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DESTAQUES
Contratações na saúde suplementar crescem acima de toda a economia em 2018
Regulamentação da telemedicina derruba ações de empresas de saúde
Criticada, telemedicina já é realidade no país e agora deve se expandir
O ESTADO DE S.PAULO
Contratações na saúde suplementar crescem acima de toda a economia em 2018
O número de postos de trabalho com carteira assinada no setor da saúde suplementar voltou a crescer acima de todos os segmentos da economia em 2018, mantendo o comportamento visto desde 2014, apesar do impacto da crise dos últimos anos no emprego. No ano passado, as contratações no segmento cresceram 3,4%, representando a criação de 114,1 mil postos de trabalho, enquanto os empregos formais no País subiram 1%. No total, a saúde suplementar emprega 3,5 milhões de pessoas, ou seja, 8,1% da força de trabalho no País, de acordo com dados exclusivos do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) obtidos pela Coluna.
Contra a maré. As inovações tecnológicas e o interesse do capital estrangeiro tem fomentado o emprego nos últimos quatro anos na saúde, que abriga fornecedores, prestadores de serviços, operadoras e seguradoras. O número-índice do estoque de emprego na cadeia do IESS, que tem 2009 como ano base, atingiu o patamar de 141 em 2018. A trajetória é ascendente desde 2014 e oposta à dos empregos formais de toda a economia, que caíram de cerca de 120 para 110 no final de 2018.
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EXAME
Regulamentação da telemedicina derruba ações de empresas de saúde
Somente dois papéis se valorizaram desde que a consulta remota foi aprovada no Brasil, mas há espaço para as companhias crescerem nesse segmento
A tecnologia está mudando a forma como as pessoas cuidam da própria saúde. Por meio de aplicativos, é possível inserir resultados de testes e receber respostas imediatas de um robô, que pode recomendar a ida a um pronto socorro ou até disparar um alerta para alguém de confiança. A princípio, parece que essas inovações são voltadas apenas para os endinheirados, mas não necessariamente. Cerca de 90% dos jovens sem-teto em Boston, nos Estados Unidos, acessam regularmente seus perfis no Facebook e 40% possuem celulares (que realmente funcionam). Com isso, a prevenção e a cura de doenças podem estar cada vez mais ao alcance dos dedos.
Foi graças ao avanço tecnológico que o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou, no dia 5 de fevereiro, a regulamentação da telemedicina no Brasil, que permite que médicos brasileiros realizem consultas online, telecirurgias e telediagnósticos de pacientes que vivem em lugares remotos do país. "É mais um canal eficiente para levar informação e cuidar da saúde das pessoas", afirma Joseph Kvedar, professor da Universidade de Harvard e autor dos livros "Internet das coisas saudáveis" e "Nova era mobile: como a tecnologia irá ampliar a saúde e otimizar a vida das pessoas", em entrevista exclusiva à EXAME , antes de desembarcar no Brasil para participar de uma palestra promovida pela startup de tecnologia Medpass, na quarta-feira, 20, em São Paulo.
No entanto, ainda existem pontos da resolução que precisam ser definidos, como a especialidade do profissional que deve acompanhar os pacientes durante as consultas remotas. Foi por isso que o CFM abriu uma consulta pública para colher sugestões nos próximos dois meses de médicos e entidades da categoria.
Enquanto não se chegam às respostas definitivas, os investidores deram suas primeiras impressões. Azedas, em sua maioria. Desde que a resolução foi aprovada, apenas duas das oito companhias do setor de saúde se valorizaram na bolsa. Até segunda-feira, 18, a distribuidora de produtos farmacêuticos Profarma subiu 3,07%, enquanto a operadora de planos de saúde Hapvida teve alta de 1,49%. Na ponta contrária, aparecem a indústria farmacêutica Biomm (-4,21%), as redes de farmácias Brasil Pharma (-1,96%) e Raia Drogasil (-6,10%), os laboratórios Fleury (-6,95%) e Hermes Pardini (-7,63%), além da operadora de planos odontológicos Odontoprev (-1,76%).
Apesar do desempenho das ações nesse período, há um oceano azul a ser desbravado. Isso porque, segundo Kvedar, cada vez mais a tecnologia poderá ajudar as pessoas em aspectos gerais. É o caso do uso de chatbots em tratamentos contra a depressão. A conversa com robôs pode fazer com que os pacientes se sintam menos isolados.
"Se o século 20 ficou marcado pelo aumento da expectativa de vida, o século 21 entrará para a história pela melhora da qualidade de vida", diz Kvedar. "O desenvolvimento tecnológico deve mudar o papel de vários atores no setor de saúde; a indústria farmacêutica, por exemplo, deve ter seu faturamento menos atrelado à venda de medicamentos e mais relacionado à prestação de serviços no longo prazo. Os robôs e sensores também deverão ser mais usados para definir diagnósticos, permitindo aos médicos exercerem uma medicina mais humana."
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FOLHA DE S.PAULO
Criticada, telemedicina já é realidade no país e agora deve se expandir
Assunto é tema de discussão no Conselho Federal de Medicina, mas consultas por WhatsApp e triagem a distância são feitas na prática
Natália Cancian e Cláudia Collucci
BRASÍLIA E SÃO PAULO
Ao mesmo tempo em que enfrenta críticas de entidades médicas e está na mira de uma nova regulamentação para se tornar "oficial", a telemedicina já é realidade no país em serviços públicos e privados.
A diferença é que, agora, o serviço de consultas e até cirurgias a distância deve passar por nova expansão.
Neste mês, oCFM (Conselho Federal de Medicina) anunciou que, a partir de maio, deverá permitir consultas, diagnósticos e cirurgias a distância. Após críticas dos conselhos regionais de medicina, a entidade vai receber sugestões e poderá rever a norma.
Na prática, porém, muitos médicos já fazem consultas online de maneira informal por meio de plataformas como WhatsApp, Messenger e Facetime. Pacientes mandam fotos de problemas na pele para dermatologistas, por exemplo, resultados de exames e dúvidas sobre a prescrição de tratamentos e, em troca, recebem orientações.
Outros serviços, como as teleconsultorias e teletriagens, também têm sido usados por hospitais e planos de saúde.
"A telemedicina já era praticada por várias operadoras. Só não havia regulamentação" afirma José Ceehin, da Fena-Saúde, federação que reúne as maiores operadoras de planos de saúde do país.
Para ele, a nova norma deve aumentar a segurança para empresas, médicos e pacientes e permitir a ampliação de serviços na rede de saúde.
Um dos serviços de telemedicina mais usados hoje são as chamadas teleinterconsultas, em que um médico divide o atendimento com outro profissional em busca de segunda opinião. Esse modelo já era regulado pelo CFM.
Outros atendimentos que envolvem contato de médicos e pacientes, como a teletriagem e a teleorientação, têm ganhado impulso no país mesmo sem regulamentação. Nesses casos, o paciente liga para uma central e tira dúvidas com o clínico geral ou especialista sobre que caminho seguir no sistema de saúde.
Na SulAmérica, esse modelo é oferecido desde o fim de janeiro com foco na teleorientação pediátrica. Pais de crianças de até 12 anos podem conversar com pediatras por videoconferência até duas vezes ao ano por um aplicativo.
Apesar aa semelhança, a diretora de sinistro em saúde da operadora, Erika Fuga, nega que a situação configure uma consulta formal e diz que os atendimentos são rápidos. "A ideia é tratar casos simples, em que a mãe precisa de orientação. Às veze s ela está em dúvida e não tem noção da gravidade do quadro."
Após a avaliação, a operadora pode enviar um médico para a casa do usuário ou indicar uma ida a um pronto-socorro, caso haja necessidade.
O serviço está disponível para 91 mil usuários, mas a intenção é expandir para cerca de 2 milhões. "Estamos aguardando o fim das discussões", diz Fuga, sobre a perspectiva de revisão das normas pelo CFM.
Outras operadoras também acompanham as discussões do CFM para implementar os planos de expansão dos serviços de telemedicina guardados na gaveta. É o caso da Omint, segundo o diretor médico Marcos Loretto.
"É preciso que fique muito claro que a telemedicina é uma ferramenta e não substitui o profissional. Da mesma forma que o médico usa o estetoscópio para examinar, ele vai poder usar a telemedicina para auxiliar no dia a dia."
A maior parte das críticas à regulamentação da telemedicina diz respeito às consultas não presenciais e à segurança dos dados. Segundo o texto inicial, a teleconsulta só pode ocorrer após um primeiro contato, com exceção das populações em áreas geograficamente remotas, para as quais o atendimento pode começar já de modo virtual.
A falta de definição sobre o que são áreas geograficamente remotas, contudo, trouxe o temor de que a teleconsulta seja usada de forma desenfreada e aumente a distância entre médicos e pacientes.
"São discussões relevantes e saudáveis até para o modelo convencional de consulta. Hoje grande parte das reclamações de pacientes é de médicos que mal levantam os olhos para enxergá-losna consulta", diz Caio Soares, diretor médico da Teladoc, uma das maiores empresas do mundo em telemedicina que atua há três anos no Brasil.
Para ele, o que o conselho fez foi regulamentar uma prática que já vem acontecendo de forma não estruturada e com ferramentas que não oferecem segurança de dados.
A proposta de regulação da telemedicina também tem sido considerada conservadora em relação a outros países. Nos EUA, no Canadá e em Israel, a pessoa pode comprar uma consulta por meio de um aplicativo e já falar com o médico em tempo real por vídeo. Dispositivos médicos são usados para aferir a pressão arterial, fazer eletroeardiograma e até examinar ouvido e garganta a distância. A partir disso, o médico dá o diagnóstico e pode prescrever uma medicação, que pode ser enviada diretamente para farmácia ou ser entregue em casa.
"A telemedicina é usada no resto do mundo há muito mais tempo", diz Reinaldo Seheibe, da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde). "Já estamos até atrasados". Para ele, a dificuldade de acesso aos serviços de saúde em alguns locais faz com que muitos pacientes recorram ao "Dr. Google", algo que a regulamentação e o acesso mais fácil a teleconsultas poderia coibir.
O economista Paulo Furquim de Azevedo, do Insper, diz que o uso das novas tecnologias pode reduzir custos em saúde. Seheibe, da Abramge, concorda. "Se isso evoluir como esperamos, vai trazer mais agilidade e poderá evitar internações."
Dentro do setor, a expectativa é que os procedimentos online sejam mais baratos que os presenciais. Em nota, conselhos apontam risco de mercantilização da medicina.
O vice-presidente do CFM, Mauro Ribeiro, afirma que, apesar de atender também a rede privada, a resolução foi pensada com foco no SUS, sobretudo em áreas distantes. "Essa modalidade não é para um grande grupo privado fazer telemedicina em Brasília", disse. Ele afirma que a resolução pode ser corrigida para evitar distorções.
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Glossário da telemedicina
Teleconsulta
É a consulta médica mediada por tecnologias, com médico e paciente localizados em diferentes espaços geográficos
Teleinterconsulta
Ocorre quando há troca de informações e opiniões entre médicos, com ou sem a presença do paciente, para auxilio diagnóstico ou terapêutico, clínico ou cirúrgico
Telediagnóstico
Consiste na emissão de laudo ou parecer de exames, por meio de gráficos, imagens e dados enviados pela internet
Telecirurgia
Procedimento feito por robô ou outra tecnologia manipulada por um médico que está em outro local, desde que com presença de outro médico, com a mesma habilitação do cirurgião remoto
Teleconferência cirúrgica
Feita por videotransmissão, é permitida desde que o grupo receptor das imagens, dados e áudios seja formado por médicos
Teletriagem médica
Ocorre quando o médico faz uma avaliação, à distância, dos sintomas para direcionamento do paciente ao tipo adequado de assistência necessária
Telemonitoramento
Permite que um médico avalie à distância as condições de saúde dos pacientes. Pode ser usada em casas de repouso para idosos ou em comunidades terapêuticas
Teleorientação
Preenchimento a distância, pelo médico, de declaração de saúde para a contratação ou adesão a um plano de saúde
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação