Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 19/12/24

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Aon: custos médicos devem crescer 12,9% no Brasil em 2025

Polícia investiga fraude de R$ 33 bilhões contra planos de saúde em SP

Goiânia: TJGO desbloqueia R$ 57 mi do Fundo Municipal da Saúde

Polícia mira clínica de estética em Goiânia após denúncias de pacientes

Jornalista ministra palestra sobre a importância da comunicação na saúde no Hospital de Acidentados

Quase 19% das pessoas que tiveram covid-19 têm sintomas persistentes

As propostas da ANS que assustam as operadoras de saúde

MONITOR MERCANTIL

Aon: custos médicos devem crescer 12,9% no Brasil em 2025

A Aon plc (NYSE: AON) prevê em seu relatório de Tendências Globais dos Custos Médicos 2025, um crescimento de 12,9% para os custos médicos corporativos no Brasil, uma redução de 1,2% em relação à última edição do estudo. A média brasileira está acima da América Latina, projetada em 11,7% para 2024 e 10,7% em 2025.

“Os números no Brasil continuam elevados se comparados com as médias global e da América Latina. Mesmo com a frequência de utilização dos serviços médicos se estabilizando após o período de pandemia, a variação dos custos médicos continuará sendo impulsionada em 2025 por tratamentos e terapias, além da crescente demanda por medicamentos de alto valor. As perspectivas para o novo ano reforçam a necessidade de uma gestão eficiente dos planos de saúde por parte das empresas”, explica Leonardo Coelho, vice-presidente de Health & Talent Solutions para o Brasil na Aon.

O cálculo para essa projeção da tendência de custos médicos leva em conta o comportamento de utilização dos planos de saúde e os custos de eventos como consultas eletivas, atendimento em pronto-socorro, exames, terapias, custos ambulatoriais e de internações, além do impacto da incorporação de novas tecnologias e medicamentos à cobertura obrigatória – o chamado rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Algumas projeções para 2025 se destacam: aumento da frequência em terapias simples (psicoterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, entre outras), devido às novas normas da ANS, que ampliou a possibilidade de uso, sem limitação do número de sessões por ano; queda nos eventos de maior complexidade, mas aumento nos de menor complexidade, justificado pelos eventos eletivos; impacto dos medicamentos de alto custo – especialmente os incluídos no rol nos últimos dois anos, como quimioterápicos e imunossupressores – e de eventos ambulatoriais.

O estudo também apresenta as condições médicas que mais impulsionam os custos de planos de saúde corporativos no Brasil. São elas: doenças autoimunes (exceto Diabetes Tipo 1), doenças cardiovasculares, câncer e saúde mental – esta última com um crescimento significativo desde a pandemia, elevando os custos com tratamentos psicológicos.

Conforme carteira da Aon de 2024, em comparação a 2023, houve crescimento de 23,63% na frequência de terapias simples, reflexo principalmente da cobertura ilimitada para essa modalidade, impactando, além da utilização para saúde mental, também no aumento da demanda por terapias específicas como a Applied Behavior Analysis (ABA), incluída no rol da ANS em 2017 e indicada para o tratamento de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esse aumento da frequência somada à cultura de realização de terapias simples fora da rede credenciada e por meio de reembolso, contribuiu para um aumento de 11% do custo médio desses serviços.

Coelho explica a relevância de iniciativas que promovam o bem-estar e a qualidade de vida dos colaboradores, impactando a longo prazo na redução dos custos com saúde: “A complexidade do cenário destaca a necessidade das empresas em definir uma estratégia de benefícios de saúde baseada em análises de dados que apresentem as necessidades da sua força de trabalho. Promover a qualidade de vida e incentivar cuidados preventivos, é fundamental para mitigar custos e reduzir o estresse dos colaboradores.”

Projeções Globais

Para 2025, a Aon prevê que a média global de aumento dos custos de planos médicos será de 10%, uma pequena redução em comparação aos 10,1% registrados para 2024, que foi a maior projeção dos últimos 10 anos. Essa média reflete variações regionais, onde algumas regiões, como Ásia-Pacífico e América do Norte, esperam aumento nos custos, enquanto outras, como América Latina e Europa, projetam uma redução.

O relatório destaca ainda que, globalmente, 60% das empresas avaliam flexibilizar seus benefícios como estratégia de mitigação que lhes permitirá maior controle de seus gastos e custos, tornando-se uma ferramenta eficiente de recursos humanos para oferecer pacotes de benefícios diferenciados.

“Estamos em um momento crucial, com a inflação global diminuindo pela primeira vez em quatro anos, o que pode ser um ponto de inflexão macroeconômico. Embora a volatilidade econômica do mundo pós-pandêmico continue afetando muitas economias, especialmente na América Latina, onde ainda se luta contra a desvalorização da moeda e o incremento geral de preços, projeta-se que a região verá uma diminuição nos custos médicos para o próximo ano, refletindo ajustes nas expectativas de mais da metade dos países latino-americanos. É crucial reconhecer que essa tendência também está alinhada com condições regionais específicas e as estratégias empresariais que os empregadores implementam para mitigar os aumentos desses custos médicos” explica Max Saraví, head of Human Capital para a América Latina na Aon.

O Global Medical Trend Rates 2025 reúne informações dos escritórios da Aon que intermediam e administram planos médicos corporativos nos 112 países incluídos na pesquisa. Com base nas interações entre profissionais da Aon e clientes, os insights do relatório refletem as expectativas quanto às tendências dos custos de saúde nos âmbitos local, regional e global.

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CNN BRASIL

Polícia investiga fraude de R$ 33 bilhões contra planos de saúde em SP


Um esquema de fraude envolvendo clínicas e laboratórios em São Paulo está no centro de investigações conduzidas pela Polícia Civil, com base em denúncias apresentadas por associações que representam operadoras de planos de saúde.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Saúde Suplementar (Abramge), os desvios podem ter causado um prejuízo estimado em R$ 33 bilhões no último ano ao setor.

As práticas supostamente fraudulentas incluem manipulação de reembolsos, falsificação de atendimentos e irregularidades em diversos procedimentos que teriam sido praticados pela Health Care Madical Center (HCMC), segundo denúncia de associações do setor apresentadas à polícia.

Em notas enviadas à CNN, a Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo confirmam que as denúncias são investigadas.

A CNN procurou a HCMC e, até o momento da publicação desta reportagem, não obteve nenhum retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

Esquema de “reembolso assistido”

As investigações apontam que o esquema operava por meio do chamado “reembolso assistido”, também conhecido como concierge.

Nesse modelo, os beneficiários dos planos eram induzidos a fornecer login e senha de acesso às plataformas das operadoras.

Com essas informações, as clínicas simulavam atendimentos ou alteravam valores de procedimentos realizados, solicitando reembolsos fraudulentos.

Segundo o diretor técnico da Abramge, Dr. Cassio Ide Alves, as práticas incluíam ainda a criação de contas bancárias em nome dos beneficiários para receber os valores.

“A partir daí, eles começam a fazer as suas solicitações de reembolso, muitas vezes de procedimentos duplicados, inexistentes, trocando códigos de procedimento, multiplicando esses códigos.”, disse o Dr. Cassio Ide Alves, diretor técnico-médico da Abramge em entrevista à CNN.

A Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF), que recebeu informações sobre o esquema, encaminhou uma denúncia ao Ministério Público, mas até o momento, a CNN não obteve retorno oficial do MP sobre o caso.

Entre as fraudes mais comuns, estão:

Falsificação de laudos para crianças com autismo

Prolongamento desnecessário de internações de dependentes químicos

Manipulação de dados em procedimentos estéticos

Clínicas que operavam no esquema frequentemente fechavam as portas após serem identificadas, dificultando o rastreamento dos responsáveis.

As fraudes afetam não apenas as operadoras, mas também os consumidores. Segundo o diretor, o prejuízo causado ao sistema todo eleva o custo dos planos de saúde.

“Através do mutualismo, todos acabamos pagando a conta para que algumas pessoas que perpetuam esses crimes. Acabam auferindo lucros Individuais.”, relatou o Dr. Cassio Ide Alves, diretor técnico-médico da Abramge em entrevista à CNN.

O Dr. Rodolpho Ramazzini, diretor de comunicação da ABCF, destacou à CNN que mais de 400 denúncias sobre fraudes foram registradas somente em 2024.

“A ABCF recebe cada vez mais denúncias de pessoas que acabam sendo implicadas nessas fraudes, tendo seus nomes e atendimentos usados pelas quadrilhas de fraudadores de maneira indevida”, disse.

Ações das operadoras e da polícia

A operadora SulAmérica revelou que diversas dessas empresas manipulavam documentos e criavam “araras” para simular atendimentos e solicitar reembolsos indevidos, prejudicando diretamente os beneficiários e causando um grande impacto no setor.

O prejuízo total estimado por essas fraudes chega a R$ 27 milhões. Em resposta, a operadora apresentou notícias-crime contra os envolvidos.

Em nota enviada à CNN, a Amil, outra operadora envolvida, esclareceu que três inquéritos policiais foram instaurados após denúncias da operadora.

Já o Bradesco Saúde optou por não se manifestar sobre o caso, alegando que não comenta questões em apreciação do Judiciário.

Recomendações aos beneficiários

Durante a entrevista à CNN, o Dr. Cassio Ide Alves reforçou a importância de os beneficiários ficarem atentos para não serem envolvidos, mesmo que involuntariamente, em fraudes.

Ele listou quatro passos importantes:

Não compartilhar login e senha: Isso dá às clínicas acesso total aos dados pessoais do beneficiário

Solicitar extratos regulares: Assim, é possível verificar se há procedimentos desconhecidos cobrados

Verificar contas bancárias vinculadas ao CPF: No site do Banco Central, é possível checar se há contas desconhecidas abertas

Denunciar suspeitas à operadora: Qualquer movimentação irregular deve ser comunicada imediatamente

Próximos passos

A Abramge e a ABCF defendem uma atuação mais incisiva do Ministério Público e das autoridades policiais para combater as fraudes.

As investigações continuam, e novas ações podem ser tomadas para recuperar os valores desviados e responsabilizar os envolvidos.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, por meio de um inquérito instaurado pela 2ª Delegacia da Divisão do Consumidor, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC).

A presidente da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) foi ouvida e diligências estão em andamento visando à localização dos responsáveis pela empresa e esclarecimento dos fatos, segundo nota enviada pela Secretaria de Segurança Pública de SP à CNN.

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A REDAÇÃO

Goiânia: TJGO desbloqueia R$ 57 mi do Fundo Municipal da Saúde

O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) liberou, nesta quarta-feira (18/12), um montante de R$ 57 milhões do Fundo Municipal da Saúde de Goiânia que estava bloqueado há 13 dias, como resposta a um pedido do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO). O dinheiro havia sido repassado para a gestão municipal pelo governo federal no dia 5 de dezembro.

Da soma liberada, R$ 15 milhões ficarão sob responsabilidade direta do interventor da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Márcio de Paula Leite, para o pagamento de serviços prestados à pasta. Os demais R$ 42 milhões irão para unidades de saúde a que a Prefeitura de Goiânia faz repasses por atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Há cerca de duas semanas, o prefeito eleito Sandro Mabel (União) comentou que trabalharia para que os recursos fossem liberados. “A nossa preocupação, além de pagar os fornecedores anteriores, é manter as unidades funcionando”, disse Mabel na ocasião.

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Polícia mira clínica de estética em Goiânia após denúncias de pacientes

A Polícia Civil de Goiás deflagrou nesta segunda-feira (18) a Operação Face Oculta, com o objetivo de cumprir quatro mandados de prisão e sete mandados de busca e apreensão nas cidades de Goiânia e Anápolis. A investigação apura a realização de procedimentos estéticos e cirúrgicos por profissionais supostamente inabilitados, que teriam causado danos físicos a diversos pacientes devido à utilização de materiais inadequados e à incapacidade técnica dos envolvidos.

A sede principal da clínica investigada está localizada na Avenida T-7, em Goiânia. De acordo com a Polícia Civil, os alvos incluem os proprietários e responsáveis técnicos da clínica, além de outras unidades relacionadas ao caso. Entre os detidos está a proprietária da famosa clínica de estética situada na capital.

Além das ações de busca e apreensão, foram realizados bloqueios de contas bancárias, bens e valores. O montante bloqueado alcança R$ 2,5 milhões, incluindo um percentual das cotas de um helicóptero ano 2024, avaliado em R$ 8 milhões. 

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CONGRESSO NEWS

Jornalista ministra palestra sobre a importância da comunicação na saúde no Hospital de Acidentados

A jornalista e especialista em Comunicação e Marketing, Rosane Rodrigues da Cunha ministrou uma palestra para colaboradores do Hospital de Acidentados, de Goiânia (GO), sobre a importância da comunicação no setor de saúde. Com uma trajetória consolidada de mais de 30 anos na área, ela destacou que, na saúde, mais do que em qualquer outro segmento, a comunicação clara e efetiva é um elemento essencial para o bom atendimento, a imagem da instituição e de seus profissionais e para o bem-estar dos pacientes.

Rosane ressaltou que os profissionais de saúde lidam com um “produto” muito caro: os pacientes, muitas vezes em momentos de extrema fragilidade emocional e física. “É preciso compreender que estamos tratando de pessoas. Cada paciente é único, e a comunicação deve ser cuidadosa e atenta para que ele se sinta ouvido e bem orientado”, enfatizou.

A rotina, quase sempre, intensa nos hospitais não pode prejudicar a comunicação. Se isso ocorrer, processos precisam ser revistos. “Nada pode comprometer a qualidade da comunicação com os pacientes”, afirmou, aconselhando os colaboradores a sempre perguntarem quando não entenderem alguma informação recebida. “As dúvidas de vocês não podem chegar aos pacientes”, alertou, citando o caso de uma profissional de enfermagem que, ao ser questionada, não soube explicar o propósito de um medicamento prescrito para o paciente.

Situações como essa, segundo a jornalista, podem deixar o paciente inseguro, afetar a credibilidade do profissional e a imagem da instituição de saúde. Rosane ainda compartilhou com os participantes os pilares essenciais da comunicação na saúde: clareza, ética, respeito, empatia e sigilo. Para ela, esses aspectos são imprescindíveis para criar um ambiente de confiança e, principalmente, para garantir que a informação seja transmitida de forma precisa e eficiente.

A especialista também destacou como a boa comunicação é necessária para a integração da equipe de profissionais de saúde. “Uma equipe bem integrada, com uma comunicação fluida, ajuda a prevenir erros, oferece uma assistência com mais qualidade e segurança e garante que todos estejam alinhados nas ações a serem tomadas com os pacientes”, explicou.

Outro ponto abordado foi a importância de ouvir atentamente os pacientes. “Escutar o paciente é uma ferramenta poderosa que podemos usar. Isso não só ajuda na recuperação e no bem-estar dele, mas também permite identificar precocemente qualquer alteração em seu quadro e até problemas no cotidiano do hospital. Desde a qualidade das refeições até os detalhes do atendimento que, muitas vezes, passam despercebidos, mas fazem toda a diferença”, afirmou.

Ela citou o exemplo de uma fisioterapeuta que, durante uma sessão de fisioterapia, aproveitou o momento para conversar com o paciente. Essa simples atitude transformou a sessão, tornando o atendimento mais agradável para o paciente e mais leve para a profissional, ao mesmo tempo que fez toda a diferença na experiência daquele paciente que estava internado há vários dias.

Rosane concluiu sua palestra reforçando a importância de uma comunicação humanizada e eficiente para melhorar o ambiente hospitalar. Para ela, um simples gesto de atenção ou uma palavra de acolhimento pode impactar profundamente na experiência do paciente e, consequentemente, em sua recuperação. Palestras sobre comunicação fazem parte do calendário de atualização profissional do Hospital de Acidentados.

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AGÊNCIA BRASIL

Quase 19% das pessoas que tiveram covid-19 têm sintomas persistentes

Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde mostra que 18,9% das pessoas que já foram infectadas pela covid-19 relatam sintomas persistentes da doença, como cansaço, perda de memória, ansiedade, dificuldade de concentração, dores articulares e perda de cabelo. Os sintomas pós-covid aparecem com mais frequência entre mulheres e indígenas. 

A pesquisa Epicovid 2.0: Inquérito nacional para avaliação da real dimensão da pandemia de Covid-19 no Brasil, apresentada nesta quarta-feira (18/12), mostra que mais de 28% da população brasileira, o equivalente a 60 milhões de pessoas, relatou ter sido infectada pela doença. 

Vacina 

De acordo com o estudo, a vacinação contra a covid-19 teve adesão de 90,2% dos entrevistados, que receberam pelo menos uma dose e 84,6% completou o esquema vacinal com duas doses. A vacinação foi maior na Região Sudeste, entre idosos, mulheres e pessoas com maior escolaridade e renda. 

Entre os entrevistados, 57,6% afirmaram confiar na vacina contra a convid-19, mas a desconfiança das informações sobre o imunizante foi relatada por 27,3% da população. Outros 15,1% disseram ser indiferente ao assunto. 

Entre aqueles que não se vacinaram, 32,4% disseram não acreditar na vacina e 0,5% não acreditam na existência do vírus. Outros 31% relataram que a vacina poderia fazer mal à saúde; 2,5% informou já ter pego covid-19 e 1,7%, outros problemas de saúde. 

Pesquisa

O Epicovid 2.0 foi conduzido em 133 cidades, com uma amostra de 33.250 entrevistas. As pessoas entrevistadas foram selecionadas aleatoriamente, com apenas uma pessoa por residência respondendo ao questionário.  

Sob coordenação do Ministério da Saúde, a pesquisa foi realizada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com participação da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Fundação Getulio Vargas (FGV). 

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BRAZIL JOURNAL

As propostas da ANS que assustam as operadoras de saúde

A ANS está propondo a maior mudança regulatória do setor de saúde suplementar nos últimos 20 anos, com uma série de alterações nas regras dos reajustes que, se adotadas como estão, prejudicariam a rentabilidade das operadoras num momento de melhora da sinistralidade.

Mas as propostas ainda são preliminares e passarão por discussões envolvendo todas as companhias e demais stakeholders.

“Pautar esses temas é algo bom. A abertura para a conversa é algo bom. Mas a maneira como as propostas vieram é definitivamente ruim,” disse o CEO de uma grande operadora. “Mas não está nada fechado. Ainda teremos 45 dias para discutir as propostas e chegar num desenho que seja melhor para o setor.”

Para esse executivo, a ANS colocou em pauta todos os itens que ela entende ser polêmicos – e que de fato precisam ser debatidos. “O problema é que o nosso setor não está acostumado a sentar e discutir abertamente os problemas.”

Gustavo Ribeiro, o presidente da Abramge, a associação das operadoras de saúde, disse que o que pegou o mercado de surpresa foi o fato da ANS ter mudado bruscamente seu discurso.

“Nos últimos meses, a ANS vinha com um discurso de tratar da revisão técnica [dos planos individuais], que é um tema benéfico para o setor. Mas quando ela veio com a consulta, ela colocou mais duas dúzias de assuntos que não estavam no radar de ninguém.”

Ribeiro disse que os assuntos tratados são muito densos e “mexem com pilares do sistema. São temas estruturantes, que precisam ser discutidos com muita calma,” disse ele.

O presidente da Abramge disse ainda que a entidade vai pedir uma extensão do prazo de 45 dias à ANS para apresentar estudos mais aprofundados sobre os temas propostos.

Alexandre Fioranelli, um dos diretores da ANS, disse ao Brazil Journal que todas as propostas apresentadas já estão em discussão desde o início de outubro, quando a agência abriu uma audiência pública, e são temas debatidos há anos.

“Não é uma surpresa para ninguém [esses assuntos]. Ninguém foi pego de calça curta,” disse ele, acrescentando que somando todos os prazos de discussão abertos pela agência – de outubro até o início de fevereiro – serão quatro meses de debate.

Apesar das ponderações, as propostas caíram como uma bomba no mercado, com o maior impacto sendo sentido pela Hapvida, cuja ação desabou essa semana ainda mais do que o mercado.

“Muitas das propostas indicam uma regulação mais pesada sobre os planos de saúde, particularmente na regulação dos aumentos de preços dos planos corporativos,” escreveram os analistas do Itaú BBA.

“Isso pode potencialmente anular uma melhora na rentabilidade das empresas do setor, e subsequentemente do resto do sistema de saúde privado.”

Nos planos corporativos, a ANS propôs três mudanças principais.

Hoje, os planos corporativos com até 29 vidas seguem um framework regulatório diferente as operadoras colocam todos num mesmo ‘pool’ e dão um mesmo reajuste para todos. A proposta da ANS é ampliar este modelo para contratos com até 1000 vidas.

Num comunicado ao mercado, a Hapvida disse que “a utilização de um agrupamento maior poderá ter um efeito contrário ao pretendido, já que, ao impor um reajuste acima do necessário, aqueles contratos com mais vidas que hoje não estão no pool de risco terão, necessariamente, que sofrer um reajuste mais elevado a fim de compensar os contratos com menos vidas.”

Segundo a operadora, os planos que compõem hoje o pool de risco (até 29 vidas) são mais sujeitos à seleção adversa e, por isso, “precisam ter esse custo maior repassado aos preços dos produtos de maneira a manter o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos.”

O diretor da ANS tem uma visão diferente. Para ele, ao aumentar o pool de risco será possível diluir mais os reajustes dos contratos com mais sinistralidade, “dando um reajuste menor para todo mundo.”

A ANS também quer definir uma porcentagem mínima de 75% de ‘sinistralidade meta’ no cálculo dos reajustes, outra proposta amplamente criticada pelo mercado.

“Artificializar nunca se mostrou uma boa saída e nunca será,” disse Ribeiro, da Abramge. “Não tem como driblar a realidade. No passado, quando se ‘artificializou’ o sistema nos planos individuais, o que aconteceu foi que esse produto quase sumiu da prateleira e isso encareceu os outros produtos.”

Ribeiro diz que ao controlar o reajuste dos planos individuais, a ANS fez com que muitos desses produtos se tornassem deficitários. “Foi uma proteção ao consumidor, mas ao fazer isso ela pressiona os outros produtos, que precisam sofrer reajustes maiores para compensar esse desequilíbrio.”

A Hapvida também criticou a proposta.

“Um limite arbitrário pode se mostrar superior ao necessário, levando à restrição de oferta de produtos, ou pode se mostrar inferior ao necessário, levando a um valor de referência que encarecerá o produto de forma geral para os beneficiários,” disse a operadora.

Já o diretor da ANS diz que a agência não pretende e não vai interferir na precificação dos planos de saúde. “O valor inicial de venda do plano continuará sendo definido pela operadora, e isso que vai definir a margem de lucro. O que queremos é que o reajuste seja realmente compatível com a variação de custos,” disse ele.

“Esse número de 75% é uma média que tivemos do mercado e que ainda estamos abertos a discutir. Além disso, não vamos definir qual indicador a operadora vai escolher para fazer o reajuste. Não necessariamente ela precisaria fazer o reajuste em cima da sinistralidade meta.”

Outra medida que seria ruim para o setor, na visão do mercado, é a limitação da coparticipação dos planos para 30% do valor do procedimento e da mensalidade. A ANS está propondo ainda que a coparticipação não possa ser cobrada em diversos procedimentos, especialmente terapias crônicas, oncologia e hemodiálise.

“A coparticipação tem sido uma ferramenta importante para endereçar o uso excessivo observado no sistema de saúde privado, principalmente por conta do conflito de interesses entre as operadoras e os provedores de serviços. A implementação da coparticipação em alguns contratos foi crucial para os operadores moderarem os aumentos de preços,” escreveu o Itaú.

“Portanto, essa potencial mudança poderia mitigar as melhoras da sinistralidade das companhias e potencialmente limitar a venda de novos planos por conta dos altos preços de entrada.”

Apesar das mudanças prejudiciais, há uma discussão no relatório que agradou as operadoras a revisão técnica dos reajustes dos planos individuais.

Hoje o reajuste desses planos é definido pela ANS, que historicamente tem aplicado aumentos abaixo da inflação médica, tornando esses planos deficitários para as operadoras.

A ANS disse que está estudando uma metodologia para a admissão, cálculo e implementação dessa revisão técnica – que poderia levar a reajustes maiores desses planos em casos específicos.

“Essa é uma discussão muito importante para as operadoras, e o fato da ANS entrar nesse tema é positivo. O problema é que nesse relatório inicial ela está dizendo que a operadora tem que provar insolvência para ter acesso a essa revisão, o que é um absurdo,” disse um executivo do setor.

Alexandre disse que a ANS é sensível às preocupações do setor e que o objetivo da revisão é justamente “manter a oferta desses produtos e garantir que o desequilíbrio das carteiras individuais não leve a uma quebradeira geral.”

“Mas precisamos construir uma metodologia para isso que defina os requisitos para poder acessar essa revisão e as contrapartidas. A revisão vai ser para alguns casos, não para todos,” disse.

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Assessoria de Comunicação