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DESTAQUES
Hospital Evangélico reduz em 81% a ida de pacientes crônicos ao OS
Artigo – Setor de compras como um dos principais aliados na Saúde
Homem faz enfermeira refém em hospital de Morrinhos e é morto pela PM
Como a IA generativa pode auxiliar médicos? Descubra as possibilidades
Recomendada pela OMS, autotransfusão de sangue é opção mais segura para pacientes cirúrgicos
Plano de saúde do crime: como era o sistema médico reservado para o PCC
MEDICINA S/A
Hospital Evangélico reduz em 81% a ida de pacientes crônicos ao PS
O uso de tecnologias que podem ser ajustadas de acordo com a necessidade de hospitais, municípios e planos assistenciais é uma das tendências para 2025 na área da saúde, especialmente para a atenção primária. Entre os principais resultados da inovação estão a economia, redução de idas ao pronto-atendimento, menor número de internamentos e, aliado ao atendimento humanizado, melhorias significativas na saúde de pacientes com doenças crônicas.
Para que se tenha ideia, em Londrina, cidade da região Norte do Paraná, o uso de uma plataforma desenvolvida especialmente para o monitoramento de pacientes que utilizam o plano de saúde do Hospital Evangélico possibilitou uma redução em 44% dos custos com atendimento de emergência de pacientes crônicos e em 44,5% os custos com internamentos destes pacientes. A economia, em um período de 12 meses, somando ambos os serviços (emergência e internamento) foi de mais de R$ 2 milhões.
Além disso, houve uma redução em 81% no número de pacientes de alto risco que antes eram atendidos mensalmente pelo Hospital Evangélico de Londrina (HE), em um período de 18 meses.
O uso da plataforma para gerenciamento de pacientes crônicos faz parte do Programa Viva Saúde – do Plano de Saúde Hospitalar – e que prevê atendimento domiciliar, presencial ou online para 1.736 pacientes com doenças como hipertensão, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica, obesidade, depressão, problemas cardiovasculares, pessoas em idade avançada e outros.
Números chamam a atenção
A tecnologia – chamada PGS/Nagis – começou a ser utilizada em janeiro de 2023 dentro do plano de Atenção Primária à Saúde (APS). Com ela, é possível identificar o número e a frequência de pacientes crônicos que passaram por atendimento no hospital, elencando os mais graves e sugerindo quais deveriam ser acompanhados preferencialmente por uma equipe multiprofissional, em um período mínimo de 12 meses. A adesão dos pacientes aos tratamentos propostos pela equipe do programa foi de 87,86%.
Entre os monitorados, após 18 meses, 81% tiveram redução de risco, 19,86% dos pacientes tiveram redução de Índice de Massa Corporal (IMC) e 19,58% dos pacientes com IMC acima de 30, considerada obesidade grave, conseguiram reduzir o peso e as doenças crônicas associadas.
O responsável pela implantação do sistema, o superintendente da Associação Evangélica Beneficente de Londrina (Aebel), que abrange o HE Londrina e o Plano de Saúde Hospitalar, Eduardo Bistratini Otoni, conta que é preciso inovar para tratar as pessoas. E as ferramentas utilizadas foram tecnologia e prevenção. “Em cima disso estruturamos equipes e iniciamos um projeto com 200 pacientes. Hoje, chegamos a mais de 1.700 pessoas e atingimos resultados econômicos e sociais nunca vistos”, afirma Otoni.
Ele explica que o raciocínio é lógico. “Quando a pessoa está doente o seu tratamento é mais caro. Se atuarmos preventivamente o tratamento tem menores custos e os pacientes têm uma redução dos seus sintomas . Além de tudo, trabalhar a prevenção é uma forma de engajar equipes médicas e pacientes”, reforça. Segundo Otoni, o número de consultas não diminuiu, mas o programa conseguiu a adesão dos pacientes ao tratamento, reduzindo também custos de alta complexidade. Outro importante resultado foi a sinistralidade junto a ANS que caiu 10% em apenas um ano.
Diferencial
A plataforma utilizada em Londrina possibilita a triagem automática de pacientes – incluindo classificação de risco -, a identificação e priorização rápida dos que precisam de atenção imediata, a implementação de protocolos padronizados e diretrizes alinhadas com as normativas da ANS, otimizando recursos clínicos.
Antes do uso da tecnologia, todo o acompanhamento era feito por meio de planilha, o que possibilitava o controle de cerca de 300 pacientes apenas. Atualmente, 1737 pessoas foram incluídas no programa – entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024.
Outra vantagem está no acompanhamento contínuo das condições dos pacientes, com agenda inteligente para os profissionais de saúde. “Isso aumenta a adesão ao tratamento e diminui riscos de complicações, reduzindo intervenções médicas desnecessárias”, explica Arnaldo Alves de Souza, gerente administrativo da Atenção Primária à Saúde (APS).
Atualmente a plataforma mantém uma base de dados de exames de cada paciente, com o cruzamento de dados e a estratificação de todos os que geram maior custo, baseado no uso de serviços médicos.
Os pacientes são selecionados e uma equipe realiza uma primeira avaliação, incluindo coleta do histórico de saúde, situação vacinal, aplicação de escalas de avaliação com classificação de risco, exames atuais, que determina a frequência do acompanhamento do programa, por meio de atendimento personalizado e telemonitoramento.
Cada paciente tem acesso a uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais de saúde, que desenvolvem um plano de cuidados individualizado, levando em consideração suas necessidades e metas.
As pessoas selecionadas têm suporte contínuo contato com a equipe de saúde por meio de aplicativo de mensagem, podendo esclarecer dúvidas, receber orientações e apoio emocional, evitando muitas vezes uma ida desnecessária ao pronto-socorro.
O diretor de Operações Hospitalar da Aebel, Felipe Rodrigues Leme, garante que o objetivo é expandir o atendimento para mais beneficiários.
“Há 5 meses atrás não utilizávamos os resultados dos exames para monitorar doenças complexas e hoje fazemos isso. A tecnologia nos permite gerir pacientes, de maneira customizada, incluindo protocolos de acordo com as nossas necessidades, o que gera resultados exponenciais”, reforça.
O responsável pela criação do software, Wagner Marques, explica que a ferramenta envolve apoio operacional e estratégias que combinam análise avançada, automação e suporte contínuo para que hospitais e planos de saúde otimizem suas operações e entreguem resultados superiores. “O software é capaz de aprender protocolos diagnósticos e terapêuticos e auxiliar profissionais de saúde, permitindo a adaptação de protocolos de cuidados a diferentes situações, locais e níveis de complexidade (UPAS, UBS e Hospitais)”, menciona Marques. As tecnologias desenvolvidas pelas Nagis foram reconhecidas pelo Banco Mundial, através de seu órgão IFC (International Finance Corporation), como sendo uma inovação na área da saúde. “Fomos escolhidos entre 295 empresas e instituições, de 34 países”, completa o desenvolvedor e idealizador da startup em saúde.
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Artigo – Setor de compras como um dos principais aliados na Saúde
Vivemos um momento de renovação. De novas oportunidades e estratégias para 2025. Em instituições de saúde, por exemplo, é o momento de olhar para todos os setores, como o de compras, definir como cada área deve contribuir para a estratégia de negócio; quais ambientes precisam de mais investimentos e, por fim, atentar-se para as tendências do mercado.
Quando pensamos em hospitais, lembramos do médico, do enfermeiro e do recepcionista que nos atendeu. O que não levamos em consideração é que, para que esses profissionais atuem conforme esperado, é necessária a disponibilidade de insumos e materiais em tempo hábil.
E, é aí que o diferencial de se ter profissionais qualificados e estratégicos no time de compras faz toda a diferença! E que diferença! Afinal, há quinze anos, o processo de aquisição (cotação, comparação de preços, autorização de compra) era feito de forma manual.
Hoje, com a inclusão da tecnologia no setor de compras hospitalares, a utilização de plataformas de compras online, acompanhadas de processos de automatização, a rotina desses profissionais foi “revolucionada”. Afinal, através dessas ferramentas tornou-se possível, por exemplo, atingir a um marco histórico de se realizar em apenas 52 minutos uma atividade de compra de reposição complexa que, antes, levava 52 horas para ser realizada (dados comprovados através de medição sistêmica).
Mas, não é só isso. Através dela, grande parte das atividades desses profissionais tornaram-se mais ágeis, além de ser possível o acesso a ofertas de fornecedores nacionais e internacionais; fazer a comparação de preços e marcas; presença do poder de negociação para compradores da instituição; entre outros.
Diante de tantas mudanças, tornou-se possível, ao profissional de compras, uma maior disponibilidade de investimento em suas qualificações. Afinal, agora, ele passará de operacional para estratégico, apoiando a instituição na redução de custos na aquisição de medicamentos e materiais – considerado como o segundo maior “gasto” na folha de pagamento de hospitais.
Ainda, ao aderir a uma visão mais estratégica, o comprador terá uma visão mais analítica e proativa ao tomar decisões baseando-se em dados; ao analisar a possibilidade de contratos de longo prazo – conseguindo assim melhores preços e garantia de estoque; e, ainda, verificar as tendências de comportamento de mercado.
Dessa forma, conclui-se que com apenas algumas mudanças de comportamento alinhadas ao suporte da tecnologia, o comprador estratégico estará cada vez mais preparado para atender a elevada demanda que esses ambientes exigem, contribuindo, inclusive, para que a instituição de saúde torne-se ainda mais sustentável e com custos otimizados.
*Eduardo Negrão é Diretor de Tecnologia da Apoio.
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O HOJE
Homem faz enfermeira refém em hospital de Morrinhos e é morto pela PM
Segundo a administração do hospital, o paciente tentou deixar a UTI, desrespeitando as orientações médicas
Um homem de 59 anos morreu na noite de sábado (18), após fazer uma enfermeira refém e ser baleado por policiais militares na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Morrinhos, no Sul de Goiás. Luiz Cláudio Dias, morador de Professor Jamil, estava internado há três dias devido a problemas renais e teria apresentado um surto psicótico, ameaçando funcionários com um pedaço de vidro.
Segundo a administração do hospital, o paciente tentou deixar a UTI, desrespeitando as orientações médicas. Durante a crise, ele quebrou o vidro de uma janela no banheiro feminino e usou os cacos para fazer uma enfermeira refém, ameaçando feri-la. Veja o vídeo.
A Polícia Militar foi acionada e iniciou negociações com Luiz Cláudio, mas ele se manteve agressivo. De acordo com a PM, em determinado momento, o homem tentou ferir a refém, o que levou um dos policiais a disparar, visando atingir seus membros inferiores. Contudo, o tiro atingiu a parte lateral do corpo do agressor.
Apesar dos esforços médicos para socorrê-lo, Luiz Cláudio não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. A enfermeira refém não sofreu ferimentos, mas ficou emocionalmente abalada. A Polícia Civil está investigando o surto do paciente e a intervenção policial.
Luiz Cláudio havia sido transferido para o hospital de Morrinhos por meio do sistema de regulação de Piracanjuba. O hospital informou que está oferecendo apoio à equipe de saúde envolvida no incidente.
Confira a nota da PM referente ao caso ocorrido:
A Polícia Militar de Goiás informa que, na noite de sábado (18), uma equipe do 36º Batalhão da Polícia Militar atendeu uma ocorrência no Hospital Municipal de Morrinhos, onde um paciente, em surto psicótico, manteve uma técnica de enfermagem refém na UTI, ameaçando-a com um objeto perfurocortante (pedaço de vidro).
Após a chegada dos policiais, foram iniciados protocolos de gerenciamento de crises para liberar a vítima. Apesar das tentativas de verbalização para que o autor liberasse a vítima, ele permaneceu em atitude agressiva e reiterou as ameaças.
Diante do risco iminente à vítima, foi necessário a realização de um disparo de arma de fogo para neutralizar a agressão e resguardar a integridade física da refém.
Mesmo alvejado, o autor continuou resistindo, sendo necessária a sua contenção pelos demais policiais militares. A equipe médica prestou socorro imediato, mas infelizmente ele não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
A ocorrência foi acompanhada pelo delegado plantonista, que conduzirá as investigações cabíveis.
A Polícia Militar informa, ainda, que foi determinada a instauração de procedimento administrativo para apurar os fatos.
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CNN BRASIL
Como a IA generativa pode auxiliar médicos? Descubra as possibilidades
A inteligência artificial (IA) tem promovido grandes avanços nos cuidados de saúde em diversas áreas. Desde a precisão diagnóstica até o suporte a tratamentos personalizados, passando pela automação de tarefas administrativas e o empoderamento dos pacientes na tomada de decisões, a IA vem se integrando rapidamente aos fluxos de trabalho do setor.
Esses avanços não apenas aliviaram a carga dos profissionais de saúde, mas também ampliaram o acesso a tecnologias inovadoras, beneficiando tanto especialistas quanto o público em geral.
O termo IA engloba diversas tecnologias, incluindo o aprendizado de máquina (machine learning, ML), que utiliza algoritmos e modelos estatísticos para aprender e se adaptar com base em dados. O aprendizado profundo, uma subárea do ML, refina modelos pré-treinados para realizar tarefas complexas, como reconhecimento de imagens e fala.
Além disso, a IA generativa cria novos conteúdos por meio de modelos gerativos, como ferramentas de produção de texto. Grandes modelos de linguagem (Large Language Models, LLMs), como o ChatGPT, representam um marco significativo, gerando textos originais e similares produzidos por humanos a partir de grandes volumes de dados.
O aprendizado de máquina pode ser descrito como uma abordagem matemática para o reconhecimento de padrões, como a regressão, que aprimora suas soluções conforme mais dados são processados. Entre as técnicas comuns estão árvores de decisão, aumento de gradiente e redes neurais. Estas últimas formam a base do aprendizado profundo, que utiliza múltiplas camadas de reconhecimento de padrões para analisar dados complexos, como imagens médicas.
Um marco no aprendizado profundo foi o desenvolvimento das redes neurais convolucionais, entre 2010 e 2012, permitindo uma classificação detalhada de imagens. Essa tecnologia impulsionou avanços como a análise de radiografias de tórax para prever riscos cardiovasculares, ampliando o uso de exames de rotina para novas aplicações.
IA generativa na prática médica
A IA generativa cria conteúdos inéditos, como imagens ou textos, por meio de refinamento iterativo a partir de comandos específicos. Apesar de promissora, apresenta limitações, incluindo a possibilidade de gerar resultados imprecisos ou fictícios, conhecidos como “alucinações”.
Na saúde, a IA generativa já demonstra utilidade em diversas áreas:
Radiologia: análise de exames como radiografias, ultrassonografias, tomografias computadorizadas (TC) e ressonâncias magnéticas (RM) para detectar anormalidades.
análise de exames como radiografias, ultrassonografias, tomografias computadorizadas (TC) e ressonâncias magnéticas (RM) para detectar anormalidades. Patologia: identificação de padrões em lâminas histopatológicas para diagnósticos, como câncer.
identificação de padrões em lâminas histopatológicas para diagnósticos, como câncer. Detecção Precoce: avaliação de dados clínicos para identificar sinais iniciais de doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e câncer.
avaliação de dados clínicos para identificar sinais iniciais de doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias e câncer. Prontuários: automatização do registro médico, com geração de notas clínicas e resumos.
automatização do registro médico, com geração de notas clínicas e resumos. Automação de Fluxo de Trabalho: redução de tarefas administrativas, como agendamentos, faturamento e documentações.
redução de tarefas administrativas, como agendamentos, faturamento e documentações. Tarefas Repetitivas: otimização do tempo dos profissionais de saúde, permitindo que se concentrem em cuidados diretos ao paciente.
otimização do tempo dos profissionais de saúde, permitindo que se concentrem em cuidados diretos ao paciente. Descoberta de Novas Drogas: identificação de alvos biológicos (como proteínas ou genes) e criação de novas moléculas.
identificação de alvos biológicos (como proteínas ou genes) e criação de novas moléculas. Pesquisa Clínica: planejamento e monitoramento de estudos clínicos, análise de dados e automatização de tarefas administrativas relacionadas.
Outras aplicações incluem cirurgia robótica, monitoramento por dispositivos vestíveis (wearables), saúde mental, telemedicina, educação médica e combate a epidemias.
Na hematologia, a IA auxilia na análise de lâminas digitais preparadas a partir de coletas de sangue ou medula óssea, identificando células normais e anomalias, como células leucêmicas ou alterações nos glóbulos vermelhos. Essas ferramentas fornecem suporte para decisões clínicas, fornecendo possíveis diagnósticos ou destacando áreas de interesse em lâminas para revisão pelo hematologista. Além disso, sistemas baseados em IA classificam cromossomos na citogenética e identificam padrões em citometria de fluxo, contribuindo para a classificação de subtipos de doenças, como leucemias e linfomas, com maior rapidez e precisão.
Embora promissora, a implementação da IA exige rigor para garantir precisão e confiabilidade. A possibilidade de “alucinações” preocupa profissionais e instituições, tornando essencial a supervisão humana, além de regulação e controle dessas tecnologias.
Construindo a confiança dos pacientes na IA
Os pacientes expressaram preocupações sobre o uso da IA, como erros diagnósticos, privacidade de dados e redução da interação humana. Para superar essas barreiras, é crucial reforçar que a IA seja uma ferramenta de apoio, e não um substituto, no processo clínico. Exemplos práticos, como sistemas que verificam interações medicamentosas ou agilizam o atendimento em emergências, demonstram seus benefícios diretamente.
Garantir que os profissionais de saúde continuem no centro das decisões clínicas é vital para preservar a relação humana na medicina e tranquilizar os pacientes. Além disso, o monitoramento rigoroso do desenvolvimento de modelos de IA – desde a coleta de dados até sua aplicação – é fundamental para garantir que sejam produtos éticos, representativos e seguros. Embora a IA possa revolucionar diagnósticos e tratamentos, enfrenta desafios como privacidade, viés algorítmico e falta de transparência.
Conclusão
A IA representa uma oportunidade transformadora na saúde, mas sua integração deve ser orientada pela transparência, ética e foco no paciente. Como ferramenta de suporte, amplia o potencial inovador dos profissionais de saúde, preservando a empatia e o cuidado humano que são essenciais à prática médica.
*Texto escrito pelo hematologista Phillip Scheinberg (CRM – 87.226), chefe da Hematologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro da Brazil Health
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FOLHA DE S.PAULO
Recomendada pela OMS, autotransfusão de sangue é opção mais segura para pacientes cirúrgicos
Máquinas coletam, processam e reinfundem o sangue perdido pelo paciente durante a operação
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda o uso do próprio sangue do paciente, por meio da autotransfusão, como uma alternativa mais segura em cirurgias. O método evita inflamações associadas a transfusões tradicionais, reduz o tempo de internação e diminui o risco de mortalidade. Apesar dos benefícios, a prática ainda não é amplamente divulgada no Brasil.
A autotransfusão em cirurgias é realizada por meio de um procedimento conhecido como PBM (Patient Blood Management), ou gerenciamento de sangue do paciente. Trata-se de uma abordagem terapêutica que busca reduzir ou eliminar a necessidade de transfusões.
O PBM é estruturado em três pilares principais. Um deles é o uso de máquinas especializadas durante cirurgias que envolvem grande perda de sangue, como transplantes ou procedimentos decorrentes de traumas graves. Essas máquinas coletam, processam e reinfundem o sangue perdido pelo paciente durante a operação.
“A máquina faz a coleta do sangue perdido durante a cirurgia. Esse sangue é processado para remover componentes indesejados, como coágulos e resíduos cirúrgicos. As células vermelhas são então concentradas e reinfundidas no paciente”, explica Isabel Cristina Céspedes, responsável pela implementação do PBM no Hospital São Paulo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Além disso, o PBM inclui a detecção e o manejo de condições como anemia e deficiência de ferro antes da cirurgia, garantindo que o paciente esteja em melhores condições para o procedimento. Após a operação, a técnica reduz a necessidade de reposição de sangue de terceiros.
A OMS enfatizou, em recomendação de 2021, a urgência de implementar o gerenciamento de sangue do paciente em escala global. Segundo a organização, crises sanitárias, como a pandemia de Covid, reforçam a necessidade de alternativas como o PBM. Durante períodos de distanciamento social e restrições, o número de doações de sangue pode cair drasticamente, comprometendo o atendimento em emergências.
Outro fator apontado pela OMS é o envelhecimento populacional, que eleva a demanda por transfusões devido à maior incidência de doenças crônicas. Ao mesmo tempo, a disponibilidade de doadores tende a diminuir, já que pessoas acima de 69 anos não podem doar sangue.
Segundo Céspedes, a autotransfusão é especialmente benéfica para pacientes mais fragilizados. “Quando uma pessoa recebe sangue de outra, o corpo pode reagir com inflamações e alterações no sistema imunológico, pois são células estranhas inseridas no organismo. A autotransfusão reduz esse impacto”, explica.
Ela reforça, no entanto, que a doação de sangue ainda é essencial para salvar vidas, principalmente porque o PBM não é amplamente utilizado. Em cirurgias eletivas com grande risco de sangramento, é obrigatório ter uma reserva de sangue, mas os bancos de sangue nem sempre conseguem atender toda a população.
A assistente administrativa Maria Raquel Bernardes, 53, passou por um transplante de fígado no Hospital São Paulo e foi beneficiada pela autotransfusão. Diagnosticada no início de 2024 com uma doença hepática policística – condição genética rara que provoca o surgimento de múltiplos cistos no fígado- , ela precisou de um transplante após o agravamento da doença.
“Eu fiquei aliviada em saber que estava passando por um procedimento com o uso do meu próprio sangue, porque era uma cirurgia muito complexa e já teria um outro órgão dentro de mim”, conta Maria Raquel.
Ela foi operada no dia 10 de janeiro e, três dias depois, saiu da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para o quarto, onde se recupera. A alta está prevista para este domingo (19).
Segundo a diretora clínica do Hospital São Paulo, Jaquelina Ota Arakaki, a recuperação de Maria Raquel tem sido rápida, em parte graças ao PBM. Contudo, a médica afirma que ainda não há dados consolidados sobre o impacto do procedimento no hospital, que implementou a técnica em 2019.
“Nós usamos a autotransfusão em toda cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea, onde a perda sanguínea é significativa. Também usamos em transplantes hepáticos. Isso reduz nossa dependência de bolsas de sangue. E não há contraindicações para o uso, mas usamos quando há possibilidade de perda de duas bolsas de sangue [uma tem 450ml]”, explica Arakaki.
O Hospital São Paulo, um dos primeiros do país a adotar o PBM, dispõe de duas máquinas para autotransfusão, alugadas ao custo de R$ 3.700 cada. De acordo com a Politec Saúde, empresa que comercializa o equipamento no Brasil, cerca de 100 hospitais públicos e privados já utilizam a técnica no país.
O governo de São Paulo iniciou, em setembro de 2024, uma comissão interdisciplinar de gerenciamento do sangue do paciente para expandir a adoção do PBM. A Secretaria de Saúde do Estado informa que a autotransfusão intraoperatória já é aplicada em cirurgias cardiovasculares, urológicas e transplantes de órgãos sólidos, como fígado, rim e coração.
No Ceará, o Centro de Hematologia e Hemoterapia oferece o serviço de recuperação intraoperatória de sangue para hospitais que realizam grandes cirurgias. A advogada Emanuelle Nobre, 38, realizou autotransfusão no estado após um grave acidente de carro e teve uma recuperação mais rápida.
“Eu perdi muito sangue, estava debilitada e precisei de oito bolsas de sangue. Depois dessa fase inicial, fiz outras cirurgias de recuperação com autotransfusão. Foi mais tranquilo, fiquei menos tempo no hospital e corri menos risco de infecções”, relata Emanuelle.
Em nível nacional, o Ministério da Saúde informa que a autotransfusão, também chamada de transfusão autóloga, é uma técnica realizada em serviços de hemoterapia, na qual o paciente doa sangue para uso próprio em cirurgias que exigem transfusões.
Já a recuperação de sangue durante cirurgias é uma técnica que ainda não está incluída na Tabela de Procedimentos do SUS (Sistema Único de Saúde). Sua incorporação depende de avaliação da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados, vinculada à Secretaria de Atenção Especializada em Saúde.O tem apoio da Umane, associação civil que tem como objetivo auxiliar iniciativas voltadas à promoção da saúde.
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UOL
Plano de saúde do crime: como era o sistema médico reservado para o PCC
Uma investigação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e da Polícia Civil revelou que o PCC (Primeiro Comando da Capital) mantinha um esquema de saúde informal, com procedimentos médicos e estéticos de alto custo, exclusivos para líderes da facção.
Como funcionava o esquema
Gerenciamento e contratação de serviços. Advogados da facção, que fazem parte de um setor do PCC chamado “Sintonia dos Gravatas” contratavam médicos e dentistas para atender presos estratégicos, utilizando mensagens de aplicativos. Os profissionais recebiam valores acima da média de mercado, pagos por meio de depósitos fracionados e contas de terceiros, dificultando o rastreamento.
Os médicos e dentistas, apesar de não terem vínculo direto com o PCC, prestavam serviços sem questionar a origem dos pagamentos. “Se algum profissional de saúde, seja médico, seja dentista, estiver emitindo alguma declaração falsa ou algo nesse sentido para poder fazer esse atendimento, evidentemente isso vai ser apurado”, afirma Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Presidente Prudente, vinculado ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
Para justificar os atendimentos, advogados apresentavam laudos médicos que alegavam problemas de saúde fictícios. Em um caso de 2015, Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, pediu autorização para aplicação de botox alegando uma inflamação no nervo trigêmeo. Embora o pedido tenha sido negado, outros procedimentos, como clareamento dental, foram realizados sob a mesma lógica.
Atendimento era restrito a membros da “nobreza” do PCC. O plano era acessível apenas a uma “fatia privilegiada” da facção, composta por membros de alta hierarquia, geralmente presos durante missões relacionadas ao tráfico de drogas ou atentados contra agentes públicos. Esses líderes tinham acesso ao que foi chamado de “atendimento VIP”, incluindo procedimentos estéticos. “São presos que são elencados pela cúpula da facção para poderem receber essas benesses”, explicou Gakiya.
A investigação revelou que diversos líderes do PCC usufruíram dos serviços do plano de saúde. Entre os beneficiados estão:
Marcos Willians Herbas Camacho (Marcola): Líder do PCC, Marcola chegou a solicitar botox e tinha um dermatologista particular que o atendia antes de ser transferido para o sistema federal. Paulo César Souza Nascimento Júnior (Paulinho Neblina): Importante membro da facção, recebeu atendimentos médicos particulares, incluindo procedimentos odontológicos. Wanderson Nilton de Paula Lima (Andinho): Outro líder de destaque da facção, também listado como beneficiário.
Rogério Jeremias de Simone (Gegê do Mangue): Assassinado em 2018, Gegê também foi um dos atendidos pelo esquema. Três anos de investigações. O esquema foi revelado em investigação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e da Polícia Civil desvendou um esquema sofisticado, administrado pela facção criminosa, para oferecer atendimentos médicos e estéticos a líderes da organização. A investigação iniciou em 2021.
Cartões de memória, apreendidos com uma visitante em 2021 na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, revelaram a existência de uma lista de médicos e dentistas que atendiam os presos. Manuscritos posteriores confirmaram como o esquema era coordenado e apontaram o envolvimento de uma ONG controlada pela facção para gerenciar pagamentos e criar demandas judiciais falsas, segundo informou em uma coletiva o delegado Edmar Caparroz, do Deinter 8.
O que se vislumbrou dentro daqueles cartões de memória, que havia diversos arquivos ali contendo pastas dos setores de saúde da facção, rol de médicos e dentistas, advogados com codinomes. E o que é bastante importante também, havia um material da ONG, de certa forma, que prestava conta à cúpula da facção que estava ali estabelecida na unidade prisional. Edmar Caparroz
Resultado da operação
A operação conjunta do MP-SP e da Polícia Civil levou à prisão de 12 pessoas ligadas ao PCC, incluindo advogados e gestores de uma ONG usada pela facção.
Foram cumpridos 14 mandados de busca. A operação ocorreu em cidades como São Paulo, Presidente Prudente, Guarulhos, Londrina e Presidente Venceslau. Durante as buscas, foram apreendidos celulares, documentos, armas, coletes balísticos e faixas destinadas a manifestações planejadas. Também foram encontrados materiais que revelam detalhes da estrutura do setor jurídico e do esquema de saúde da facção.
A Justiça suspendeu as atividades da ONG. Além da suspensão, determinou a retirada de suas páginas das redes sociais, com base em evidências de que a entidade atuava para criar factoides e enfraquecer instituições públicas. O material apreendido será analisado para identificar outros envolvidos e evitar a continuidade de ações similares.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo (OAB SP) informou que acompanhou, por meio da Comissão de Direitos e Prerrogativas, a operação que resultou na prisão de dois advogados nas cidades de Sorocaba e Ribeirão Preto, na terça-feira (14). “A OAB SP reforça seu compromisso com a ética e a legalidade, ressaltando que seguirá acompanhando os desdobramentos da operação e da prisão dos referidos advogados, e está à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos”, declarou.
O UOL entrou em contato com a ONG Pacto Social E Carcerário De São Paulo, cujo presidente e vice-presidente foram presos na operação. Até o momento, porém, a organização não havia respondido ao pedido de pronunciamento. O espaço permanece em aberto para futuras manifestações.
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Assessoria de Comunicação