Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 16/09/14

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES DE HOJE

• Recall – Laboratório vai recolher 150 mil medicamentos
• Lillo vai recolher mais de 6 mil chupetas
• Sírio-Libanês – Médico atira em colega e se mata
• Artigo – Os limites da cirurgia plástica
• Justiça garante pedidos de exames feitos por médicos intercambistas
• Senadores propõe mudanças no Mais Médicos
• A confusão das dores
• À espera de um milagre
• Financiamento, gestão e formação profissional devem ser prioridade


O POPULAR
Recall
Laboratório vai recolher 150 mil medicamentos
O Laboratório Teuto Brasileiro fará o recolhimento de cinco medicamentos: Cetoconazol, Amitriptilina, Paracetamol, Nistatina e Atrovastatina Cálcica. Campanha de chamamento foi protocolada pelo laboratório na Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça (Senacon/MJ). São quase 150 mil produtos inseridos no mercado de consumo. O laboratório informou que os problemas identificados são erro e troca de embalagens de medicamento, além da possível presença de objeto metálico dentro de comprimidos. Acrescentou que há riscos à saúde dos pacientes.
De acordo com o Teuto, no Cetoconozol 200 mg 30 comprimidos, o lote com problema é o 1048105, fabricado em 25.6.2013. A empresa informou que o lote pode ter sido embalado com blister do medicamento Atenolol 100 mg, o que pode trazer riscos para o usuário.
A Amitriptilina HCL 25mg foi fabricada entre 14 e 15 de fevereiro deste ano e abrange 10.271 produtos, cujo lote tem a numeração 8910019. A empresa constatou que o antidepressivo foi embalado com cartonagem do medicamento Metformina 850mg, utilizado para tratar diabetes.
No caso do Paracetamol 500mg, são 15.141 medicamentos fabricados entre 11 e 12 de dezembro de 2013, com numeração de lote 1998101. Foi constatada a possibilidade de ser encontrada a presença de um objeto metálico, semelhante a um parafuso.
O lote 8910019 do creme vaginal Nistatina 25.000UI/G, fabricado entre 14 e 15 de fevereiro deste ano deve ser devolvido. São 13.993 unidades que podem ser tido embaladas com Sulfato de Neomicina e Bactracina Zínica pomada.
O recall da Atorvastatina Cálcica 10 mg com 60 comprimidos revestidos, fabricados entre 17 e 21 de janeiro deste ano abrange 4.822, do lote 6909006. O produto foi embalado em cartonagem de Atorvastatina de 20 mg. Maiores informações podem ser obtidas no Laboratório Teuto Brasileiro, pelo telefone 0800 62 1800 ou pelo site www.teuto.com.br.

Lillo vai recolher mais de 6 mil chupetas
A empresa Lillo anunciou ontem um recall de 6.432 chupetas devido ao risco de elas se desmontarem e partes pequenas serem engolidas pelos bebês.O comunicado da empresa informa que as partes pequenas podem causar risco de engasgamento.
A empresa diz que, após testes de fervura e tração, constatou problemas no modelo Lillo Funny, coleção Bichos Ortodôntica, tamanho 2. O lote com problema é o 13137, código 6701110, com data de fabricação do dia 17 de maio de 2013.
Os consumidores devem procurar a empresa para fazer a troca do produto.Para isso, pode-se contatar o Serviço de Atendimento Consumidor (SAC) da Lillo pelo telefone 0800 025-4415 de segunda a sexta-feira das 9 às 17 horas ou pelo e-mail sac.lillo@lillo.com.br. A empresa afirma que com exceção desse lote com problema, os outros produtos da marca estão em boas condições satisfatórias de uso.
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Sírio-Libanês
Médico atira em colega e se mata
São Paulo – O médico urologista Anuar Ibrahim Mitre, de 65 anos, integrante do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês, foi baleado na tarde de ontem em seu próprio consultório, na Bela Vista, região central de São Paulo. O atirador, que também é médico e foi identificado como Daniel Edmans Forti, se matou em seguida com um tiro na cabeça. Segundo a polícia, o registro médico de Forti é do Rio de Janeiro e ele exerceria medicina do trabalho.
Anuar levou três tiros, um deles na cabeça, e passava por cirurgia no início da noite de hoje no Sírio-Libanês. O hospital não deu detalhes do estado de saúde dele.
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Artigo – Os limites da cirurgia plástica

O aumento da expectativa de vida das pessoas tem motivado a busca por mais qualidade de vida e a melhora da autoestima. O desafio é ainda maior com a grande circulação de informações proporcionada pelos avanços tecnológicos. Temas relevantes se transformam rapidamente em fórum de discussão.
Os números mostram que hoje, além de viverem mais, com ajuda da medicina, as pessoas aproveitam mais a vida. A procura pelo “estar bem” influenciou estatísticas. Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica revelam que o Brasil ocupa o segundo lugar em cirurgias plásticas no mundo, perdendo somente para os Estados Unidos. Goiás é o terceiro Estado em procedimentos, no Brasil. Foram 175 mil cirurgias, em 2013. Isso representa cerca de 10% do total realizado no País.
A Sociedade também informou quais os procedimentos mais procurados pelos pacientes: são a lipoaspiração, a prótese mamária, a abdominoplastia e as cirurgias de rejuvenescimento facial. Especialistas capacitados, a qualidade do serviço prestado e as clínicas estruturadas colaboram para números tão expressivos.
Diante dessa realidade, tenho proposto na própria Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica importantes discussões, como o aperfeiçoamento profissional e a forma de atender o paciente.
O alerta para os limites da cirurgia plástica se torna cada vez mais urgente, diante da busca desenfreada por um corpo perfeito. Em meu consultório, deixo claro que se sentir bem e satisfeito não depende apenas do que um bisturi pode atingir.
É preciso considerar as características físicas de cada paciente como ponto de partida de um procedimento estético. A conversa franca entre médico e paciente vai mostrar que o limite pode ser atingido.
Há casos em que o paciente busca o inalcançável em uma cirurgia plástica. Tive a satisfação de participar de reportagem veiculada na série Espelho Meu, da TV Anhanguera, e a oportunidade de alertar para o fato de que o especialista não tem o dom de fazer milagre e de alterar características próprias e naturais de cada pessoa. Corrigir defeitos e incômodos, sim. Mas não se deve trabalhar ou prometer algo que não seja possível de realizar.
É essa consciência que deve ser buscada diariamente. Os conceitos de beleza são relativos e as novas técnicas têm permitido conquistar, sim, uma melhor aparência para pessoas que querem viver bem, sendo acima de tudo, felizes, produtivas e otimistas.
Pedro Torminn é cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Seção Goiás
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SAÚDE BUSINESS 365
Justiça garante pedidos de exames feitos por médicos intercambistas

Ministério da Saúde e AGU entraram com ação após recusa de atendimento em clínica particular de Uberlândia (MG) a paciente com pedido feito por profissional do Mais Médicos

O Ministério da Saúde e a Advocacia-Geral da União (AGU) ganharam ação na Justiça para garantir que os pedidos de exames emitidos pelos profissionais estrangeiros do Mais Médicos continuem sendo aceitos em qualquer unidade médica. A decisão favorável saiu nesta quinta-feira última (11) e foi tomada após uma clínica particular de Uberlândia (MG) recusar o atendimento a uma paciente grávida com o pedido de exame encaminhado por um médico intercambista do Programa.

O juiz federal substituto da 1ª Vara da Seção Subsidiária de Uberlândia, Bruno Vasconcelos, determinou que a clínica realize todo os exames de sua competência, sem qualquer tipo de discriminação em relação ao profissionais do Programa, inclusive os estrangeiros, sob pena de multa de R$ 15 mil em cada caso de descumprimento.

O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Hêider Pinto, destaca que a decisão evita que outras instituições possam adotar medidas semelhantes para recusar o atendimento à população. “A solicitação de exames clínicos e físicos, a realização de diagnósticos e a emissão de atestados é parte dos procedimentos adotados pelos médicos. O que a clínica em questão fez é um ato ilegal, inaceitável e prejudica a população. Um estabelecimento não pode negar atendimento a um paciente por discriminação contra a nacionalidade do seu médico”, ressaltou o secretário.

A Justiça acatou a alegação exposta pelo Ministério da Saúde e AGU que a atitude da clínica viola a Lei do Mais Médicos, que estabelece que os médicos com exercício profissional no exterior, incluindo os profissionais cubanos, têm autorização para exercício da medicina no país, no âmbito da Atenção Básica, nos municípios em que foram alocados. “Tendo em vista tais considerações, não há motivos para discriminação aos médicos estrangeiros participantes do Mais Médicos, já que sua atuação encontra-se legalmente respaldada”, destaca a decisão.

A conduta da unidade médica pode lesar o direito à saúde da paciente e causar dano irreparável ou de difícil reparação, segundo a Justiça. “O deferimento tardio da medida pode trazer prejuízos a vários pacientes atendidos pelos médicos do Projeto Mais Médicos para o Brasil, em razão do risco de não conseguirem realizar os exames a eles indicados junto à clínica ré”, aponta trecho da decisão.

PARECER – O Governo Federal também prepara um parecer jurídico para garantir que todas as atividades dos profissionais ligados ao Programa sejam reconhecidas pelas unidades de saúde em todo o país. A medida visa esclarecer quais são as ações consideradas válidas pelos médicos do Programa Mais Médicos. Com isso, busca-se evitar que comunicados expedidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) contendo interpretações equivocadas sobre a legalidade da atuação dos profissionais formados no exterior que atuam no Brasil pelo Programa continuem sendo utilizados para recusar os exames, atestados e receitas solicitados por esses profissionais.

Após ser aprovado pela presidenta Dilma Rousseff, todos os órgãos públicos, inclusive autarquias como o CFM e Conselhos Regionais de Medicina, deverão seguir as orientações determinadas pelo parecer.

“Em alguns casos, o CFM tem recomendado que médicos não aceitem as prescrições feitas por pelos médicos com registro emitido pelo Ministério da Saúde. É o caso da Circular nº 126, emitida pelo órgão no dia 28 de julho. O Ministério da Saúde e a AGU estão preparando ações legais para que a interpretação da Lei do Mais Médicos seja feita da forma correta, evitando que os pacientes sejam prejudicados”, explicou o secretário.
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Senadores propõe mudanças no Mais Médicos

Propostas incluem inclusão de mecanismos de transparência e avaliação da situação do programa no País

Os senadores querem melhorar o desempenho e tornar mais transparentes os gastos e a execução das ações do Programa Mais Médicos. Para isso, estão analisando propostas que alteram a Lei nº 12.871/2013.

O Mais Médicos é apontado pelo governo federal como parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). O programa prevê mais investimentos em infraestrutura de hospitais e unidades de saúde e busca levar mais médicos para regiões onde há escassez de profissionais.

A grande maioria dos profissionais é de estrangeiros, principalmente cubanos. O projeto prevê também a expansão do número de vagas nos cursos de residência médica e graduação em Medicina, além do aprimoramento da formação médica no Brasil.

Uma das propostas que tratam do Mais Médicos foi apresentada pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) com o objetivo de dar mais transparência ao programa (PLS 266/2014). O texto estabelece a obrigação de, a cada seis meses, ser enviado um relatório para o Conselho Regional de Medicina (CRM) de cada estado com o número do registro único dos médicos intercambistas participantes e o nome e a inscrição no CRM do supervisor e dos tutores acadêmicos.

Na justificativa do projeto, o autor diz que os médicos estrangeiros estão submetidos a regime diferenciado que os isenta de registro nos CRMs, mas lembra a competência dos conselhos para fiscalizar a atuação dos profissionais do programa. Vital ainda lamenta que o Ministério da Saúde venha se recusando a fornecer informações para os CRMs, o que obriga essas autarquias a entrarem com ação judicial para assegurar a fiscalização.

Para o senador, na queda de braço entre o Ministério da Saúde e a categoria médica só há um perdedor: a população assistida pelo Mais Médicos. Criar obstáculos à atividade fiscalizadora dos CRMs, argumenta Vital, em nada contribui para a melhoria da assistência médica prestada à população carente. A ideia, de acordo com o parlamentar, também é colaborar com a qualidade do serviço prestado à população.

A proposta está em análise na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), onde aguarda o recebimento de emendas. Se aprovada, poderá seguir diretamente para a Câmara dos Deputados, se não for apresentado recurso para votação em Plenário.

Diagnóstico
Logo após as eleições de outubro, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) deve criar um grupo de trabalho para visitar instalações e elaborar um diagnóstico sobre o Programa Mais Médicos. Um dos objetivos, segundo o autor da iniciativa, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), é "sugerir medidas capazes de solucionar, de uma vez por todas, o problema da falta de médicos no país", justamente o que motivou o governo a criar o programa.

Em discurso no início de setembro, Mozarildo comentou as críticas publicadas na imprensa ao Mais Médicos e afirmou que o Senado deve investigar a situação e formular suas próprias conclusões. O senador informou que já enviou ofício ao Ministério da Saúde, às secretarias estaduais de saúde e aos conselhos de medicina, pedindo informações sobre o andamento do programa.

Ele quer saber, por exemplo, que tipo de formação tiveram os médicos cubanos que atuam no país. Mozarildo Cavalcanti pondera ainda que não basta criticar o programa, mas que o ideal é apontar possíveis soluções.
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DIÁRIO DA MANHÃ
A confusão das dores
Problema no joelho é confundido com dor de crescimento, é o que afirma estudo dinamarquês
APARECIDA ANDRADE

Estudo dinamarquês, realizado pela Aarhus University e publicado na revista científica BMC Pediatrics, em julho de 2014, apontou que dores nos joelhos dos adolescentes, muitas vezes, são confundidas com dores de crescimento, o que é comum nos jovens devido o desenvolvimento físico. Sendo que o diagnóstico, com base na pesquisa, poderia ser uma inflamação na patela, região dos joelhos, a chamada síndrome fêmoro-patelar.
De acordo com o ortopedista e traumatologista Eduardo Alves Teixeira, a síndrome fêmoro-patelar pode se desenvolver por desgaste, sobrecarga ou impacto, que causa o desequilíbrio da patela. No entanto, ele acrescenta que entre as pessoas inativas pode ocorrer a sobrecarga e não o desgaste, podendo desencadear o mesmo efeito. Além disso, o impacto da carga do peso da própria pessoa pode contribuir para esta dor, especialmente entre corredores. “Existem outras patologias que levam a essa síndrome também”, observa.
O ortopedista Rene Abdalla acrescenta que “a doença ocorre porque uma inflamação é gerada, causada por um desalinhamento da patela sobre a tróclea (parte do fêmur que articula junto com a patela)”.
Já as chamadas dores do crescimento, explica Eduardo Teixeira, representa um crescimento não uniforme das estruturas do joelho (osso, tendão, músculo), isto, por vezes, provoca uma tendinite na face anterior da tíbia, região onde se insere o tendão patelar (estrutura que liga a patela à tíbia). “A dor do crescimento são dores que acontecem nos membros, principalmente, nos joelhos e fêmur (osso da coxa) então a criança tem um desenvolvimento muito grande e as partes móveis, os músculos, não acompanham o mesmo ritmo, causando as dores”, descreve.
Síndrome
A síndrome de fêmoro-patelar é o diagnóstico mais comum no joelho, no estudo realizado pela Aarhus University, foram analisados três mil adolescentes, com idades entre 12 e 19 anos. Desses, 504 adolescentes com idades entre 15 e 19 anos afirmaram que sofriam com dores no joelho. Dos que sofriam de dor no joelho, 153 foram diagnosticados com a síndrome.
A síndrome fêmoro-patelar é também conhecida como síndrome da dor anterior do joelho, o ortopedista Teixeira esclarece que essa é uma síndrome que acontece ao nível do joelho que acarreta dores e limitações dos movimentos e não surge apenas em crianças, mas com frequência em mulheres e adultos jovens. “A mulher malha mais a parte inferior do corpo, portanto está mais sujeita, assim como em praticantes de exercícios físicos com agachamento”, informa.
Tratamento
A dor fêmoro-patelar exige cuidados que incluem o uso de calçados adequados, alongamento, fortalecimento muscular e, às vezes, bandagens e órteses (dispositivo ou aparelho destinado a corrigir função muscular). Mais da metade dos avaliados, no estudo realizado pela Aarhus University, exatos 55%, com o problema de fêmoro-patelar, sentiram dores por mais de dois anos. Metade destes passaram a não sentir mais dor quando iniciaram o tratamento correto.
Para ortopedista e traumatologista Eduardo, o tratamento logo no início da manifestação dos sintomas pode ajudar a evitar complicações futuras. “A síndrome pode se agravar com o desgaste da cartilagem podendo virar uma condromalácia e futuramente uma artrose”, alerta.
Estudos científicos que tiveram amplo acompanhamento dos pacientes pelos pesquisadores indicam boa taxa de sucesso dos tratamentos conservadores. Tais como: exercícios e fisioterapia, fortalecimento e alongamento do quadril, posterior da coxa, panturrilha, fortalecimento dos quadríceps, por eles terem papel importante na movimentação da patela, o uso de gelo, especialmente pós-atividade, e anti-inflamatórios. “Além do fortalecimento muscular deve se voltar gradativamente a prática de esportes evitando alguns tipos de exercícios”, incentiva.
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À espera de um milagre
Diante do diagnóstico de uma doença grave, muitas pessoas depositam a esperança de cura no poder sobrenatural, deixando de lado o conhecimento científico da Medicina
KHAYTE PROFETA

A maioria das pessoas reconhece que precisa de um milagre, um fato extraordinário em algum aspecto em suas vidas. Porém, qualquer indivíduo que se depare com uma grave doença, que pode levá-lo à morte, deseja mais intensamente por uma ação sobrenatural. Quem está enfrentando momentos delicados conta que muitas vezes a força para superar as ocasiões difíceis vem do apoio emocional dos amigos e, principalmente, da esperança na cura, por mais improvável que seja, porque de vez em quando ela simplesmente chega.
Metástase
Divino Teixeira Barbosa, 51 anos, foi diagnosticado com câncer, em fevereiro de 2013. Ele relata que já estava em metástase quando a doença foi identificada: "Em novembro do ano anterior, comecei a passar muito mal com fortes cólicas intestinais e tinha muita dificuldade quando precisava ir ao banheiro. No mês de janeiro seguinte, depois de muita insistência da minha esposa e sob o conselho de um amigo, procurei um médico que passou os exames que revelaram o câncer no intestino", narra. Em 18 de fevereiro do ano passado, 13 dias após o resultado do primeiro exame, Divino foi submetido à cirurgia no intestino, momento no qual também foram descobertos vários tumores em seu fígado. Divino Teixeira descreve que não foi possível remover cirurgicamente os tumores, porque haveria grande risco de morte. "Os médicos disseram que eu preciso me submeter à quimioterapia para diminuir o tamanho dos tumores e depois fazer uma nova cirurgia no fígado. Eles não me falaram a probabilidade de cura, só disseram que vai ser um tratamento longo" declara.
Divino, que é pai de três filhas, entre 15 e 19 anos, conta foi muito difícil a hora que tomou conhecimento sobre a doença: “Quando eu recebi a notícia pela primeira vez, parece que o chão sumiu dos meus pés. Chorei nos primeiros dias, é normal a gente ficar com o emocional abalado, isso não é fácil!” Ele atribui sua recuperação emocional ao apoio que teve: “Depois de um mês eu já estava 'de boa'. Através da oração e do conforto dos irmãos da igreja eu coloquei minha fé em prática, confiando em Deus que tudo ia resolver e estou fazendo o tratamento crendo que eu vou ser curado.”
Edna dos Santos Barbosa, esposa de Divino, há 20 anos, declara que após a descoberta da doença no marido, há mais comunhão em sua família: "Essa enfermidade que o Divino está ultrapassando mudou muito o nosso relacionamento familiar. A nossa família têm conversado e brincado mais, nós temos buscado bastante a Deus. Isso trouxe mais unidade e restauração à família, porque tinham alguns valores familiares que precisavam ser mudados. Eu creio que tudo isso tem algum propósito", defende.
A esposa acredita que o marido já está vivendo um milagre "porque ele se alimenta bem e continua fazendo de tudo". Divino garante que "no dia a dia, está tudo bem. Só sinto mal nas seções de quimioterapia. Exceto o cansaço fora do normal, no mais eu estou bem", assegura. Edna avalia que toda essa situação a faz crescer em vários sentidos: "Eu amadureci muito, aprendi a lidar com os problemas 'de cara'. Você descobrir que seu esposo está com câncer não é fácil. Eu estou aprendendo a depender de Deus e a não olhar para as circunstâncias" admite Edna.
Lúpus
Fernanda Vieira, 33 anos, foi diagnosticada com lúpus, há oito anos. Lúpus é uma doença autoimune que atinge cerca de 65 mil pessoas no Brasil. Nela, o sistema imunológico ataca as células e tecidos do próprio organismo, causando sintomas de diferentes tipos e em vários locais do corpo.
Fernanda conta que quando a doença entra em atividade ela sente muita dor nas juntas e bastante ardência na ponta dos dedos e maçãs do rosto. "Os meus rins também já foram atacados e a membrana que cobre o meu coração se rompeu, mas eu tenho fé que pode haver um milagre por Deus, inclusive eu conheço pessoalmente uma mulher que foi curada de lúpus", argumenta.
Ela menciona que ficou abalada quando soube que a doença não tem cura. Mesmo com o médico lhe dando uma boa perspectiva de qualidade de vida em caso do tratamento ser feito corretamente, Fernanda garante que os relatos de outras curas sempre ajudam a manter a sua esperança em viver um milagre.
Leucemia
José Gomes da Silva Filho, 55 anos, é agricultor e mora na zona rural de São Félix do Araguaia, um pequeno município em Mato Grosso, distante 990 quilômetros da capital do Estado, Cuiabá. Ele narra que, no início do ano de 2005, começou a se sentir muita fraqueza e dores pelo corpo. Após pouco tempo, os sintomas se intensificaram e teve de deixar o campo quando percebeu um caroço na barriga: "Quando eu não aguentei mais trabalhar eu fui para o povoado de Pontinópolis e fiquei lá até que meu irmão me levou para a sede do município. Lá em São Félix o médico disse que eu estava com uma infecção muito brava no sangue e me mandou para Goiânia", relata.
Em março do mesmo ano, já em Goiânia, José Filho foi diagnosticado com leucemia mielóide crônica – uma forma de câncer que atinge o sangue. "Eu nunca tinha ouvido falar em leucemia antes, e quando o médico me contou da doença ele disse que eu já estava em estágio muito avançado. No momento eu sofri muito mesmo, comecei a perder a esperança e achar que eu ia morrer", confessa.
O agricultor conta que desde então toma diariamente os medicamentos e que começou a se recuperar aos poucos, porém, meses após o início do tratamento ele se sentiu tão mal que pensou que ia morrer, o que o levou a recorrer ao sobrenatural: "Eu me ajoelhei no meu quarto e botei tudo nas mãos de Deus, porque ele é o pai e sabe o que faz na minha vida. Na mesma hora eu já fiquei melhor e partir daquele momento eu senti que Deus me curou", garante.
José Filho assegura que foi a oração que fez a diferença em sua saúde e afirma que, apesar dos médicos não confirmarem, hoje ele se sente uma pessoa curada: "Eu trabalho, faço as minhas coisas, e essa semana até falei para um amigo meu que também está com câncer: – Se entrega para Deus, porque quem cura é ele."
HIV
Sérgio Mesquita, 49 anos, relata que, quando era jovem, tinha o hábito de doar sangue, a cada três meses, porque considera isso um ato de cidadania e buscava dessa maneira ajudar os outros. Porém, ele assume que durante determinado período de sua vida parou de doar sangue e teve um comportamento sexual que atualmente considera "desregrado e inseguro".
Mesquita relata que, em 1998, procurou novamente um banco de sangue para voltar a doar sangue regularmente, quando foi constatado – através de três exames laboratoriais – que Sérgio estava infectado por HIV. Na opinião dele, às vezes os médicos são muito frios ao dar uma notícia tão dura ao paciente: "Pela forma que o médico chegou e me contou, senti sentenciado à morte", revela. Sérgio alega que lhe foi dito de uma maneira muito seca e direta: "Você está com HIV e deve ir para o HDT fazer o tratamento", descreve.
Ele garante que até hoje essa foi a situação emocional mais difícil da sua vida: "A primeira coisa que vem à mente de uma pessoa que tem diagnóstico de uma doença dessa é que vai morrer logo. A gente pode ser forte o tanto que for, naquele momento você acha que vai acontecer o pior. Minha família e eu ficamos muito abatidos", afirma. Destaca que, antes mesmo de ir ao hospital para iniciar o tratamento, ele procurou informar aos seus pastores sobre o problema.
Sérgio assume que, se não fosse pelo apoio que teve, sozinho não teria superado a situação: "Eu havia começado a frequentar a igreja há menos de um ano. O que me fortaleceu foi saber que haviam pessoas orando por mim. Se não houver uma pessoa próxima, você desaba totalmente porque independente de crença esse é um momento muito difícil, o que me fortaleceu foi a fé", assume.
Ele frisa que seu pastor o orientou a fazer outro exame, em outro local, na semana seguinte, que seria então comprovada a cura antes que iniciasse o tratamento com os antirretrovirais. "Quatro dias depois de deixar a amostra de sangue para o quarto exame eu fui buscar o resultado ainda temendo que apontasse a presença do vírus, mas graças a Deus esta última análise clínica mostrou que meu sangue não estava mais contaminado pelo HIV", revela.
Sérgio reconhece todos passam por circunstâncias difíceis que parecem que não vão terminar, mas "nesses momentos, se a pessoa perder a fé, ela perde tudo", conclui.
"Pela forma que o médico chegou e me contou, me senti sentenciado à morte"
Sérgio Mesquita,49 anos
"Os meus rins também já foram atacados e a membrana que cobre o meu coração se rompeu, mas eu tenho fé que pode haver um milagre por Deus, inclusive eu conheço pessoalmente uma mulher que foi curada de lúpus"
Fernanda Vieira,33 anos
Milagre versus Medicina: a esperança do paciente
Denise Sisterolli Diniz é neurologista e atua, há 25 anos, com doenças autoimunes e degenerativas. A especialista acredita que a esperança em um milagre na saúde é algo bom e se essa expectativa levar o paciente a se sentir melhor e o motiva positivamente a se cuidar. Ela ressalta, porém, que a espera por uma cura Divina não pode fazer pessoa abandonar o tratamento proposto pela Medicina, visto que a ajuda da Ciência não influencia o poder sobrenatural: "A fé tem que ser usada de forma positiva, no sentido de trazer esperança, de forma que o indivíduo vai fazer tudo aquilo que pode melhorá-lo", defende.
A médica alerta que às vezes passar muito tempo ansiando pela cura, sem que ela aconteça, pode gerar revolta contra Deus e contra os médicos. Ela destaca que é um processo natural que a pessoa, quando recebe diagnóstico de uma doença que pode levá-la à morte, ponha sua expectativa de cura no mundo espiritual. Lembra ainda que alguns nessa caminhada acabam aceitando a morte: "A pessoa tem que passar por essas fases, precisa tentar tudo que acha que deve, ela tem que ter esperança mesmo. Ruim é quando o paciente fica na revolta", conclui.
Cuidados
Paliativos
Quando não há mais chances de cura para uma doença, o tratamento médico deve então focar na qualidade de vida dos pacientes e familiares. Os cuidados paliativos (paliar significa aliviar) são os recursos mais adequados para pacientes terminais ou sem possibilidades de cura das enfermidades. Os cuidados são oferecidos por uma equipe multidisciplinar treinada em paliação, geralmente composta por médico, enfermeira, psicólogo, assistente social e pelo menos um profissional da área da reabilitação (conforme a necessidade do paciente) e busca o alívio do sofrimento, o controle dos sintomas e da dor e a manutenção de uma vida ativa enquanto ela durar.
Otávio Favoreto, paliativista e coordenador da Comissão de Cuidados Paliativos do Hospital de Doenças Tropicais, aconselha que esse conjunto de ações deve começar a ser ministrado desde o momento em que uma pessoa saudável se depara com uma doença crônica. Contudo, essa prática é "voltada especificamente para o paciente que é portador de uma doença grave incurável que está em progressão e que certamente levará o paciente à morte", esclarece.
Em alguns países, como Inglaterra e Estados Unidos, a Medicina paliativa é reconhecida como especialidade médica. No Brasil, atendimentos a pacientes fora da possibilidade de cura acontecem desde 1986. Em 2009, o Conselho Federal de Medicina incluiu, em seu novo Código de Ética Médica, os cuidados paliativos como princípio fundamental, mas a prática ainda precisa ser regularizada na forma de lei.
Essa área da saúde, além de recente no Brasil, tem tido um crescimento tímido no nosso País. De acordo com Favoreto, a Argentina possui centros de formação em cuidados paliativos em maior número, e em outros países da América Latina é mais comum instituições que são responsáveis exclusivamente por cuidados paliativos e internações.
"A resolução do Conselho Federal de Medicina que instituiu os cuidados paliativos na legislação médica está contribuindo com a transformação que vem acontecendo nos últimos anos. Atualmente essa matéria está sendo mais difundida, inclusive foi criado o serviço de residência médica em cuidados paliativos, na cidade de São Paulo, e já existem cursos de formação em vários Estados", avalia Favoreto.
A equipe de cuidados paliativos tem como objetivo principal proporcionar o alívio do sofrimento do paciente independente do seu local de permanência. Contudo, atualmente esse atendimento tem acontecido predominantemente dentro do ambiente hospitalar: "O atendimento domiciliar ainda é restrito no Brasil pela falta de estruturação de políticas públicas de saúde voltadas para o atendimento domiciliar, então os grandes centros estão orientados para prestar esse serviço enquanto os pacientes ainda estão internados", lamenta.
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Financiamento, gestão e formação profissional devem ser prioridade
É o que afirmam especialistas sobre a situação dos serviços públicos de saúde
ANA CRISTINA CAMPOS AGÊNCIA BRASIL

A qualidade dos serviços públicos em saúde foi colocada em xeque pelos brasileiros durante as manifestações de junho de 2013. Às vésperas da Copa das Confederações, evento realizado pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), os brasileiros foram às ruas exibir cartazes pedindo "hospitais padrão Fifa" e mais recursos para o setor. As reivindicações em relação à saúde foram uma das principais bandeiras dos protestos populares que se estenderam até meados deste ano.
Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, apesar das grandes conquistas do sistema universal de saúde consagrado na Constituição Federal de 1988, ainda há gargalos a serem resolvidos, entre eles, o financiamento adequado do Sistema Único de Saúde (SUS), a qualificação dos profissionais de acordo com as necessidades da população e uma gestão mais ágil.
Na avaliação dos especialistas, apesar do consenso de que os recursos necessários para o financiamento da saúde pública não serão alcançados em um mandato de 4 anos, a questão precisa ser enfrentada imediatamente.
Para o presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Antônio Carlos Nardi, o projeto de lei de iniciativa popular, com 1,9 milhão de assinaturas, que destina 10% da receita corrente bruta da União ao SUS precisa ser aprovado pelo Congresso. O projeto, protocolado em agosto do ano passado, está na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados desde o dia 3 de junho.
Mobilização
"O Movimento Saúde+10 teve uma grande mobilização nacional e o projeto de lei está parado no Congresso, não foi para frente. Hoje, já temos a obrigatoriedade do repasse das receitas municipais para a saúde no percentual de 15% e das receitas estaduais, de 12%. Para a União, ainda não temos a garantia de um percentual fixo. Esses 10% acrescentariam R$ 40 bilhões para a saúde em 2014. O grande desafio é garantir financiamento estável e solidário entre as três esferas de governo para manter as condições mínimas do SUS de atendimento universal, gratuito e integral."
De acordo com o Ministério da Saúde, os recursos destinados à rede pública devem chegar a R$ 91,6 bilhões este ano.
A advogada e doutora em saúde pública pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Lenir Santos, reforça que o financiamento atual é insuficiente. "Qualquer país com acesso universal à saúde vai aplicar um mínimo de 7% do PIB [Produto Interno Bruto]. Nós aplicamos menos de 4%. Por aí a gente vê que faltam recursos para se ter um sistema em quantidade e qualidade suficientes."
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as despesas do governo com saúde em 2007 e 2008 foram de 3,5% do PIB. Em 2009, esse percentual chegou a 3,8%.
Outro problema apontado pelos especialistas ouvidos pela Agência Brasil diz respeito à formação dos profissionais que, cada vez mais, tem se distanciado das características do SUS e das necessidades de saúde da população. Coordenador da Rede de Direito Sanitário: Saúde e Cidadania, o médico Neilton Araújo de Oliveira avalia que as universidades têm formado profissionais que atendem mais às necessidades da "indústria dos planos de saúde" do que a atenção integral voltada para a população.
"Nos últimos anos, houve avanço na atenção primária e na saúde da família. Setenta por cento dos problemas de uma comunidade se resolvem na atenção primária, sem grandes sofisticações tecnológicas, sem grandes especialistas. Hoje, dos médicos formados, 70%, 80% são especialistas, quando a gente precisa de pelo menos 60%, 70% de clínicos gerais."
O presidente do Conasems acredita que as deficiências da falta de profissionais e da formação médica começaram a ser supridas por meio da mudança curricular e do aumento da oferta de vagas em cursos de medicina. Segundo estimativa do governo federal, o Brasil tem um déficit de 50 mil médicos.
investimento
"Nossas universidades não estavam formando médicos para atender no SUS. Com a mudança curricular, nós já estamos hoje nos aproximando das necessidades do sistema, para fortalecer a atenção básica como a porta de entrada", disse Nardi.
Para ele, é preciso investir na atenção básica por meio da consolidação do Programa Saúde da Família e de programas de prevenção com a promoção da atividade física, da alimentação saudável e do combate ao tabagismo para diminuir a migração dos pacientes para unidades de média e alta complexidade.
Para o primeiro secretário do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Callegari, além do financiamento, outro gargalo é a falta de profissionalização e de qualificação dos gestores na área. "Precisamos preparar melhor o gestor na saúde, para que, com o dinheiro que tem, faça o máximo que puder." Ele aponta ainda a necessidade de conclusão de obras de unidades básicas de saúde e prontos-socorros.
Lenir Santos defende uma urgente reforma administrativa. "Há muitas amarras administrativas, que encarecem o serviço público. A nossa administração pública não se modernizou ao longo desses anos para quase todas as questões e fundamentalmente para a saúde. E o SUS é extremamente complexo do ponto de vista organizativo porque pressupõe interdependência dos entes federativos."
Apesar dos problemas, a política de construção do SUS é considerada vitoriosa, segundo os entrevistados. "Há muitos êxitos: a diminuição da mortalidade materno-infantil, da desnutrição, o aumento da cobertura das vacinações", disse o presidente do Conasems. "Todo o debate que fazemos é para defender, apoiar e ampliar o SUS, não para combatê-lo O SUS é um sistema que tem salvado milhões de vidas no Brasil", destaca Neilton Araújo de Oliveira, um dos coordenadores da Rede de Direito Sanitário.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação