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DESTAQUES
Brasileiro teste positivo em SP e governo aguarda contraprova
É uma gripe, vamos passar por ela , diz ministro da Saúde sobre caso suspeito de coronavírus em SP
Na Itália, tudo fechado; ruas vazias e medo nas casas com o coronavírus
Planos não podem ser cancelados
Gabinete de crise é instalado no HDT e secretário de Saúde assume gestão da unidade
O poder da mente
Brasileiros resgatados da China deixam quarentena em Anápolis
"Sem gestão, a Unimed quebra"
GLOBO NEWS
Brasileiro teste positivo em SP e governo aguarda contraprova
http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=71571336
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PORTAL G1
É uma gripe, vamos passar por ela , diz ministro da Saúde sobre caso suspeito de coronavírus em SP
Em conversa com o blog, o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta evitou qualquer tom alarmista diante do primeiro caso de teste positivo do novo coronavírus no Brasil. O caso é de um homem de 61 anos, que mora na capital paulista e que voltou da Itália recentemente.
"Nós vamos nos preparar da melhor maneira. Mas é preciso ter calma. É uma gripe, vamos passar por ela e colocar todas as fichas na ciência", disse o ministro da Saúde. "E não podemos perder a noção de humanidade".
Segundo Mandetta, o Brasil tem características climáticas diferentes dos países do Hemisfério Norte, onde surgiu o vírus. Por isso, segundo ele, é preciso saber como esse vírus vai se comportar durante o verão de um país tropical.
"Não sabe se por aqui o vírus acelera ou desacelera. Os vírus se comportam de forma diferente no Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul. Esse é um vírus que surgiu em baixa temperatura. Pode não ter o mesmo comportamento. Pode ser para melhor ou para pior", ressaltou o ministro para em seguida completar:
"O Brasil é um país de pessoas mais jovens e está no verão. Esse é um período pouco propício para um vírus respiratório por aqui".
Ele reconheceu a preocupação da população: "Há a pressão da opinião pública. Tem que ter muita calma. Transmitir calma, para evitar o alarmismo. E vamos atravessar essa gripe. Tentar minimizar o máximo o estresse", comentou.
Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde fará uma entrevista coletiva para comentar o caso, já diante de um segundo teste. Segundo Mandetta, o Brasil já tem se preparado para vários cenários do coronavírus. E já acertou com o Conselho Federal de Medicina, inclusive, um protocolo para a abertura de leitos em caso de necessidade.
"É um inimigo muito difícil. Por isso, é preciso reforçar higiene, evitar lugares aglomerado e apostar numa vacina. Não tem como impedir a entrada no Brasil. Esse vírus chegou de num avião que veio de Milão. Não tem jeito", observou.
Ele diz que o Brasil está em contato permanente com outros países da América do Sul para monitorar o vírus e que investiu recursos para a compra de equipamentos de proteção individual para profissionais de saúde, além de ter laboratórios capacitados para fazer exames para identificar o novo coronavírus.
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AGÊNCIA ESTADO
Na Itália, tudo fechado; ruas vazias e medo nas casas com o coronavírus
Decreto, com disposições específicas e destinadas aos residentes da Lombardia, foco do surto em 11 cidades, cancela eventos e pede às pessoas um toque de recolher voluntário
Máscaras, ruas vazias e espaços públicos com eventos cancelados , incluindo missas. A apreensão cresce na Itália no ritmo da divulgação de novos casos. Há três anos em Milão, o primeiro contato da jornalista brasileira Mari di Pilla com a situação se deu na quinta-feira, durante um desfile na semana de moda local. "Já se comentava bastante, mas ninguém ainda usava máscara. No dia seguinte, tudo mudou e o uso se generalizou. Até que no domingo dois desfiles importantes foram cancelados", conta ela.
Um decreto do Ministério da Saúde, com disposições específicas e destinadas aos residentes da Lombardia, foco do surto em 11 cidades, cancela eventos e pede às pessoas um "toque de recolher voluntário", ao "evitar frequentar lugares superlotados e de participar de manifestações".
Entre as medidas extraordinárias, válidas até dia 1.º, há restrição na circulação entre as cidades afetadas, fechamento de 5.500 escolas, além de creches, teatros, cinemas e museus. Anteontem, o chefe da região do Vêneto, Luca Zaia, suspendeu até o tradicional carnaval de Veneza.
No esperado desfile de Giorgio Armani em Milão, os modelos desfilaram na passarela excepcionalmente sem plateia – jornalistas e compradores puderam acompanhar o evento ao vivo, mas pelas redes sociais. Armani tomou a decisão minutos antes do início do desfile, preferindo um teatro vazio. Moradora do agitado Naviglio, bairro central de Milão, famoso por sua vida noturna e seus canais navegáveis, projetados por Leonardo da Vinci, Mari aliás se surpreendeu com a ausência de pedestres no local.
Segundo o motorista de Uber brasileiro Wenderson, há dois anos em Milão, o movimento caiu, ao menos 40%. "Ninguém quer saber de sair de casa", afirmou. Cenas como a de El Duomo e do Teatro alla Scala fechados começam a correr o mundo.
Curadora do Salão Satélite, mostra que ocorre paralelamente ao Salão do Móvel de Milão, Marva Griffin teve de rever seus planos de viagem. Com conferência confirmada para março, em São Paulo, ela cancelou seu compromisso. "Nossa diretoria proibiu qualquer deslocamento de nosso staff para o exterior até segunda ordem. Jamais vi situação como esta."
A preocupação atinge todos os que chegam, independentemente de virem de países ainda sem o surto. Ainda no avião que levava o time do Barcelona a Nápoles , jogadores e demais integrantes da delegação tiveram a temperatura medida por médicos locais. O jogo de desta terça está mantido pela Uefa, mas atividades de basquete, vôlei, hóquei no gelo e patinação artística em toda a região norte forem suspensas no fim de semana.
Eventos futuros também já são afetados. A feira de literatura infantil e juvenil de Bolonha – a principal do mundo – foi adiada em razão do avanço do coronavírus na Itália. O evento, que seria realizado de 30 de março a 2 de abril, foi transferido para 4 a 7 de maio.
"Se fala de tudo e de modo confuso: isolamento, fechamento de escolas, cinemas, teatros. Mas a cada nova notícia, o resultado é o mesmo, com as pessoas correndo para estocar comida", conta o arquiteto brasileiro Gustavo Minosso, há 12 anos em Milão.
Apesar de continuar a frequentar seu escritório normalmente, Minosso tem evitado lugares fechados. Até o momento, não vê motivos para pânico. "Existe muito alarmismo", argumenta.
Mas até as missas estão canceladas no norte da Itália. Enterros e casamentos podem ser celebrados, mas somente com a presença dos parentes próximos. A Igreja até sugere assistir missas pela TV. Padre Gabriele Bernardelli , pároco da cidade de Castiglione d'Adda , dirigiu uma mensagem comovente aos fiéis. "Percebemos a nossa impotência e, por isso, gritemos a Deus a nossa surpresa, o nosso sofrimento, o nosso temor."
Entre os brasileiros que pretendem se deslocar para Milão, ou arredores, nos próximos dias – e meses – a sensação geral é de espera. "Até o momento, não tivemos nenhum tipo de desistência", diz a agente de viagens Simonetta Occhionero .
Um de seus clientes, no entanto, o empresário gaúcho Edson Busin, diretor de Marketing da Dell Ano, já está revisando seus planos de viagem para o Salão do Móvel de Milão, marcado para abril. "Há seis meses programamos a viagem, mas na sexta faremos uma reunião final para decidir sobre nossa ida e, pelas notícias que temos até agora, a possibilidade de que ela não ocorra é bem grande."
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde , Tedros Adhanom Ghebreyesus , disse na segunda-feira que "temos de frear a epidemia" o mais rápido possível, pois o vírus do Covid tem potencial pandêmico. Oficialmente, está mantido o status de emergência sanitária internacional para o vírus.
Por enquanto, o que difere o atual momento do que ocorreu na pandemia de gripe aviária, em 2009, é a abrangência. "Não há complicações graves ou mortes em larga escala", observou o especialista.
Além disso, grande parte dos casos continua ligada à China.
O Ministério da Saúde adicionou na segunda-feira oito países na lista de alerta do novo coronavírus, incluindo Itália, Alemanha e França. Além desses, entram no rol do governo Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes. Isso significa que serão considerados suspeitos da doença passageiros que estiveram nesses locais e apresentem sintomas, como febre forte e tosse. O novo protocolo, antecipado pelo estadao.com.br, é resultado da confirmação de transmissão do vírus dentro desses países.
O registro de sete mortes na Itália, além de quarentena em 11 cidades do país, elevou o alerta global.
Antes, pessoas com sintomas de gripe vindas da Itália, por exemplo, não recebiam atenção especial da vigilância sanitária brasileira, pois a suspeita de coronavírus era descartada na hora. Agora haverá protocolo específico em que, caso o passageiro tenha febre associada a algum outro sintoma, será enquadrado automaticamente como caso suspeito.
Uma análise clínica poderá ser feita no desembarque e, caso a suspeita se mantenha, o passageiro será levado a um hospital. Além da China, epicentro do surto, o Brasil já havia colocado no rol de alerta, semana passada, Japão, Cingapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que não há orientação para evitar ida à Itália. Há recomendação para que não sejam feitas viagens só à China.
O Brasil recebeu ao menos 5,3 mil voos, em 2019, dos países incluídos na lista – 1,3 milhão de passageiros vindos de Itália, França, Alemanha e Emirados Árabes, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O País diz seguir orientações da OMS para ampliar a lista. O critério para incluir países é haver ao menos cinco casos com transmissão interna.
Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, Wanderson Oliveira disse não cogitar medidas restritivas, como vetar a circulação de pessoas ou mercadorias. Medir a temperatura de todos os passageiros de países sob alerta, disse, também é ineficaz. "Muitos casos se transmitem mesmo sem febre."
Há quatro suspeitas no País – três em São Paulo e uma no Rio. Já foram descartadas 54. A avaliação de integrantes da pasta é de que, com a nova lista, o total de suspeitas deve subir. Há no mundo, diz a OMS, 79.409 casos confirmados e 2.622 óbitos.
Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, o governo está em fase final de compra de equipamentos, como máscaras e luvas. Já a contratação de mil leitos em hospitais, anunciada em janeiro, ainda está em análise.
O governo corre para garantir a compra de imunoglobulina, usado em pacientes com imunidade baixa e para amenizar efeitos de infecções. A ideia é trazer o produto emergencialmente da China e da Coreia do Sul, mas a finalização da importação espera aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para Alberto Beltrame , do Conselho Nacional de Secretários de Saúde , o País está preparado para eventual chegada do vírus. "Já estão identificados os hospitais e, se a doença evoluir, providências serão tomadas."
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A GAZETA
Planos não podem ser cancelados
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que as operadoras de plano de saúde coletivo não podem romper o contrato de prestação dos serviços durante o tratamento médico. Pela decisão, a cobertura deve valer enquanto os beneficiários estiverem internados ou em tratamento e só pode terminar após a alta médica.
O caso julgado pelo STJ envolveu uma operadora de plano de saúde que cancelou unilateralmente o plano coletivo de 203 funcionários de uma transportadora, que recorreu à Justiça para manter a continuidade da cobertura.
Apesar de garantir a cobertura para quem está em tratamento, a Terceira
Turma do tribunal entendeu que as operadoras podem cancelar o contrato por conta própria, no entanto, além de manter o tratamento, devem cumprir a vigência de 12 meses e notificar os trabalhadores com antecedência mínima de 60 dias. O julgamento ocorreu em outubro do ano passado, mas o acórdão, que é a decisão final, foi divulgada nesta semana pelo STJ.
Durante o julgamento, prevaleceu o voto do relator, ministro Marco Aurélio Bellizze. Para o ministro, embora a Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/1998) proíba a suspensão ou rescisão somente de planos individuais, o direito à saúde beneficiário se sobrepõem a cláusulas contratuais também
nos contratos coletivos.
"Entretanto, não obstante seja possível a resilição unilateral e imotivada do contrato de plano de saúde coletivo, deve ser resguardado o direito daqueles beneficiários que estejam internados ou em pleno tratamento médico, observando-se, assim, os princípios da boa-fé, da segurança jurídica e da dignidade da pessoa humana", definiu o acórdão.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a judicialização na saúde cresceu aproximadamente 130% nas demandas de primeira instância da Justiça entre 2008 e 2017. Problemas com os convênios foram a maior causa (30,3%) dos pedidos de processos relacionados ao assunto no país.
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O POPULAR
Gabinete de crise é instalado no HDT e secretário de Saúde assume gestão da unidade
Portaria publicada no Diário Oficial na tarde desta sexta-feira (21) diz que Ismael Alexandrino conduzirá a administração. Nesta quinta-feira (20), MP-GO instaurou inquérito para apurar possíveis irregularidades no registro de ponto por médicos perceptores
A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) instalou um gabinete de crise no Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), em Goiânia. Segundo portaria publicada no suplemento do Diário Oficial de Goiás, na tarde desta sexta-feira (21), o gabinete será presidido pelo titular da SES-GO, o secretário Ismael Alexandrino, que conduzirá a gestão da unidade "a fim de garantir a qualidade da assistência técnica prestada bem como o ensino e a pesquisa de excelência".
Em nota, a SES-GO informou que a implantação tem o objetivo de "trazer equilíbrio" à gestão do hospital. "Ao adotar tal medida, a SES-GO reforça, mais uma vez, o compromisso de prestar serviços de qualidade ao cidadão goiano e a importância do HDT na formação de futuros especialistas", diz o texto.
O HDT é administrado pela Organização Social (OS) Instituto Sócrates Guanaes (ISG) desde 2012. A reportagem tenta contato com o diretor-geral do HDT, Roger Machado, por meio de ligações e mensagens, para obter um posicionamento, mas ainda não conseguiu resposta.
Entenda
Nesta quinta-feira (20), o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) instaurou um inquérito civil público para investigar os sete médicos denunciados pelo HDT por suspeita de irregularidades nos registros de ponto na unidade de saúde, seja por possíveis ausências ou não cumprimento da carga horária devida. A investigação é conduzida pela promotora Villis Marra, da 78ª Promotoria de Justiça da capital.
A denúncia feita pela diretoria da unidade veio à tona na última terça-feira, por meio de reportagem na TV Anhanguera, e movimentou o meio médico durante a quarta-feira (19). Três notas foram emitidas por profissionais e residentes que atuam no HDT, uma delas assinada pelos médicos preceptores do hospital, que estão no centro do caso. A partir delas, entidades médicas como o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), o Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Goiás (SBD-GO) reproduziram a manifestação em apoio aos envolvidos.
Ainda na quinta, 14 profissionais que atuavam como preceptores de residência médica em dermatologia e infectologia no HDT, entre eles os sete investigados, entregaram os cargos.
"Em ato de indignação com o tratamento dado à figura do preceptor e à falta de valorização do ensino e pesquisa dentro da unidade de saúde, entregamos os cargos nesta quinta-feira, 20. Seis dermatologistas e oito infectologistas não vão mais orientar os residentes, mas continuam trabalhando como médicos concursados no HDT, portanto, o atendimento aos pacientes não será afetado", disseram, em nota.
Manifestação
Na manhã desta sexta-feira (21), médicos, residentes e internos deram um abraço coletivo no HDT. Com cartazes, eles criticaram a direção e o sistema de saúde. O grupo denuncia que falhas no funcionamento da unidade comprometem o atendimento dos pacientes e a continuidade da residência médica no hospital.
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O poder da mente
BEM-ESTAR Desmistificando a hipnose, especialistas garantem que técnica tem muito a contribuir no tratamento de transtornos emocionais, síndromes e doenças como depressão, obesidade e fibromialgia
"Se posicione de maneira confortável, feche os olhos e tente ouvir sua respiração. Quando eu contar até três, você terá esquecido completamente quem é e onde está." Vídeos do tipo pipocam na internet e cercam a hipnose de impressões místicas e esotéricas, o que dificulta, e muito, o trabalho realizado por hipnoterapeutas, profissionais que recorrem à técnica para tratar desde transtornos emocionais e psicológicos, até síndromes e doenças como obesidade e fibromialgia. Dentro do espectro científico, a hipnoterapia é utilizada, por exemplo, por médicos, psiquiatras e psicólogos.
É o caso de Janaína Ferreira, psicóloga clínica que, além da hipnoterapia, também trabalha com bioalinhamento, regulação energética e conceitos da nova medicina germânica. Em outros consultórios, é comum encontrar ainda a oferta de terapias adicionais, como o mindfulness e a constelação familiar. Em meio ao universo tão distante da medicina tradicional, profissionais como Janaína levantam a bandeira da informação. "As pessoas precisam parar de relacionar hipnoterapia e milagre. Estamos falando de neurociência e pesquisas sérias. Não se trata de mágica ou religião."
Por definição, a hipnoterapia se utiliza da hipnose para o processo terapêutico. "Ela permite ultrapassar o fator crítico da mente consciente e estabelecer um pensamento ou sentimento aceitável", pontua Janaína. Derrubando outro mito, a profissional explica que, durante a hipnose, o paciente nunca está inconsciente. "De forma simples, é um estado de relaxamento e imaginação. Entramos em hipnose, por exemplo, quando lemos um livro, ouvimos uma música ou assistimos um filme. É um processo 100% consensual."
O intuito durante a sessão é descobrir o conflito emocional que, em 95% das vezes, causa a doença ou o distúrbio que levou a pessoa até o consultório do hipnoterapeuta. "A mente é formada pelo consciente, pelo subconsciente e pelo inconsciente, e o subconsciente é responsável por cerca de 90% das nossas tomadas de decisão ou das respostas emitidas pelo nosso corpo. Na mente consciente, existe o que chamamos de fator crítico, uma espécie de guardião que impede que qualquer informação diferente daquela já programada chegue ao subconsciente, impactando atitudes e causando doenças. Durante a hipnoterapia, abrimos uma brecha", explica Janaína.
Investigação
Foi assim com a social media Danyella de Freitas, 36 anos. Em agosto de 2018, ela viu na hipnoterapia uma possível aliada na luta contra a balança, que marcava 135 quilos. "Já havia tentado de tudo e estava passando por um período delicado no meu casamento, crise que culminou no divórcio um mês depois. Minha autoestima estava no chão e eu sabia que precisava de ajuda", recorda-se. A separação foi o empurrão que faltava para que Danyella marcasse uma consulta com Cíntia Faria, hipnoterapeuta responsável pela implantação de um "balão intragástrico imaginário" que fez com que a social media perdesse 25 quilos e voltasse a olhar para si com mais gentileza.
Cíntia explica que o balão hipnótico é uma cirurgia mental indicada para pessoas obesas ou para quem sofre de compulsão alimentar. "Antes da sessão na qual é "colocado" o balão, investigamos quais emoções podem estar causando aquele comportamento. Na prática, a intervenção é acompanhada por um processo de reeducação alimentar e pela elaboração de uma rotina de atividades físicas. "Nas semanas seguintes, o paciente recebe um acompanhamento específico, que inclui consultas com uma equipe multidisciplinar e sessões de hipnoterapia focadas na mudança de atitude, de pensamento e de percepção do mundo", esclarece.
Cíntia destaca que há no mercado um movimento de popularização da hipnoterapia – técnica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como "importante subsidiária de diagnósticos e tratamentos, devendo, porém, ser exercida por profissionais devidamente qualificados e sob rigorosos critérios éticos". Na opinião de Cíntia, a difusão da atividade se deve ao fato de que os resultados alcançados são mais efetivos e rápidos que com outros métodos convencionais. "Isso ocorre porque a hipnose clínica alcança a mente subconsciente do indivíduo e trata o transtorno direto em sua origem", defende.
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TERRA
Brasileiros resgatados da China deixam quarentena em Anápolis
Grupo de 58 pessoas que estava isolado em base aérea de Anápolis após resgate da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, é liberado quatro dias antes do previsto. Três exames deram negativo.O grupo de 58 pessoas que estava em quarentena desde 9 de fevereiro na base aérea de Anápolis, depois do resgate de 34 delas da cidade de Wuhan, na China, foi liberado neste domingo (23/02), quatro dias antes do previsto.
Antes de embarcar em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), em Anápolis, para as suas cidades, o grupo participou de um café da manhã de despedida e de uma cerimônia, com a presença do ministro da Defesa, Fernando Azevedo; do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM); e do prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP).
A liberação foi feita após a confirmação de que os repatriados não estão infectados pelo novo coronavírus. Na última sexta-feira, foi feita a terceira e última coleta de material no Brasil para exame específico para o novo coronavírus, e a análise do Laboratório Central do Estado de Goiás mostrou resultados negativos. Cada um dos repatriados recebeu uma declaração do Ministério da Saúde informando o estado de saúde livre da doença pelo novo coronavírus.
Na conta de YouTube Brasileiros em Wuhan , membros do grupo de repatriados divulgaram uma nota de agradecimento ao governo e à sociedade pelo tratamento recebido. Eles haviam postado um vídeo na internet para pressionar o governo brasileiro a resgatá-los em Wuhan, cidade considerada epicentro da doença.
No dia 5 de fevereiro, duas aeronaves da Força Aérea Brasileira partiram para Wuhan, epicentro da doença. Entre brasileiros e familiares de outras nacionalidades, 34 chegaram ao Brasil no dia 9 de fevereiro. Além dos repatriados, 24 profissionais que fizeram parte do resgate também estavam cumprindo a quarentena, inicialmente prevista para durar 18 dias. O procedimento é um protocolo internacional para evitar a disseminação da doença no Brasil.
Até este domingo, no Brasil, não havia registro de casos da doença. Existe, entretanto, um suspeito em investigação no Rio de Janeiro. A partir da última sexta-feira, o Ministério da Saúde passou a considerar como suspeitos aqueles que apresentem febre e outros sintomas respiratórios e que estiveram nos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais no Japão, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Singapura, Vietnã, Tailândia e Camboja. Até então, apenas os que estiveram na China eram considerados casos suspeitos. A decisão foi motivada pelo aumento no número de novos casos fora da China e pelo início do Carnaval.
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JORNAL OPÇÃO
"Sem gestão, a Unimed quebra"
Presidente eleito da Unimed Goiânia, cardiologista afirma que vai cortar diretorias e adotar novos procedimentos para evitar falhas no pagamento a parceiros
Pela primeira vez em 24 anos, a presidência da Unimed Goiânia foi escolhida em meio a uma disputa eleitoral. E ela foi dura: o cardiologista Sérgio Baiocchi venceu o reumatologista Breno de Farias por uma diferença de apenas 37 votos (1.059 a 1.022).
O novo presidente fez uma campanha baseada no mote "Menos cooperativa, mais cooperado", que, segundo ele, atende anseios dos médicos captados em pesquisas qualitativas.
Nessa entrevista ao Jornal Opção, Baiocchi explica os motivos que o levaram a romper com o grupo que dominava a Unimed Goiânia há mais de duas décadas, comenta as recentes denúncias de favorecimento da cooperativa ao Ingoh e reitera algumas de suas metas para o mantado de quatro anos:
Rodrigo Hirose – O sr. fez parte, durante um bom tempo, do grupo que geriu a Unimed até aqui. Por que sentiu a necessidade de deixá-lo e disputar a eleição para a presidência da cooperativa?
Não é a primeira eleição na história da Unimed. Ela foi fundada em fevereiro de 1978 como uma cooperativa de trabalho médico. A remuneração [dos médicos] à época era muito aviltante. Por isso, um grupo de 20 ou 30 profissionais se reuniu para exigir condições para o atendimento, levando-se em conta o valor do atendimento e as condições de trabalho. A cooperativa cresceu ao longo do tempo.
A gestão continuou com os mesmos até 1996, quando o Paulo Garcia [ex-prefeito de Goiânia e ex-presidente da Unimed] formou um grupo, do qual fiz parte até há pouco tempo, e fez o mesmo movimento que fiz agora. Havia uma insatisfação com os rumos que a cooperativa estava tomando – e essa é uma palavra importante para eu explicar o contexto de agora.
Esse grupo passou a fazer parte do poder e se mantinha desde então. Em 2002, me uni a ele, no Conselho Fiscal. Em 2005, passei a integrar a diretoria. Fui diretor de Marketing por três anos e, a partir de 2008, unimos a Diretoria de Marketing à Diretoria de Marketing.
Quem está no marketing e no mercado tem contato com todos, a toda hora, conversando, ouvindo reclamações de clientes, buscando soluções. Entre o cliente e nós [a diretoria] estava o cooperado, que é o dono da cooperativa.
Em 2014, uma pesquisa qualitativa mostrou o descontentamento [dos cooperados] com algumas coisas. Ela mostrou que precisávamos enxugar a máquina, dar mais agilidade, trazer o cooperado mais para dentro. Levei essa pesquisa ao grupo, mas não foi dado muito ouvido. Então, houve um acordo em 2016 para que não houvesse eleição, com promessa de que as reivindicações fossem atendidas paulatinamente. Ao longo do tempo, vim cobrando, até que o processo entrou em grau de ebulição há três anos, quando o Sizenando [Campos Júnior], em tão presidente, foi para a presidência da Nacional e o Breno Faria assumiu aqui.
Vamos deixar bem claro: o Breno é um cara inteligentíssimo, fantástico, não há o que dizer dele. Mas a proposta continuou a mesma. Sem exagerar, ainda mais fechada e verticalizada. Tudo contra o que é o cooperativismo.
Estávamos chegando ao final de um novo ciclo sem nenhuma mudança. Comecei a ter algumas divergências inconciliáveis e o processo naturalmente eclodiu. E, como em qualquer processo de dissidência, chegou a um ponto sem volta.
Euler de França Belém – Em alguns Estados, como São Paulo, a Unimed sempre esteve em crise. Em Goiás, por que a cooperativa não vive essa crise? Ou ela foi camuflada?
Não temos e nunca tivemos [crise]. O cooperativo médico é dividido. Existem as cooperativas singulares [como a Unimed Goiânia], ligadas às federações – que têm um papel político-institucional, não são operadoras – e que, por sua vez, são ligadas à confederação, que é a Unimed Brasil.
As cooperativas singulares de Salvador, Brasília, São Paulo e algumas outras não entraram no mercado da forma devida. São Paulo é um Estado enorme, onde se perde a noção do cooperativismo, que só existe para defender uma causa social e financeira. Se o problema financeiro acaba, acaba o cooperativismo.
A Unimed de São Paulo capital não conseguiu
que o cooperativismo fosse incluído no DNA dos médicos. Assim como em Brasília, porque a maioria dos médicos são funcionários públicos que não dependem do seu dia a dia como médico. Em São Paulo já quebraram a Unimed São Paulo, a Unimed Paulista e a Unimed Paulistana. Foram três tentativas de ter uma cooperativa singular.
A Unimed do Brasil não tem uma operadora,
não vende planos de saúde. Mas tem um braço operadora, que é a Central Nacional Unimed, que não tem médicos cooperados, mas têm cooperativas singulares cooperadas. Essas singulares atendem clientes em Estados diferentes por intercooperação.
Rodrigo Hirose – Qual o tamanho da Unimed Goiânia?
Fechamos 2019 com 344 mil beneficiários e 2.777 médicos cooperados. Isso dá uma média de 8,5 médicos por 1.000 [beneficiários]. No Brasil, a média é de 2,18 médicos por 1.000 habitantes; Goiás tem 1,97 e Goiânia, 6,18. A média de médicos por beneficiário da Unimed Goiânia é quatro vezes maior que a média de médicos por habitante no Brasil.
Goiânia é a cereja do bolo na saúde do Brasil. Quem está olhando para cá não são apenas o Albert Einstein, que assumiu o Órion, ou o Sírio Libanês, que está em parceria com o Grupo Flamboyant. São grupos americanos, coreanos e chineses.
Euler de França Belém – O que isso significa?
Esse movimento começou com a Amil [operadora de planos de saúde] que, quando houve a abertura da participação de capital estrangeiro no mercado, teve parte vendida para a United Health, que é uma grande operadora norte-americana. Várias outras fizeram o mesmo caminho. O movimento mais recente foi a chegada da Hapvida.
Embora eles tenham um atendimento de qualidade, o negócio deles não é saúde. Eles movimentam dinheiro na bolsa de valores. Não digo que eles não prestam serviços de saúde, ao contrário.
Muitas dessas operadoras trabalham de forma verticalizada, são donas de hospitais e têm uma quantidade menor de profissionais. A Unimed não. Ela dispõe de uma rede grande de hospitais e de profissionais e o paciente é quem escolhe. Isso custa mais. Quem atende é o próprio dono. O cliente paga para ter isso. Essa estrutura mais a estrutura administrativa custam caro. Por isso, se não tiver gestão, [a Unimed] quebra.
Rodrigo Hirose – Por isso o mote de campanha foi "Menos cooperativa, mais cooperados"? O sr. vai diminuir diretorias?
Esse é nosso mantra. A cooperativa começou pequena e vendia apenas o serviço para outras empresas privadas. Ao longo do tempo, percebeu-se que era possível lançar o plano de saúde da própria Unimed, que permitia uma negociação melhor [entre os próprios médicos].
Isso foi feito, atingiu-se o sucesso e fomos bem geridos. Fiz e faço parte disso. Só que a cooperativa, essa que tem CNPJ e vende plano de saúde, está virando um monstro. A relação de funcionário para médico é de 0,78, cada três médicos tem dois funcionários para ele. A justificativa é que temos serviços próprios. Mas [a Unimed] Porto Alegre tem a mesma rede que nós e tem 0,16 funcionário por cooperado. Tem alguma coisa errada.
Para que isso fosse mantido por 24 anos, muitas coisas foram sendo acordadas. Muitos acordos foram sendo feitos para que quem estava na parte de cima da pirâmide pudesse se manter com os votos, porque quem vota são os médicos.
Antes da eleição de 2015, sugeri a diminuição de diretorias de 11 para 7, porque o cooperado está cansado, acha que somos perdulários. Mas ouvi de um cacique: "Nós não podemos, porque temos muitos acordos".
Um candidato [à presidência da Unimed] teve o apoio do presidente do CRM [Conselho Regional de Medicina de Goiás, o Cremego]. Por que o presidente de uma entidade que representa todos os médicos toma uma atitude dessas senão por um acordo? Porque, em contrapartida, os médicos da Unimed não têm inadimplência, porque ela paga o CRM para todos, sob o pretexto de que é a única coisa que o profissional precisa para trabalhar.
Rodrigo Hirose – O sr., portanto, vai diminuiu o número de diretorias?
Sim.
Euler de França Belém – E quanto isso significa de economia?
O problema não é esse. Não é isso que importa. A empresa fatura em torno de R$ 2 bilhões. Um diretor ganha R$ 36 mil brutos, ou R$ 432 mil por ano. Cada um custa 0,02% do faturamento. Se tirar cinco, representam 0,1% do faturamento por ano.
Não é isso. Mas é o exemplo. As modernas Unimeds – como Porto Alegre, Belo Horizonte e Fortaleza – têm uma agilidade maior.
Euler de França Belém – A rede própria da Unimed custa caro?
Ela é cara e custosa, mas necessária em alguns pontos. Na vacinação, por exemplo, a margem [de lucro] é muito baixa. Mas por que ela oferece a vacina a R$ 60 e não a R$ 80, como uma clínica oferece? Porque o paciente é minha responsabilidade, se pegar uma gripe ou uma pneumonia, vai custar muito mais que os R$ 60 da vacina.
Euler de França Belém – No Brasil sempre se fala em caixa-preta. Recentemente, alguns médicos denunciaram um suposto esquema com o Ingoh, em que haveria pagamentos indevidos mesmo passando pela auditoria. Na Unimed tem caixa-preta? Ela vai ser aberta?
Não sei se tem [caixa-preta]. Participo da diretoria e sei que há um processo judicial público em andamento, movido por um grupo de cooperados. Acompanhei isso desde a entrada até o momento em que o processo administrativo foi finalizado e o judicial continuou. Não tomei pé de tudo, mas essa é uma prioridade minha.
Se tem caixa-preta, sinceramente, do fundo do coração, eu não sei. Se tiver, fiz o compromisso com os cooperados e todas serão abertas.
Euler de França Belém – Mas havia favorecimento ao Ingoh?
Administrativamente foi mostrado que não havia, que houve um erro operacional, [que foi] corrigido e levado à normalidade. O resultado do processo administrativo foi de que houve um erro operacional sem prejuízo para nenhuma das partes e que foi reparado.
Isso não responde o processo judicial. Ele está em andamento e até onde sei está suspenso por determinação judicial.
Rodrigo Hirose – Houve mudança no corpo técnico na equipe responsável devido a esse erro operacional?
Houve, lógico. Quem comete um erro operacional é demitido por justa causa. Não é como quebrar um copo. Quem comete um erro desse tamanho é julgado e afastado de suas funções. Segundo o processo administrativo, não foi algo doloso.
"O que ocorreu no Ingoh é que ele estava sendo pago de forma errada, a mais que todos os outros. Administrativamente não se encontrou dolo, juridicamente ainda está sendo discutido." | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção
Rodrigo Hirose – Há algum plano para diminuir a possibilidade de que erros operacionais semelhantes se repitam?
A área que cuida disso é a Diretoria de Auditoria, que é dividida em duas. Atualmente a análise das contas de cada paciente é feita por um profissional treinado, um médico ou um enfermeiro. Ele avalia o diagnóstico, o que foi ministrado ao paciente, o tempo em que ele ficou no atendimento. Esse processo não é feito da forma ideal.
O que ocorreu no Ingoh é que ele estava sendo pago de forma errada, a mais que todos os outros. Administrativamente não se encontrou dolo, juridicamente ainda está sendo discutido.
Para acabar com isso, vamos adotar a Inteligência Artificial. Ela vai analisar tudo digitalmente, tudo trafegando online. O robô analisa padrões e aponta o que sai desses padrões. Essa informação chegará ao auditor, que pode confirmar a glosa. Se houver dúvida, ele entra em contato com o profissional para tirar dúvidas e depois disso aprova ou nega o pagamento.
Porém, todo sistema, robô ou Inteligência Artificial tem um humano por trás, fazendo a programação. Nossa programação será rígida, feita de forma transparente. Vamos colocar o portal da Transparência no Portal da Unimed até o fim do ano. Será possível saber quanto ganha cada um, quantos profissionais existem, qual a política de patrocínio cultural.
Rodrigo Hirose – O beneficiário terá acesso a essas informações?
Algumas, sim. Hoje é pública a informação sobre quanto ganha o presidente do STF [Supremo Tribunal Federal]? Se for, a nossa será também.
Euler de França Belém – A Unimed tinha uma dívida grande com a Prefeitura de Goiânia. Ela foi equacionada?
Totalmente. E não foi porque o Paulo Garcia [ex-prefeito de Goiânia] foi presidente da Unimed. Havia uma questão sobre o pagamento do ISS sobre uma base real ou uma base ampliada, não só em Goiânia, como em várias partes do Brasil, que foi resolvida por meio de decisão judicial – inicialmente em Campinas, o que gerou jurisprudência. Atualmente, o ISS está em dia.
Euler de França Belém – O que o sr. pretende para melhorar a situação do usuário?
Quem compra a Unimed, no íntimo está comprando atendimento de qualidade. O que isso quer dizer? Ter uma estrutura de profissionais, uma boa estrutura física, medicação, um stent, se precisar.
"O beneficiário é o patrão do cooperado" | Fernando Leite / Jornal Opção
O beneficiário é o patrão do cooperado. A partir do momento que o profissional sente que está trabalhando num lugar legal e está sendo bem remunerado, vai atender melhor, com mais simpatia.
É possível diminuir o custo da assistência (hospital, clínicas, exames, medicamentos, cirurgias, etc) e da máquina [administrativa], o que não pode é mexer na parte do médico, que representa 22% do que é pago pelo usuário.
Existe também o fornecimento de órteses e próteses. É possível fazer algo aqui. Um jogo de prótese para fazer uma hérnia de disco na coluna custa R$ 60 mil.
Temos o chamado conselho de especialidades, com representantes eleitos de cada especialidade. O conselho de administração vai sentar com eles e discutir alternativas para melhorar a remuneração. Um dos caminhos é diminuir o custo com as próteses é órteses.
Rodrigo Hirose – Como é possível diminuir esse custo?
Acertar com os especialistas a troca de fornecedor ou marca. Se os especialistas acreditarem nisso e aceitarem um prazo de seis meses para fazer o teste, com perspectiva de melhora de remuneração em três meses, vamos fechar nisso. Além de tirar o desperdício.
Euler de França Belém – A Unimed tem um trabalho preventivo com pacientes com diabetes, hipertensão, colesterol alto, obesidade e outras situações. O sr. pretende ampliar esse trabalho, já que a informação é fundamental para uma vida saudável?
A Unimed tem uma área chamada "Sinta-se bem". Ela é multidisciplinar e conta com psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, médicos de família, Unidomiciliar, e busca ativa.
Lógico que tudo isso tem de ser científico. Quais são os problemas que mais matam? Doenças cardiovasculares. Os maiores fatores de risco para um AVC [Acidente Vascular Cerebral] ou um infarto são a hipertensão, a diabetes, a obesidade e outros, que são coadjuvantes.
Dá e vamos ampliar [o trabalho preventivo]. Como exemplo, temos um programa que começou com 100 idosos, que é o grupo que mais gasta, e hoje temos mais de 3 mil. Os idosos recebem ligações, o atendente checa se ele está tomando os cuidados, tomando os medicamentos de forma correta. Tudo com respeito à privacidade do paciente.
Em relação à diabetes, estamos usando Inteligência Artificial. É um programa de um professor da UFG [Universidade Federal de Goiás] que analisa a base de dados dos 344 mil beneficiários, sem nomes – para preservar a privacidade -, e dá a previsibilidade de quem entre eles pode vir a desenvolver diabetes. Assim, faz-se uma busca ativa para incluí-lo em um grupo de prevenção. Hoje temos grupos de gestantes, de obesos, que chegam por meio da indicação do médico assistente. Hoje não temos vagas para novas gestantes.
O que propomos para o futuro é o uso de wearables (como relógios e pulseiras inteligentes) que dão os dados de frequência cardíaca, pressão arterial, glicose etc. O beneficiário que aderir pode, por exemplo, ganhar pontos [para obter descontos em compras] na Amazon.
Rodrigo Hirose – O sr. vai introduzir essa tecnologia na Unimed Goiânia?
Claro. Mas, antes, tenho de ter uma central robusta. Nosso grande desafio que enfrentaremos nesses quatro anos de mandato é ampliar o uso de tecnologia. A Unimed tem 18 sistemas. Não podemos passar de três ou quatro.
É um investimento extremamente alto, mas há retorno. Ao invés de o paciente estar todo dia no pronto-socorro, as informações estarão todas nesses equipamentos e a Unimed pode enviar um alerta para ele.
Rodrigo Hirose – Alguns médicos se queixam da remuneração. Como ela está hoje para os cooperados na Unimed?
A Unimed paga R$ 100 por consulta. No particular, a média é de R$ 400 e, no SUS, R$ 12. Não é possível comparar entre eles. A comparação tem de ser feita dentro do mercado de saúde suplementar. Existem pouquíssimas Unimeds que pagam acima de R$ 100.
Nos anos 1990, 50% do arrecadado pela Unimed Goiânia iam para o médico. Hoje, são 22%. Muito por culpa dos próprios médicos, que estão criando meios de ganhar de outras maneiras. Ainda assim, a Unimed Goiânia paga mais que o Ipasgo, que a Hapvida e a Amil, mas pagamos menos que um seguro saúde.
Euler de França Belém – Procede que há médicos que cobram uma taxa extra dos clientes?
Já recebemos algumas denúncias. Sempre que isso ocorre, temos dois diretores que cuidam dessa situação. Não sei nem se é ilegal, mas não é ético. Se resolvi atender por um plano, seja qual for, não posso cobrar.
Rodrigo Hirose – O mercado de seguro já é um concorrente significativo para os planos de saúde?
Ainda não. A diferença entre eles é que o plano de saúde é um pré-pagamento e tem uma rede de hospitais e médicos. O seguro não pode ter rede própria, ele compra os serviços dos hospitais.
A Agência Nacional de Saúde é que regula os planos. Os seguros têm um pezinho na ANS, mas quem os regula é a Susep [Superintendência de Seguros Privados]. É um produto, como todo seguro, que prevê reembolso e fala em prêmio.
Os seguros estão crescendo ultimamente porque os planos estão sendo muito achatados pela ANS. Ninguém está satisfeito. Quem paga acha que caro e não está tendo o atendimento que quer. O hospital acha que não está sendo bem remunerado – e não está mesmo.
E o médico, que está no meio disso, também não está satisfeito em receber R$ 100. Aí começa a atender muita gente, a produzir exames – às vezes para receber vantagens indevidas.
"Vamos ouvir as sugestões dos representantes de cada especialidade, discutir valores estudar com os técnicos para encontrar uma solução." | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção
Rodrigo Hirose – Por que o beneficiário não tem acesso tão farto a especialidades como psiquiatria e pediatria pelo plano de saúde? A remuneração não é boa o suficiente? A nova gestão tem alguma política para melhorá-la?
Na psiquiatria, geriatria, endocrinologia e pediatria a dinâmica da consulta é diferente do que ocorre na dermatologia, oftalmologia, ortopedia e outras especialidades, por exemplo. Enquanto alguns especialistas atendem três pacientes por hora, outros atendem dez. Como o mercado é regido por planos e seguros de saúde, as pessoas querem fazer o que vai sustentá-las. A pediatria, em vários lugares, teve mais vagas para residência que candidatos.
Na pediatria, por exemplo, fazemos o PPG [Procedimentos Pediátricos], que é a puericultura. Assim, ao invés de pagar só após os 21 dias, são pagos vários retornos. Isso pode ser feito com os outros especialistas. O psiquiatra não pode passar uma hora com o paciente no consultório e receber R$ 100.
Por isso vamos ouvir as sugestões dos representantes de cada especialidade, discutir valores estudar com os técnicos para encontrar uma solução.
Rodrigo Hirose – Muita gente reclama que, ao tentar marcar uma consulta pelo plano de saúde, o agendamento é para vários dias depois. No caso de consulta particular, consegue marcar com o mesmo profissional quase que imediatamente. Os médicos podem estipular cotas para atendimento a pacientes com plano de saúde?
Não. O médico é um profissional liberal. Ao cooperar, ele estipula o horário que vai atender pela Unimed. Nesse horário ele não pode priorizar o particular em detrimento do plano. Isso é uma questão mais ética. O que o estatuto estipula é que não pode haver diferenciação de tratamento nem cobrança extra do paciente que tem Unimed. A regra é clara.
Quando as pessoas são denunciadas, são ouvidas. Se não houver interesse em atender pela Unimed, dentro dos critérios, ela deve deixar.
"Vamos avaliar o custo, a eficiência e a viabilidade de todos os serviços" | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção
Rodrigo Hirose – Existem planos para ampliar a rede própria de atendimento?
Nesse momento, nenhum. Temos dois laboratórios para inaugurar, uma na Avenida Milão, outro no Setor Marista. Temos o Centro de Diagnóstico.
O que vamos fazer é avaliar o custo, a eficiência e a viabilidade de todos esses serviços. Em 100 dias temos de ter esse diagnóstico, se não forem viáveis, não podemos continuar sangrando. Por quanto tempo vamos tratar um pé gangrenado? Se em dois ou três dias não tiver resolvido, tem de ser amputado, senão ele te mata. É melhor ficar com só um pé e usar uma prótese do que morrer.
Não sabemos da realidade [da Unimed].
Euler de França Belém – O Dráuzio Varella [médico oncologista e escritor] foi à Amazônia e pegou febre amarela. Perguntado o motivo, ele disse que é porque os médicos são pacientes difíceis. Os médicos são mesmo pacientes difíceis?
O conhecimento nos leva a achar que estamos acima de algumas coisas. Os médicos acham que estão imunes, que sabem tudo. Talvez seja prepotência. Mas a maior explicação, com a experiência de 33 anos de formado, é que somos humanos. Não somos médicos o tempo todo. Fumamos, engordamos, esquecemos de nos proteger adequadamente do frio e da chuva.
Euler de França Belém – Seria importante a Prefeitura de Goiânia ter um hospital municipal?
Tem de ser feito um estudo de viabilidade muito grande. O custo maior é o de manutenção. Existe uma rede grande [de hospitais em Goiânia]. Enquanto a Unimed tem 344 mil pessoas para atender, o IMAS [Instituto Municipal de Assistência Social] deve ter algo entre 50 mil a 80 mil pessoas. Muito melhor é fazer um bom acordo com os hospitais existentes.
Euler de França Belém – Qual será o impacto do novo Hospital das Clínicas da UFG em Goiânia?
O impacto será total. Os médicos e enfermeiras vão trabalhar felizes, em um lugar novo e bonito, com todas as ferramentas para tratar os pacientes. E o paciente se sentirá bem. Dei aula no Hospital das Clínicas de 1991 até 2016, como professor convidado e concursado. Também me formei lá.
A nova estrutura é de excelência. Vai agregar demais à cidade e à universidade, em termos de produção científica e de ter um lugar para internar as pessoas. A vida da cidade vai ser muito influenciada positivamente com esses 600 leitos. Não tenho dúvida alguma.
"Se for uma coisa justa para o governo, para a OS e para a população, não há problema" | Foto: Divulgação
Euler de França Belém – Como o sr. avalia o trabalho das Organizações Sociais nos hospitais do Estado? O custo-benefício é bom?
Existem alguns maus necessários. O que nós produzimos vai para o governo, que tem de trazer de volta saúde, educação, segurança etc. Às vezes os governos têm boas intenções e tem bons técnicos. Mas são tantas facetas na gestão de um grande hospital, como o Hugo e o Hugol, que são geridos por Organizações Sociais, que acaba havendo um desperdício muito grande e uma gestão que não tem a qualidade necessária.
Não só por desqualificação, mas por tantos vieses, sejam políticos, operacionais ou de processos. A gestão governamental tem de abrir licitação para comprar um esparadrapo. Caso o hospital perca cinco funcionários, é preciso de um concurso para substituí-los.
Quando há uma organização social, teoricamente se eliminam esses vieses. A organização coloca em contrato o número de contratações, as metas de atendimento e outras questões. O grande erro das OS está nessa assinatura. Se for uma coisa justa para o governo, para a OS e para a população, não há problema [no modelo].
Euler de França Belém – O SUS [Sistema Único de Saúde] é uma experiência bem sucedida, apesar de muitas críticas. Mas é preciso melhorar. Como fazer isso? É uma questão de gestão?
Sim. Gestão, gestão, gestão. Não diria que o SUS é uma experiência bem sucedida, de sucesso. Ele é perfeitamente concebido. Não há sistema mais bonito, justo e pronto para o sucesso do que o SUS, que mistura os sistemas canadense, britânico e várias experiências.
O cerne é a distribuição de várias UBS [Unidades Básicas de Saúde], o paciente não chega com febre no Hugo pedindo atendimento. O SUS conseguiu hierarquizar o atendimento. Mas onde falta a gestão? É muito mais fácil ter a autorização para uma cirurgia cardíaca que uma para varizes, que pode provocar uma embolia. E não é pela gravidade. É que o alto custo funciona muito bem, mas o baixo custo nem tanto.
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