não havia a ressalva de que ter o filho ou não seria opcional. Isso leva ao entendimento que, mesmo sendo estuprada, a mulher deveria ter a criança sob pena de ser presa por até três anos. Quando foi aprovado, entretanto, pela Comissão de Seguridade, a ressalva ao Código Penal Brasileiro foi inclusa. O ponto mais polêmico da questão foi a intitulada bolsa-estupro, que será um benefício concedido às mulheres que decidirem ter a criança mesmo após uma violência sexual, na qual o aborto é permitido por lei. O Estado seria o responsável pelo pagamento, mas, caso o estuprador seja identificado, deverá arcar com a pensão. Surge aí um novo questionamento: ele teria as responsabilidades de um pai? Como a mãe conviveria com essa relação para sempre? Segundo o um dos criadores do projeto, Luiz Bassuma, a responsabilidade seria apenas penal, mas não cível, assim, não registraria a criança. (Leia a entrevista completa ao lado.)

Paulistanos protestam contra estatuto em frente a catedral
Diversos grupos de apoio à descriminalização do aborto e dos direito das mulheres promoveram encontro ontem à tarde em frente a Catedral da Sé, na região central de São Paulo, para protestar contra o Estatuto do Nascituro. A estimativa foi de que 1.500 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, estiveram no local.
Além de São Paulo, manifestações contra o Estatuto do Nascituro foi programada para ocorrer em Belo Horizonte, Brasília, no Rio de Janeiro, em Recife, Porto Alegre, em Santa Maria (RS), Florianópolis, em Joinville (SC), Jaraguá do Sul (SC) e em Campina Grande(PB).
Entre os grupos presentes na capital paulista estiveram presentes a Liga Brasileira de Lésbicas, o movimento da Marcha das Vadias e a Marcha Mundial das Mulheres. Os manifestantes pediam a descriminalização do aborto por meio de frases como: “Se o papa fosse mulher, o aborto seria legal”, “Cadê o homem que engravidou? Por que a culpa é da mulher que abortou?” e “Aborto legal, seguro e gratuito. Neste dia se escuta um só grito”.
Segundo a historiadora Sarah D. Roure, 30, membro da Marcha Mundial das Mulheres, a maternidade não deve ser vista como um castigo. “Nos casos de aborto, é isso que acontece.” Agentes da Guarda Civil Metropolitana bloquearam a área de entrada da catedral, que está fechada, atitude a qual os manifestantes vaiaram.
O projeto do Estatuto do Nascituro, aprovado pela Comissão de Finanças e Tributação, estabelece garantias ao bebê em gestação e também aos embriões congelados. No texto, há ainda a menção a uma espécie de “bolsa” para a mulheres vítimas de violência sexual que não interrompam a gravidez, o que foi apelidado pelas pessoas contrárias de “bolsa-estupro”. (Folhapress)

“Teremos um recuo de cinco séculos”

Para a psicóloga Ionara Vieira Moura Rabello, voluntária do programa Médico Sem Fronteiras, a decisão positiva sobre o estatuto faria o Brasil retroagir em pelo menos cinco séculos. Ela, que já atuou com leis similares na Cisjordânia, República Dominicana e no Haiti, se mostrou assustada com o projeto. “Quando li esse estatuto relembrei de diversas pacientes que atendi pelo Médico Sem Fronteiras. Tive uma com gravidez tubária (quando o embrião se acomoda nas trompas e não no útero) na República Dominicana. Lá o feto não podia ser retirado e tive que esperar ela começar a ter hemorragia para levá-la ao hospital”, recorda.
Ionara Vieira esteve ainda no Oriente Médio, onde trabalhou com uma beduína, que apanhou do marido. “Ela também foi violentada dentro do casamento, tinha muitos ferimentos, mas só poderia ser levada a um hospital se eu pegasse a autorização do marido por escrito, já que ela é propriedade dele. Me pergunto: será que nosso país vai voltar a ser isso? Queria que a bancada religiosa brigasse com o mesmo fervor por vidas que já existem fora da barriga. Nossas crianças não têm escola, saúde, dignidade. Comecem a lutar pelas vidas que já existem”, afirma.
Violentadas
A secretaria Municipal de Saúde de Goiânia notificou, somente em 2012, 2.200 mulheres violentadas, sendo 300 crianças e adolescentes, mas Ionara afirma que o número é muito maior. Psicóloga da Rede de Atenção a Crianças, Adolescentes e Mulheres em situação de violência pela SMS, a psicóloga afirma que muitas das mulheres violentadas não conseguem, sequer, articular uma palavra na primeira vez em que são atendidas. “Imagina eu ter que falar que vou cuidar dela, que está grávida e vai precisar cuidar dessa criança. O que salva muitas que não conseguem denunciar é a pílula do dia seguinte, que no caso parece ser proibida também”, completa.
Para o conselheiro do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Aldair Novato, o acréscimo do artigo 128 do Código Penal Brasileiro no Estatuto foi essencial. “ A minha posição e do Conselho é que não se pode tirar da mulher um direito que a lei já prevê. As mulheres precisam ter o livre arbítrio. Se a religião delas impede, elas assumem o risco, mas a escolha precisa ser pessoal”, complementa.

Série de barreiras para a denúncia

Mônica Araújo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Seção Goiás, diz que os projetos não podem ser aprovados somente pelo clamor público, mas precisam de fundamentação, principalmente das partes afetadas. “Não podemos obrigar, sequer as mulheres a denunciarem, porque isso já é uma exposição. A intimidade da pessoa precisa ser respeitada. Muitas vezes ela denuncia, passa por um delegado, escrivão, depois juiz, promotor, e o suspeito sequer fica preso. É tudo muito constrangedor”.
Para ela, fora o que há de polêmico, a lei não traz muitas novidades, tendo em vista que a gestante possui, por exemplo, atendimento prioritário e o aborto já é criminalizado. “Para mim este é o pior crime da terra e acho que a legislação já é suficiente. O que precisamos é de respeito às leis existentes e um forte tratamento psicológico para as vítimas de estupro. Dar a criança à adoção também não seria a melhor opção. São traumas demais para uma pessoa”, finaliza.

Aprovação pode travar pesquisas embrionárias
Cientista salienta risco e perdas caso células-tronco de embriões se tornem invioláveis por meio do Estatuto do Nascituro

Ainda iniciantes no Brasil, as pesquisas revelam que as células-tronco possam ser usadas na cura de lesões vertebrais permanentes e também doenças degenerativas. Entre as possibilidades: cura de mal de Alzheimer, leucemia, mal de Parkinson e até mesmo diabetes além da reconstituição de tecidos, músculos, nervos ou mesmo órgãos. As células-tronco são divididas entre adultas (geralmente retiradas de cordão umbilical, placenta e medula óssea) e embrionárias (retiradas do animal ainda na fase embrionária). Esta, justamente, apresenta maior capacidade de regeneração e de se transformar em outros tipos de células, mas pode acabar tendo a aplicação proibida com as normas do Estatuto do Nascituro.
Para o diretor do Centro de Reprodução Humana da Universidade Federal de Goiás (UFG) e ginecologista doutor pela Universidade de São Paulo (USP), Mário Approbato, o Estatuto do Nascituro, se aprovado, pode abrir um precedente e atrapalhar as pesquisas. Isto porque, garante que o embrião é vida desde a concepção, ou seja, desde o primeiro instante de vida. Assim, células não poderiam ser retiradas ou violadas, nem mesmo com a finalidade de pesquisas.
“O Brasil tem leis demais e elas não são respeitadas. Muito do que consta neste estatuto já está previsto em outras leis como a prioridade do nascituro no quesito saúde. Se a gestante já é prioridade, ele é por consequência. Quando o assunto é pesquisa, entretanto, não é válida porque temos garantida a lei da célula-tronco e uma lei não pode ir em conflito com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). As pesquisas ainda estão engatinhando e os trabalhos são experimentais, mas acreditamos que possam ser capazes de recuperar, inclusive vasos do coração”, explica.
Em casos de congelamento, o ginecologista afirma que muitos casais congelam vários embriões e muitas vezes abandonam nas clínicas. Com autorização, são usados para pesquisa, mas sem ela, precisam ser descartadas. Presidente em exercício do Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), Rafael Cardoso afirma que se a lei proibir a pesquisa, a comunidade científica terá que acatar a decisão, mesmo lamentando.

Interesse por pesquisa não é priorizada

Se no Brasil, como um todo, as pesquisas com células-tronco ainda estão engatinhando, em Goiás a situação é ainda pior. Approbato conta que no Hospital das Clínicas (HC) os embriões são congelados fora do hospital por falta de interesse em pesquisa. “Não existe pessoal para realizar este trabalho. Em pesquisa o Brasil perde para quase todos os países, inclusive da América Latina”, garante.
Rafael Cardoso explica que a pequenez da pesquisa no Estado está relacionada à carência de investimentos. “Existem muitos meios de se conseguir remuneração: seja via privada, estadual ou federal, mas falta uma logística para isso. Goiás tem potencial, mas mesmo para quem é ligado às universidades, isso tem sido muito complicado”, justifica. (16/06/13)
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Espera e atendimento médico carente
LYNIKER PASSOS

Era noite de terça-feira quando a funcionária pública Sandra Maria de Oliveira, 43 anos, notou que a filha de 7 anos necessitava de cuidados médicos. Usuária do Instituto de Assistência ao Servidor Público do Estado de Goiás (Ipasgo), ela colocou o cartão do plano de saúde na bolsa e foi direto para a emergência pediátrica. “Não havia nenhum médico atendendo pelo plano, liguei no Ipasgo e
Eles me direcionaram para outros dois hospitais, mas de nada adiantou. Minha filha que estava com infecção intestinal e de urina só foi atendida no dia seguinte”, relata.
Ocaso de Sandra Oliveira não é isolado. De acordo com um balanço de registros da ouvidoria do Ipasgo, a principal dificuldade encontrada pelos usuários é de obter atendimento médico. No período de 12 meses foram registradas 544 reclamações contra os prestadores credenciados com pessoa física, por exemplo, médicos e psicólogos. Outras 282 queixas foram notificadas, mas desta vez relacionadas à dificuldade de agendar consultas. Cobranças indevidas também fazem parte do relatório. Estima-se, no entanto, que os números sejam subnotificados pois é pequena a parcela de pacientes que encontram dificuldades de atendimento e se dispõe a encaminhar uma reclamação formal.
Usuários do Ipasgo reclamam de problemas não só no atendimento emergencial, mas também no agendamento de consultas, principalmente com pediatras, geriatras e endocrinologistas. A professora Elizabeth Alves,
39, também teve problemas para conseguir atendimento para a filha de 10 anos. “Tenho dois filhos, ainda crianças, e sempre que precisam de ajuda médica encontro dificuldades. As emergências são lotadas, já tive que pagar consulta particular para ficar mais tranquila e não ter de esperar mais de três horas para ser atendida”, relatou.
De novembro de 2011ª junho de 2012, apenas 128processos levados à auditoria foram analisados: 27 foram arquivados, 48 prestadores receberam advertência e dez foram descredenciados. As denúncias que ocasionaram o descredenciamento são de cobranças indevidas, denúncias de auditoria ou negativa de atendimento ao segurado.
As reclamações, denúncias e sugestões registradas pela ouvidoria passam por um processo de tramitação, que determina se resultarão ou não em processos. Normalmente, da ouvidoria, as queixas seguem para a Gerência de Credenciamento, onde são checadas. Quando constatado que não houve falha do prestador, o registro é encerrado e o usuário informado.
Se houver indícios de infração, é, então, aberto um processo administrativo, encaminhado à Comissão Permanente de Controle e Avaliação. A comissão apura a denúncia e, se foro caso, sugere a punição.
As reclamações de Sandra e Elizabeth não foram formalizadas na ouvidoria do plano de saúde, por isso, provavelmente, se todas as pessoas registrassem as queixas relatando os problemas, a estatística seria ainda maior que uma média de 130 reclamações por mês. Na quinta-feira (13), a reportagem entrou em contato com as secretárias de alguns médicos, cadastrados pelo Ipasgo, para agendar consultas. Em consultórios pediátricos, a consulta mais próxima seria
Possível com o prazo mínimo de 15 dias. Com médicos endocrinologistas, a situação não é diferente. Há médicos que orientam secretárias a comunicarem os pacientes do Ipasgo a tentarem a consulta no mês seguinte.
Uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de dezembro de 2011,instituiu prazos máximos para o atendimento dos usuários de todos os planos de saúde. Segundo a ANS, o prazo máximo que um usuário pode se submeter para aguardar espera de consultas pediátricas, ginecológica ou obstétrica é de sete dias. Já para nutricionistas são dez dias, e endocrinologista, 14 dias. No entanto, o Ipasgo se difere dos outros planos e, por lei, não é obrigado a cumprir os prazos, já que é uma autarquia estadual.

Representante médico

Enquanto o Ipasgo alega que sofre com posturas inadequadas dos
Profissionais de saúde, os médicos afirmam que, ao longo dos anos, o
plano criou muitas dificuldades para a categoria, inclusive, com interferências antiéticas.
O médico ortopedista e diretor de comunicação do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego), Robson Azevedo, afirma que o Ipasgo se tornou pouco atrativo. “Houve melhorias com o novo modelo adotado nos últimos anos,mas os valores ainda são defasados e o trabalho desenvolvido ultrapassado”, dispara.
Na opinião do ortopedista, o médico ainda fica um pouco receoso de atender pelo Ipasgo.“De todo histórico que o plano tem, este seria o momento para resgatar a confiança do médico com novas propostas para os valores das consultas, procedimentos e atualização da tabela. Tem que resgatar a credibilidade junto à classe médica”, acredita.
Acima de tudo, ele disse que o Ipasgo precisa melhorar o relacionamento como profissional de saúde. “O plano tem tido algumas medidas punitivas das quais não concordamos. Hoje é preferível atender outro plano, muitos profissionais bons também pediram o descredenciamento. Está na hora do Ipasgo mostrar que realmente está disposto a mudar. Pois não há satisfação dos usuários e nem dos prestadores”.

Ipasgo descredencia 70 médicos em 2013 e abre convocação
Ao todo, segundo a assessoria de imprensa do Ipasgo, entre médicos, dentistas, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, são 3.570 profissionais de saúde credenciados ao plano. No entanto, já a partir deste mês, novos profissionais vão integrar a rede credenciada. Também, nos próximos dias, será aberto um novo edital para credenciamento de mais profissionais que devem atuar no interior do Estado. Este ano mais de 70 médicos foram descredenciados do plano de saúde. Apesar de assumir problemas com os prestadores do Ipasgo,o presidente da autarquia, Francisco Taveira Neto, não considera o número de reclamações tão expressivo se relacionado com a quantidade de consultadas executadas com o auxílio do plano. Conforme dados do Ipasgo, são aproximadamente 150 mil atendimentos por mês. “Estamos falando de 1,8 milhão de atendimentos por ano. Então, primeiro, eu quero muito que essa quantidade de reclamações seja zero. Nós trabalhamos em busca da excelência, mas os registros acontecem muito em razão da falta de compromisso do prestador”, relatou.
Ele esclareceu que as reclamações acontecem devido a postura reprovável de alguns credenciados. “Muitos alegam baixo valor de honorários que são praticamente iguais ao que outros planos dispõem. Se estiver achando baixo que peça o descredenciamento. Pois há outros profissionais querendo prestar o serviço. Estamos pagando as contas com datas próximas aos planos congêneres”, alertou. Destacou que não enxerga coerência na postura de prestador que atende mal o paciente e que pede complemento para consulta.
“Não compactuamos com essa prática.”
Taveira também afirma que os usuários que passarem por problemas registrem suas queixas. “Pois assim, podemos chamar o profissional e darmos a oportunidade para que ele firme um termo de compromisso.” No mês de abril, o
Ipasgo expediu 380 processos de advertência a prestadores que apresentam baixo índice de atendimento, ou seja, menos de dez consultas por mês. Para
Taveira, o profissional que se dispõe a atender pelo plano deve atender a padrões mínimos.
Sobre o novo edital para o chamamento de novos profissionais de saúde, o presidente do Ipasgo revelou que houve a procura de pelo menos mil inscritos, entre médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos. “Nós inicialmente chamaremos aproximadamente 350 profissionais e os demais formarão quadro na medida de efetuamos remanejamento.”
Para um profissional de saúde concorrer ao atendimento pelo plano, ele deve
apresentar inscrição no conselho que regulamenta a profissão, além de documentos de ordem jurídica, como certidões negativas. Há algumas especialidades médicas que sofrem de carência de profissionais. No entanto, segundo Francisco Taveira, essa é uma realidade do País. “Pediatria, por exemplo, é um problema nacional. Nessa especialidade, a gente tem carência
sim, mas não é só o Ipasgo.”
Déficit
Desde julho do ano passado, o Ipasgo voltou ao regime regular de pagamento e sanou sua dívida de R$ 400 milhões. O montante levou a autarquia a  viver uma de suas piores crises da história. No entanto, o controle do déficit,
segundo o Ipasgo, aconteceu com o corte de 30% dos servidores, revisão dos contratos com fornecedores, suspensão de outros e negociação de dividas com os prestadores.
Na época, a arrecadação mensal era de R$ 60 milhões e as despesas de R$ 80 milhões, sendo R$ 72 milhões para o pagamento de faturas aos prestadores.Com as contas no azul, possibilitou-se o investimento em demandas dos usuários. Houve ainda reestruturação do grupo conhecido por agregados, que apresentava uma diferença entre receita e despesa de R$
55 milhões por ano e ainda aumento no valor pago pela consulta para R$50 para médicos, em 2012 ,e equiparação no valor da consulta para dentistas
e profissionais de terapias complementares, em 2013.
Outra mudança propagada pelo Ipasgo foi a redução do prazo de pagamento das faturas para em média, 42 dias, chegando em dezembro de 2012, a pagar com 30 dias. (17/06/13)

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O POPULAR
Nascer Cidadão
Mulher que deu à luz em recepção tem alta
(Camila Blumenschein)

A mulher de 34 anos que deu à luz na recepção da Maternidade Nascer Cidadão, em Goiânia, e a filha recém-nascida receberam alta médica ontem. Letícia Leite Machado foi liberada pela manhã, mas o bebê, que caiu no chão ao nascer, continuou internado porque os médicos aguardavam o resultado de exames. A mulher permaneceu no hospital aguardando a liberação da filha, conforme informou a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Ao meio-dia a criança foi liberada e levada para casa às 13 horas. Ela não quis dar declarações à imprensa. A recém-nascida, registrada como Sofia, nasceu na noite de terça-feira. Imagens gravadas pelo celular de um homem na recepção do hospital mostram a mulher dando à luz, sem ajuda médica, sentada em um banco. (15/06/13)
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Coluna Giro – TCE diz ter encontrado série de “achados” em contratos com OSs

O relatório do conselheiro Celmar Rech (TCE), que aprovou as contas de 2012 do governo estadual, informa que dados iniciais apontam para “uma série de achados” nos contratos com as organizações sociais (OSs) que administram os hospitais da rede estadual, com “risco de descumprimento das metas pactuadas”. O conselheiro não detalha quais seriam os “achados” e diz que a fiscalização do TCE não fez ainda avaliação definitiva destes contratos e que é preciso dar ampla defesa à Secretaria da Saúde. Embora reconheça avanços com o modelo de terceirização da gestão dos hospitais estaduais, como o fim da crise no desabastecimento de medicamentos e ampliação de leitos de enfermaria e UTIs, Celmar Rech frisa não ser possível afirmar com segurança que este modelo é eficaz. “Somente poderá ser atestada a partir da efetiva fiscalização, exigindo o adequado estabelecimento das metas pactuadas nos contratos de gestão e o devido cumprimento por parte das organizações sociais”, diz no relatório. (15/06/13)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação