Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 22 A 24/11/14

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.


DESTAQUES DE HOJE

• Exame indisponível
• Cais Garavelo
• Planos de saúde – Usuários ainda insatisfeitos
• Goiânia – Após um mês, nenhum caso de malária sob investigação
• Hidrogel – Dois indiciados por homicídio
• Artigo – Goiás no combate a malária
• Beleza descartável

 

DIÁRIO DA MANHÃ
Exame indisponível
Tomografia computadorizada por emissão de pósitrons continua fora da tabela do SUS e prejudica pacientes com câncer
FLAVIA VILLELA

Incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em outubro, o exame PET-CT (tomografia computadorizada por emissão de pósitrons), indicado para tratamentos do câncer, continua fora da tabela de procedimentos do sistema. As portarias que preveem a incorporação da tecnologia na rede pública foram publicadas em 23 de abril, no Diário Oficial da União. O exame, uma tomografia computadorizada, ajuda a estratificar a extensão de vários tipos de câncer em pacientes da rede pública, como câncer de pulmão de células não pequenas e linfomas de Hodgkin e não Hodgkin.

O prazo máximo de 180 dias para a implementação efetiva da inclusão da tecnologia na tabela, com os critérios de ressarcimento das unidades prestadoras, venceu em 23 de outubro. A falta desses critérios para a restituição de custos pode prejudicar pacientes, alerta a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN). O presidente da SBMN, Celso Darío Ramos, explicou que os custos altos do exame estão inviabilizando o procedimento em alguns hospitais. "Tanto as unidades públicas como as particulares não poderão fazer esse exame pelo SUS se não forem ressarcidos por isso, pois o custo é muito alto", comentou ele. "São poucas as exceções de hospitais que atendem via Estado e não governo federal. A população carente hoje não tem acesso a esse procedimento", disse.

Ramos ressaltou que o PET-CT é uma ferramenta essencial para identificar e avaliar a extensão de determinados cânceres, como o linfoma. Ele lembrou que essa tecnologia é oferecida há anos em países como Estados Unidos, Inglaterra, Itália, Chile e Argentina. "A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda esse procedimento. É um procedimento que embora seja caro pode reduzir custos, pois pode evitar uma cirurgia desnecessária", declarou. "Por exemplo, câncer de pulmão, só faz sentido realizar uma operação de grande porte e onerosa se o paciente não fizer metástase. O PET-CT consegue indicar com precisão se esse tumor já se espalhou pelo corpo", explicou o médico.

De acordo com a SBMN, há no país um parque de equipamentos de tomografia computadorizada suficiente para atender os pacientes da rede pública. São cerca de 100 aparelhos, com distribuição geográfica aproximadamente proporcional à densidade demográfica no País.

inclusão

O Ministério da Saúde informou que a inclusão do exame na tabela SUS está prevista até o fim do ano. O exame vai permitir ampliar a assistência oncológica aos usuários do SUS, beneficiando cerca de 20 mil pessoas por ano. Atualmente, 21 Estados têm equipamentos para realizar esse tipo exame.

Além do PET-CT, o SUS oferece outros tipos de exames para diagnóstico e avaliação do câncer. São eles: radiografia, mamografia, cintilografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada (CT), ressonância magnética (MRI) e endoscopia.

Nos últimos três anos, o ministério ampliou em 47,3% o investimento na assistência oncológica, passando de R$ 1,9 bilhão em 2010 para R$ 2,8 bilhões em 2013. Esses recursos são destinados à realização de exames, cirurgias, radioterapia e quimioterapia. Atualmente, 280 hospitais realizam diagnóstico e tratamento de câncer em todo o Brasil. (23/11/14)
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O POPULAR

Cais Garavelo
A 2ª Vara do Trabalho de Aparecida de Goiânia manteve a interdição administrativa do Centro de Atendimento Integral à Saúde do Setor Garavelo. A unidade está interditada desde setembro pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás, (24/11/14)
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Planos de saúde
Usuários ainda insatisfeitos
Consultas, exames e cirurgias são os procedimentos que recebem maior número de queixas
Lúcia Monteiro

Depois de pagar R$ 205 de mensalidade de um plano de saúde por 20 anos, a servidora pública Ingrid Conrado não imaginava que teria tanta dificuldade para fazer um exame de mamografia. Quando escolheu a clínica, ela foi informada de que a operadora não cobriria o exame com os equipamentos mais modernos do mercado, ou seja, com tecnologia digital. Ingrid teria de procurar um local que ainda realizasse o procedimento com equipamento antigo para que ele fosse coberto pela operadora.
A empresa informou que, para ter direito à nova tecnologia, ela teria de fazer a migração de seu plano para a nova regulamentação vigente desde janeiro de 1999, o que significaria arcar com um aumento da mensalidade. “A tecnologia oferece exames mais precisos, mas eu não posso ter acesso a isso. As clínicas dizem que essa tecnologia antiga vai acabar. E aí?”, questiona a servidora, que vai continuar tentando fazer o novo exame.
Aborrecimento semelhante teve a gastrônoma Rita de Cássia Macedo, que teve a cobertura de alguns exames negados pela operadora do plano de saúde que pagava há cinco anos. A empresa alegou que, para ter acesso aos procedimentos, ela precisaria comprovar que era portadora de várias doenças graves. Rita recorreu à Justiça e a operadora acabou autorizando a realização dos exames. “Se essa cobertura não fosse obrigatória, eles não teriam concordado tão rapidamente quando procurei a Justiça.”
RECLAMAÇÕES
Apesar dos problemas que ainda persistem, o número de reclamações de beneficiários goianos na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão que regulamente o setor, caiu de 1.237 de janeiro a outubro de 2013 para 1.036 no mesmo período deste ano. A maioria das queixas são relativas a coberturas de procedimentos como consultas, exames e cirurgias. O número de queixas registradas no Procon Goiás também teve pequena queda de 414 de janeiro a novembro de 2013 para 392 ante igual período deste ano.
Porém, em todo País, o número de reclamações sobre cobertura saltou de 13 mil em 2010 para 72 mil em 2013. Entretanto, a ANS informa que apenas 25% destas queixas foram consideradas procedentes, ou seja, o consumidor realmente tinha direito ao que estava sendo reclamado. Isso significa que, muitas vezes, falta informação por parte dos usuários, como o melhor entendimento dos contratos.
A superintendente em exercício do Procon Goiás, Rosania Nunes, reconhece que algumas pessoas têm dificuldade para entender os procedimentos cobertos por seus planos de saúde. Ela dá o exemplo de mulheres que só contratam um plano depois de descobrirem uma gravidez, enquanto a carência exigida é de 10 meses. Por isso, é preciso atenção na hora de fechar um contrato (veja quadro).
Rosania lembra, porém, que em alguns casos a pessoa realmente tem direito ao procedimento e o plano nega a cobertura.
Outra reclamação recorrente é a demora para marcar exames e consultas, mesmo com prazos máximos estipulados. Para a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), as operadoras precisam ampliar a rede de atendimento proporcionalmente ao aumento do número de usuários para evitar a demora no agendamento de consultas e outros procedimentos clínicos.

Planos mais reclamados podem ser suspensos
O consumidor que não conseguir resolver um problema direto com a operadora deve pedir o número de protocolo de atendimento e acionar a ANS, que irá mediar o conflito. Dependendo do caso, a operadora tem até 10 dias para resolver. As que não cumprirem as determinações podem ser multadas em até R$ 100 mil (negativa de cobertura na urgência e emergência).
Os planos mais reclamados podem ter a comercialização suspensa temporariamente. Desde 2012, a ANS já suspendeu a venda de 991 planos de 141 operadoras do País. Entre os motivos, estão casos em que os planos se negam a liberar o atendimento ao cliente, irregularidade na exigência de carência e não pagamento de reembolsos. São punidas aquelas que atingirem, por dois trimestres consecutivos, um índice de reclamação superior a 75% da mediana do setor apurada pela ANS.
No início deste mês, 65 planos de 16 operadoras foram proibidos de comercializar novos contratos por três meses por não cumprirem os prazos para atendimento médico, realização de exames e internações ou por negarem coberturas indevidamente.
Em agosto, 123 planos de 28 empresas foram suspensos. Na avaliação da Proteste, a queda indica uma reação das operadoras para melhorar o atendimento aos usuários, diante das punições. Esta semana, a ANS colocou à disposição dos consumidores uma lista com dados sobre o desempenho das operadoras de planos de saúde no ano passado.

Planos de saúde
Atendimento negado. E agora?
Nem todo procedimento médico conta com cobertura obrigatória, mas muitos usuários desconhecem informação

Na visão do presidente da Unimed Goiânia Cooperativa de Trabalho Médico, Sizenando da Silva Campos Júnior, a falta de compreensão do contrato e das coberturas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) talvez seja o maior problema enfrentado pelas operadoras.
“A cobertura obrigatória por lei não abrange todos os procedimentos”, adverte. No caso dos transplantes, por exemplo, só são cobertos procedimentos para rins, córneas e medula óssea.
Sizenando lembra que existem novos procedimentos e medicamentos que ainda não são validados no Brasil ou são tratamentos experimentais. Segundo ele, muitos pacientes ficam sabendo e buscam a cobertura na operadora. Mas, às vezes, um procedimento é negado porque ainda não está incluído nas normas da ANS.
“Como a tecnologia evolui muito, a cada dois anos a agência amplia a cobertura”, explica o médico. Há um ano, as operadoras foram obrigadas a fornecer medicamentos quimioterápicos orais na quimioterapia ambulatorial. Antes, só a venosa era coberta.
Outro problema são os planos não adaptados à nova lei em 1999, que ampliou coberturas. De acordo com o presidente da Unimed Goiânia, apenas 10% dos planos não fizeram a migração por opção própria dos usuários, que não quiseram pagar mais. Por isso, eles têm uma cobertura mais restrita de procedimentos, o que gera queixas. Quem já entra num plano com uma doença que já existia antes da adesão também pode ter problemas.
ATENDIMENTO
Sizenando lembra que a Unimed Goiânia têm um baixo índice de reclamações frente ao número de atendimentos realizados em todos os procedimentos: 500 mil anuais. Para ele, os planos são obrigados a oferecer um bom atendimento porque as multas da ANS são muito pesadas, além da proibição da comercialização. Por isso, investem cada vez mais em Serviços de Atendimento ao Consumidor (SACs) e ouvidorias, que tentam solucionar todas as demandas.
O presidente da Unimed Goiânia reconhece que existem deficiências de médicos em algumas áreas específicas à nível nacional, como geriatria e endocrinologia. Hoje, são 3 mil médicos para atender 340 mil usuários em Goiânia e região, além de outros 100 mil que veem de fora. Apenas 25% da população brasileira têm plano de saúde, o equivalente a cerca de 50 milhões de pessoas.
Para a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa 27 operadoras de saúde, os registros de reclamações da ANS indicam que ainda há dúvidas ou desconhecimento sobre os contratos e as regras dos planos de saúde, que sempre são atualizadas pela agência.
De acordo com a FenaSaúde, as operadoras associadas lançaram ampla plataforma de comunicação com a sociedade, incluindo o Guia do Consumidor, para levar informação ao público, tornando claras as regras contratuais e a legislação que rege os planos. O consumidor pode obter respostas antes de procurar a ANS. O guia está disponível pelo site: www.planodesaudeoquesaber.com.br.

Queixas ajudam a melhorar os serviços
Para os órgãos de defesa do consumidor, os problemas só serão reduzidos se o consumidor continuar reclamando quando tiver problemas. A superintendente em exercício do Procon Goiás, Rosania Nunes, explica que quando o órgão é procurado por um consumidor que reclama de uma operadora, é instaurado um procedimento administrativo e se tenta mediar uma negociação entre as partes.
Se o Procon não tiver sucesso e constatar que existe abuso, instaura um processo administrativo que pode resultar em multa. O consumidor também é orientado a procurar a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Poder Judiciário. “Como muitas doenças não esperam, normalmente a pessoa paga pelo procedimento e pede o ressarcimento na Justiça”, explica Rosania.
Porém, se o consumidor não tiver recursos para arcar com as despesas, é orientado a procurar a Promotoria de Saúde do Ministério Público e a entrar com um mandado de segurança pedindo a imediata realização do procedimento, com a ajuda de advogado.
INEFICÁCIA
Na visão do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), os problemas dos planos têm como pano de fundo a má atuação da ANS, que tem o papel de regular o setor mas o faz de forma ineficiente, deixando de lado os planos de saúde coletivos e os antigos (contratados antes de janeiro de 1999).
A cabeleireira Ivone Correia Barboza desistiu de um plano de saúde odontológico porque não conseguiu realizar os procedimentos que precisava, mesmo após dois anos de pagamento. Ela conta que, quando precisou do plano, procurou vários dentistas credenciados que se recusaram a fazer o serviço alegando que o valor repassado pela operadora era muito baixo.
“Alguns queriam que eu pagasse metade do valor normal cobrado para ser atendida, enquanto outros simplesmente se negaram a fazer pelo plano”, lembra. (23/11/14)
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Goiânia
Após um mês, nenhum caso de malária sob investigação

Mesmo sem registros novos há mais de 20 dias, secretaria trabalha para monitorar transmissor
Malu Longo

Pela primeira vez, Goiânia não tem algum caso suspeito de malária sob investigação desde que os primeiros pacientes com a doença surgiram, em meados de outubro. No boletim epidemiológico divulgado no dia 20, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) fechou o surto registrado na capital neste semestre da doença com 7 casos autóctones (contraídos na cidade) e quatro importados. Outros 25 suspeitos foram descartados após exames, inclusive o de um bebê de sete meses residente com a família em Aparecida de Goiânia.
Embora há mais de 20 dias sem nenhuma nova notificação de casos de malária, a SMS promoveu na sexta-feira uma capacitação sobre a doença para profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e da rede privada. Neste início de semana, na segunda e terça-feiras, novas armadilhas serão instaladas no Parque Flamboyant, região Sul da capital, para verificar se o vetor permanece na área. O parque é o local onde acredita-se que surgiram os casos autóctones.
Todos os pacientes com confirmação laboratorial já receberam alta hospitalar, mas continuam sendo monitorados para identificação do parasita no sangue, um procedimento preconizado pelo Ministério da Saúde para todas as áreas não endêmicas da malária. Exames são realizados até dois meses após a confirmação da doença.
BORRIFAÇÃO
As ocorrências levaram a pasta a realizar três ciclos de borrifação de inseticida para combater o mosquitoAnopheles, transmissor da doença e visitas domiciliares a quase 3 mil residências das proximidades do Parque Flamboyant. Na capacitação realizada na sexta-feira, a chefe do departamento de Vigilância Epidemiológica, Juliana Brasiel, explicou os hábitos do mosquito e detalhou as áreas mais endêmicas da doença no Brasil, que são Estados das regiões Norte.
Para a chefe da Divisão de Informações e Estratégias em Resposta à Vigilância em Saúde da SMS, Divânia Dias, não há nenhum problema em frequentar o Parque Flamboyant, uma das áreas de lazer mais procuradas da capital. “O mosquito costuma agir no início da manhã e no início da noite, mas já fizemos três ciclos de borrifação na região.”
A malária ocorre a partir de parasitas protozoários do gênero Plasmodium transmitidos por mosquitos fêmeas do gênero Anopheles. Como elas se alimentam de sangue humano no período da reprodução, podem encontrar um organismo contaminado. Entretanto, conforme Divânia Dias, as crias do Anophelesnão nascem contaminadas, por isso a aposta no sucesso da borrifação.
No encontro de sexta-feira a principal orientação foi para que casos suspeitos de malária sejam notificados imediatamente e os pacientes encaminhados para unidades especializadas. De acordo com a médica infectologista Nadya Bomtempo, o diagnóstico precoce impede o prolongamento da doença e reduz o risco de morbidade e mobilidade. Os sintomas da doença são a febre cíclica, acompanhada ou não de cefaleia, cansaço, náuseas, vômito, sudorese, calafrios e dores.
CHIKUNGUNYA
Na sexta-feira os profissionais de Saúde também receberam orientações sobre a febre chikungunya, a mais nova preocupação das autoridades brasileiras de Saúde. A doença viral, transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo da dengue, tem como principais características febre alta e dores nas articulações. Dos 13 casos notificados até o momento em Goiânia, três foram descartados, oito ainda estão sob investigação e dois confirmados. Os pacientes dos dois últimos adquiriram a doença na Guiana Francesa e no Caribe. (22/11/14)
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Hidrogel
Dois indiciados por homicídio
Raquel Rosa e Fabio Ribeiro vão responder pela morte de Maria José após aplicação de produto
Patrícia Drummond

Raquel Policena Rosa, de 27 anos, e o namorado dela, Fábio Justiniano Ribeiro, de 33, deverão responder pela morte da auxiliar de leilões Maria José Medrado de Souza Brandão, de 39, segundo o inquérito concluído e remetido à Justiça pela delegada Myriam Vidal, titular do 17º Distrito Policial (DP), que investiga o caso. Maria José morreu na madrugada de 25 de outubro, no Hospital Jardim América, em Goiânia, menos de 24 horas depois de ter se submetido, nas mãos do casal, a um procedimento estético para aumento dos glúteos. Desde então, outras mulheres foram identificadas ou procuraram a polícia e o número de vítimas do mesmo procedimento só vem aumentando, chegando a 35 na tarde de ontem.
Para a delegada Myriam Vidal, Raquel Rosa e Fábio Ribeiro assumiram o risco pela morte da auxiliar de leilões quando praticaram a atividade para a qual não estavam habilitados e se negaram a socorrê-la enquanto ela relata, por mensagens de celular, estar passando mal depois de ter a substância para preenchimento injetada nos glúteos, na manhã de 24 de outubro. Desde a primeira reclamação, às 11h13, até as 18h41, quando Raquel recebe, do celular de Maria José, uma foto da mulher sendo atendida em um posto de saúde, foram mais de sete horas em que a jovem tenta tranquilizar a cliente, sem sugerir que ela procure atendimento médico, mesmo com as queixas de tremores, falta de ar, fadiga, dor de cabeça, vista embaralhada e pressão alta.
“Raquel e Fábio foram indiciados por homicídio na forma dolosa, com dolo eventual; por exercício ilegal da Medicina e pela venda e distribuição de produtos farmacêuticos adulterados ou sem procedência”, informou a delegada, na tarde de ontem, logo após colher o depoimento da esteticista Thais Maia da Silva, de 28, que reside no Rio de Janeiro, e também é apontada por algumas das testemunhas ouvidas como responsável por aplicações realizadas na capital goiana. Segundo a legislação penal brasileira, dolo eventual é um tipo de crime que ocorre quando o suspeito – no caso, Raquel Rosa e Fábio Ribeiro –, mesmo sem querer efetivamente o resultado, assume o risco de produzi-lo.
VÁRIOS INQUÉRITOS
De acordo com Myriam Vidal, para cada uma das vítimas do procedimento para aumento dos glúteos deverá ser aberto um inquérito específico. Nesses casos, para tipificar os crimes cometidos pelos envolvidos – além de Raquel Rosa e Fábio Ribeiro, a esteticista Thais Silva e a fisioterapeuta Joyce Flausino, que sublocava uma sala em uma clínica no Setor Marista para a realização das aplicações –, a titular do 17º DP espera a conclusão dos laudos a serem emitidos pelo Instituto Médico-Legal (IML) – para onde as testemunhas foram encaminhadas para exame de corpo de delito – e pela Polícia Técnica Científica, acerca das lesões e do produto utilizado nas aplicações.
“No que diz respeito à Maria José, não foi necessário aguardar os laudos porque os indícios, fortíssimos, são de que a morte dela está ligada à forma como esse procedimento foi feito, com o uso de uma seringa e agulha comuns, sem habilidade alguma, com a substância aplicada atingindo a corrente sanguínea e provocando embolia pulmonar”, argumenta a delegada, com base no que diz ter ouvido dos profissionais que atenderam a auxiliar de leilões no Hospital Jardim América, onde morreu.
Ainda conforme Myriam Vidal, a empresa paulista Rejuvene Medical, distribuidora exclusiva do hidrogel de poliamida Aqualift – que tanto Raquel Rosa quanto Thais Silva afirmam ter utilizado em suas clientes – foi contactada pela polícia goiana e se dispôs a enviar uma amostra do produto para ser analisado pela perícia, na comparação com as substâncias injetadas em Maria José Brandão e nas outras mulheres que passaram pelo procedimento para aumento de glúteos.
A suspeita da delegada Myriam Vidal é de que não se trata do hidrogel, mas do Metacril – nome comercial do polimetilmetacrilato, uma substância sintética, que, apesar de liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), provoca polêmica no meio médico por causa do alto risco de rejeição – ou mesmo do silicone industrial. “Se isso se confirmar, a situação fica ainda mais grave”, destaca a policial.

Esteticista carioca diz que apenas atendeu a convite de Raquel
Ontem, no 17º Distrito Policial (DP), localizado no Parque das Laranjeiras, em Goiânia, durou pouco mais de duas horas o depoimento da esteticista carioca Thais Maia da Silva, de 28 anos, identificada por algumas das testemunhas ouvidas pela delegada Myriam Vidal como responsável por parte dos procedimentos realizados em mulheres, na capital, para aumento dos glúteos. Thais chegou à delegacia, por volta das 12h30, acompanhada do advogado Denilson Vasconcellos Pujani e deixou o local sem dar entrevistas. Os dois pegaram um táxi aproximadamente às 15 horas, rumo ao Aeroporto Santa Genoveva, de onde embarcariam de volta ao Rio de Janeiro.
À polícia, a esteticista – que, como Raquel Rosa, não possui formação em curso superior, mas teria se apresentado a algumas das clientes como médica – confessou ter realizado as aplicações em Goiânia e disse ter estado na cidade por três vezes, a convite de Raquel, atendendo um total de 20 mulheres. Ela negou, contudo, ter adquirido, por conta própria, o produto a ser aplicado – tudo já estaria “pronto” quando ela chegava ao local, para realizar o procedimento –, o que a delegada Myriam Vidal acredita ser pouco provável. “É difícil acreditar nessa versão, até mesmo porque existem relatos de vítimas afirmando que fizeram a aplicação apenas com Thais. Nesse caso, ela não teria como não saber qual o produto utilizado no procedimento”, destacou.
Segundo o advogado Denilson Pujani, sua cliente pensava estar utilizando, mesmo, nas aplicações, o hidrogel, e, a princípio, teria vindo a Goiânia para realizar tratamentos estéticos – principalmente contra celulite –, em pacotes promocionais. De acordo com ele, Thais já havia se submetido, no Rio, à bioplastia nos glúteos; percebendo tratar-se de um procedimento simples, aceitou o convite de Raquel para realizá-lo em clientes goianas.
ARREPENDIMENTO
“Thais vai responder pelos atos dela. Porém, não houve dolo, ela não tinha ciência do risco que esse procedimento poderia causar”, declarou Pujani, acrescentado que, depois da morte de Maria José e da repercussão do caso, a esteticista – que deverá responder por exercício ilegal da Medicina e por lesão corporal – parou de fazer aplicações para o aumento de glúteos e fechou a sua empresa na capital carioca.
Conforme o advogado, Thais Silva não realizou nenhum tipo de procedimento estético em Raquel Rosa nem admite atuar na área há muito tempo – como Raquel afirmou em seu segundo depoimento à polícia, no último dia 10. À delegada Myriam Vidal, Thais disse ter conhecido Raquel pela internet, comprando bijuterias da jovem de Catalão, por meio de uma rede social. (22/11/14)
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Artigo – Goiás no combate a malária
Enquanto parte do Brasil está com a atenção voltada para a febre chikungunya – doença recente no País, com origem na África e transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, mas que já dá indícios de uma possível epidemia caso os órgãos de saúde não tomem as medidas necessárias para conter a proliferação do vírus –, Goiás está em alerta para uma das doenças responsáveis por milhões de mortes no mundo por ano: a malária. Sete casos autóctones (com transmissão local) foram confirmados em Goiânia, homens e mulheres que moram ou frequentam o Parque Flamboyant, no Jardim Goiás. Número que pede a mesma atenção que tem sido dada pelas autoridades de saúde a febre chikungunya. É imprescindível que sejam tomadas medidas de controle do vetor da malária naquela região, o mosquito Anopheles. A situação serve de alerta para a vigilância epidemiológica de todo o Brasil, devido ao surgimento de casos de malária numa região anteriormente livre de casos autóctones.
A malária é uma doença infecciosa, não contagiosa, que acomete milhões de pessoas em zonas tropicais e subtropicais do globo (América do Sul e Central, África, Índia, Sudeste da Ásia e Oceania). É uma infecção comum em pacientes que viajam para os trópicos provenientes de zonas não endêmicas. Estende-se por mais de 100 países e mais da metade da população encontra-se exposta ao risco de aquisição da infecção. É causada por parasitas do gênero Plasmodium, ao qual pertencem quatro espécies: P. vivax, P. falciparum, P. malariae, P. ovale, mas uma nova espécie já foi identificada como causa de malária em humanos no Sudeste Asiático: o Plasmodium knowlesi. É a mais importante doença parasitária. Na África, a maioria das mortes é de crianças, devido à baixa imunidade. No Brasil, a região amazônica é responsável por 97% dos casos. A posição geográfica de Goiás favorece o aparecimento de surtos da doença no Estado. O grande fluxo de pessoas oriundas da região endêmica à procura de trabalho, muitas vezes assintomáticas, foi fator determinante em áreas com espécies primárias, como o Anopheles darlingi. Entre 1999 e 2006, foram notificados 1.018 casos importados e 23 autóctones – 78,3% de P. vivaxe 21,7% de P. falciparum no Estado.
Ao que tudo indica, os novos casos em Goiás são oriundos da introdução de um hospedeiro assintomático ou oligossintomático, proveniente de área endêmica como África e Amazônia, associado a presença do vetor, que se adaptou bem ao ambiente do Parque Flamboyant, por possuir árvores e um lago, ambiente ideal para o mosquito vetor manter seus hábitos noturnos e reprodução em água parada.
Na tentativa de impedir um surto local, importante que os órgãos de saúde adotem medidas de controle do mosquito vetor.
Casos de malária, leishmaniose, febre amarela e outras doenças infecciosas sempre ocorrem em lugares onde o ciclo dessas doenças já existe entre mamíferos e outras espécies, e o homem acaba sendo um hospedeiro acidental, ao desmatar florestas para urbanização, criação de gado, garimpo e outras atividades econômicas. Em função das atividades humanas, na busca de melhores condições de vida ou de sobrevivência, o homem modifica o meio ambiente criando as situações que causam degradação da natureza pela ocupação desordenada. Essas modificações alteram o comportamento populacional, tanto de vetores quanto dos parasitas.
Esse artigo tem como objetivo alertar e orientar a população de Goiás para a seriedade da doença e o risco de uma epidemia. Doenças como a malária, chikungunya, dengue, febre amarela e outras só são combatidas se houver o envolvimento das autoridades de saúde e da população. É importante que todos os goianienses estejam engajados para evitar um surto de malária no Estado.
João Paulo Campos é médico infectologista do Laboratório Padrão do Grupo Hermes Pardini (22/11/14)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação