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DIÁRIO DA MANHÃ
Espera por consulta pelo SUS pode chegar a 18 meses em Goiânia
Idosa de 70 anos com câncer conseguiu atendimento com endocrinologista após mais de um ano na espera. No entanto, a assistência médica veio tarde, quando Jandira Barros não mais necessitava. A doença a colocou em estado terminal
A dificuldade para marcar consultas já virou rotina para alguns pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Para consultar com um endocrinologista, a espera pode durar mais de um ano. Em Goiânia, a fila de espera para agendar atendimento na área de endocrinologia é de 10 mil pacientes, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Os endocrinologistas credenciados pelo SUS realizam, em média, 350 consultas por mês, na Capital.
Jandira Oseas de Barros, de 70 anos, solicitou uma consulta com um endocrinologista no dia 1º de junho de 2011. Dezoito meses depois, a responsável pela senhora recebeu a notícia de que o atendimento médico estava marcado. No entanto, a consulta já não tem mais serventia. Jandira está com câncer de mama em estado avançado e faz parte do grupo de doentes terminais do Hospital Araújo Jorge. Com apenas 30 quilos, ela vive um dia de cada vez, sem saber quanto tempo seu corpo ainda aguentará.
Jandira não pode retirar o tumor porque os médicos acreditam que a mulher não resistirá. Sessões de quimioterapia e de radioterapia também foram descartadas pelos oncologistas e mastologistas, pois a senhora está frágil e sem condições de passar pelo tratamento.
Hoje, Jandira convive com um caroço no seio do tamanho de uma laranja. A pele frágil pela idade já não aguenta mais o crescimento do tumor. Mas Jandira, tímida e meiga, tenta esconder a dor de uma das doenças mais cruéis. No entanto, seus olhos e seu corpo debilitado mostram como é difícil depender de um Sistema de Saúde que não consegue atender as necessidades da população.
“Quando recebi aquela ligação informando que a consulta tinha sido marcada dezoito meses depois, meu coração se encheu de dor e revolta. Em lágrimas, tive que avisar a moça que Jandira estava apenas esperando a morte chegar. É um absurdo que pessoas humildes tenham que esperar mais de um ano por uma consulta”, disse a advogada Ana Cristina Castro, 50 anos, que cuida de Jandira, sua ex-babá. Bastante humilde, durante o tempo em que a reportagem esteve na casa da advogada, Jandira não falou com a repórter e quem explicou o caso foi Ana Cristina.
A advogada conta que, desde a descoberta de que Jandira tinha câncer, a luta foi grande para conseguir realizar exames e consultas pelo SUS. A advogada explica que para garantir que Jandira não sentisse tanta dor e não sofresse tanto foi preciso contar com a ajuda de médicos solidários que atenderam Jandira por caridade, sem cobrar nenhum centavo.
“Em junho do ano passado, o mastologista da Jandira solicitou com urgência que ela fosse a um endocrinologista para saber como estava o metabolismo dela. Como não conseguiu pelo SUS, tive que buscar ajuda de um endocrinologista que atendesse ela sem cobrar”, relata a advogada. Segundo ela, se não fossem pessoas solidárias, Jandira não estaria viva.
“As vezes começo a refletir como Jandira estaria se ela dependesse apenas do SUS… Provavelmente não estaria mais aqui entre nós”, diz Ana Cristina. A advogada conta que não foi só a consulta com o endocrinologista que a deixou insatisfeita com a saúde pública.
Ana relata que os médicos pediram que Jandira tomasse uma injeção de Herceptin, um medicamento também usado pela presidenta Dilma Rousseff, para tratar o câncer. A medicação aumenta em 30% os índices de cura em mulheres com câncer, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). No entanto, seu custo é alto, cada frasco custa em média R$ 7 mil, valor que não poderia ser pago pela advogada.
Para que Jandira pudesse tomar o medicamento, Ana Cristina foi até o Ministério Público Estadual (MPE) pedir que o SUS oferecesse a injeção. “O SUS negou meu pedido e Jandira não pôde tomar essa medicação. Vi que a presidenta tomou e agora está bem, às vezes fico pensando que tudo poderia ser diferente se ela tivesse tomado essa medicação”, relatou a advogada.
Muitos dos exames que Jandira teve de fazer foram pagos pela advogada. “A demora para que os resultados ficassem prontos me fizeram desistir de realizar alguns exames pelo SUS. De forma particular, os exames foram entregues no outro dia. O câncer não espera. A cada segundo ele faz uma parte do corpo de Jandira morrer. Por isso, acabei pagando por essas de coração e sangue”, relata Ana.
Os medicamentos que Jandira precisa tomar também não estão disponíveis pelo SUS. O Códex e Dimorf, que são usados para amenizar as dores, custam R$ 25 e R$ 78, respectivamente. A medicação também é paga pela advogada que cuida de Jandira.
“A história de Jandira é prova de que o SUS é um sistema falido. Fico pensando quantas Jandiras existem pelo Brasil? Quantas pessoas ainda terão que enfrentar filas enormes para ter a garantia de algo tão essencial como a saúde?”, se emocionou Ana.
As lágrimas da advogada mostram que, em meio a tantas decepções com a saúde pública, a vontade de fazer o bem prevaleceu. Ana conta que, além do endocrinologista que atendeu Jandira, a senhora recebeu todo o carinho e atenção de funcionários do Hospital Araújo Jorge.
“Apesar das dificuldades que enfrentamos, ainda fica a esperança de um dia o SUS conseguir cumprir seu papel. Percebo que existem pessoas maravilhosas no mundo, mas infelizmente por trás de gente boa existe um sistema que não funciona e impede o melhor em prol da saúde dos brasileiros”, finalizou Ana.
SMS diz que há déficit de endocrinologistas
A chefe de gabinete da SMS, Viviane Moraes, esclarece que a secretaria vem fazendo o possível para organizar a fila de espera. No entanto, ela argumenta que no Estado há um déficit de endocrinologistas.
Moraes ainda explica que a demanda é alta porque Goiânia é referência em saúde para diversos municípios, e além dos goianienses, o SUS também atende moradores de outras regiões. “Atualmente, mais da metade dos pacientes é de municípios do interior de Goiás e de outros Estados. Isso acaba gerando um grande número de consultas reprimidas”, afirma.
Sobre o caso de Jandira, Viviane argumenta que o SUS organiza o sistema para que idosos, crianças e doentes crônicos sejam atendidos de forma mais rápida. Porém, como o número de pacientes que se encontram no grupo de preferência também é grande, os atendimentos demoram para serem agendados.
Para solucionar o problema, o secretário municipal de Saúde, Elias Rassi, afirma que mais quatro endocrinologistas já estarão atuando no início do próximo ano. Segundo ele, os aprovados no último concurso da prefeitura já foram nomeados e estão apresentando os documentos à secretaria. “Com os novos endocrinologistas, passaremos a realizar 1.400 consultas por mês, isso ajudará a suprir parte da demanda e agilizar os atendimentos”, explicou.
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O POPULAR
Anápolis
Denasus rejeita versão da Saúde sobre plantões
Paulo Nunes Gonçalves
O Departamento Nacional de Auditorias do Sistema Único de Saúde (Denasus) não aceitou as justificativas apresentadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para o pagamento de R$ 1.638.024,73, relativo aos plantões médicos do Samu feito nos anos 2009 e 2010. Um relatório do Denasus, divulgado no final do mês de setembro apontava, entre outras irregularidades, a falta de comprovação da despesa com o pagamento dos plantões médicos. No final de outubro, O POPULAR revelou detalhes do primeiro relatório.
A SMS apresentou suas justificativas, mas, no segundo relatório do Denasus, o órgão auditor diz que a documentação apresentada não comprova que os plantões pagos para cada médico nos exercícios de 2009 e 2010 foram efetivamente realizados.
O Denasus responsabiliza os então secretários Wilmar Alves Martins e Roberson Guimarães, recomendando o ressarcimento do valor, atualizado monetariamente, ao Fundo Nacional de Saúde.
O relatório do Denasus aceitou, parcialmente, a justificativa da SMS sobre a ausência de médicos nos plantões do Samu, em que o atual secretário de Saúde, Luiz Carlos Teixeira, afirma que parte das escalas foi extraviada.
As irregularidades do Samu foram levantadas pelo Conselho Municipal de Saúde depois de uma auditoria, concluída em maio deste ano.
O ex-secretário, Roberson Guimarães, não quis comentar sobre o assunto. Ele disse apenas que o caso está com o atual secretário, que vai resolvê-lo.
Para o ex-secretário Wilmar Alves Martins o que importa é que os serviços foram prestados. “Se houve falha na comprovação do trabalho, ela tem que ser resolvida, mas volto a dizer que a população foi devidamente assistida.”
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação