Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 17/04/20 PARTE 1

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES
Estudantes de medicina da Unirg são autorizados a antecipar colação de grau
Lei permite a prática de telemedicina durante pandemia de coronavírus, em Goiás
Bolsonaro anuncia Nelson Teich como novo ministro da Saúde
63% das cidades sem respiradores
Profissionais de saúde representam 28% dos infectados em Goiânia
"Não posso flexibilizar a ponto de criar situações como a de Manaus"
Chamamento de OSs para hospitais estadualizados em Goiás está em andamento, diz superintendente
Vírus afastou mais de 8.000 profissionais de saúde no país
Sem Mandetta, combate de epidemia volta a estaca zero
Goiás registra 318 casos confirmados da Covid-19 e 16 mortes; No Brasil, infecções chegam a 30.425 e óbitos a 1.924
Hapvida investe R$ 40 mi para suprir demanda do coronavírus
Cloroquina, plasma e corticoide: Brasil tem 21 ensaios com voluntários
Flexibilização da telemedicina põe à prova segurança do sigilo médico

 


PORTAL G1/TO

Estudantes de medicina da Unirg são autorizados a antecipar colação de grau
Conselho Estadual de Ensino autorizou 37 acadêmicos do curso a se formar, como ação de combate à pandemia do novo coronavírus.
Estudantes de medicina da Universidade de Gurupi (Unirg), que atingiram 75% da carga horária prevista, vão poder antecipar a colação de grau. A autorização foi dada pelo Conselho Estadual de Ensino do Tocantins. A relação dos acadêmicos tem 37 nomes e foi publicada no Diário Oficial do estado desta quarta-feira (15).
A medida foi adotada considerando uma portaria do Ministério da Educação que autoriza a antecipação da colação de grau para os alunos dos cursos de medicina, enfermagem, farmácia e fisioterapia, como ação de combate à pandemia do novo coronavírus.
Uma resolução do conselho estadual publicada no dia 8 de abril deste ano também dispõe sobre a abreviação dos cursos da área da saúde. O documento diz que o estudante interessado em abreviar o seu curso, deve solicitar à Instituição, e comprovar além da carga horária de 75%, a integralização de todos os componentes curriculares dos semestres anteriores, bem como estar matriculado, com frequência regular no último período.
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TV ANHANGUERA

Lei permite a prática de telemedicina durante pandemia de coronavírus, em Goiás
http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=73910889
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A REDAÇÃO

Bolsonaro anuncia Nelson Teich como novo ministro da Saúde
Oncologista assume posto deixado por Mandetta | 16.04.20 – 17:26

Théo Mariano

Goiânia – No calor da saída de Henrique Mandetta do Ministério da Saúde nesta quinta-feira (16/4), o nome do oncologista Nelson Teich foi oficializado como próximo titular do cargo. O anúncio do novo nome foi feito ainda na quinta (16) pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.

“Conversei com Teich para retomar gradativamente a economia (…) Sei e repito que a vida não tem preço, mas a economia precisa voltar à atividade (…) começar a ser flexibilizada”, disse Bolsonaro durante coletiva de imprensa.

Os desentendimentos entre o presidente da República e o ex-ministro da Saúde começaram ainda no início da crise do novo coronavírus. Mandetta é a favor do distanciamento social como forma de combate à covid-19, enquanto Bolsonaro defende a retomada das atividades econômicas no País. Nesta semana, Mandetta já teria dado indícios de que seu cargo na pasta estava com os dias contados.

"Tratarei tudo de forma técnica e científica", diz novo ministro da Saúde

Goiânia – O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou nesta quinta-feira (16/4), durante coletiva de imprensa ao lado do presidente Jair Bolsonaro, estar agradecido pela oportunidade de assumir a pasta “em um momento tão importante para o País”. “Tudo aqui vai ser tratado de uma forma absolutamente técnica e científica”, frisou Teich.

“É muito ruim discutir saúde e economia, elas não competem entre si. São completamente necessárias. Quanto mais é desenvolvido economicamente um país, mais você investe em educação, saúde e tem recursos para ajudar a sociedade”, afirmou o ministro.

Durante seu pronunciamento, Bolsonaro reafirmou a preocupação com a economia após a pandemia do novo coronavírus – o que teria motivado grande parte dos desentendimentos entre o presidente e o antigo ministro, Henrique Mandetta. “Conversei com Teich para retomar gradativamente a economia (…) Sei e repito que a vida não tem preço, mas a economia precisa voltar à atividade (…) começar a ser flexibilizada”.

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O POPULAR

63% das cidades sem respiradores

Dos 43 municípios com casos da Covid-19 confirmados, 20,93% não possuem o aparelho essencial no tratamento de casos graves da doença

A busca por aparelhos respiradores para o tratamento de pacientes em situação grave da Covid-19, causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), já afeta a necessidade dos municípios goianos, em que prefeitos não conseguem efetuar a compra dos mesmos. Atualmente, de acordo com dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), 155 cidades goianas não possuem as máquinas utilizadas para alimentar os pulmões nos casos de deficiência respiratória, ou seja, 63% dos municípios. Nos outros 91 municípios estão localizados 1.715 aparelhos, sendo 1.335 no Sistema Único de Saúde (SUS) e os demais 380 na rede hospitalar privada. Há ainda 43 aparelhos registrados, mas inaptos para o uso.
Além disso, em 36 dos municípios que possuem o respirador há apenas um aparelho para o atendimento de toda a população ou mesmo de toda uma região e em apenas três, sendo eles Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis, todos na Região Central do Estado, há mais de cem máquinas. A capital concentra o maior número de respiradores, com 889, sendo 619 utilizados no SUS. Destaque ainda para Rio Verde, com 67 máquinas, e Catalão, com 51. Para se ter uma ideia da situação e sua relação com a pandemia da Covid-19, até o final da tarde desta quinta-feira (16), 43 municípios goianos tinham casos confirmados da doença e, dentre estes, nove não possuem os aparelhos necessários para o tratamento dos casos graves e em outros oito, há apenas um. Por outro lado, em Santa Helena, há 27 respiradores, todos localizados no hospital regional no município, e, até a noite desta quinta-feira (16), não havia caso confirmado da doença.
Nesta semana, o Estado divulgou proposta comercial para a compra de 350 respiradores, que deverão ser destinadas para as regionais de saúde, ou seja, cidades-polo em todas as regiões que devem receber pacientes de todo o entorno. Presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM) e prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves, afirma que as prefeituras do interior têm tentado realizar uma organização mínima para o tratamento dos pacientes com Covid-19 e, dentro disso, está a preparação da estrutura e também aquisição dos respiradores. "Não adianta só o respirador, não dá para colocar um aparelho destes em um Pronto-socorro da Família, por exemplo, pois precisa de um leito de UTI (unidade de terapia intensiva)."
Naves conta que ele mesmo tem feito uma reforma na unidade de saúde do município que administra para conseguir instalar o respirador que adquiriu. "Na minha região só eu que estou tendo. Vou finalizar isso nessa semana e, se outra cidade precisar usar, vamos ver com o Estado como será o acerto", diz. Até por isso, municípios que não possuem unidade hospitalar, por exemplo, não conseguiriam instalar os respiradores e, logo, não adiantaria a aquisição dos mesmos no momento.
O presidente da FGM diz que os aparelhos adquiridos pelo Estado não deverão ser distribuídos aos municípios que não possuem. "Vão ficar nas regionais mesmo." Por outro lado, o presidente da FGM afirma que as prefeituras não têm conseguido adquirir os respiradores no momento. "Muitos ficam com medo de comprar agora, porque os preços chegam a ser até quatro vezes mais caros do que o normal e aí os prefeitos temem acusações de superfaturamento. E também muitos fecham negócio, mas não recebem propostas, porque outros lugares pagam mais, é complicado."

Média de Goiás está abaixo da nacional
Em comparação com os demais Estados e o geral de respiradores existentes e em uso no Brasil por 100 mil habitantes, o Estado de Goiás está abaixo da média nacional. Os dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes) deste mês apontam que no território goiano há 24,42 aparelhos deste tipo para cada 100 mil habitantes, mas se levar em consideração apenas as máquinas dispostas em leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), a média cai para 19. Em todo o País, o índice calculado é de 30,38 respiradores para cada 100 mil brasileiros ou 21,7, se levar em conta apenas os aparelhos da rede pública.
Na relação com outros Estados, Goiás é hoje o 13º em quantidade de aparelhos utilizados para o tratamento de casos graves da Covid-19, mas é o 16º se levar em conta apenas os respiradores dispostos pelo SUS. Quem possui o melhor índice por 100 mil habitantes é o Distrito Federal, com 67,76 no geral e 32,7 na rede pública, seguido por Rio de Janeiro e São Paulo. Caso os 350 novos aparelhos, que ainda estão em fase de aquisição pela Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), fossem acrescentados na somatória, o índice por 100 mil habitantes chegaria a 24, passando a média nacional, que subiria a 21,9.
Além disso, o Estado passaria a ser o nono com melhor capacidade de atendimento, tendo em vista a quantidade de aparelhos respiradores, da rede pública nacional. A reportagem não conseguiu, até o final da noite desta quinta-feira, contato com a SES-GO para falar sobre a importância dos respiradores e a política a ser adotada pela secretaria para a expansão dos mesmos. A necessidade de adquirir novas máquinas deste tipo é descrita também no Informe Técnico publicado pelo Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB).
O documento, baseado em dados do Cnes de janeiro deste ano, mostra que 52% dos até então 1.285 respiradores estavam na Região Central do Estado, mas que todas as regionais possuíam ao menos um aparelho. O número se refere  apenas às máquinas dos leitos SUS. "Quanto aos respiradores em referência, a proporção de dois leitos de UTI por um respirador, os padrões são atendidos. Contudo, o papel do equipamento respirador é essencial ao combate da Covid-19 em casos graves", informa o estudo.
No geral, de janeiro até abril, outros 41 respiradores foram cadastrados em Goiás, mas que a rede pública recebeu 50 aparelhos, ou seja, 9 da rede privada foram desativados neste ano. O IMB entende que "a Covid-19 é uma nova doença que está aumentando a demanda pelo SUS, e por suas características de disseminação, espera-se que ocorra um aumento exponencial no número de casos, e com isso a procura pelo SUS". Assim, é necessária uma ampliação da capacidade de atendimento, sobretudo dos leitos de UTI para o paciente adulto. "Porém, estas ampliações necessitam de equipamentos específicos, tais como: leitos; equipamento respiradores/ventiladores hospitalar; e outros, além de equipes para operar a infraestrutura", conforme conclui o estudo.

34 leitos prontos. Faltam 337
Governo estadual e Prefeitura de Goiânia prometeram 371 vagas de UTI novas para atender casos de Covid-19, mas só 9% foram entregues. Pico da doença é previsto para início de maio

Dos 371 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) previstos para atender o aumento da demanda de pacientes com o novo coronavírus (Covid-19) em Goiás, 34 estão em funcionamento. O número é adequado para o cenário atual de internações de suspeitos e contaminados, mas está bem abaixo das previsões de demanda por UTI no momento que aumentar a quantidade de doentes. A logística na compra de equipamentos, contratações de profissionais e decisões a nível federal são alguns dos fatores que influenciam o tempo de entrega de todos esses novos leitos, que ainda é indefinido.
A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) prevê 269 novos leitos de UTI em oito hospitais em Goiânia, Porangatu, Águas Lindas, São Luís dos Montes Belos, Formosa, Jataí, Luziânia e Itumbiara, além de novos leitos em três hospitais da capital. Desse total, estavam em funcionamento na tarde desta quinta-feira (16), 21 UTIs no Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia prevê 102 leitos de UTI exclusivos para casos de Covid-19. A maior parte deles, 50, vai funcionar na Maternidade Célia Câmara, 40 no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), e 12 no Hospital Ismael Queiroz. Na tarde desta quinta-feira, estavam em operação 8 no HC-UFG e 5 na Maternidade. Outras secretarias municipais, como a de Anápolis, Aparecida de Goiânia e Rio Verde reservaram leitos e preveem novos leitos para Covid-19 em suas cidades.
O superintendente da Atenção Integral à Saúde da SES-GO, Sandro Rogério Rodrigues, explica que uma série de fatores influencia a instalação desses novos leitos e que é impossível definir um prazo para o funcionamento de todos agora. A compra dos equipamentos depende de logística e de fornecedores, a contratação de novos profissionais depende da definição das organizações sociais que vão administrar os hospitais, além disso, a abertura do leito depende da demanda. "A gente vai acionando (as UTIs) a medida que o número de casos for evoluindo, não consegue acionar todos de uma vez", diz o gestor.
No Hospital de Campanha de Goiânia (HCamp), por exemplo, a instalação de mais nove leitos de UTI estava pendente devido a problemas de transporte de bombas de infusão de São Paulo para Goiás. A SES-GO estava com dificuldade de conseguir um voo que trouxesse os equipamentos. A chegada deles vai elevar o número de unidades de terapia intensiva no hospital para 30, mas sua capacidade vai até 70. A troca de titular do Ministério da Saúde (MS) deixa em suspenso a situação do Hospital de Campanha de Águas Lindas, que tem previsão de 40 leitos de UTI.
Enquanto isso, a doença avança e mesmo as projeções mais otimistas preveem a necessidade de um número razoável de leitos de UTI a mais. No início do mês, um estudo feito em análise com a UFG previa a necessidade de 193 UTIs em um cenário positivo com menos contaminação por pessoa e mais isolamento social. Sem distanciamento social a previsão chegava à necessidade de 576 UTIs.
Sandro Rogério pondera que novos estudos estão sendo feitos e novas projeções serão definidas nos próprios dias. Ele esclarece que em casos de doenças novas, como o Covid-19, novas informações vão surgindo diariamente e as previsões acabam mudando mais rapidamente. De qualquer maneira, ele diz que os planos de enfrentamento do vírus devem ser feitos também pensando nas piores hipóteses. "A gente está em preparação para o cenário mais drástico possível, tem que pensar dessa forma", declara.
A ocupação das UTIs em Goiás na tarde desta quinta-feira já era de cerca de 90% nos hospitais estaduais e nos leitos do sistema público de Saúde da capital. Isso em um cenário que os internados por Covid-19 não são muitos. Só na capital, 50 pessoas estavam internadas em UTI por conta de problemas respiratórios, um número ainda dentro do padrão esperado para essa época do ano, segundo a Superintendente de Regulação e Políticas de Saúde da SMS, Andréia Alcântara.
"Agora que começa um período climático com doenças respiratórias. Ainda não houve uma mudança significativa com o aumento de solicitações de internação por causa do Covid-19. Estamos em um cenário dentro da normalidade", explica a gestora, que coordena a área da secretaria responsável pelo manejo de leitos na capital.
Segundo Andréia, a previsão é que os 40 leitos de UTI previstos do HC-UFG sejam ativados até o final de abril. Já os da Maternidade Célia Câmara serão abertos de forma escalonada. A contratação de 12 leitos em um hospital privado vai servir como uma retaguarda. "A doença é nova, mas a conduta (protocolos e manejos clínicos) já existe há muito tempo, principalmente em Goiânia. Sempre temos atores muito ativos e a epidemiologia daqui tem força nacional."

Estudo mostra falta de UTI
Um informe técnico Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB) faz uma projeção de falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Goiás para o enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). O documento é um recorte do cenário estadual baseado em um levantamento nacional a partir da média de ocupação de leitos em 2019 e a quantidade de vagas no setor público e privado no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
O estudo prevê vários cenários de contaminação de Covid-19 em Goiás, com variação da quantidade de contaminados e o tempo de contaminação. Em todos eles, há, segundo a análise, "uma rápida extrapolação de disponibilidade da infraestrutura do SUS, e com isso a necessidade de se pensar em meios alternativos de absorver a demanda que pode ser gerada."
O informe técnico do IMB sugere a utilização de leitos de UTI de hospitais privados e a construção de hospitais exclusivos para Covid-19, mas pontua os desafios: "Após a infraestrutura de paredes, terá o desafio de equipamentos e insumos específicos a serem alocado nos hospitais", diz trecho do documento. O estudo é uma projeção baseada no número de leitos que Goiás tinha em janeiro, antes da pandemia.
O estudo ainda indica que, mesmo sem o Covid-19, Goiás já tinha 16 regiões de Saúde com a quantidade de leitos d UTI abaixo do recomendado, que segundo o pesquisador é de 10 por 100 mil habitantes. Mais da metade dos leitos estão concentrados na região central.
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Profissionais de saúde representam 28% dos infectados em Goiânia

Secretária municipal de Saúde, Fátima Mrue diz que entre os motivos para contaminação estão a dificuldade para comprar insumos de segurança e erros no seu uso
Dos 184 casos comprovados de novo coronavírus (Sars-CoV-2) em Goiânia, 28% são dos próprios profissionais da saúde infectados. Boletim divulgado nesta quinta-feira (16) pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mostra que 52 pessoas contaminadas na capital são, principalmente, médicos (42%), enfermeiros (17%), técnicos em enfermagem (12%) e técnicos de laboratório (8%). Do total de ocorrências já confirmadas, há 46 com o perfil do paciente ainda em investigação, o que pode elevar este porcentual.
Uma destas vítimas do coronavírus é a técnica de laboratório Adelita Ribeiro da Silva, de 38 anos, que morreu por Covid-19 no dia 4 de abril. Ela trabalhava no Cais Novo Mundo e no Hemolabor. A morte dela causou bastante comoção na categoria dos profissionais de saúde.
É a primeira vez que este tipo de informação é compartilhada pelos órgãos públicos de saúde no Estado. A titular da SMS de Goiânia, Fátima Mrué, afirma que é uma forma dar mais transparência ao quadro da Covid-19 na capital e chamar a atenção da sociedade para esta situação, principalmente alertar os profissionais de saúde e unidades que os empregam dos riscos que estão correndo.
Fátima diz que a contaminação de profissionais de saúde pelo novo coronavírus é uma realidade no mundo inteiro e que desta vez tem sido de uma forma mais agressiva, não vista em outras epidemias, como a do H1N1 em 2009. "A maior parte destes profissionais de saúde (infectadios) são médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem e de laboratório, são as pessoas que estão em contato mais frequente com os pacientes."
Ela cita também o caso dos técnicos de laboratório, profissionais que estariam em um contexto de alto risco pelas funções desempenhadas.
A secretária acredita que dois são os motivos principais para este índice elevado de profissionais infectados: a dificuldade enfrentada em todo o mundo para adquirir equipamentos de proteção individual (EPIs) e deficiências no manuseio destes pelos próprios profissionais. Em entrevista ao POPULAR, entretanto, a secretária afirmou que não falta EPIs na rede municipal de saúde.
Fátima diz que é importante que se treine bastante os profissionais de saúde tanto na forma como colocar os EPIs, mas também durante seus usos e na hora de tira-los. Segundo ela, a hora de se "desparamentar" é de risco de infecção se não for bem feito pelo profissional. Durante a entrevista, ela frisou bastante a necessidade de se capacite os servidores no uso de EPIs.
A titular da SMS de Goiânia destaca que a Covid-19 é uma doença que ainda pouco se conhece. "Não sabemos o tempo de permanência no ambiente", exemplificou.
Casos comunitários
O novo boletim confirma a tendência de surgimento apenas de casos confirmados de transmissão comunitária, que é quando não se sabe a origem da infecção. O documento atualizou a análise de mais 11 perfis e todos são de pessoas que se enquadram nesta situação. O último caso importado registrado foi no dia 30 de março.
O documento divulgado diariamente pela SMS aponta pela primeira vez também a rede hospitalar onde o paciente ficou internado, se pública ou particular. Entretanto, este dado está bastante incompleto, pois só traz a situação de 44 dos pelo menos 105 pacientes que precisaram ser internados. Destes 44, apenas 14% usaram leitos de rede pública. Também é informado que dos 105 internados, apenas 24 precisaram ficar em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A SMS também divulgou que até o momento, ao menos 64 das 184 pessoas que contraíram a Covid-19 já tiveram alta, enquanto 8 morreram.
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"Não posso flexibilizar a ponto de criar situações como a de Manaus"

"Se Goiânia chegar a cem casos ao dia vou parar tudo" Caiado fala sobre flexibilização do isolamento, diz. que melhoria da estrutura hospitalar permite afrouxamento, mas avisa que vai retroceder se situação sair do controle. Ele conta que perdeu sete quilos e comenta a saída de Mandetta

Segundo o governador, melhoria da estrutura hospitalar e medidas adotadas nos últimos 30 dias dão sustentação a provável afrouxamento em decreto
"Se sair do controle, eu volto a travar tudo", diz o governador Ronaldo Caiado (DEM) ao falar da flexibilização do decreto de isolamento social no combate ao coronavírus, a partir de segunda-feira (20). Ele afirma que a melhoria da estrutura hospitalar e as medidas adotadas nos últimos 30 dias sustentam o afrouxamento. Caiado também comentou a troca no Ministério da Saúde, diz que perdeu 7 quilos e que dorme pouco, mas que não sente cansaço. "A disputa por salvar o maior número de pessoas é a disputa que me move."
O sr. disse que Luiz Henrique Mandetta será consultor do DEM nacional. Então ele não vem mesmo para Goiás?
O que eu não queria é que ele fosse para casa, considerando a competência e o know how dele. Prestar esse assessoramento ao diretório nacional é tão positivo quanto a minha proposta (de ser secretário da Saúde).
E o que acha do novo ministro (Nelson Teich)?
Nunca vi. Estou sabendo dele agora. Não posso dizer.
Para muitos, aquela entrevista no Palácio das Esmeraldas foi um movimento político e de provocação do ministro Mandetta. O que acha?
Ele não falou nada de mais, não acrescentou nada além do que já havia dito. Não houve nada impactante. Foi até morna porque afinal era domingo de Páscoa. Todos sabem que a saída foi pela falta de sintonia, de convergência. Aí fica difícil trabalhar. Ele já estava fragilizado por isso. Agora é torcer para que continuem o trabalho dele. É o que eu disse, missão cumprida. Mandetta fez algo inédito. O Ministério da Saúde nunca teve organicidade, uma estrutura sistêmica, em que todos falassem e interagissem. O cara que conseguiu isso foi o Mandetta. E ele não chegou ao ministério por indicação partidária ou de A ou B. Ele teve o apoio de todas as áreas, dos profissionais da saúde. O que ele entregou ao Brasil foi muito importante. Tem uma ou outra cidade com situação mais grave, mas não está faltando leito. Estamos dando a chance de todo cidadão se tratar.
A Ludmilla Hajjar foi cotada para o Ministério. Ela é muito próxima ao sr. Daria certo com o presidente Bolsonaro?
Não sei (risos). Falei com ela hoje (ontem) e ela que me disse do novo ministro, do perfil dele.
Sobre o novo decreto de isolamento social, o sr. vai só fazer orientações aos prefeitos?
Pela decisão do Supremo, o meu decreto vai ser muito mais orientador. Com essa decisão, não haverá a mesma posição impositiva do primeiro em assuntos municipais. Foi bom o Supremo decidir isso. Não tem como você fazer um texto só que atenda os 246 municípios. Vai dar ao prefeito a autonomia para estabelecer seu plano de contingência e monitorar a tendência de contaminação. Não vai poder é ser irresponsável e depois sair correndo para ocupar leitos de quem foi responsável.
Não é justamente por isso que o Estado tem mais condições de centralizar esse monitoramento e definir as medidas?
Mas o Supremo julgou assim, uai. Até então era. No momento em que um prefeito ou outro descumpria o decreto, eu pegava o telefone, conversava, e tentava convencê-los. Agora o prefeito terá a responsabilidade de definir as medidas, até de liberar tudo. O que vai ser de responsabilidade do Estado? Os colégios estaduais serão uma decisão só minha. Também grandes indústrias. E eu não vou fazer nada que não seja embasado em estudos técnicos, da UFG, do Instituto Mauro Borges.
Então o decreto vai ser específico sobre as áreas de atribuição do Estado?
Não, eu vou continuar tratando de tudo. Vou estabelecer limites e interdições em algumas situações. Só não vou ter condições de responder por mudanças que venham a ocorrer nos municípios. O decreto vai ser acompanhado de dezenas de laudas com dados técnicos e recomendações. Mas agora sabendo que a decisão será compartilhada. O prefeito que não aceitar e quiser ampliar ou restringir, pode, considerando o nível de contaminação. É uma curva com a qual o prefeito vai ter de ter juízo. Ele terá capacidade de absorver? Se não tiver, vai responder depois ao Ministério Público e à Justiça.
O decreto vai orientar o retorno de cerca de 70% das atividades econômicas? Vai abrir a maior parte do comércio?
Umas coisas sim e outras não. Eu não fiz essa mensuração de 70%. E não vou detalhar porque não concluí ainda. Só vou terminar domingo.
Considerando que Goiás foi um dos primeiros Estados a adotar as medidas de isolamento, se houver reabertura…
Não foi um dos primeiros. Foi o primeiro.
Distrito Federal anunciou algumas medidas antes.
Foram medidas fatiadas. Fomos o primeiro do País a fazer um decreto total.
Então diante disso, e considerando que Mandetta disse que o pico será em maio ou junho, não pode ter sido em vão o esforço do primeiro mês, se reabrir 70%? Não coloca tudo a perder?
Não, de forma alguma. Em um mês nós avançamos bastante na estrutura para atender os casos. Tendo um maior número de leitos, eu posso começar a flexibilizar. Agora um município acha que deve abrir tudo e de repente estoura. Não é apenas o governador. Agora ele vai ter de responder. Eu vou seguir monitorando a garantia de leitos. Se a curva mostrar um crescimento exponencial, trava tudo de novo. É algo que tem de ir calibrando de acordo com os dados. Hoje pelo mapeamento feito pela telefonia celular, você identifica onde se está extrapolando. Goiânia está extrapolando. Não tem mais o nível necessário de isolamento social. Goiânia corre o risco amanhã de precisar de medidas mais rígidas.
Qual é o nível de Goiânia?
O importante é que o crescimento do número de casos em Goiânia é de 20 a 30 por dia. Nada mais elucidativo do que aquele vídeo da vitória-régia dentro da lagoa (referência a vídeo divulgado nas redes sociais para explicar crescimento exponencial do coronavírus). Enquanto há um crescimento controlado, você mantém a lagoa sem ocupação total por vitória-régia. Se houver crescimento exponencial, não adianta mais, já tomou a lagoa. Nós tivemos o maior índice de isolamento social do País, chegamos a 66,4%. É lógico que estou me beneficiando dele até agora. Quando flexibilizar, os números vão crescer. Se Goiânia chegar a 100 casos por dia, acende o sinal vermelho completo e para tudo. Vamos retroagir de novo. Se sair do controle, eu torno a baixar o decreto com o isolamento.
Em coletiva ontem (anteontem), integrantes do Ministério da Saúde falaram de cansaço. O sr. tem esse sentimento diante das pressões?
Eu? Eu estou é elétrico. Estou ligado no 220.
Não cansa brigar com empresários, prefeitos, o presidente Bolsonaro e parte da população contrária à quarentena?
Estou querendo tanto ter um resultado que seja referência para o Brasil inteiro… A disputa por salvar o maior número de pessoas é a disputa que me move. Quero ser o primeiro. Para ter ideia, eu pesava 92 quilos e estou com 85. Perdi 7 quilos. Não estou dormindo direito.
Terá resistência para baixar um novo decreto de isolamento se der errado, como disse?
Eu travo tudo. Vou pra cima. Tenho total tranquilidade no que estou fazendo porque não estou agredindo minha consciência em nada. Zero. Eu não vou perder o controle. Não vou. Calibrar é o que se tem de fazer na vida. Não posso aprofundar muito as medidas porque as pessoas também não vão cumprir. E não posso flexibilizar tanto a ponto de criar situações como de Manaus.
Então sua posição pessoal é de que estava na hora mesmo de flexibilizar?
A quantidade de leitos que tenho hoje nos dá condições de ir para um estágio acima. É preciso entender que o ideal de uma virose é alcançar 50% de contaminação da população. Se alcançar em um mês, aí vai morrer todo mundo. Se eu tiver em dois, três meses, aí vamos controlando. Não precisamos de fato ter a mesma rigidez necessária em Goiânia e no Entorno do Distrito Federal em Aparecida de Goiânia, por exemplo, onde temos menos casos. Esse mapeamento de cidade em cidade é relevante. E o decreto vai dizer que as medidas podem ser alteradas a qualquer momento.
Se a situação de Goiânia é mais delicada, então é improvável abrir a 44.
Com ônibus de excursão, trazendo comitiva de fora, não. Vamos discutir um sistema que se assemelha ao que a Secretaria de Agricultura fez com as feiras. Vamos definir se há condições com segurança. Eu inclusive recebi um ofício que me sensibilizou profundamente, da associação de bares e restaurantes, dizendo que não querem abrir nos próximos 15 dias. Preferem continuar só no delivery mesmo. Merecem aplausos. São capazes de entender que não é fácil fazer um controle dentro de restaurantes e bares. É um problema a menos, pelo amor de Deus.
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Chamamento de OSs para hospitais estadualizados em Goiás está em andamento, diz superintendente

Após o governador de Goiás Ronaldo Caiado ter sancionado nesta quinta-feira (16) a lei que estadualiza quatro hospitais municipais, que serão usados como unidades de campanha para atender pacientes do novo coronavírus, estimativa é que eles estejam em pleno funcionamento entre 15 e 30 dias, de acordo com o superintendente de Atenção Integral à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Sandro Rodrigues Batista. O gestor explicou ainda que está em andamento o processo de chamamento das Organizações Sociais (OSs) que vão gerir as unidades.
"Todo processo de chamamento para que as OSs assumam esses hospitais está sendo feito, de forma temporária, pois estão sendo organizados especificamente agora, nesse pontapé inicial, para enfrentamento da Covid-19", explicou o superintendente.
Passam a ser geridos pelo Estado o Hospital Municipal de Formosa; o Hospital das Clínicas Dr Serafim de Carvalho, de Jataí; o Hospital Municipal de Luziânia; e o Hospital Municipal Geraldo Landó, de São Luís de Montes Belos.
"A previsão de funcionamento depende dos trâmites legais, prazos administrativos e legais que precisam ser organizados, mas esperamos que entre 15 e 20 dias já estejam funcionando. Até 30 dias, no máximo, dependendo de alguma questão jurídica, para que possam funcionar", detalhou Sandro Rodrigues.
As quatro unidades possuem, ao todo, 292 leitos. Com isso, se concretizadas todas as previsões do Estado, nove municípios deverão ter hospitais voltados ao atendimento de pacientes do Covid-19: Goiânia, Anápolis, Águas Lindas, Porangatu (em convênio com a gestão municipal, que seguirá no comando) e Itumbiara são as outras cidades.
De acordo com o superintendente, a ideia é organizar estruturas em diferentes regiões do Estado, para descentralizar os atendimentos dos principais centros de atendimento, evitando problemas no sistema de saúde.
"Todo projeto e plano de governador e tudo que está sendo trabalhado na SES é na perspectiva de regionalização da atenção em saúde, que significa levar aendimento para população perto de onde moram, para evitar grandes deslocamentos aos grandes centros, que hoje contemplam e congregam grande parte das ações e atenções, que são Goiânia, Aparecida e Anápolis. É a perspectiva de regionalização da atenção hospitalar nessas regiões", salientou.
Em funcionamento
Dos quatro hospitais, dois estão em funcionamento sob gestão municipal: São Luís de Montes Belos e Jataí. "Quando o estado assume, essas unidades hospitalares deixam de ser exclusivamente do município e passam a ter perspectiva regional, como todos outros hospitais do Estado", explicou.
Secretário de Saúde de Luziânia, José Walter Marques encara a estadualização como positiva. "Para nossa região vai ser um alívio muito grande, pois é muito bem estruturado na parte física e falta ser bem equipado. Acredito que, em poucos dias, teremos o Hospital de Campanha em funcionamento, com leitos de UTI. O município não tinha condições de abrir (a unidade). Ficará, como legado, um hospital estadual em pleno funcionamento, um alívio muito grande para toda região do entorno Sul", analisou o gestor, ressaltando que a unidade contava com boa parte de mobiliário, parte de lavanderia e esterilização completas, uma sala completa do centro cirúrgico e outras duas salas faltando poucos detalhes, além de já estarem revisando dois geradores de energia e contar com central de gases praticamente prontos.
O gestor lembrou que, devido ao novo coronavírus, a capacidade de leitos pode aumentar em relação que era projetado. "Em funcionamento normal, o projeto previa 72 leitos, mas devido a pandemia tem condições de chegar a 82 leitos, com ventiladores, monitores e leitos de alta complexidade para atender a demanda da região", explicou.
O Hospital Municipal Geraldo Landó, em São Luís de Montes Belos, que conta com 50 leitos realiza, em média, 150 atendimentos por dia. A estadualização era um desejo do município e foi valorizada pela secretária de Saúde, Adriana Papel Dib.
"Estamos extremamente satisfeitos e felizes com o desfecho que está tomando a estadualização para que a Macroregião do Oeste 1 e 2, e Rio Vermelho possa ser assistida devidamente. Vai otimizar e descentralizar o atendimento. Os ajustes foram feitos e temos certeza que será um momento ímpar para nossa macroregião com essa consolidação. Com a mudança para gestão estadual, o objetivo maior, neste momento, é o direcionamento para Hospital de Campanha para a Covid-19", frisou.
A secretária municipal não soube precisar como ficará a situação dos atuais funcionários da unidade. "Temos cerca de 116 funcionários. Como ainda está em fase de transição, entrando na segunda etapa, não posso passar precisamente como será (possível aproveitamento dos funcionários pelo Estado)", informou Adriana.
Também em funcionamento, o Hospital das Clínicas de Jataí faz de 150 a 200 atendimentos diários, de acordo com a secretária municipal de saúde, que também considera interessante a estadualização. "É um momento complexo. Já tem uma estrutura muito grande, que só a verba municipal não consegue manter, pois gasta mais que o dobro do previsto todos os meses com o hospital. Acredito que será algo bem positivo, já que as conversas com o secretário (estadual de Saúde, Ismael Alexandrino) têm sido muito boas. Temos em torno de 400 funcionários. Os concursados serão mantidos ou remanejados. Já aqueles que são contratados ficam à cargo do Estado para saber se serão aproveitados", explicou Luiz Carlos Bandeira Santos Júnior, secretário de Saúde de Jataí.
Ex-prefeito de Formosa e atual secretário de Estado do Governo (Segov), Ernesto Roller (MDB) participou das conversas para a estadualização do Hospital Municipal, que terá 60 leitos dedicados. "Desde o primeiro momento, da minha vindo para o governo, essa foi uma das solicitações que apresentei ao governador Ronaldo Caiado e, desde então, o processo tem avançado para que o Estado assuma e dê à Formosa e à região do entorno norte, um serviço de saúde pública que possa prestar bom atendimento à população, além de disponibilizar unidades de tratamento intensivo (UTI)", afirmou.
"É algo extremamente positivo e vejo a região muito agradecida com essa nova realidade, que implica na melhoria da estrutura física e implantação de leitos de unidade (UTI). A prefeitura municipal, que não tem a menor condição de implementar novos serviços, já tomou as providências. Agora, esperamos que esteja em funcionamento no menor tempo possível, no prazo máximo de alguns dias", projetou o secretário. A reportagem não conseguiu contato com o secretário de saúde de Formosa.
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FOLHA DE S.PAULO

Vírus afastou mais de 8.000 profissionais de saúde no país

Falta de equipamentos de proteção individual aumenta risco de infecção
Ao menos 8.265 profissionais de saúde em todo o país estão afastados de suas funções em meio à pandemia do novo coronavírus. Esses funcionários precisaram deixar o trabalho porque apresentaram sintomas da doença ou porque fazem parte de algum grupo de risco.
O levantamento foi feito pela Folha com consultas a secretarias estaduais e municipais de saúde (no caso das capitais), conselhos de medicina e enfermagem e fundações hospitalares. Os dados foram tabulados até a tarde desta quinta-feira (16).
O número de profissionais afastados é ainda maior, já que não foi possível obter registros de alguns estados, como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Goiás. Já o Ministério da Saúde respondeu que esses dados ainda não foram contabilizados nas unidades federais.
O Brasil tem 490.859 médicos em atividade, segundo o Conselho Federal de Medicina. Não existem dados, no entanto, sobre o total de profissionais da área da saúde, contando enfermeiros, técnicos, maqueiros e outros, no país.
A insuficiência de mão de obra é um dos principais problemas no atendimento aos doentes, problema que se agrava na medida em que os próprios médicos e enfermeiros acabam infectados e com a falta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) em número suficiente.
O problema já foi levado à Justiça por sindicatos e defensorias, que tentam obter os insumos junto aos estados, municípios e União.
Na capital paulista, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, a rede municipal de saúde soma 80.880 funcionários. Até a quarta-feira (16), 3.865, ou 4,8% do total, estavam afastados, 532 deles com diagnóstico de Covid-19 e 3-333 com síndrome respiratória aguda grave. Onze morreram.
A secretaria estadual de saúde de São Paulo não informou o total de profissionais da área que estão afastados.
Na rede municipal do Rio, 768 profissionais estão afastados com sintomas respiratórios ou por fazer parte de grupo de risco. Eles representam 6,3% de toda a força de trabalho na rede, que tem 12.154 funcionários.
Na rede estadual, 493 deixaram o trabalho, com sintomas e/ou confirmação da infecção pelo coronavírus. O número corresponde a 2,5% dos profissionais que atuam nas emergências e nas UPAs estaduais.
O Ministério da Saúde não informou à reportagem a quantidade de profissionais afastados nos hospitais federais do Rio. No mês passado, a Folha mostrou que faltam equipamentos de proteção mesmo em uni da de s de referência para o tratamento da doença, como o Hospital Federal de Bonsucesso.
Uma enfermeira do Hospital Federal Cardoso Fontes, Chris Gerardo, afirma que mais de 20 funcionários da emergência, contando com ela, tiveram resultado positivo para coronavírus. A enfermeira afirma que, no início da disseminação da doença, a Comissão de Infecção Hospitalar da unidade desestimulou o uso permanente das máscaras cirúrgicas. "Disseram que a gente estava causando pânico, desperdiçando material." Ela lembra que a limitação de espaço físico na emergência dificulta a manutenção da distância necessária para reduzir o risco de infecção. "Não tem condição de cumprir medida de segurança. Uma maca de 70 cm fica parada em um corredor de 2 m. Já passo encostando na maca", diz.
Adireção do hospital afirma que adotou todos os protocolos do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o atendimento dos casos de coronavírus na unidade. Segundo a direção, os funcionários trabalham com os equipamentos de proteção necessários.
No Distrito Federal, cerca de 700 profissionais estão afastados por terem tido contato com infectados ou por apresentarem sintomas de gripe. A Secretaria de Saúde informou que ainda fará a testagem para o coronavírus nesses funcionários.
Depois de São Paulo, Rio e Distrito Federal, os estados que reúnem o maior número de profissionais afastados são Mato Grosso, Acre, Minas Gerais, Pernambuco, Ceará, Santa Catarina e Bahia.
No Mato Grosso, a Secretaria de Estado de Saúde contabilizou 600 afastamentos. Até a última semana, 13 tiveram testes positivos para o coronavírus.
No Acre, 423 funcionários deixaram o trabalho por orientação da Secretaria de Estado de Saúde. Vinte tiveram testes positivos e o restante foi afastado por apresentar comorbidades. O número representa 7,3% do total de profissionais da saúde no estado, o que levou o governo a recorrer a 63 contratações emergenciais.
Em Pernambuco 425 funcionários tiveram testes positivos, da rede pública e privada, o que corresponde a 33% de todos os casos no estado.
O governo afirma que o número é maior do que nos outros estados porque Pernambuco foi a primeira unidade da federação a obrigar a testagem de todos os profissionais de saúde com sintomas da doença. Em outras regiões, médicos e enfermeiros alertam que têm encontrado dificuldades para serem testados para o vírus.
Já em Belo Horizonte, 164 funcionários estão afastados enquanto aguardam o resultado do teste e 21 foram comprovadamente infectados.Na F undação Hospital do Estado de Minas Gerais, 122 deixaram suas posições. Desses, 16 tiveram teste positivo.
No Ceará, 137 profissionais deixaram suas funções temporariamente. Desses, 28 tiveram teste positivo para o vírus. Na rede estadual e municipal de Santa Catarina, 137 também foram afastados com sintomas e/ou confirmação da doença.
Já na Bahia, nas redes estadual, municipal e privada, 77 funcionários foram infectados. Em Ipiaú, cidade de 45 mil habitantes do sul do esta do, foram registrados 12 casos do novo coronavírus.
Destes, 11 são de funcionários do Hospital Geral gerido pelo governo da Balfia. O primeiro caso foi identificado no dia 27 de março. Desde então, outros funcionários passaram a sentir sintomas. Só um teve quadro mais grave e precisou ser internado.
Após uma investigação epidemiológica, o hospital descobriu que o vírus foi transmitido por uma paciente assintomática que chegou à unidade de saúde com suspeita de infarto. Profissionais que tiveram contato com essa paciente acabaram sendo infectados.
O diretor do hospital, Alexandra Miranda, afirma que o afastamento dos funcionários alterou a rotina do hospital, que teve que adotar um plano de contingência. "O impacto foi considerável. Todo profissional do nosso quadro é importante", afirma.
O hospital adotou medidas como a sanitização da área interna e externa em dias alternados. Funcionários que estão em serviço têm a temperatura medida todos dias. Também são realizados hemogramas para identificar indícios de infecções.
Mesmo com a quarentena e medidas preventivas, funcionários do hospital afirmaram que têm sido estigmatizados e até criticados por parte da população por causa da concentração de casos entre profissionais da saúde.
O número de casos de coronavírus em Ipiaú, contudo, pode ser maior, já que pessoas com sintomas graves têm prioridade nos testes.
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DIÁRIO DA MANHÃ

Sem Mandetta, combate de epidemia volta a estaca zero

Demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde ocorre após divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre medidas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus; o substituto é o médico oncologista Nelson Teich
Após especulações sobre a sua saída do Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM) anunciou pelas redes sociais sua demissão na tarde de quinta-feira (16). O médico oncologista Nelson Teich é quem deve assumir o ministério. Demissão ocorre após divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre medidas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus.
A modificação de ministro significa mudança em todos os níveis de gestão, inclusive na equipe de infectologistas que apura o avanço da doença. A tendência é que ocorra uma tentativa por parte do governo federal em amenizar os números da doença. Uma estratégia apurada pelo
DM será contar óbitos com parâmetros de um milhão e não mais de forma absoluta, o que toraria o Brasil dos países com mais faixas de letalidade.
Pode ser que seja aproveitado apenas a base do planejamento de combate.
Pelo twitter, o ex-ministro da Saúde afirmou que havia acabado de ouvir de Bolsonaro sobre a demissão. Agradeceu a oportunidade que foi dada "de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus"! Mandetta classificou a doença como o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar.
Luiz Henrique Mandetta também estendeu os agradecimentos a toda equipe que esteve com ele no Ministério da Saúde e desejou êxito ao sucessor. "Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país" escreveu. Em menos de 6 minutos, o post do anúncio da demissão já somava mais de 10 mil curtidas.
Mandetta negou que planeja ir trabalhar com o governador Ronaldo Caiado em Goiás e evitou comentar sobre a nova linha de trabalho de combate à pandemia após sua saída do cargo. No entanto, ele acrescentou que tem um compromisso com o país.
Pelo twitter, o governador do Estado disse que Mandetta "fez do nosso País, com todas as suas limitações na área da Saúde, referência internacional de como enfrentar a propagação do coronavírus." Caiado pontuou ainda que o ex-ministro "salvou milhares de vidas"
Mandetta já esperava a demissão
Luiz Henrique Mandetta já havia afirmado na quinta-feira (16) em um debate online sobre a Covid-19 com especialistas da área da saúde, que a pasta sob sua responsabilidade deveria ter modificações "nas próximas horas" Mandetta havia considerado uma situação de troca no ministério.
Na Quarta (16), em entrevista à revista "Veja" o ministro havia argumentado estar cansado de mediar palavras com o presidente. "Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante."
No último domingo (12) Mandetta defendeu em entrevista ao Fantástico, uma unificação do discurso no combate à pandemia do novo coronavírus. Isso porque, segundo ele, o Brasil não sabe se escuta o ministro ou o presidente.
A entrevista foi criticada pelo vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão (PRTB). Segundo ele, Mandetta "cruzou a linha da bola" expressão para "uma falta grave" no polo equestre. De acordo com o vice-presidente, Mandetta não precisava ter dito "determinadas coisas" conforme informações do site "O Globo"
De acordo com "O Globo" a entrevista do agora ex-ministro foi considerada uma tentativa de "forçar sua demissão" Além disso, diminuiu o apoio de Mandetta dentro do governo.
No dia 3 de abril, o deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou durante uma videoconferência, que o presidente Bolsonaro não tinha coragem de demitir Luiz Henrique Mandetta.
Segundo Rodrigo Maia havia dito, quando vem a público criticar o ministro, Bolsonaro mais atrapalha do que ajuda. Na época, Maia havia destacado a paciência equilíbrio do ex-ministro para continuar mantendo a mesma posição do Ministério, sem ceder às pressões do chefe do Executivo.
No dia 31 de março, Mandetta foi surpreendido com o contato de alguns médicos amigos que estão na linha de frente do combate ao coronavírus. Eles avisaram terem sido chamados pela Presidência da República para uma reunião presencial, reunião que Mandetta afirma não ter sido chamado.
Os médicos queriam saber se Mandetta estava ciente e se iria ao encontro. Surpreso, Mandetta respondeu que não iria porque não estava sabendo. E mais: ele questionou se o convite era para um encontro presencial, o que classificou como um erro no momento em que os profissionais estavam dedicados ao combate ao coronavírus e a recomendação do mundo era para evitar deslocamentos.
De acordo com informações do site UOL, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estaria incomodado com o protagonismo de Luiz Henrique Mandetta ao liderar a atuação de combate à pandemia da Covid-19. Além disso, conforme Pesquisa Datafolha, a aprovação do Ministério da Saúde sob o comando de Mandetta era maior que a de Bolsonaro.
Substituto é oncologista
O substituto de Mandetta nasceu no Rio de Janeiro e se formou pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Ele é especializado em oncologia pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Atualmente, é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos.
Teich atuou como consultor informal na campanha eleitoral do presidente, em 2018, e, na época, até chegou a ser cotado para o cargo, mas acabou preterido por Mandetta.
Participou do governo como assessor de Denizar Vianna, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, entre setembro de 2019 e janeiro de 2020, conforme o site UOL.
"Foi um divórcio consensual", diz Bolsonaro sobre Madetta
O presidente Jair Bolsonar afirmou, ontem, que a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi um "um divórcio consensual" Em pronunciamento no Palácio do Planalto ao lado do escolhido para assumir a pasta, o oncologista Nelson Teich, o presidente afirmou que Mandetta não tratou a crise relacionada à pandemia do coronavírus da forma como ele gostaria.
"É direito do ainda ministro defender o seu ponto de vista, como médico, e a questão do emprego não foi da forma como eu, como chefe do Executivo, achei que deveria ser tratada. Não critico o ministro Mandetta. Ele fez da forma como achou que deveria fazer" disse Bolsonaro, com um semblante abatido e falando de forma pausada.
Segundo o presidente, na conversa em que comunicou o ministro de sua demissão, Mandetta se colocou à disposição para auxiliar na transição. "Foi realmente um divorcio consensual" disse o presidente.
Demissão
Em mensagem no Twitter em que anunciou sua demissão, Mandetta agradeceu a oportunidade de gerenciar o Sistema Único de Saúde (SUS) e planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus. "Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país" postou.
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CONTINUA…