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DESTAQUES
Artigo – Desde o início ninguém nos ensina nada sobre Saúde. Aprendemos quando já é tarde
Artigo – Transformação do Mercado da Saúde Suplementar no Brasil
Hospital Oswaldo Cruz investe em inteligência artificial e monitoramento
Estudo mostra que setor de artigos farmacêuticos cresceu 2,1% em outubro
Quanto um profissional de saúde ganha por plantão?
SAÚDE BUSINESS
Artigo – Desde o início ninguém nos ensina nada sobre Saúde. Aprendemos quando já é tarde
Alfabetização em Saúde acelera.
Nunca nos ensinam sobre Saúde. Desde o maternal, só nos passam fragmentos dessa ‘coisa’ chamada doença. Parece pecado falar ou aprender sobre isso. Saúde e doença caminham conosco a vida toda, mas parece ser um ‘meteoro intergaláctico’ sobre o qual nada sabemos a não ser quando ele nos atinge na mais insólita ignorância. Professores nos ensinam sobre geografia, história, língua portuguesa, matemática, física, química, mas nada sobre como cuidar de nosso corpo. Somos abandonados à própria sorte de autocuidar-se sem receber a mais ínfima noção do que é saudabilidade, nutrição, caloria, aparelho reprodutor, vício, drogas, Internet e todas as demais armadilhas que nos espreitam pela frente. Alguns têm a sorte de ter na família um fluxo de ensinamentos, mas a grande maioria dos familiares não tem a menor ideia do que é ser sadio ou crônico.
Uma criança chegará aos 10 anos de idade sabendo menos sobre seu corpo do que sabe uma lagartixa, que por dever da natureza (instinto natural) já sabe tudo sobre sua essência corporal. Nós humanos, não, temos que aprender a nos cuidar, mas precisamos fazê-lo pelas redes sociais, ou pelas conversas em grupo, ou pelo Google. Na escola, não se pensa ou se fala sobre isso. Uma criança de 8 anos não recebe qualquer sequência de aulas formais e contínuas sobre suas ‘condições físicas de vivência’, e se recebe, está impresso numa apostila ou livro, ou são aulas de educação física voltadas ao esporte, sem um profissional preparado para explicar as regras da boa saúde.
Essa falência educacional vai mais longe: ninguém nos ensina nada sobre o que é privacidade, alegria, tristeza, esperança, virtude e valores morais. Podemos chegar aos 17 anos sem ter a mínima noção do que é ética. A filosofia e a sociologia passam longe das matrizes escolares. Podemos saber os principais afluentes à esquerda do Rio São Francisco, mas nada saberemos sobre morte ou sobre por que e para que vivemos. Porque choramos, porque precisamos de amigos, o que é compaixão ou tesão, nada disso passa pela educação formal, e se passa é num triscar de frases, com exemplos toscos. Somos abandonados na escola, à mercê das patologias mais difíceis ou transitórias.
Quando criança, visitamos médicos, mas eles só falam com nossos pais, ignoram nosso poder de influir nos ditames das moléstias de nosso corpo. Assim, somos iscas fáceis dos predadores bacterianos, virais ou qualquer outro patógeno que cruze nosso caminho. Poucos sabem o que é potabilidade da água, ou porque o sono é importante, ou porque a higiene conta, ou quais as causas de uma infeção, ou inflamação, ou mesmo de uma constipação.
Em nossa fase infanto-juvenil aprendemos pouco ou nada sobre saúde mental e emocional, quase zero sobre primeiros socorros e muito pouco sobre o uso de substâncias proibidas. A sexualidade continua um mito para a petizada, só aprendendo nos banheiros ou sites eróticos. Sobre sexo (doenças sexualmente transmissíveis, por exemplo) e reprodução, desista, não espere que a família ensine: ou ela não sabe como ensinar, ou tem constrangimento, medo, ou simplesmente ela mesma sabe muito pouco sobre o assunto. Sobre ergonomia e postura corporal talvez a criança receba fundamentos na educação física, mas jamais receberá lições claras que envolvem alongamento, efeitos de carregar pesos em excesso, ou sedentarismo.
Na sua grande maioria, nenhuma escola pública ou privada gasta um joule ensinando qualquer coisa sobre finanças pessoais básicas, economia, poupança e responsabilidade financeira. Os adolescentes chegarão aos 15 anos repletos de Geometria, mas pouco sabendo sobre aparelho reprodutor, ou assédio, estupro, liberdade, libertinagem ou mesmo livre arbítrio. Somos ignorantes funcionais em saúde e se a cronicidade patológica nos persegue, somos “protegidos” contra a verdade, ou suas causas, ou mesmo sobre “que vida deverei ter” com essa ‘coceira’ incessante…
Humanos são condenados a saber quase nada sobre sua saúde, até que um dia ela se esvai. Até o fim de nossa adolescência não temos a menor noção do que é prevenção, risco ou autoproteção. Quando uma doença aparece e os sintomas nos sequestram, crianças perguntam a tudo e a todos (às vezes perguntam até ao Céu) o que elas têm ou como o ‘medicamento que ingerem age sobre elas’. Nada, pouca ou nenhuma informação. Parece perigoso sabermos sobre os trâmites da doença quando ainda somos pré-adultos.
O resultado é que crescemos nessa enorme ignorância, tornamo-nos adultos, pais e voltamos a fazer o mesmo racionamento informacional sobre saúde a que nos condenaram. Esse é o ciclo contínuo e imperativo da paternidade humana: “não se preocupe em saber sobre a saúde ou doenças, filho. Se preocupe só em estudar e aproveitar a vida”.
Essa disciplina tão importante e preterida pelos educadores chama-se “Alfabetização em Saúde”. Ela está ausente em praticamente todo o Ocidente, com ilhas de health literacy em apenas alguns países. Como todos os sistemas de saúde públicos e privados são hoje insuficientes para enfrentar as curvas demográficas globais, todos agora correm atrás de implantar rapidamente seus “estatutos” e features sobre aprendizado em Saúde. No Brasil, há poucos sinais de que no médio prazo isso será implementado. Embora a nova grade curricular seja um pouco mais arejada em relação à saúde, ainda é anedótica para aquilo que o país precisa.
Há 20 anos, o mês de outubro foi reconhecido internacionalmente como o “Mês da Alfabetização em Saúde”. Apesar da ausência de dados sobre health literacy, está claro que estamos diante de um desafio global: na Europa, 47% da população tem alfabetização sanitária limitada, enquanto na China apenas 30% dos habitantes têm alfabetização básica em saúde. Populações com baixa alfabetização em saúde têm conhecimento limitado sobre onde e quando procurar serviços de saúde adequados, sendo menos propensas a procurar cuidados preventivos. Além disso, administram mal sua saúde e frequentemente enfrentam maiores taxas de mortalidade. Isso tudo deságua na Economia da Saúde, que assiste impávida o analfabetismo em saúde arrestar quase 20% dos gastos sistêmicos com o setor.
No Reino Unido, por exemplo, 43% dos adultos não entendem informações escritas sobre saúde. O impacto socioeconômico no país é extenso: entre 4 e 6 bilhões de dólares ao ano, sendo as readmissões hospitalares o principal impulsionador desses custos. Esses dados levaram o país a estudar por 20 anos o tema, implementando a partir de 2020 o programa PSHE (Personal, Social, Health and Economic Education). Ele é ‘quase obrigatório’ (mas aderente por 90% das escolas) e já vem mostrando métricas importantes: estudantes com ensino de PSHE têm 20% melhores notas em comparação com aqueles que não tiveram acesso ao programa, especialmente em áreas mais carentes. A redução de bullying entre alunos das escolas que implementaram o PSHE também foi reduzida em 15%, promovendo um ambiente escolar mais seguro e propício ao aprendizado. Da mesma forma, alunos dessas escolas relataram uma melhora de 25% no bem-estar emocional, especialmente no que diz respeito à autoconfiança e às habilidades sociais. É claro que todos esperam resultados maiúsculos com mais tempo de duração (quiçá em 2030 o NHS possa comemorar uma importante melhoria em seus índices clínico-assistenciais). Programas como esse demoram décadas, às vezes uma geração, para produzir resultados expressivos. Países que não têm o costume de planos de longo prazo, como o Brasil, ‘tropeçam em suas múltiplas pernas sem saber com que pernas devem seguir’…
Também no Reino Unido, especificamente na Escócia, desde 2008 foram introduzidas iniciativas como o programa “Making it Easy”, que promove a Educação em Saúde desde o ensino fundamental, desenvolvendo habilidades críticas nas crianças para compreender e gerenciar informações de saúde. Os resultados já alcançados são evidentes: “aumento de 75% na capacidade dos estudantes de compreender informações de saúde, além de uma redução de 15% nas hospitalizações evitáveis nas áreas onde o programa foi implementado. Além disso, contribuiu para uma diminuição de 10% nas desigualdades em saúde, particularmente em comunidades vulneráveis”, explica o documento “Sláintecare Healthy Communities Health Literacy Report”, publicado este ano pela School of Health and Human Performance, Dublin City University.
O relatório objetiva expandir a alfabetização em saúde na Irlanda, investigando suas implicações tanto no nível individual quanto sistêmico. O conceito de alfabetização em saúde é basilar: “prover fundamentos para capacitar as pessoas a acessar, compreender, avaliar e aplicar informações relacionadas à saúde para tomar decisões informadas e promover o bem-estar”. O relatório examina as dificuldades enfrentadas por uma parcela significativa da população irlandesa em relação à health literacy, o que resulta em piores desfechos de saúde e aumento nos custos dos serviços médicos. Na Irlanda, a implementação da alfabetização em saúde tem sido irregular e fragmentada, onde só extratos populacionais de alta renda têm alguma iniciativa nessa alfabetização. O relatório mostra ainda que na Irlanda muitos já recorrem à inteligência artificial para obter conselhos sobre saúde. Um participante do estudo expôs uma típica consulta às IAs: “Eu digo: Faça um menu saudável para uma semana para seis pessoas. Um dos meus meninos não come isso, outro não pode comer aquilo… Esse é dinheiro que tenho”. Na sequência, a IA cria um menu semanal com todos os elementos proteicos necessários. É de se supor que, em alguns poucos anos, cada indivíduo terá um Assistente Virtual Clínico (IA) que o acompanhará desde os primeiros anos de vida. A isso daremos o nome de “self-literacy in health”, ou seja, o autodidatismo. Será o único elemento de capacitação em saúde se o Estado e os canais institucionais nada fizerem. Na Irlanda, por exemplo, “cerca de 40% dos adultos possuem baixos níveis de alfabetização em saúde, impactando negativamente a capacidade de autogestão, aumentando a dependência dos serviços de emergência”.
O documento Sláintecare também compara outros programas de redução da ignorância sanitária, como da Austrália, onde a ‘alfabetização em saúde já foi incorporada ao currículo escolar, promovendo noções básicas de saúde desde o primeiro ano de ensino’. A iniciativa já mostra resultados positivos ao fornecer às crianças as habilidades necessárias para entender e aplicar informações de saúde. O “National Strategic Framework for Chronic Condition”, da Austrália, revela que a média de redução de custos com saúde foi 10-15% devido aos programas de alfabetização em saúde.
Nos EUA, o programa “Healthy People 2030” (iniciado em 2020) aferiu uma redução de 20% nas hospitalizações evitáveis e um aumento de 15% na adesão a cuidados preventivos após a implementação de estratégias de alfabetização em saúde. Além disso, houve uma melhoria na taxa de cessação do tabagismo, associada aos vetores de alfabetização e compreensão dos riscos do fumo. O Healthy People 2030 conseguiu reduzir a taxa de adultos fumantes de 14,2% em 2019 para 11,0% em 2023 (a meta é alcançar 6,1%). Até 2022, 47,8% dos adolescentes entre 12 e 17 anos com episódios depressivos grandes (MDEs) receberam tratamento, superando a meta de 44,9%. No caso do nível médio de colesterol total em adultos, a redução foi de 190,9 mg/dL (2013-2016) para 187,2 mg/dL (2017-2020), sendo a meta alcançar 186,4 mg/dL. Não houve mágica, houve educação básica em saúde. Os dados do “Healthy People 2030″ mostram que a implementação de iniciativas de alfabetização reduz as hospitalizações evitáveis, aumentando a adesão aos cuidados preventivos. Estima-se que a alfabetização limitada em saúde, por meio de todos os seus impactos (erros médicos, falhas de comunicação, aumento de doenças e incapacidades, perda de salários e comprometimento da saúde pública) custe à economia dos EUA até US$ 349 bilhões por ano, quando ajustada pela inflação para dólares de 2023 (fonte: Center for Health Care Strategies).
Quando um analfabeto em saúde fica mais velho, sua insegurança cresce na mesma proporção. Outra pesquisa (“Health Literacy: How Well Can Older Adults Find, Understand, and Use Health Information”) publicada este ano pela University of Michigan, mostra as dificuldades dos ‘idosos analfabetos em saúde’: no geral, 80% das pessoas com 50+ disseram ter pouca ou nenhuma confiança de identificar a desinformação médica quando as veem. Essas pessoas, em geral, não se cuidam, não sabem se cuidar ou estão excluídas do processo de tomada de decisão clínica de suas vidas. São zumbis ao sabor de sites na internet, de amigos ou parentes que opinam. São também denominados carinhosamente como “sinistros” pelas Operadoras de Saúde.
Uma tartaruga recém-nascida sai da casca na praia, caminha alguns passos, chega ao mar e o resto é por sua conta. Está pronta. Um ser humano, três anos após nascer ainda é totalmente dependente dos outros. Se não lhe ensinarem nada, não sobrevive até os quatro anos. Mas vai chegar aos 14 sabendo pouco ou nada sobre sua saúde, ou como sobreviver sem os outros. A Organização Mundial da Saúde enfatiza que a alfabetização em saúde é mais do que a capacidade de entender e “cumprir” os ditames dos profissionais de saúde. Ela abrange “a motivação e a capacidade dos indivíduos de obter acesso, entender e usar informações de maneira que promovam e mantenham sua própria boa saúde”. Nesse sentido, vale a citação do National Patient Safety Foundation (encampada pela Associação Médica Americana): “Nada, nem idade, renda, status de emprego, nível educacional e grupo racial ou étnico, afeta mais o estado de saúde do que as habilidades de alfabetização em saúde do paciente”. Os filhotes de tartarugas já sabiam disso antes de nascer.
Guilherme S. Hummel
Scientific Coordinator Hospitalar Hub
Head Mentor – EMI (eHealth Mentor Institute)
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MEDICINA S/A
Artigo – Transformação do Mercado da Saúde Suplementar no Brasil
Nos últimos anos, o mercado da saúde suplementar no Brasil passou por significativas transformações, impulsionadas por inovações e mudanças nas demandas dos consumidores. Mesmo diante de desafios econômicos globais, como altas taxas de juros e inflação, o setor de saúde tem se destacado em fusões e aquisições, refletindo a resiliência e a importância dessa indústria na economia nacional. Historicamente, cerca de 55% dos gastos com saúde no Brasil são concentrados no setor privado, o que sinaliza um potencial crescimento futuro, principalmente nesse segmento.
O cenário de fusões e aquisições no setor de saúde manteve-se ativo em 2023, apesar da desaceleração observada globalmente. Após um recorde em 2021, quando o setor representou 20% dos acordos globais, a movimentação diminuiu, mas segmentos como novos modelos assistenciais e inovações em tecnologia da informação em saúde continuam a gerar interesse. No Brasil, o valor das transações no setor de saúde alcançou cifras bilionárias em 2023, evidenciando um movimento estratégico de aquisição, como a compra da Amil, que representou uma transação de R$ 11 bilhões, conforme publicação da revista Veja, em 22 de dezembro de 2023.
Outro acordo operacional que chamou a atenção foi a união da Golden Cross e a Amil, em 01 de julho de 2024, que resultou na paralisação dos pagamentos aos prestadores de serviços por parte da Golden Cross na ordem de R$ 200 milhões, de acordo com estimativas do mercado. Apesar do imenso desiquilíbrio, ambas as empresas se defendem afirmando que não há transferência de carteira, nem obrigações financeiras, apenas acordo de garantia de atendimento dos seus usuários na rede de serviços da parceira Amil, a fim de atender à Resolução Normativa 517 da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS.
Em junho deste ano foi a vez da Dasa assinar joint-venture com Amil para criar a segunda maior rede de hospitais do país chamada Ímpar que terá controle dividido em partes iguais por ambas as companhias. Se a fusão for aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), a rede hospitalar das duas empresas terá 25 unidades, a maioria na Região Sudeste, 4.400 leitos e uma receita líquida de cerca de US$ 10 bilhões anuais (Fonte: Forbes Money).
Outra gigante neste cenário é a Rede D’Or com 73 hospitais e 11.700 leitos. Em fevereiro de 2022, o grupo comprou a SulAmérica, reforçando o processo de consolidação do setor de saúde no Brasil. A operação, avaliada pela seguradora em cerca de R$ 13 bilhões e é a maior aquisição da Rede D’Or desde que ingressou na B3. Observamos ainda a fusão de dois gigantes da saúde suplementar: Grupo NotreDame Intermédica e Hapvida, resultando em uma das maiores empresas verticalizadas do mundo e a maior rede própria de atendimento em saúde do país.
Toda essa movimentação decorre de diversos fatores, dentre eles, a altíssima sinistralidade, responsável pela drástica redução nas margens de lucro das empresas que operam no segmento. A parceria, por meio de fusões e aquisições, foi o caminho natural encontrado para crescer em escala e diminuir o custo assistencial. Neste cenário desafiador para as operadoras de planos de saúde, encontramos também situações impactantes e alarmantes, como o desligamento unilateral de clientes. Entretanto, é necessário debater sobre o modelo de livre escolha. As operadoras de planos de saúde que optarem por comercializar este tipo de produto, necessitam ter autonomia para precificar de forma diferenciada, com base em cálculos atuariais. Difícil conceber o produto de livre escolha dentro do atual quadro de precificação praticado pelo mercado. Considero que este produto deva existir na prateleira, disponível para o consumidor com valor específico, caso haja demanda. Entretanto, a aplicação da regra de livre escolha aos atuais produtos de prateleira comercializados pelas operadoras irá impactar e levar a saúde suplementar brasileira ao verdadeiro colapso.
A crescente participação de novos modelos assistenciais representa uma mudança crucial no perfil do segmento. As cooperativas médicas, que sempre foram um pilar no sistema de saúde suplementar, precisam se adaptar a esse novo cenário. Para permanecerem relevantes e atraentes, essas organizações devem considerar algumas estratégias fundamentais. Em minha opinião, a mais relevante delas diz respeito ao engajamento médico. Como médico cooperado e gestor com experiência acumulada há mais de 20 anos, visualizo nas cooperativas médicas um mercado garantido e preservado para o exercício da medicina de maneira digna e correta. A cooperativa não é uma operadora de planos de saúde nos moldes tradicionais, pois detém isonomia perante esses grandes grupos que visam ao lucro dos seus sócios e acionistas, em detrimento dos seus médicos credenciados. O sucesso do modelo cooperativista está, literalmente, nas mãos do próprio médico cooperado.
Vimos, cada vez mais, as organizações cooperativistas se reinventando, incorporando novas tecnologias, inovando em processos gerenciais e assistenciais com a finalidade de atender às expectativas de um cliente cada vez mais exigente, bem como manter a sua fatia neste desafiar setor. Temos o maior sistema cooperativista médico do mundo, com 339 cooperativas com gestão administrativa, financeira e assistencial independentes; 116 mil médicos cooperados; 19,7 milhões de clientes; mais de 29 mil hospitais, clínicas e serviços credenciados; 163 hospitais próprios; além de prontos atendimentos, laboratórios e centros de diagnósticos que garantem a qualidade da assistência prestada aos beneficiários.
Em suma, a transformação do mercado de saúde suplementar no Brasil apresenta desafios significativos e oportunidades valiosas. Trabalho, seriedade, criatividade, responsabilidade, aprimoramento permanente, capacidade de se reinventar e se adaptar à constante evolução são pilares de sustentação para qualquer organização que se proponha mais que sobreviver, alçar novos patamares. E somente no formato cooperativo o médico terá o seu verdadeiro protagonismo no exercício da sua atividade.
*Joé Gonçalves Sestello é diretor-presidente da Unimed Nova Iguaçu.
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Hospital Oswaldo Cruz investe em inteligência artificial e monitoramento
Inovações que já alteram o cotidiano das pessoas, como a inteligência artificial (IA) e os wearables, ou vestíveis – dispositivos como relógios e pulseiras inteligentes que podem fazer o monitoramento de parâmetros corporais –, agora chegam aos hospitais com capacidade para tornar o atendimento mais eficiente, seguro e aumentar a qualidade dos serviços oferecidos pelas instituições.
Segundo um relatório da consultoria Grand View Research, o mercado de saúde digital, estimado em US$ 240 bilhões em 2023, deve crescer a uma taxa anual de 21,9% entre os anos de 2024 e 2030.
Nas instituições de saúde, essas novidades são implementadas e gerenciadas pela Engenharia Clínica, departamento responsável pelas tecnologias médicas usadas para diagnóstico, intervenções ou suporte à vida.
No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a adoção de uma solução com inteligência artificial embarcada permite um uso otimizado de equipamentos de alta complexidade, como as máquinas que realizam os exames de ressonância magnética.
A ferramenta é capaz de coletar as informações do aparelho de exames e as organizar em um painel, onde os especialistas conseguem analisar detalhes do uso do equipamento. “Entre as informações disponibilizadas, estão os horários de agendamentos e o tempo de cada exame. Isso permite uma gestão mais inteligente das agendas, conhecendo quanto tempo o aparelho fica ocioso e se há alguma demanda reprimida”, diz Tarcisio Marques, gerente de Engenharia Clínica do Hospital. Assim, os dados podem colaborar para um aumento de eficiência no uso dos aparelhos.
O dispositivo também pode fazer o monitoramento da dose de radiação que cada paciente recebe no exame, o que amplia a segurança de quem passa pelo aparelho. A solução deve ainda ser usada em outras máquinas no Hospital no futuro, como tomógrafos e equipamentos de medicina nuclear. De acordo com Marques, esse uso permite um ganho operacional – a maior disponibilidade de informações permite ajustes de protocolos que podem garantir a redução na taxa da dose de radiação recebida pelos pacientes.
Outro recurso que está sendo adotado pela instituição neste ano de 2024 é uma IA capaz de produzir os laudos para todos os exames de Raio X feitos no Pronto Atendimento. O sistema usado para redigir os documentos se baseia em um banco com mais de 1 bilhão de imagens do mundo todo.
Os wearables representam outra frente nessa onda de inovação na saúde: a medicina de sensores, que usa os dispositivos presos ao corpo para monitorar e exibir em tempo real dados da pessoa.
No uso cotidiano, eles assumem as formas de relógios, pulseiras e anéis inteligentes que, conectados a um smartphone, fornecem informações aos usuários, como batimentos cardíacos, tempo e qualidade de sono e níveis de estresse. Com GPS acoplado, alguns também contabilizam a distância e a intensidade em exercícios físicos como corrida, ciclismo e natação.
Há novos formatos em desenvolvimento, como adesivos que podem coletar informações e distribuir medicamentos e peças de roupa capazes de monitorar a saúde dos músculos.
Dentro do contexto hospitalar, dispositivos com níveis de precisão mais elevados, desenvolvidos especificamente para uso médico, podem ser usados em pacientes internados para minimizar riscos e indicar rapidamente mudanças bruscas no quadro clínico que exigem cuidado imediato.
“Com o uso desses dispositivos, o paciente internado tem um monitoramento mais próximo, o que permite agir de forma mais rápida. Assim, a reavaliação é feita conforme a necessidade”, destaca Luisa Donatelli, gerente de Estratégia e Inovação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
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Estudo mostra que setor de artigos farmacêuticos cresceu 2,1% em outubro
A 22ª edição do Índice do Varejo Stone (IVS) apontou um crescimento de 2,1% no volume de vendas do setor de Artigos farmacêuticos em outubro, na comparação mensal. O estudo, que apresenta dados mensais das movimentações varejistas, é uma iniciativa da Stone, empresa de tecnologia e serviços financeiros que é a principal parceira do empreendedor brasileiro.
O levantamento tem como base a metodologia proposta pelo time de Consumer Finance do Federal Reserve Board (FED), que idealizou um modelo de indicador econômico similar nos Estados Unidos. São consideradas as operações via cartões, voucher e Pix dentro do grupo StoneCo. O objetivo é mapear mensalmente os dados de pequenos, médios e grandes varejistas e divulgar um retrato do setor nacional.
Em outubro, o setor de Tecidos, Vestuário e Calçados também apresentou alta mensal de 1,8%, Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo mostrou sinais de estabilização, com uma queda menor em outubro (0,6% contra 2,8% em setembro) e alta anual de 1,7%. Combustíveis registrou leve queda mensal (0,6%) e alta anual de 2,7%, enquanto Móveis e Eletrodomésticos subiu 1,6% no mês, revertendo parte da queda de setembro (3,5%). Outros setores, como Livros e Papelaria e Material de Construção, também mostraram recuperação mensal, com 2,5% e 5,1%, respectivamente.
Destaques regionais
No recorte regional, seis estados apresentaram resultados positivos no comparativo anual: Roraima, Amazonas e Maranhão, que apresentaram crescimento de 9,4%, 8,2% e 6,8%, respectivamente. Em seguida, Santa Catarina, Goiás e Paraná também tiveram alta de 5%, 4,9% e 3,5%. Por outro lado, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal registraram queda de 3,4% e 0,6%, respectivamente.
Segmentos analisados
O Índice de Atividade Econômica Stone Varejo avalia oito segmentos:
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
Livros, jornais, revistas e papelaria
Móveis e eletrodomésticos
Tecidos, vestuários e calçados
Material de Construção
Combustíveis e Lubrificantes
Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico
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O ANTAGONISTA
Quanto um profissional de saúde ganha por plantão?
Artigo discutindo os desafios dos profissionais de saúde que trabalham em plantão, impactos da reforma trabalhista e competição no mercado de trabalho.
Trabalhar na área da saúde é conhecido por jornadas extensas e intensa demanda, sobretudo nos plantões hospitalares. Profissionais como psicólogos, médicos e veterinários enfrentam grandes desafios relacionados à remuneração e condições de trabalho. A realidade atual é intensificada por frequentes transações entre grandes grupos hospitalares, afetando diretamente a vida desses trabalhadores.
Recentemente, especulações sobre a possível venda do Hospital da Bahia para a Rede D’Or São Luiz reacenderam debates no setor. Embora a negociação tenha sido desmentida, o caso exemplifica o ambiente dinâmico e complexo enfrentado por esses profissionais. Em cidades como Salvador, onde a Rede D’Or opera diversos hospitais, há acirrada competição, levando a uma contínua revisão das condições de contratação.
Desafios dos Profissionais de Saúde
Os profissionais de saúde lidam com uma rotina extenuante, muitas vezes recebendo remuneração que não condiz com a carga de trabalho e responsabilidade. Plantões de 12 horas são comuns para médicos, psicólogos e veterinários, mas os valores pagos por esses serviços variam amplamente, frequentemente ficando abaixo das expectativas.
Levantamentos indicam que veterinários recebem, em média, entre R$ 120 e R$ 150 por plantão de 12 horas, com casos de propostas por valores ainda menores. Médicos, que tradicionalmente têm rendimentos mais altos, também enfrentam estagnação salarial, com plantões congelados sem reajustes por anos.
Impacto da Reforma Trabalhista nos Plantões
A reforma trabalhista de 2017 trouxe grandes mudanças na contratação de profissionais de saúde no Brasil. Com a reforma, plantões passaram a ser negociados via acordos individuais, afetando diretamente a remuneração e os direitos desses profissionais. Muitos agora atuam sob o regime de pessoa jurídica, alterando proteções trabalhistas como férias e adicionais noturnos.
Essa flexibilidade pode ser problemática, pois muitos profissionais aceitam plantões com remunerações menores por necessidade, em especial recém-formados. Profissionais experientes tendem a evitar locais que oferecem condições desfavoráveis.
Por Que a Competitividade no Mercado de Saúde é Intensa?
O mercado de saúde é altamente competitivo, com grandes grupos hospitalares operando várias unidades sob a mesma bandeira. Isso limita as opções para profissionais, que frequentemente sentem-se compelidos a aceitar condições inferiores para ingressar ou permanecer no mercado.
Este modelo, combinado com a falta de ajuste nos valores dos plantões, cria uma situação em que até serviços essenciais, como urgências e emergências, são realizados sob condições financeiras insatisfatórias. A pressão é ampliada pelo impacto da pandemia de COVID-19 e a crescente demanda por atendimento especializado.
Buscando Soluções
Entidades sindicais e o governo têm promovido discussões para abordar essas questões e buscar soluções viáveis. Alguns sugerem a realização de concursos públicos para aumentar a contratação de profissionais em condições mais justas, enquanto outros advogam por um diálogo entre empregados, empregadores e governo para revisar as condições de trabalho, períodos e remunerações.
Apesar dos desafios persistentes, essas discussões são cruciais para garantir que o setor de saúde mantenha a qualidade do atendimento e ofereça condições dignas aos profissionais dedicados à saúde e ao bem-estar da população.
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Assessoria de Comunicação