Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 17 A 19/04/21

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Demissões, agressões e abusos: médicos relatam coerção para receitar ‘tratamento precoce’

Governo queria gastar R$ 380 milhões em itens desnecessários

Servidores voltam a denunciar falta de doses em frascos de vacina contra Covid-19 em nova remessa enviada a Goiânia

“Prescrever kit covid é erro”, diz autor de representação contra o CFM

Vacinação: Brasil recebe em maio 4 milhões de doses do Covax Facility

TRF-1 desautoriza importação de vacina

Saúde adverte: não engravide

Fala de secretário sobre gestantes e variantes do coronavírus não encontra respaldo científico

Governo destina R$ 2,6 bi para custear UTI nos Estados e aquisição de remédios

Carga de kit intubação começa a ser distribuída no país

Butantan recebe insumos da China para produção de 5 milhões de vacinas

Covid-19: Goiás registra 25 mortes e 506 novos casos em 24 horas

“Ser o primeiro negro a assumir a Prefeitura de Goiânia é muito importante. É uma valorização”

Dentistas previnem infecções que podem agravar estado de pacientes na UTI

O GLOBO

Demissões, agressões e abusos: médicos relatam coerção para receitar ‘tratamento precoce’

Medicamentos com ineficácia comprovada na prevenção ou tratamento da Covid-19 são alardeados por autoridades, gestores e até colegas como solução mágica para a pandemia

SÃO PAULO – Médicos na linha de frente da Covid-19 relatam abusos e coerção frequentes para que receitem o chamado ‘kit Covid’. Mesmo com ineficácia comprovada na prevenção ou tratamento da doença, esses remédios são alardeados por autoridades, gestores e até colegas como solução mágica para a pandemia.

A infectologista Tassiana Galvão, professora da PUC-SP, conhece bem os prejuízos causados pela prescrição indiscriminada destes medicamentos. No dia 31 de março, ela viu o marido, Danilo Galvão, também infectologista, perder o avô para a doença após uso de remédios do kit prescritos por outro profissional. Guilherme Galvão morreu aos 79 anos com insuficiência hepática.

A complicação é um dos riscos associados ao uso do kit, que supostamente retardaria e amenizaria os efeitos da doença – daí também ser chamado de ‘tratamento precoce’. Na prática, nenhuma autoridade de saúde respeitada, como a OMS ou a Anvisa, o recomendam. Pelo contrário: alertam para possíveis efeitos colaterais, como complicações renais e hepáticas.

Tassiana, que atua com controle de infecção hospitalar no interior de São Paulo, recusou-se a assinar protocolos para a adoção do kit em hospital da região. Foi demitida no dia seguinte. Seu relato é um entre vários de médicos pelo Brasil que têm sofrido múltiplas retaliações e pressões para adoção do tratamento.

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Governo queria gastar R$ 380 milhões em itens desnecessários

Despesa milionária com luvas e aventais para vacinação foi evitada por decisão de diretoria do próprio Ministério da Saúde

]Renata Mariz

O Ministério da Saúde lançou licitação para comprar equipamentos de proteção individual paira a vacinação da Covid-19. Além de máscaras cirúrgicas, a aquisição previa aventais e luvas. Esses dois itens teriam custo de, no mínimo, R$ 380 milhões. A pasta foi alertada, no entanto, que tais insumos não são indispensáveis para a imunização, segundo normas da própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), órgão regulador dos Estados Unidos.

O alerta, que gerou economia milionária aos cofres públicos, partiu da Diretoria de Integridade da própria pasta, segundo dados coletados pelo Tribunal de Contas da União.

A Corte tem feito relatórios de acompanhamento da condução da pandemia pela pasta desde o ano passado, com indícios de má gestão e falta de critérios em compras e distribuições de insumos.

A intenção do Ministério da Saúde de gastar R$ 380 milhões com itens desnecessários ao objetivo da compra está registrada no último relatório tornado público, nesta semana, que embasou o voto do ministro Benjamin Zymler. A votação foi interrompida por um pedido de de vista, quando dois outros ministros do TCU solicitaram mais tempo para analisar as conclusões do colega. Zymler teceu críticas ao papel do governo federal no enfrentamento da Covid-19.

No caso específico da compra desaconselhada pela diretoria do Ministério da Saúde, o relatório apontou que houve uma “pronta atuação” do setor. “Em virtude da pronta atuação realizada pela Dinteg, o MS (Ministério da Saúde) excluiu os itens luvas e aventais do processo licitatório, gerando uma economia aos cofres públicos de, no mínimo, R$ 380 milhões”, destaca o documento.

Outro problema verificado na mesma licitação, apontou o TCU, estava na definição dos preços, com exclusão de alguns parâmetros.

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PORTAL G1

Servidores voltam a denunciar falta de doses em frascos de vacina contra Covid-19 em nova remessa enviada a Goiânia

Superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás explicou que os casos estão sendo reportados ao Ministério da Saúde. Órgão federal explicou que a Anvisa analisa essas reclamações.

Durante a retomada da aplicação das primeiras doses de vacinas contra Covid-19 em Goiânia, servidores da Saúde notaram novamente frascos de CoronaVac com menos de dez doses, que é o padrão descrito nos rótulos. A denúncia de que o problema vem acontecendo nos últimos lotes da vacina já foi mencionado em reunião com o governo de Goiás e os gestores orientados a notificarem o Ministério da Saúde (MS).

Neste sábado (17), a técnica em enfermagem Antônia Bastos Silva estava trabalhando na aplicação das vacinas quando notou o problema em um dos frascos.

‘Foram aspiradas 9 doses. Sobrou um restante aqui, mas não vai dar as dez. A gente faz o controle com a seringas e anotações’, contou.

‘Foram aspiradas 9 doses. Sobrou um restante aqui, mas não vai dar as dez. A gente faz o controle com a seringas e anotações’, contou.

No estado, a questão foi levantada pelo Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Goiás (Cosems) no último dia 8 de abril. Após essas denúncias, o Instituto Butantan anunciou que iria revisar a bula da vacina CoronaVac, mas que o uso de seringas e agulhas não recomendadas também potencializa a perda do imunizante.

Superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim detalhou que o problema está sendo relatado referente aos últimos lotes de imunizantes, mas que os profissionais e os equipamentos usados são os mesmos desde o início da campanha de vacinação.

‘Mesmo usando as mesmas seringas e praticamente as mesmas equipes, nesse período, principalmente nas últimas remessas, houve maior relato de menor número de doses por frasco. O MS pontuou que vai ser feita uma inspeção junto à Anvisa. Já tem data agendada, para que isso seja verificado’, detalhou.

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) explicou que, ‘ao longo dos últimos dias, o estado foi informado por diversas cidades sobre frascos com menos doses’. No entanto, a pasta não especifica quantos municípios relataram esse problema.

A SES disse ainda que as queixas foram repassadas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao MS.

Por meio de nota, o MS informou que ‘orienta que estados e municípios registrem no formulário técnico quando não for possível aspirar o total de doses declaradas nos rótulos das vacinas’ e que a Anvisa está investigando as denúncias.

Em posicionamento enviado ao G1 na última terça-feira (13), a Anvisa havia explicado que os relatos estão sendo apurados e que ‘todas as hipóteses estão sendo avaliadas para que se verifique a origem do problema e não haja prejuízos à vacinação em curso no país’.

Ainda conforme o comunicado, não é possível ‘antecipar outros detalhes com a investigação ainda em curso’.

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REVISTA EXAME

“Prescrever kit covid é erro”, diz autor de representação contra o CFM

Tratamento precoce racha organizações e médicos acionam o Ministério Público contra o Conselho Federal de Medicina

A adoção do chamado tratamento precoce da covid-19, que reúne medicamentos ineficazes ou ainda sem evidência contra a doença, já provoca racha em entidades médicas e levou alguns profissionais a entrarem com representação no Ministério Público Federal contra o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Embora diversos estudos científicos já tenham mostrado que drogas como a hidroxicloroquina e a azitromicina não funcionam contra o coronavírus, médicos de todo o País continuam a prescrevê-las, geralmente combinadas com outras medicações e vitaminas em uma composição que ficou conhecida como kit covid. A distribuição do kit passou a ser adotada por algumas prefeituras.

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A prescrição desses remédios tem aval do CFM, que, em abril de 2020, emitiu parecer autorizando os médicos a indicarem hidroxicloroquina e azitromicina. Na época, ainda não havia evidências definitivas sobre a eficácia das drogas.

Um ano depois, porém, com vários estudos mostrando que elas não reduzem o risco de agravamento da doença, o conselho mantém o parecer, apoiado no argumento da autonomia médica. Para o CFM, diante da falta de alternativas terapêuticas contra a doença, cabe ao médico, com o paciente, decidir que remédio usar.

Esse, porém, não é o mesmo entendimento de outras entidades médicas. Em março, a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou documento assinado por dezenas de sociedades científicas e associações federadas em que defendia o banimento do uso desses fármacos. Por iniciativa própria, a AMB colocou como signatária todas as 81 associadas, mas, após a divulgação do documento, 15 delas pediram para ter seus nomes retirados do documento.

‘Incluímos todas por serem afiliadas da AMB e porque queríamos dar protagonismo a todas elas, achando que todas iriam aderir. Esqueci de algo fundamental: nosso País está polarizado e tem diretores de entidades que foram contrários. Olhando agora, não deveríamos ter feito dessa forma’, afirmou na época César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, reconhecendo o racha na categoria.

Entre as sociedades que se manifestaram publicamente contra a carta da AMB estão a Associação Brasileira de Psiquiatria e a Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Em nota, a última defendeu que a relação entre médico e paciente é ‘personalíssima, fundamentada na confiança, empatia e respeito, e o tratamento é prerrogativa do médico assistente como ocorre em qualquer outra doença’.

O Estadão apurou que o episódio criou conflitos mais calorosos entre entidades. Alguns diretores de sociedades científicas que ainda apoiam o ‘tratamento precoce’ acusaram a AMB de estar sendo influenciada por razões políticas. ‘Isso foi por causa do grupo de esquerdopatas que está no comando da associação’, escreveu um dos diretores em um e-mail.

O presidente do CFM, Mauro Ribeiro, disse ao Estadão que a divergência foi um exemplo da divisão observada entre os médicos e que nenhuma entidade ‘é detentora do saber’, em alusão à postura da AMB.

Omissão. Para além das brigas das entidades, médicos inconformados com a manutenção da postura do CFM sobre a prescrição dessas drogas decidiram agir por conta própria. Foi o caso do cardiologista Bruno Caramelli, professor associado da Faculdade de Medicina da USP. Sozinho, ele entrou com representação no MPF-SP, pedindo aos procuradores a abertura de inquérito ‘para apurar a responsabilidade civil, administrativa ou penal da diretoria do CFM’ quanto ao tema. Na peça jurídica, o médico classifica o posicionamento do conselho de ‘omisso e grave nas providências que lhe caberiam tomar contra a disseminação da falsa ideia de existência de tratamento precoce eficaz contra a covid-19’.

À reportagem, o médico afirmou que decidiu entrar com a representação pela preocupação de que a crença no tratamento precoce esteja fazendo as pessoas não seguirem outras orientações sanitárias. ‘Não dava para ficar parado. Essa suposta bala de prata está tirando a concentração das pessoas para fazerem o isolamento e seguirem outras medidas de proteção.’ O cardiologista também organizou um abaixo-assinado online pedindo que o CFM condene o ‘tratamento precoce’.

Após a representação, outros 29 médicos souberam da iniciativa de Caramelli e se juntaram ao colega no pedido, como explica a advogada e juíza federal aposentada Cecília Mello, representante do grupo. ‘Fizemos uma adesão desses médicos naquela mesma representação, levando também fatos novos que surgiram , como relatos de efeitos colaterais dessas medicações’, comenta ela.

O MPF afirma que ainda está em fase de apuração de fatos para decidir se instaura ou não o inquérito. O CFM disse que a sua coordenação jurídica ‘não acusa, até o momento, a chegada de uma representação’ do MPF-SP sobre esse assunto.

Confira abaixo a entrevista com Bruno Caramelli, cardiologista, professor da USP e autor da representação contra o CFM.

Como a crença no tratamento precoce está prejudicando a resposta à pandemia no Brasil?

Primeiramente, porque você está tirando as pessoas do foco daquilo que funciona. Isso é o mais cruel. Quando aquilo que funciona exige sacrifício, exige ficar em casa, exige álcool em gel, máscara e, ao mesmo tempo, você tem ao alcance das mãos um medicamento vendido sem receita que supostamente vai te proteger a pessoa prefere não fazer o isolamento. É muito tentador. Segundo, existem efeitos colaterais dessas medicações.

Eu não sou contra a autonomia, mas isso não é autonomia, é erro médico. Autonomia é eu, por exemplo, escolher um determinado tratamento quando eu tenho três ou quatro opções comprovadas cientificamente. No caso do tratamento precoce, não há eficácia e o CFM lava as mãos. Ele deveria, além de não apoiar, condenar. É isso que a gente pede.

Eu posso até dar o benefício da dúvida de que, no começo do ano passado (quando o parecer do CFM foi feito), até daria pra pensar nisso, mas hoje não. Você tem um monte de estudos porcaria, com poucos pacientes, estudos mal desenhados, que foram publicados sobre cloroquina e ivermectina. Dependendo da sua maldade – não é nem ignorância, é maldade -, você pega e faz um método escolhendo só os estudos que dizem o que você quer dizer.

Por que o senhor decidiu entrar com a representação?

Eu estava muito incomodado e continuo muito incomodado. Passei a ver um monte de manifestações nos jornais e nas mídias sociais (contra a postura do CFM), mas percebi que só essas manifestações não iam adiantar. A gente precisa ir atrás de uma punição ou de uma ameaça de punição, de que as pessoas tenham medo, porque só com medo elas vão parar. Não dá para ficar parado. Nós estamos numa tragédia. Esta suposta bala de prata está tirando a concentração das pessoas em fazer o isolamento e seguir outras medidas.

O senhor ficou com medo de represálias da categoria ou de ser alvo de sindicância?

Eu tenho mais medo da covid. Perdi um dos meus melhores amigos, colegas. Essa história vai muito longe ainda e acho que só essas coisas por escrito não são suficientes, precisa de algo mais pungente, agressivo. Uma das razões que faz os médicos ainda prescreverem o kit covid é a certeza de que não vai acontecer nada. É o discurso de que ninguém vai me proibir, me punir.

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AGÊNCIA BRASIL

Vacinação: Brasil recebe em maio 4 milhões de doses do Covax Facility

O país tem direito a 10,5 milhões de doses, no total; não há previsão para envio do restante das doses

O Ministério da Saúde anunciou que foi informado do recebimento, em maio, de 4 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca. O lote será repassado pelo mecanismo Covax Facility, consórcio de governos e farmacêuticas coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e do qual o Brasil faz parte.

Entenda como a pandemia impacta os seus investimentos com a ajuda da EXAME Invest Pro

O Brasil tem direito a 10,5 milhões de doses. Em março, foi enviado um montante de 1 milhão de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, cujos lotes foram fabricados na Coreia do Sul pelo laboratório BK Bioscience. O Ministério da Saúde não informou qual a previsão para o restante dos 5,5 milhões de doses que o Brasil ainda tem a receber no âmbito do Covax Facility.

Governadores

O Fórum de governadores se reuniu, ontem, com a secretária-geral adjunta da Organização das Nações Unidas (ONU), Amina Mohamed, e com representantes da OMS para solicitar apoio na viabilização da aquisição de mais vacinas de forma mais ágil.

Um dos pleitos apresentados pelos gestores estaduais foi o de liberação, por parte do consórcio Covax Facility, das doses a que o Brasil tem direito e que ainda não foram enviadas.

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CORREIO BRAZILIENSE

TRF-1 desautoriza importação de vacina

Sarah Teófilo


O desembargador federal Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), derrubou, ontem, liminares da 21ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal que autorizaram entidades a importar vacinas contra covid-19 para seus associados sem a autorização prévia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e sem a necessidade de doar as doses ao Sistema Único de Saúde (SUS), contrariando lei federal sancionada neste mês. As liminares cassadas são do juiz Rolando Valcir Spanholo, que tem proferido autorizações nesse sentido a sindicatos e associações.

Uma das decisões de Souza Prudente envolve uma permissão que havia sido dada à Associação Brasiliense das Agências de Turismo Receptivo, ao Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo e ao Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Nos autos, Spanholo critica a lei federal 14.125/2021, de março deste ano, dizendo que ela criou “verdadeira (embora camuflada) vedação à importação de vacinas pela iniciativa privada até que se conclua o controverso e mutável programa de vacinação dos chamados ‘grupos de risco'”.

“Afinal, ao não contemplar a hipótese de importação dos imunizantes sem o atendimento da exigência de doação (que deve ser integral), a nova lei desmotiva e inibe a participação da iniciativa privada na busca e no custeio de mais vacinas no mercado externo”, escreveu. Souza Prudente é sucinto, suspendendo a eficácia das decisões monocráticas do magistrado da 21ª Vara até o pronunciamento definitivo da Turma julgadora no TRF-1.

Outro processo envolve a Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (Anamages) e a importação de vacinas sem autorização da Anvisa para vacinação dos associados e seus familiares. Spanholo havia pontuado que “a iniciativa privada não pode continuar sendo excluída desse processo de imunização da população.

Nesse caso, Souza Prudente ressalta que “a despeito da louvável iniciativa da Associação suplicante, na busca de colaborar com o Poder Público na adoção de medidas voltadas a imprimir ritmo mais célere à efetiva imunização contra os nefastos efeitos da pandemia decorrente da covid-19, não se pode olvidar que a importação em referência haverá de se efetivar à luz da legislação”, na qual consta a obrigatoriedade de autorização prévia da Anvisa.

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Saúde adverte: não engravide

Ministério recomenda adiar gestação em razão do pico de infecções e mortes em decorrência do novo coronavírus e considera vacinar todas as grávidas e puérperas. Segundo especialistas, grupo é considerado de risco e tem chance maior de intubação

BRUNA LIMA MARIA EDUARDA CARDIM

As mortes maternas por covid-19 cresceram em um ritmo ainda mais acelerado do que a explosão de fatalidades por covid-19 na segunda onda da pandemia no Brasil. Contando com um sistema colapsado, uma em cada cinco gestantes e puérperas internadas com a doença à espera de uma UTI não conseguiram acesso a um leito. Dada a vulnerabilidade, a recomendação do Ministério da Saúde é direta: não engravide. Para quem não tem essa opção e já gera uma vida, fica o medo constante de se infectar e a incerteza se, de fato, será incluída como grupo prioritário do Programa Nacional de Imunização (PNI).

A recomendação do adiamento da gravidez foi feita ontem pelo secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Parente, durante coletiva de imprensa que anunciou portaria que destina mais de R$ 247 milhões para apoiar estados e municípios na implementação de ações relacionadas às gestantes. “Neste momento do pico epidêmico, deve ser avaliada, como aconteceu no (caso do vírus) zika, em 2016, a possibilidade de postergar um pouco a gravidez para um melhor momento, em que se possa ter a gravidez de forma mais tranquila”, recomendou.

Segundo o secretário, durante a epidemia do zikavírus, que durou “um ou dois anos”, foi possível observar uma diminuição no número de gravidez no Brasil. “Depois, aumentou. É normal”, completou. O ginecologista ressaltou que a postergação da gravidez não vale para todos os casos. “É óbvio que a gente não pode falar isso para alguém que tem 42, 43 anos, mas, para uma mulher jovem, que pode escolher um pouco o momento de gravidez, o mais indicado, agora, é esperar um pouquinho até a situação ficar um pouco mais calma”, disse Parente.

Grávida de 21 semanas, a assessora jurídica Júlia Pereira, 26 anos, recebeu com espanto o pedido feito pelo secretário. “O que choca é o reconhecimento do risco, pedindo para que as mulheres não optem por engravidar, inclusive comparando com a queda de gestação à época dos surtos de zika, mas, ao mesmo tempo, ainda, uma negligência do Estado em relação à inclusão de todas as grávidas ao PNI”. Ao acompanhar a situação pela mídia e nas decisões junto à obstetra, ela afirmou que tomaria a decisão de se vacinar.

“Entre o risco de pegar a doença e de tomar a vacina, cada dia que passa o que se verifica é que o imunizante é benéfico, inclusive, com casos mostrando o bebê já nascendo imunizado, o leite materno sendo fonte de proteção, no caso das lactantes vacinadas. Essa é uma demanda urgente e coletiva, e o próprio governo mostrou reconhecer isso. Espero que o Ministério Público também possa atuar em prol da inclusão de todas as grávidas”, pediu Júlia, argumentando que estudos internacionais apontando o alto agravamento de casos de covid-19 em gestantes sustentam o pedido.

IntubaçãoPelos dados do recém-lançado Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19, uma em cada cinco gestantes e puérperas internadas com SARS-Cov-2 não teve acesso a unidades de terapia intensiva (UTIs), e cerca de 34% não foram intubadas, derradeiro recurso terapêutico que poderia salvá-las. “A gestante é considerada um grupo de risco. E, inclusive, trabalhos apontam que as gestantes têm risco maior de intubação, risco materno. Em uma avaliação estritamente científica, a grávida pode ser incluída como um grupo de risco para receber a vacina, mas sempre com a ressalva de que ela vai analisar os riscos e benefícios junto ao médico para tomar a decisão”, avaliou a obstetra Rossana Pulcineli, criadora do Observatório e presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo.

Pulcineli argumenta que a maioria das plataformas utilizadas para o desenvolvimento da vacina da covid-19 é a mesma de outras vacinas que são conhecidas e aplicadas com prioridade em grávidas. “Então, teoricamente, não há um risco aumentado para essas vacinas em grávidas”, disse. A simples inclusão do grupo no PNI, no entanto, não resolve a questão da vulnerabilidade no contexto do novo coronavírus. “É preciso aumentar toda a rede de proteção para gestantes, e isso vai além da vacina. É garantir isolamento social, proporcionar home office ou afastamento do trabalho, proporcionar assistência adequada com atendimento em hospital com UTI materna, UTI neonatal”, enumerou.

É o caso do estudo realizado pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, que avaliou que a aparição de sintomas da covid-19 é até 70% maior em grávidas do que em mulheres com a mesma faixa etária. A taxa de internação e intubação chega a ser 88% superior.

País chegará hoje a 370 mil mortesO Brasil registrou, ontem, mais 3.305 mortes por covid-19. Com a atualização do balanço do Ministério da Saúde, o país já acumula, desde o início da pandemia, 368.749 óbitos. Em razão da média móvel na casa de 2,8 mil fatalidades diárias, a previsão é de que, hoje, a marca de 370 mil brasileiros que perderam a vida deva ser superada. Com números ainda em altos patamares, a estimativa é de que a semana epidemiológica 15 se encerre com acumulados semelhantes à anterior, mas a sucessão de recordes deve ser interrompida, após sete semanas de superações. A um dia do fechamento semanal, o país somou 17.415 óbitos. A semana 14 acumulou 21.141 e, para bater um novo recorde, a atualização precisaria ser superior a 3.726. A média móvel do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) está em 2.862. Em relação aos casos, a expectativa é de que haja uma ligeira queda. Nesta sexta, foram registradas mais 85.774 infecções, totalizando 13.832.455 de positivos. Na avaliação de especialistas, a esperada diminuição nas atualizações de casos é reflexo das medidas restritivas adotadas nas últimas semanas.

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FOLHA DE S.PAULO

Fala de secretário sobre gestantes e variantes do coronavírus não encontra respaldo científico

Sem sequenciamento genético em larga escala e dados robustos sobre prevalência, falta conhecimento para apontar maior gravidade devido às variantes nesse público

Ana Bottallo

A falta de conhecimento sobre uma maior gravidade ou letalidade da Covid-19 confirmados com as novas variantes do vírus, principalmente em grávidas, e a ausência de sequenciamento genético de todos os casos infectados não permitem confirmar a fala feita pelo secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, nesta sexta-feira (16).

Câmara disse que a ‘nova variante tem ação mais agressiva nas grávidas’, mas sem apresentar dados. Por conta disso, a pasta recomendou a postergação da gravidez nesse período crítico da pandemia.

No Brasil, desde o dia 1? de janeiro até o último dia 12 de abril de 2021, foram confirmados 4.348 casos de Srag (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em gestantes e 278 óbitos, segundo dados do painel do Conass (Conselho Nacional de Secretárias de Saúde).

Considerando que as variantes do coronavírus surgiram em meados de novembro ou dezembro de 2020 e tiveram sua circulação bem estabelecida a partir de janeiro, é razoável pensar que os dados registrados nas 14 semanas epidemiológicas de 2021 provavelmente incluem os casos de infecções com as novas variantes.

No entanto, não é possível afirmar se a presença delas levou ao aumento de casos e óbitos por Srag nesse grupo.

Estudo publicado na última quarta-feira (14) com dados obtidos pela Folha mostrou que houve um aumento no número de mortes maternas por Covid-19 nos três primeiros meses de 2021 em relação à média semanal do ano passado. Os dados apontam, no entanto, que o alto número de óbitos por Covid está associado, principalmente, com a desassistência materna.

Já foi constatada uma mudança no perfil de internados por Covid-19 no país neste ano em relação ao ano passado, com a maior ocupação de UTIs por pacientes mais jovens, mas é difícil atribuir a mudança de perfil às variantes em circulação, embora muitos relatos de médicos e especialistas apontem para um possível período de infecção mais longo.

Além disso, embora haja um progresso constante para melhorar o sequenciamento genético no Brasil, cerca de 0,03% das amostras do vírus são sequenciadas.

Nesse sentido, a maior presença das gestantes e puérperas em hospitais com síndrome respiratória, confirmada por Covid ou não, pode estar associada a uma maior incidência geral da doença na população como um todo nesta segunda onda.

Um artigo publicado em fevereiro na revista Jama (Journal of the American Medical Association) cita estudo realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, o CDC, no qual foram avaliadas mais de 450 mil mulheres em idade reprodutiva com Covid-19 sintomática. O maior risco de hospitalização e morte por Covid em gestantes foi confirmado.

A pesquisa não fala sobre risco maior das variantes, mas faz um alerta para o fato de que o atraso na vacinação, em um contexto de surgimento de novas cepas, pode ser possivelmente perigoso para as mulheres grávidas.

Embora o conhecimento científico sobre a Covid-19 seja produzido a cada minuto, não há nenhuma evidência já estabelecida de maior letalidade das novas variantes.

Até o momento, foram reportadas seis variantes de preocupação do Sars-CoV-2 (ou VOCs, em inglês). São elas a B.1.1.7 (identificada no Reino Unido), B.1.351 (da África do Sul), P.1 (a brasileira, ou de Manaus), outra brasileira, P.2 (origem no Rio de Janeiro) e duas nos Estados Unidos, a B.1.526 (Nova York) e a CAL.20C (com origem no sul da Califórnia).

Não há dados sobre letalidade para cinco das seis variantes. A única delas com dados descritos de letalidade é a britânica, que foi avaliada em um estudo feito por epidemiologistas britânicos como 64% mais letal. No entanto, uma pesquisa publicada na última segunda-feira (12) na revista The Lancet não encontrou associação dessa variante com maior taxa de hospitalização ou morte por Covid-19.

No Brasil, as variantes P.1 e P.2 predominam na população em diversos estados, onde conseguiram se espalhar de maneira mais rápida que a linhagem ancestral. Após o colapso em Manaus em janeiro, a P.1 foi associada a uma maior transmissibilidade, o que foi confirmado em um estudo recente na Science.

A mesma variante consegue escapar da proteção dada por anticorpos que se formam após a infecção pela forma original do vírus, mas não há ainda uma relação clara da P.1 com maior letalidade.

Isso porque, em muitos lugares onde ela se espalhou rapidamente, como a própria cidade de Manaus, e em Araraquara, no interior do estado de São Paulo, o sistema de saúde colapsou com a alta expressiva de novas internações. Com mais pessoas necessitando atendimento médico, houve escassez de oxigênio e, consequentemente, mais mortes.

Assim, não é possível estabelecer que a variante é mais letal ou causa infecção mais grave, mas ela, em conjunto com um sistema de saúde sob estresse e em uma população previamente infectada com a forma ancestral do vírus, que não garantia imunidade natural, gerou um problema de saúde agravado.

Para saber se há relação de causa e efeito de uma variante em relação ao aumento de mortes (letalidade) ou números de internações hospitalares (gravidade), é preciso conduzir um estudo controlado que avalie perfis idênticos de doentes, ou seja, de mesma idade, sexo, condições de saúde, período da infecção, resolução do caso (alta ou óbito) e a cada par avaliado, um apresentar a nova forma do vírus e o outro indivíduo a linhagem ancestral.

Foi assim que foi feito o estudo na Inglaterra, publicado na Lancet, com a inclusão de 341 pacientes -198 (58%) com a variante britânica B.1.1.7 e 143 (42%) com a forma ancestral. Para determinar qual variante está presente no organismo, os pesquisadores sequenciaram as amostras de material genético do vírus obtidas por meio do exame RT-PCR de diagnóstico para Covid-19.

No caso do Brasil, o número ainda baixo de amostras do coronavírus sequenciadas e a inconsistência dos dados de casos, óbitos e internações por Srag (base de dados Sivep-Gripe) e do e-SUS VE (casos leves de Covid sem informações detalhadas), que não permitem fazer comparações similares, dificultam a realização de um estudo similar.

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PODER 360

Governo destina R$ 2,6 bi para custear UTI nos Estados e aquisição de remédios

O presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória nesta 6ª feira (16.abr.2021), que abre crédito extraordinário de R$ 2,6 bilhões para o Ministério da Saúde. O objetivo é custear quase 8.000 leitos de terapia intensiva mediante transferências de recursos do Fundo Nacional de Saúde aos fundos de saúde dos Estados e Distrito Federal. A meta é ampliar o número de leitos de UTI custeados no período para 21.300.

O recurso também será aplicado na compra de medicamentos utilizados na intubação de pacientes da covid-19 (como agentes hipnóticos, opióides e bloqueadores neuromusculares).

Na avaliação do governo, ficou evidente o agravamento da pandemia no início de 2021 e, por isso, a necessidade de mais gastos públicos com a saúde. O crédito extraordinário será financiado pela emissão de dívida da União.

‘A taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva evidencia a gravidade da situação. Verificou-se que, em 5 de abril, 24 das 26 unidades federativas registraram taxa de ocupação igual ou superior a 80%, índice que caracteriza situação grave. Dessas 24 unidades federativas, 11 registraram ocupação igual ou superior a 95%, sendo que o índice esperado em situações de normalidade é inferior a 50%’, diz o Planalto.

‘Com a edição da Medida Provisória, o Estado brasileiro reitera seus esforços para garantir a oferta de serviços e programas voltados à população em geral, principalmente àquela mais vulnerável, franqueando aos órgãos e agentes públicos o acesso a instrumentos capazes de mitigar os efeitos danosos da pandemia sobre a sociedade brasileira’, afirma.

Medidas provisórias têm força de lei desde o momento de sua publicação por até 120 dias. Para continuarem valendo, porém, é necessário que sejam aprovadas pela Câmara e pelo Senado dentro desse período. O texto pode ser alterado durante a tramitação.

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CNN BRASIL

Carga de kit intubação começa a ser distribuída no país

Medicamentos vindos da China foram doados por empresas e vão aliviar colapso nos hospitais

Os estados devem receber, no final de semana, os 2,3 milhões de medicamentos do kit intubação que chegaram ao Brasil na quinta-feira (15). A doação foi feita por um grupo de empresários ao Ministério da Saúde, pois alguns hospitais do país estão com o estoque zerado e muitos com estoque para poucos dias. A distribuição começou nessa sexta-feira (16).

Os remédios – essenciais no tratamento de pacientes que lutam contra Covid-19 – vieram da China. De acordo com a secretaria de Saúde de São Paulo, o estado deve receber do Ministério da Saúde 440 mil medicamentos que compõem o kit, como sedativos, neurobloqueadores musculares analgésicos. O governo paulista estima que essa quantidade seja suficiente para apenas 48 horas.

“Nós já estamos há 40 dias falando que teremos estoque para 7 dias e não tivemos problema, porque continuamos adquirindo pequenas quantidades de um e de outro fornecedo”, explicou o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn.

Um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios aponta que pode faltar medicamento em 975 cidades do país. No Rio de Janeiro, mais de 30 municípios estão com o kit intubação perto do fim. O governo federal diz que o estado é um dos que receberá a maior quantidade de remédios.

Minas Gerais espera, para este fim de semana, uma remessa de remédios num momento de apreensão no estado: o estoque chegou a ser considerado crítico pelo governo mineiro, que relatou a carência de sedativos.

A falta de medicamentos do kit intubação atinge também a rede particular de saúde. Uma pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do estado de São Paulo (Sindhosp) mostra que a maioria dos hospitais privados tem estoque destes medicamentos para até 10 dias.

Apenas 5% têm kit intubação para 15 dias e 20% para até um mês. De acordo com o Ministério, o volume deve garantir o abastecimento por 10 a 15 dias.

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AGÊNCIA ESTADO

Butantan recebe insumos da China para produção de 5 milhões de vacinas

Chegaram ao País nesta segunda-feira (19/4), às 6h, os insumos importados da China pelo Instituto Butantan e necessários para a produção da Coronavac, vacina contra a covid-19. O novo lote que desembarca, com 3 mil litros de insumo farmacêutico ativo (IFA), será suficiente para a produção dos 5 milhões de vacinas restantes para conclusão do primeiro contrato de fornecimento dos imunizantes ao Ministério da Saúde, no total de 46 milhões de doses.

Segundo afirmou o diretor do Butantan, Dimas Covas, no último dia 15, a entrega das últimas doses para o governo federal está prevista para o dia 3 de maio, além do prazo inicialmente previsto para 30 deste mês, após atrasos na remessa da China, originalmente prevista para ter chegado entre os dias 6 e 8.

Nesta segunda, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), participa, da sede do instituto, da liberação de um novo lote de doses de vacinas ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde.

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A REDAÇÃO

Covid-19: Goiás registra 25 mortes e 506 novos casos em 24 horas

Goiás registrou 506 novos casos confirmados de covid-19 nas últimas 24 horas além de 25 mortes confirmadas. Ao todo, são 13.672 óbitos confirmados. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO), há 431.741 casos suspeitos e 287 óbitos em investigação.
 
Goiás tem, no momento, uma taxa de letalidade de 2,61%.
 
Doses aplicadas

Levantamento realizado pela SES-GO apurou que, referente à primeira dose, foram aplicadas 728.740 doses das vacinas contra a covid-19 em todo o Estado. Em relação à segunda dose, foram vacinadas 235.814 pessoas. Esses dados são preliminares.
 
Em relação às vacinas, o Estado de Goiás já recebeu 1.557.880 doses de imunizantes, sendo 1.186.680 da CoronaVac e 371.200 da AstraZeneca.

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JORNAL OPÇÃO

“Ser o primeiro negro a assumir a Prefeitura de Goiânia é muito importante. É uma valorização”

Rogério Cruz reconhece que a eleição e a forma com que ele assumiu o Paço mexeu com as peças do tabuleiro político em Goiás e os reflexos serão sentidos em 2022

Há mais de 100 dias à frente da gestão de Goiânia, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) diz sentir orgulho de ser o primeiro homem negro a comandar o Paço, fato que, por si só, já o coloca na história política da capital e do Estado. No entanto, ele demonstra foco em imprimir ritmo e marcas na gestão da Prefeitura.
Apesar do rompimento com a ala do MDB ligada a Daniel Vilela, o prefeito reafirma que seguirá o plano de governo que elegeu a chapa que era encabeçada por Maguito Vilela — que morreu em janeiro deste ano em decorrência da Covid-19.

Natural de Duque de Caxias (RJ), Rogério Oliveira da Cruz é torcedor do Fluminense, radialista e pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. Dono de uma fala simples e direta, é quase imperceptível o sotaque carioca. Antes de se tornar prefeito de Goiânia, Rogério Cruz morou na África por 16 anos, onde participou de ações humanitárias e sociais. Também foi vereador em Goiânia por dois mandatos. Estas são as experiências que ele demonstra que vão ditar os rumos de sua gestão à frente do Paço. O prefeito afirma conhecer bem Goiânia e suas demandas e tem nas políticas sociais sua prioridade. Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, concedida na sexta-feira, 16, o gestor municipal traçou o perfil que deseja para sua administração.

Patrícia Moraes Machado:  Prefeito, qual seu sentimento por ser o primeiro homem negro a ocupar o cargo de prefeito  de Goiânia? Isso te traz mais responsabilidade?
Isso eu falo com prazer. Ser o primeiro negro a assumir a Prefeitura de Goiânia é muito importante. É uma valorização. Não vejo nenhuma diferença, se for branco, negro, claro ou escuro, assumir uma gestão como essa. Qualquer um pode fazer isso. Eu acho que é uma questão de tempo ou determinação. Sinto sim responsável a partir do momento que fui eleito para isso, como vice, mas acontecendo o que aconteceu com o prefeito Maguito, automaticamente, assumi a Prefeitura. Isso foi automático. Fui eleito a vice-prefeito e logo em seguida aconteceu isso (a morte do Maguito) e eu assumi a Prefeitura de Goiânia. Isso me da responsabilidades não por causa de ser negro, ou careca, ou barrigudo. Isso não faz diferença. Mas acho que é dever de todo gestor mostrar trabalho e respeito a toda sociedade.

Patrícia Moraes Machado:  O senhor considera que o Brasil, mesmo com toda sua herança histórica, o cidadão negro ainda sofre as consequências de sua cor?
Eu tive a oportunidade de morar fora do Brasil por 16 anos. Morei na África por 16 anos. Morei em Angola, Moçambique e África do Sul. E percebi uma coisa muito importante: na verdade o grande preconceito não vem só dos brancos com os negros. O preconceito também vem de alguns próprios negros –  poucos mais vem. É a questão da auto-inferioridade. Essa é uma questão ruim. infelizmente no Brasil, após retornar da África, começamos a perceber que tinha isso também.

Essa questão de auto-inferioridade do negro tem que acabar. O negro é negro. O branco é branco. O pardo é pardo. O loiro é loiro. Todos têm a mesma condição e mesma capacidade. O que precisamos entender é que cor e raça não leva ninguém a lugar algum. É a pessoa que vai. Não é a cor da pessoa. É o sentimento, a alma, o coração da pessoa e o conhecimento que ela busca que leva ela onde ela deseja ir.

Eu nasci e cresci em lugares pobres. Meus pais nunca tiveram a condição, como muitos tem. Meu pai era um trabalhador e minha mãe era doméstica. Minha mãe passava roupa para marinheiros no Rio de Janeiro. Meu pai era carpinteiro. Eu cresci e estudei – meu pai, graças a Deus conseguiu pagar estudos para mim. Estudei uma parte em escola particular e outra parte em escola estadual, no Rio de Janeiro. Em seguida fui para São Paulo, fiquei por 15 anos. Depois fui para Bahia, onde fiz vários cursos. Depois fui para Fortaleza, onde iniciei curso de Administração, em seguida fui para África, onde concluí Administração. Voltei para o Brasil, fiz Gestão Pública e entrei para política. Então, eu acho que a pessoa tem que buscar o conhecimento que ela deseja. A pessoa, a partir do momento que ela tem o foco do que ela quer ser ou do que ela deseja fazer, ela busca a direção e o caminho certo. Eu acredito que busquei o caminho certo, por isso estamos aqui hoje na Prefeitura de Goiânia, sendo o gestor de uma cidade com quase 1,6 milhões de habitantes. Independente da cor. 

Patrícia Moraes Machado:  Maguito Vilela sempre teve um perfil mais social e de equilíbrio. O senhor também tem esse perfil que busca mais a conversa e menos o conflito?
Sempre foi. Continuará sendo. A política não muda o homem. A política não muda a pessoa. Temos condições de trabalhar de forma diferente, na maneira de agir, na maneira de pensar, na maneira de dialogar… Eu nem gosto muito de usar a palavra “discutir” porque parece que já é uma questão de briga. Mas acredito que a palavra dialogar é mais correta para homens públicos, na verdade, para qualquer pessoa que deseja o bem de outras. 

Marcos Aurélio: Por esse ponto de vista, daqui a quatro anos, quando o senhor olhar para trás, o senhor pretende ver que marca que foi deixada pela sua gestão?
A primeira marca será a transparência. Em segundo a marca do social. Eu gosto muito do social. Gosto muito de estar com pessoas. Eu gosto de estar ao lado daqueles que precisam. Eu fico feliz de poder ajudar aos que mais precisam. Eu gosto de colaborar com aqueles que não tem muito para si próprio. Enquanto estiver ao meu alcance eu estarei fazendo isso, independente de quem seja a pessoa, independente do crédulo, independente da raça, independente da etnia da pessoa. Ajudar é algo que marca muito a mim e a minha esposa. Sempre trabalhamos nisso, desde muito tempo, mas quando fomos à África isso nos marcou ainda mais. Mesmo no Brasil já fazíamos trabalhos sociais, mas chegando na África a visão mudou. O direcionamento de como pensar no todo das pessoas, de uma forma geral, mudou muito a visão. Começamos a ver de perto a verdadeira necessidade e o que é a necessidade verdadeira. Nós trouxemos isso conosco. Trouxemos dentro de nós. Hoje estamos fazendo o que mais gostamos, que é cuidar de pessoas. 

Patrícia Moraes Machado:  O senhor acha que as políticas sociais empregadas pelo PT no Brasil são o caminho? Ou é preciso modificar o pensamento em relação à política social?
Cada partido tem uma linha a seguir. Cada partido tem a sua característica. O Republicanos traz também essa característica de trazer o cuidado para as pessoas e se preocupar com a saúde e educação, e se preocupar, acima de tudo, com o cuidado da vida das pessoas. Hoje vivemos isso em todo mundo que é a questão da pandemia.

Desde quando assumi a Prefeitura, em janeiro, mesmo estando como interino, eu demonstrei essa preocupação. Quando o nosso secretário de Saúde tomou posse, a primeira coisa que eu falei para ele foi foi para ver a situação da saúde das pessoas. Ele, imediatamente, se propôs a seguir comigo no mesmo pensamento. Até hoje ele é um dos secretários que eu falo de manhã quando acordo, no meio do dia e antes de dormir. Sempre pergunto: como estamos? Para saber como está a questão da saúde e o cuidado com a Covid na cidade de Goiânia. Isso nos traz segurança porque tratamos a questão da saúde de uma forma diferente.

O nosso partido carrega essa marca do social, outros carregam mais a marca da economia, outros a marca de um país que deve crescer e desenvolver. Mas acho que se começa pelo social e cuidando das pessoas, levando as pessoas a terem uma qualidade de vida, se leva também a elas entenderem que onde elas vivem também é qualidade de vida. Elas poderão junto com o poder público cuidar melhor da cidade.

Vou dar um exemplo muito prático. Como gostamos de qualidade de vida, as pessoas não gostam de ter lixo perto de casa. Hoje inauguramos mais um ecoponto no Jardim São José, região oeste da cidade. As pessoas daquela região terão o direito de ter o local apropriado para descartar o lixo. Então tem o descarte de entulho, descarte de produtos de borracha e vidro. Tudo separado. Essa é uma maneira de fazer com que a pessoa compreenda como ela precisa viver. Se o poder público faz isso em algum local, automaticamente a pessoa começa a fazer isso dentro de casa. 

Patrícia Moraes Machado: O senhor é a favor das bolsas, como Bolsa Família e Bolsa Universitária?
A partir do momento que há uma necessidade justificada e que o governo tenha condições de fazer isso, eu acho muito válido. Porém, é importante lembrar que temos agora o Renda Família em Goiânia, mas tem um limite. É por seis meses. Quem recebeu primeiro, que começou em março, tem seis meses para receber. Enquanto ele está recebendo isso é uma forma dele se preparar para o que vem depois de seis meses. Ele (beneficiado) sabe que serão somente seis meses. 

Patrícia Moraes Machado: O senhor acha que as pessoas se preparam ou tem que ter o poder público para ajudar nessa transformação do pensamento?
É isso que eu sempre digo. Mas por exemplo, aqui, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Economia, estamos preparando cursos para estas pessoas. Aliás, quem recebe o Renda Família hoje tem a condição de participar de cursos gratuitos por meio de um convênio que fizemos com o Sesc. Esse é um apoio. Estamos dando a vara, dando a linha, dando o anzol e a isca, mas ao mesmo tempo ensinando a pessoa a pescar. Esse é um trabalho importante que temos feito no setor social em Goiânia. É importante que as pessoas estejam recebendo o apoio do governo, mas ao mesmo tempo esteja se preparando para que ao findar desses apoio ela esteja preparada para seguir neste caminho.

Marcos Aurélio: Estamos falando de Goiânia, uma capital cercada por outras cidades grandes, e com demandas sociais. O senhor consegue atuar de forma coordenada e cooperada com os prefeitos da região metropolitana? Tem esse canal aberto?
Gostaria muito que fosse assim. Mas cada cidade tem seu modelo de trabalho e tem sua gestão. Cada um tem seu plano de governo individual, e além disso, cada governo tem suas condições financeiras. Hoje a condição financeira da Prefeitura de Goiânia é positiva. Aliás, já vinha previsto no plano de governo apresentado. Fizemos o Renda Família no início porque tínhamos condições, foi feito o estudo de viabilidade, e da mesma forma foi o IPTU Social. Tínhamos condições de não receber o IPTU dessas pessoas mais vulneráveis. Então vai de cada Prefeitura, cada cidade e gestor. Infelizmente não há possibilidade de fazer com que Goiânia e Região Metropolitana pudesse acompanhar esse modelo de apoio social para as pessoas. 

Patrícia Moraes Machado: A eleição do governador e principalmente a do senhor para Prefeitura de Goiânia, muda o contexto político de nosso Estado. O senhor pretende seguir junto com ele no projeto de reeleição e como o senhor vê essa mudança para o futuro de nossa politica estadual? As peças no xadrez político mudaram?
Primeiro que a decisão de seguir o governador é do partido. Não parte de mim. Esse é um acordo de partido, como todos já sabemos. Existem os acordos partidários e eles vão conversar. 

“Pode estar surgindo novas peças. Talvez um peão que saiu, esteja voltando para o tabuleiro do xadrez, mas eu acho que podemos formar sim novos grupos políticos”

Quanto às novas peças do xadrez político, eu acho que existem peões, cavalos, reis, torres e rainhas. Mas acho que as peças começaram a se movimentar. Uma vez que perdemos um de nossos líderes no Estado, que era o Maguito Vilela, o outro líder que, segundo ele, até o momento se aposentou da política – que é Iris Rezende. São dois nomes muito fortes no Estado de Goiás que estão fora o cenário. 

Então eu acho que sim. Pode estar surgindo novas peças. Talvez um peão que saiu, esteja voltando para o tabuleiro do xadrez, mas eu acho que podemos formar sim novos grupos políticos e novos nomes no nosso Estado, uma vez que tudo isso que nos aconteceu tirou dois grandes líderes da nossa política do Estado.

Patrícia Moraes Machado: Assim que os emedebistas ligados a Daniel Vilela decidiram sair da sua gestão, o senhor imediatamente insistiu que iria seguir com o projeto de campanha, que foi construído junto com eles. Se o senhor seguir com esse projeto, o senhor continua com uma imagem de gestor despachante do MDB. Agora que o senhor constituiu um novo governo, com seu secretariado e características próprias, o senhor deseja imprimir algum novo projeto além daqueles apresentados na campanha?
Na verdade, imprimir as marcas do plano de governo é obrigação minha. Não podemos esquecer que o plano de governo foi apresentado em nome dos sete partidos que estavam aliançados. Era o MDB, Republicanos, PMB, PTC, PC do B e PL. Uma vez aliançados, o programa pertence aos sete partidos. Não pertence apenas ao MDB. A partir do momento que é apresentado e registrado, eu como prefeito de fato e em posse, tenho obrigação de cumprir todo o plano de governo, independente de quem apresentou –  lembrando que foi uma aliança com sete partidos.

Patrícia Moraes Machado: Agora com integrantes que o senhor nomeou e tirando esse grupo ligado ao Daniel, o senhor tem algum projeto que vai agregar?
O grupo que faz parte da nossa gestão é um grupo de trabalho, porém nós mesmo com grupo novo precisamos cumprir o plano de governo. Talvez com metas diferenciadas. Quando eu digo isso, estou falando em escolher o que vem primeiro e o que vem depois. Talvez a diferença seja essa. Mas todo o plano de governo precisa ser cumprido dentro do mandato.

Patrícia Moraes Machado: E o que vai vir primeiro?
Iniciamos o plano de governo com o IPTU Social, já iniciamos o programa Renda Família, estamos em andamento e com conversas adiantadas sobre as 15 mil casas populares. Temos a questão da educação que estamos já preparando para que dentro dos próximos 90 dias 2.600 vagas sejam abertas e Cmeis. Ontem inauguramos mais quatro salas no Cmei do Vale dos Sonhos, iniciou a implantação de um novo Cmei com salas moduladas no Parque Atheneu. Outras inaugurações virão e a cada semana teremos novas salas de aulas de Cmeis entregues dentro da cidade de Goiânia.

Marcos Aurélio: Durante a campanha se falava muito de Cidade Inteligente. Seu planejamento contempla esse projeto?
Sim. Exato. Faz parte do plano de governo. Como eu disse, somos obrigados a cumprir. Isso está registrado. Precisamos cumprir. São metas que precisamos colocar. Tem ações que podemos fazer agora e outras depois. Estamos verificando, inclusive com uma reunião neste final de semana (17 e 18 de abril) para definir as metas dos próximos 90 dias. Essas metas elas vêm do plano de governo e vamos executando. 

Patrícia Moraes Machado: Ao sair da Prefeitura o Daniel e o grupo o qualificou com adjetivos nada positivos para um gestor e muito menos para um indivíduo. O homem público se acostuma com esses ataques quando há brigas políticas. O MDB quando o escolheu não o conhecia?
Quem me convidou foi o Maguito Vilela, apoiado então pelo MDB. Agora o que falaram pra mim não importa. Acho que o que importa é o que estamos mostrando para população de Goiânia que é o que viemos fazer. 

Marcos Aurélio: E qual a relação que o senhor tinha com o Maguito Vilela? O senhor o conheceu no início da campanha?
O Maguito Vilela eu conheci mesmo antes de estar vereador em Goiânia. Eu cheguei aqui e na época, em 2011, ele era prefeito de Aparecida de Goiânia e eu era diretor de grupos de rádios, estive com ele e o conheci. Logo em seguida começamos uma amizade e depois me candidatei a vereador, ganhei a eleição, foi minha primeira em 2012 e ele ganhou a segunda eleição dele em Aparecida de Goiânia. Já tínhamos esse contato e mantivemos. A amizade vem de longos tempos. Não foi somente de campanha ou no momento de escolha para ser vice na chapa dele.  

Patrícia Moraes Machado: Se daqui quatro anos, esperemos que não, a gestão do senhor não terminar consagrada, a responsabilidade também será do MDB?
Não. A responsabilidade é minha. Isso é fato. MDB não tem responsabilidade alguma. Se for boa a responsabilidade é minha, se for ruim também é minha. 

Patrícia Moraes Machado: : Mas lá atrás a escolha de colocá-lo na vice foi do MDB?
Foi lá atrás. Mas como passou o “lá atrás”, vamos para frente. Para trás ninguém olha, só serve para retrovisor de carro. 

Patrícia Moraes Machado: O Gustavo Mendanha é muito ligado ao Daniel Vilela. Como está sua relação pós-rompimento?
São pessoas completamente diferentes, mesmo sendo do mesmo partido. O Gustavo é uma pessoa que eu tenho como amigo. Tenho uma amizade muito grande. Tudo que aconteceu com ele recentemente eu tive oportunidade de enviar mensagem em razão da morte de seu pai. Ainda hoje eu liguei para ele, mas como era horário do almoço eu não consegui falar com ele. Tem sido muito corrido aqui, mas hoje (Sexta-feira, 16) que tive a oportunidade de ligar, embora ainda não tenha conseguido tenho certeza de que ele irá retornar a ligação. 

O Gustavo, embora do mesmo partido, ele como homem público e hoje sendo prefeito da segunda maior cidade do estado, ele tem contato normal como homem público. Isso não deixará de existir. Sempre existirá. 

Patrícia Moraes Machado: : Como o senhor avalia quando as críticas chegam assim: Goiânia agora é cidade Universal do Reino de Deus, ou que Goiânia é o novo Rio de Janeiro (Fazendo um comparativo com o prefeito Marcelo Crivella)?
Quando a isso acho que as pessoas devem avaliar bem. Não podemos misturar as coisas. Religião, política, igreja e Prefeitura são coisas totalmente diferentes. Instituições religiosas e instituições políticas. Isso está separado pela a nossa Constituição. Isso deve ser respeitado. Não tem essa questão de Igreja Universal em Prefeitura ou Prefeitura em Igreja Universal.

Quanto ao Rio de Janeiro acho que é uma cidade muito longe da nossa capital Goiânia. Marcelo Crivella foi um membro de nosso partido que fez seu trabalho e infelizmente aconteceu o que aconteceu, fizeram o que fizeram. Mas ele foi o Marcelo Crivella, do Republicanos do Rio, e eu sou o Rogério Cruz, do Republicanos de Goiânia. Não tem nada a ver essa questão de Rio de Janeiro e Goiânia.

Patrícia Moraes Machado: : O candidato Vanderlan Cardoso (PSD) o convocou em várias ocasiões para o debate. O senhor nunca participou. Inclusive fala-se que Goiânia não foi debatida durante a eleição. Quem participava das entrevistas era o Agenor Mariano ou o Daniel Vilela. O MDB tentou lhe esconder?
Na verdade, nós tivemos uma campanha difícil. Logo no início o Maguito ficou doente com a Covid e se internou, cinco dias depois eu também fui acometido pela doença. Fiquei 14 dias em casa e longe da campanha. Quando retornei a campanha tínhamos apenas um candidato. Eu tive que assumir a campanha porque o representante da chapa não estava presente, era o Maguito. Eu era o segundo representante da chapa como vice. Eu tinha que estar na rua, eu tinha que estar à frente da campanha. Não tínhamos outro representante e que pudesse estar à frente da campanha. Eu me senti na obrigação de seguir com a campanha até o fim. Foi o que nós fizemos e por isso ganhamos.

Quanto a questão de debater Goiânia, eu acho que ficou bem claro que eu conhecia a cidade. Eu fui vereador por dois mandatos. Antes de estar vereador eu fui diretor executivo de um grupo de rádios, e obrigatoriamente eu conhecia Goiânia. Posso até falar um pouco mais, sem querer me gabar muito, mas eu sempre conheci Goiânia antes de tudo, antes de estar vereador, antes de estar político. A questão de dizer que eu conhecia ou não conhecia é passado. Já foi provado. Mas na campanha não existia esse tempo de perdemos tempo para ir a debate que não seria um debate. Seria um tipo de discussão. Como não gosto de discussão… Eu gosto de diálogo. Se fosse um diálogo mais direto, nós teríamos, mas para discussão eu nunca entro nesta linha, nunca entrei e jamais entrarei. 

Patrícia Moraes Machado: O senhor não acredita então que foi tirado da população o direito de ouvir e participar do debate?
A população tanto conheceu que nos elegeu através de nosso trabalho na rua. Dentro de nossa campanha foi apresentado o nosso plano de governo e o povo conheceu, entendeu e por isso votou em Maguito Vilela e Rogério Cruz.

Marcos Aurélio: O grupo do MDB ligado ao Daniel Vilela afirma que sua gestão é teleguiada por líderes do partido em Brasília. O que o senhor diz sobre isso?
O Republicanos é um partido nacional como qualquer outro, mais do que justo e legítimo é o partido que recebe uma cidade como Goiânia para administrar ter o apoio do comando nacional. Eu não vejo nenhum problema. Pelo contrário, isso até fortalece o partido, vindo de pessoas conhecedoras como são nossos presidente nacional e estadual. Não vejo problema em o gestor municipal ter o apoio do presidente nacional ou do seu partido nacional. 

Marcos Aurélio: Prefeito, qual sua relação administrativa e pessoal com o governador Ronaldo Caiado?
Tenho uma relação muito boa. Somos homens públicos. A diferença é que ele cuida do Estado e eu cuido da cidade. Somos homens públicos e temos harmonia positiva e trabalho conjunto. Todas as vezes que necessitei falar com o governador ele me recebeu. Todas as vezes que ele precisou falar comigo eu também o atendi. Acho que sendo prefeito de uma capital, e tendo um governador muito atuante no Estado, é mais do que justo estar alinhado com o governador. Não queria ser o prefeito de uma cidade e estar separado ou desalinhado ao governador. Afinal de contas os municípios também dependem do governo do Estado. Goiânia também depende. Estamos muito alinhados desde o início do nosso trabalho em Goiânia, desde a nossa posse. Tive o prazer e honra de tê-lo em minha posse como prefeito, tive o prazer dele vir por três vezes aqui no Paço e tratarmos de nossos decretos. Tive também o prazer de ser recebido por ele no Palácio também para discutirmos assuntos sobre decretos. Esse relacionamento é muito importante como qualquer relacionamento bem construído é importante para vida de qualquer pessoa. 

“Acho que Ronaldo Caiado está no caminho certo, tem acertado muito na questão do enfrentamento a Covid-19”

Patrícia Moraes Machado: Como o senhor avalia o governador Ronaldo Caiado como gestor e político?
Com o governador eu tive oportunidade de conhecê-lo quando na sua campanha para senador. Tive prazer de votar nele como senador. O conheci pessoalmente ainda como senador, numa visita que ele fez em uma instituição e estávamos juntos no local. Depois em outros eventos estivemos juntos, ele como senador e eu como vereador. Quando governador e eu vereador tivemos alguns contatos e conversas. Hoje como prefeito as conversas são mais assíduas. Mas o governador é um político, homem público renomado no Estado. É um representante forte em nosso Estado. Sempre demonstrou seu caráter e transparência como homem público desde que era deputado federal, senador e hoje como governador do Estado. Acho que Ronaldo Caiado está no caminho certo, tem acertado muito na questão do enfrentamento a Covid-19, por vezes muitos não querem entender, mas sempre tem sido certo tanto é que hoje depois de seguir o decreto 14 x 14, funcionou bem, com resultado positivo e por isso estamos hoje mantendo o comércio aberto. 

Patrícia Moraes Machado: Como senhor avalia a vinda de importantes nomes da política, como o deputado Virmondes Cruvinel, a Dra Cristina como secretária, outros deputados vindo aqui  declarar apoio, assim como a Câmara de Vereadores. Isso não aconteceu antes do rompimento com o Daniel. Porque?
Como você bem disse, é apoio. Eles vieram dar seu apoio. 

Patrícia Moraes Machado: Mas por que esse apoio não aconteceu antes?
Acredito eu, posso estar equivocado, que eles se sentiam representados. Três integrantes do MDB saíram da administração. Não foi o MDB que saiu. Os vereadores estão comigo. Seis vereadores, suplentes, deputados, enfim. Tem outras pessoas do MDB que estão aqui no Paço. Então independente disso, o MDB continua na gestão. 

Esse apoio acho que é normal. É o reconhecimento pelo nosso trabalho. O trabalho já vinha sendo feito e deve permanecer esse apoio. Eu acredito que se os deputados vieram dar esse apoio, eu acho que eles tomaram seus caminhos. Foi decisão dos deputados.

Patrícia Moraes Machado: Mas o senhor chegou a avaliar porque vieram depois do rompimento com o grupo de Daniel?
Eu acredito que os deputados reconhecendo a situação, eles, por si próprio, viram que o MDB está com a gente. São pessoas que vieram pelo MDB. Quem é Rogério Cruz perto do deputado estadual, deputado federal? Recebemos aqui vários deputados apoiando o nosso trabalho. Acredito que eles sentiam até então representados na Prefeitura. O Daniel é o presidente do MDB. Os representantes de outros partidos que estão coligados conosco, como o PL, onde a deputado Magda Mofatto esteve aqui conosco. Outros representantes de partidos estiveram aqui conosco, como deputados, como o Elias Vaz (PSB). Esse apoio eu vejo que é o apoio dos homens públicos que reconhecem o projeto nosso que eles estiveram dentro. Projeto este que foi apresentado em nome do partido deles. 

Marcos Aurélio: Em relação a esse processo que foi movido pelo PMN em relação a como foi a posse do Maguito, que agora tem o PSD no circuito. O senhor se sente de alguma forma ameaçado por esse processo?
De forma alguma. Não vejo nenhuma ameaça. Quem foi eleito foi a chapa de Maguito Vilela e Rogério Cruz como vice. Maguito Vilela morreu, automaticamente quem assume é o vice. Isso é automático. Eu tive votos junto com Maguito Vilela. Esse voto me dá o direito de manter a minha cadeira no Paço fazendo a gestão de Goiânia. 

Patrícia Moraes Machado: Mas as pessoas argumentam que o Maguito não tinha condições de saúde para disputar a eleição já no primeiro turno e então o partido deveria ter colocado outro candidato
Quem disse isso que prove.

Patrícia Moraes Machado: Qual a expectativa do senhor em relação a vacinação em massa dos goianienses?
A vacinação em massa seria excelente, se nós gestores municipais pudéssemos comprar diretamente. Infelizmente não estamos ainda nesta condição. Os laboratórios não estão distribuindo de forma ampla nem para os países, imagina para os estados e municípios. Infelizmente não existe essa possibilidade ainda. Está liberado pelo STF.

Inclusive foi uma briga minha e uma busca jurídica minha para ter a garantia de que se eu comprar as vacinas com erário público de Goiânia, que as vacinas sejam usadas somente em Goiânia. Tivemos esse assunto enviado para consulta no STF. Infelizmente os laboratórios não estão em condições de entregar nem para União, imagine para os municípios.

Estamos vacinando com a segunda dose idosos de 73 anos e a primeira dose com idosos para 63 anos. Eu acredito que estamos no rumo. Quando chegarmos aos 60 anos vamos seguir para as pessoas com comorbidades. Vamos começar o segundo semestre vacinando abaixo de 60 anos. A perspectiva é essa. 

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O HOJE

Dentistas previnem infecções que podem agravar estado de pacientes na UTI

João Paulo Alexandre

Um profissional que compõe a equipe multiprofissional presente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e que muitas pessoas não fazem ideia é o dentista. Ele está presente e ajuda na prevenção de infecções que têm origem na boca e que podem agravar o estado de saúde de quem já luta pela vida devido à Covid-19.

O Hoje conversa com o cirurgião-dentista Fabrício Henrique, que atua no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), que é tida como unidade de referência para o tratamento do novo coronavírus. Ele explica que atua no local todos os dias da semana e que logo cedo, às 7 horas, já começa a sua rotina na unidade. 

Fabrício explica que o local conta com 30 leitos de UTI A unidade conta com três profissionais que cuidam de 10 pacientes cada um. A principal função é verificar como está a limpeza dos tubos que auxiliam na respiração do paciente. “Verificamos a limpeza para não causar pneumonia através da broncoaspiração. A boca é um local muito propício para o acúmulo de bactérias que, se não houver um tratamento devido, elas podem acabar descendo o pulmão do paciente”, destaca. 

Além disso, Fabrício conta que, em algumas situações, pode haver a necessidade de pequenas cirurgias orais no paciente. “Alguns deles apresentam feridas na boca devido ao fato de nunca terem frequentado um dentista. E isso acaba sendo um foco infeccioso. Por passar muito tempo com o tubo introduzido e por causa de se alimentar através de sonda, o paciente pode acumular bactérias. Por isso é importante o tratamento”, pontua. 

Além de se instalarem no pulmão, a infecção, que as bactérias presentes na boca podem levar o paciente a ter, também pode atingir a corrente sanguínea. Essa situação, segundo o cirurgião-dentista, é muito preocupante, já que pode ser uma das consequências no agravamento do caso do paciente e, até mesmo, levá-lo a óbito. 

Afeto 

Fabrício conta que esse contato cria um vínculo muito maior do que profissional e paciente. Ele descreve que há afeto que se desenvolve a cada contato com os enfermos no local. “Ficamos em contato com eles diariamente e acabamos fazendo um trabalho de psicólogo, pois precisamos entendê-los. E, em um primeiro momento, isso não é fácil. Tem pessoas que ficam com receio de mostrar a boca pra gente com vergonha, por exemplo. E a gente faz com que isso aconteça da melhor forma possível para eles. Para que possam se sentir acolhidos”, destaca. 

Para ele, trabalhar em uma UTI voltada exclusivamente a pacientes com Covid-19 é um desafio diário, mas que lhe traz constante aprendizado. “A gente não lida apenas com a boca. Lidamos com pessoas que lutam pela vida e seguimos com eles nessa batalha. Algumas pessoas sentem medo ou vergonha de abrir a boca para a gente, mas depois nos agradecem pelo cuidado. Lidamos com um inimigo completamente invisível. E esse trabalho busca levar qualidade de vida para eles.”

Fabrício também trabalha em uma UTI de uma unidade hospitalar particular em Goiânia. Ele destaca que a situação de lotação no local deu uma leve melhorada, mas já percebe sinais de que o quadro pode reverter com abertura do comércio. Muitos desses pacientes, inclusive, sentiram receio de serem levados para UTI para receberem um tratamento mais intensivo. 

“Muitos deles pensam que ir para a UTI é uma sentença de morte, mas a situação não é assim. A gente entende que o paciente com Covid tem quatro vezes mais chances de ir para a UTI do que por outra enfermidade. Mas quem vai é porque ele necessita de cuidados 24 horas. O intuito de uma UTI é a supervisão o tempo inteiro. E isso tem resultados: o índice de prevenção de doenças respiratórias pode chegar a 80%”, reforça.  

Estudo já afirmava a necessidade do dentista na UTI 

Um estudo publicado no International Dental Journal, em 2018, já destacava a importância dos cuidados odontológicos em uma UTI. Essas prevenções vão da simples escovação até as restaurações.Isso impactou a redução em 56% de infecções respiratórias, como a pneumonia em pacientes que necessitavam da ventilação mecânica. Mesmo com esse dado, o número desses profissionais atuando na chamada Odontologia Hospital ainda é baixo. 

Segundo o Conselho Federal de Odontologia (CFO), há 2.210 dentistas hospitalares em todo o país. Além disso, não há uma lei federal que obrigue hospitais públicos a contratar dentista, embora muitos contam com a figura do cirurgião buco maxilo, que, fora do contexto da pandemia, costuma ser acionada em casos de traumas. Nesse caso, o trabalho de higiene bucal nas UTIs em geral é realizado por enfermeiros e técnicos de enfermagem. 

Vacinação

A presença dos dentistas na UTI, inclusive, se tornou alvo de discussão. O objetivo é que os demais profissionais, que não foram inseridos na categoria de grupos prioritários, sejam introduzidos para receberem o imunizante contra a Covid-19. A orientação do Programa Nacional de Imunização é focar nos profissionais que atuam na linha de frente contra a doença, que tem alto nível de exposição ao vírus. A realidade, porém, traz vários relatos de categorias que integram esse segmento, mas não estão na frente do combate ao novo coronavírus. 

O CFO e os Conselhos Regionais de Odontologia afirmam que “são incisivos na defesa e cobrança para a vacinação imediata dos Cirurgiões-Dentistas, Técnicos e Auxiliares da Odontologia nesta primeira etapa que contempla os grupos prioritários”.

“Desde o início da pandemia, 82% dos profissionais de Odontologia não interromperam o atendimento odontológico, pelo contrário, intensificaram os cuidados com a biossegurança para garantir total segurança à saúde dos pacientes nos procedimentos realizados. Por isso, a importância da vacinação desse grupo prioritário que, inclusive, foi reconhecido e convocado para o trabalho na linha de frente contra a Covid-19 no Sistema Único de Saúde”, disse o CFO. 

O Sistema de Conselhos de Odontologia acrescenta que “está inconformado com a falta de celeridade e logística essenciais para imunização dos mais de 500 mil profissionais de Odontologia em pleno exercício em todo o país, seja na rede pública ou privada”.

A categoria reforça os perigos que os profissionais estão expostos durante a pandemia. “É preciso evidenciar o risco de infecção viral predominante aos profissionais de Odontologia devido a procedimentos que envolvem comunicação face-a-face com pacientes e exposição frequente a saliva, sangue e outros fluidos corporais, bem como manuseio de instrumentos perfuro cortantes”, finaliza.

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Rosane Rodrigues da Cunha 
Assessoria de Comunicação