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DESTAQUES
• Ministério Público continua investigações de fraude no SAMU
• Samu: Colegas pagam por erro alheio
• Credeq abre as portas para caso extremo
• Fraude nas UTIs – “Não estamos surpresos. Estamos envergonhados”, diz enfermeiro do Samu
TV SERRA DOURADA
Ministério Público continua investigações de fraude no SAMU
https://www.youtube.com/watch?v=ChPnTEmkauY
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O POPULAR
Samu: Colegas pagam por erro alheio
Profissionais do serviço de urgência relatam piadinhas e questionamentos devido à investigação que envolve servidores na operação do MP sobre pagamento de propinas
Ambulâncias no estacionamento da sede do Samu, no Jardim Goiás
Galtiery Rodrigues
Os servidores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Goiânia não estão livres de piadas e questionamentos da população nem na fila do supermercado. Depois que os fatos investigados pela Operação S.O.S. Samu, deflagrada pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), na terça-feira, vieram à tona, os enfermeiros, técnicos, condutores socorristas e médicos do Samu têm sido alvos de piadinhas e retaliações nas ruas da capital.
A preocupação dos servidores é que o ato cometido por um grupo específico e pequeno coloque em dúvida o trabalho realizado pelos demais.
Nos corredores da sede do Samu, no Jardim Goiás, o clima de chateação é evidente. A reportagem do POPULAR esteve no local ontem à tarde e conversou com alguns servidores. Um deles, um condutor socorrista, havia acabado de chegar de um supermercado próximo e, por estar uniformizado, acabou sendo identificado. Ele disse ter ouvido de um homem, enquanto esperava na fila para pagar, a ironia de que “no Samu, o pessoal está ganhando até R$ 15 mil em propina.”
Presidente da Associação dos Servidores do Samu de Goiás (Asesgo), Judson Kennedy Gomes diz já ter recebido alguns relatos de situações semelhantes. “É até natural a população fazer esse tipo de retaliação, mas é preciso lembrar que a instituição tem um peso diferenciado. Não se pode generalizar”, pondera. O Samu de Goiânia tem um quadro composto por 380 servidores e a investigação do MP apura atos cometidos por cerca de 18.
As piadas e os questionamentos chegaram a acontecer até mesmo nos Centros de Atendimento Integral à Saúde (Cais). Servidores disseram ter de responder perguntas irônicas de funcionários sobre quanto cada um estava recebendo em propina. Além disso, na rua, à medida que a ambulância passava pelos carros, algumas pessoas gritavam e assoviavam.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde do Estado de Goiás (Sindisaúde), Flaviana Alves Babosa, considera que em todo processo, como esse, que envolve o nome da instituição e de trabalhadores acaba que, de certa forma, todo mundo é incluído.
Paulo Garcia: “Não abala o Samu como um todo”
Prefeito fala sobre a descoberta do esquema envolvendo funcionários do Samu e o que pretende fazer a respeito
A Prefeitura poderia ter prevenido as fraudes nas UTIs?
Para nós, é muito difícil detectar o tipo de situação que vem sendo investigada pelo Ministério Público ou aquele tipo de processo estruturado pelos envolvidos, porque são pacientes que tinham algum tipo de plano de saúde ou atendimento privado. Não são pacientes que passam pela regulação, necessariamente, ou que são encaminhados para SUS. Eles não são nem detectados.
Mas o paciente grave, tendo ou não plano de saúde, deve passar pela regulação, não?
Pelo o que eu estou vendo e acompanhando, os pacientes eram omitidos. Para você conseguir chegar a dados concretos como os levantados pelo Ministério Público, você precisa de uma operação grande mesmo. Só o MP tem capacidade de investigar da maneira como foi realizada.
Quais serão as medidas tomadas pela Prefeitura?
Determinei o afastamento de todos os possíveis envolvidos e a abertura de uma sindicância interna. Cabe a nós agora aguardar o fim das investigações. E até pensei, também, ao ouvir tudo, em propor ao secretário a criação de um mecanismo de controle e regramento dentro das ambulâncias, porque a omissão desse tipo de paciente pode gerar problemas como esse.
Como você avalia a imagem do Samu após esse episódio?
Acho, sinceramente, que não abala o Samu como um todo. Isso não interfere na solidez e no serviço do Samu. O que aconteceu era praticado por um grupo específico e pequeno. Sem dúvida, ao leigo que vê essas notícias todas acaba suscitando dúvidas mesmo.
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Credeq abre as portas para caso extremo
Unidade em Aparecida começa a funcionar para atender usuário adulto que já tentou outras saídas
Após três anos em obra, será inaugurado hoje, em Aparecida de Goiânia, o Centro de Recuperação de Dependentes Químicos (Credeq) Jamil Issy. O Credeq iniciará as atividades com um terço da capacidade e vai atender, a partir de amanhã, homens que esgotaram, sem sucesso, diversas tentativas de se livrar do vício em álcool e outras drogas. O atendimento ocorrerá apenas via sistema regulador.
“O Credeq é a última instância. É para o paciente que faz acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), mas está tendo problemas, resistência ao tratamento, é reincidente, rompeu os laços com a família ou está em exclusão social”, diz o superintendente executivo da SES, Halim Antonio Girade.
Quando estiver operando com 100% da capacidade, o Credeq terá 96 leitos. O secretário estadual de Saúde, Leonardo Vilela, diz que os leitos estarão todos ocupados até o final do ano. “A unidade está sendo inaugurada com tudo pronto e esse aumento gradativo vai se dar em função desse entrosamento da equipe, da familiarização do trabalho.
Nesta primeira etapa, iniciará os trabalhos apenas com a ala masculina adulta. São 30 leitos, sendo 6 para desintoxicação e 24 para internação. Na implantação das etapas seguintes, o projeto prevê o atendimento de mulheres, adolescentes e crianças.
“Apenas homens adultos poderão ser encaminhados para a unidade nesta etapa inicial”, explica a gerente saúde mental da SES, Nathália dos Santos Silva
O atendimento no Credeq se dará de forma regulada. Isso quer dizer que quem bater na porta de forma espontânea não será atendido. “Só atenderemos pessoas enviadas pelos centros especializados em álcool e drogas (CAPs-AD), via Central de Regulação Estadual”, frisa Nathália.
A gerente de saúde mental explica que usuários e dependentes químicos com surtos psicóticos não serão encaminhados para o local. Nesse caso, o destino será um hospital de urgência e emergência.
Atenção psicossocial
Para Nathália, o Credeq poderá provocar a implantação da rede de atenção psicossocial nos municípios, o que a gerente vê como positivo. “O uso problemático de droga evidencia um problema maior na vida da pessoa, que pode ser social, psicológico, familiar e até mesmo econômico. Uma unidade, sozinha, não dá conta de dar respostas eficientes à complexidade da questão.”
A unidade em Aparecida de Goiânia é a primeira das cinco prometidas pelo governo de Goiás. O Credeq fica na Avenida Copacabana, sem número, Setor Expansul, em Aparecida de Goiânia.
Paciente deve antes passar pelo Caps
Gabriela Lima e Vandré Abreu
A Secretaria Municipal de Saúde informou, por meio da assessoria, que está sendo discutido o protocolo de regulação das vagas com o Estado. Ainda não foi definido por parte dos Caps como será a indicação dos pacientes. Existem em Goiânia três Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD). A política nacional de tratamento de dependentes defende que se deve utilizar a internação de pacientes como último recurso, apenas em casos extremos.
A coordenadora do Caps AD de Aparecida de Goiânia, Luzana Eva Ferreira Lopes, explica que os servidores não podem induzir os pacientes à internação. A opção deve ser exclusivamente manifestada pelo paciente. Já em Caldas Novas e Senador Canedo, as responsáveis pelas unidades ainda não estavam informadas sobre a data de inauguração do Credeq.
O tratamento via Caps AD é a única maneira de se chegar ao Credeq, já que o paciente deve ter passado pelos métodos chamados de tradicionais, que são oferecidos nas unidades municipais, sem internação. O tempo estipulado como limite para levar à internação é de pelo menos seis meses sem resultados práticos.
O prazo, no entanto, é relativo. A coordenadora em Caldas Novas, Gizélia Custódio, explica que há variação para cada paciente. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, serão aceitas apenas as internações voluntárias.
Nenhum dos onze Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas de Goiás recebeu pedidos de pacientes por enquanto para internação e tratamento no Credeq. Para que os dependentes sejam encaminhados ao Centro de Referência, eles próprios devem manifestar seu desejo por internação durante o tratamento que recebem previamente no Caps AD.
Leonardo Vilela: “Métodos atuais têm deficiências”
Secretário estadual de Saúde, Leonardo Vilela é médico e acredita que há muita divergência na psiquiatria e tratamento de dependência química. Para ele, o Credeq é um método inovador para o qual é preciso aguardar os resultados antes de criticar.
Quem poderá receber atendimento no Credeq?
A porta de entrada será nos CAPs AD. Onde não tiver, nos CAPs normais. E onde não tiver nenhum dos dois, pelas UBSs. Ou seja, o Credeq é regulado para pacientes onde os métodos tradicionais de tratamento de drogas e de álcool não deram certo.
Nesse primeiro momento são 30 vagas de internação. Quando o Credeq vai operar 100%?
Nossa expectativa é que até o final do ano a gente esteja operando em plena capacidade. É importante notar que a unidade está sendo inaugurada com tudo pronto, com as equipes todas formadas e esse aumento gradativo vai se dar em função desse entrosamento da equipe, da familiarização do trabalho.
A licitação para a operação do Credeq foi vencida pela entidade Luz da Vida. O tratamento para a recuperação dos pacientes terá um viés religioso?
Todos sabem que a Luz da Vida é uma entidade católica, mas lá o que eles vão fazer não tem nada a ver com religião. Lá tem um espaço para a religião católica, outro para a evangélica e outro para os espíritas. Lá não se olha religião e não se prega religião. Em relação ao Credeq, há muito desconhecimento e isso vai diminuindo quando as pessoas começarem a conhecer. Ao invés de fazermos críticas, é hora de esperarmos os resultados e aguardarmos os resultados. Temos de procurar uma alternativa aos modelos atuais, que têm falhas e deficiências.
Como será a fiscalização aos Credeqs?
Temos dois tipos de auditorias bem definidas. Uma será contábil e financeira, que vai verificar os custos e os gastos, e outra médica, que audita o tratamento. Nossa expectativa é que nessa auditagem seja efetivamente feito tudo isso. Lógico que vamos acompanhar os contratos, os tratamentos, vai ter pessoal nosso lá todo dia, toda semana, conversando com pacientes, olhando os prontuários médicos e acompanhando esse trabalho. Temos um contrato de gestão em que as metas são muito claras e vamos vigiar e cobrar o cumprimento.
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JORNAL OPÇÃO
Fraude nas UTIs
“Não estamos surpresos. Estamos envergonhados”, diz enfermeiro do Samu
Por Alexandre Parrode
Profissional relata que desconfiança existia entre servidores, mas, como direcionamento de pacientes é de competência exclusiva da regulação, pouco podiam fazer
Desde que o Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou uma operação para investigar um suposto esquema envolvendo médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, donos de UTIs e hospitais e até bombeiros da capital, a vida de servidores do Samu virou de ponta cabeça.
Isso porque mais de uma dezena de servidores do órgão foi presa, todos acusados de se beneficiar do conluio que direcionava pacientes atendidos pelo Atendimento de Urgência, que possuíssem planos de saúde, a determinadas Unidades de Terapia Intensiva, fraudando a respectiva regulação do acesso aos leitos de UTI.
As acusações do MPGO são tão graves que envolvem até encaminhamentos desnecessários de pacientes — ou seja, pacientes atendidos pelo Samu que não demandavam internação em unidade de terapia intensiva eram desnecessariamente internados.
Para simular a gravidade do estado de saúde desses pacientes, os envolvidos no esquema chegavam a usar o método de ‘rebaixamento artificial de consciência do paciente’, obtida com a aplicação de medicamentos de efeito sedativo, para poder mantê-lo na UTI de hospitais particulares.
Na tarde desta quarta-feira (22/6), o Jornal Opção se encontrou com alguns servidores do Samu de Goiânia para tentar entender como funcionava o esquema e, principalmente, qual a abrangência dentro da instituição. Todos eles preferiram não se identificar por razões óbvias: receio de que haja retaliação superior.
Um enfermeiro fez questão de ressaltar que não tem notícia de nenhum colega de profissão envolvido. Segundo ele, se havia algum tipo de direcionamento, era a partir das Unidades de Suporte Básico (USB), que fazem atendimentos gerais. Essas ambulâncias são compostas apenas por técnicos em enfermagem e motorista — que são a maior parte dos presos na operação.
“Nas Unidades de Suporte Avançado (USA), atendemos os casos mais críticos, que, por vezes, nem chegam a ir para os hospitais. Quando conseguimos reanimar o paciente, solicitamos ao departamento de regulação uma vaga em alguma UTI. Não decidimos nada”, explicou.
De fato, todos insistiram em um ponto: o “x” da questão está na regulação. É neste setor que médicos responsáveis avaliam no sistema quais hospitais têm vagas em suas UTIs para que o encaminhamento seja feito ao mais próximo. A fraude, segundo o MPGO, estaria justamente aí. O critério passava a ser quais eram os hospitais e UTIs “aliados” para que o paciente fosse enviado para lá.
“Como não temos nenhum acesso à relação, apenas cumprimos as ordens. Mas, estamos sempre ligados nos rádios e é claro que desconfiamos de algo. Direcionamentos para determinados hospitais, sempre os mesmos…”, complementou.
O enfermeiro citou um caso específico, de um hospital que foi alvo de busca e apreensão, tendo seu diretor sido preso na operação. “Não é uma surpresa para nós. Tínhamos suspeitas que isso acontecia, mas nunca passou pela nossa cabeça que colegas estivessem envolvidos diretamente”, lamentou.
Questionado pela reportagem se a suspeita de direcionamento era recorrente, por que ninguém havia denunciado nada ou procurado algum superior até então, ele explica que era uma questão de hierarquia: “Quem vai criar problema com o chefe, que poderia estar envolvido, diga-se de passagem.”
Não obstante, ele cita a rotina pesada de enfermeiros que, muitas vezes, têm até quatro empregos. “Não adianta, as pessoas acabam sendo omissas porque há outras preocupações”, sustentou e completou visivelmente abatido: “Não estamos surpresos. Estamos envergonhados. ”
Foi ventilada, mais de uma vez, a possibilidade de alguns servidores, em especial os motoristas das ambulâncias, terem sido ameaçados a aceitar o esquema. “Ou eram pagos como parte, ou para ficarem calados”, elucubrou. Contudo, o MPGO não divulgou nada neste sentido. As investigações correm em segredo de Justiça.
“Ou paga ou fecha as portas”, diz médico sobre esquema das UTIs
Médico coordenador de UTI de um hospital particular de Goiânia afirma que a relação ilícita entre hospitais particulares e Samu é prática comum na capital
O esquema de fraude envolvendo funcionários do Samu responsáveis pelo encaminhamento de pacientes conveniados a planos de saúde a determinadas UTIs de hospitais particulares em Goiânia indignou muita gente, mas, aparentemente, para quem é do ramo, a existência do pagamento de propina não é novidade.
O Jornal Opção conversou na manhã desta quarta-feira (22/6) com um médico coordenador de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital particular de Goiânia. Apesar de negar saber de qualquer irregularidade dentro da empresa em que trabalha, ele afirma que, no geral, todo mundo sabe que acontece. “Em Goiânia existem os feudos, todo mundo sabe disso. Principalmente para os hospitais menores, que não são referência na cidade, muitas vezes o administrador tem duas opções: ou paga para ter pacientes ou fecha as portas”.
“Quando digo que aqui não tem esquema com funcionários do Samu, eu falo por mim e também porque não fomos procurados por ninguém para prestar esclarecimentos. Mas no geral, quem é da área sabe que a prática é muito comum”.
Segundo investigações da operação S.O.S. Samu, deflagrada na última terça-feira (21/6) pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Goiânia tinham um acordo com médicos e administradores responsáveis por UTIs terceirizadas e de hospitais particulares para fazer o encaminhamento de pacientes que tivessem vínculo com planos de saúde, mediante pagamento de propina.
Dentro do esquema, eram considerados pacientes “mais valiosos” aqueles que tinha um plano de saúde melhor, que paga mais ao hospital, ou pacientes em pior estado de saúde, uma vez que necessitam de mais equipamentos e medicamentos e também tem probabilidade de ficarem mais tempo na Unidade.
A lista das 24 pessoas que tiveram prisão temporária decretada, publicada com exclusividade pelo Jornal Opção, mostra que a maioria dos investigados são funcionários do Samu. Segundo o coordenador entrevistado pelo jornal, o esquema é ainda mais endêmico dentro da instituição. “Não são todos os funcionários do Samu [que recebem propina]. Só 99%”, ironizou. “A informação que chegou a mim é de que a funcionária que fez a denúncia só o fez porque ela havia sido transferida para trabalhar em um Cais, onde seria muito mais difícil conseguir pacientes para entrar no esquema”, disse o médico que comparou o caso com escândalos de corrupção na política. “Só denuncia quem estava no esquema e, por algum motivo, não está mais”.
Ainda sobre o esquema, o coordenador de UTI lembrou de uma outra investigação do MP-GO, que em 2008 desvendou o pagamento de propina para o encaminhamento de pacientes com plano de saúde que estivessem internados no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). “É a mesma história. Todos estão indignados porque essa é a bola da vez. Acontece que o sistema é assim e quando essa história esfriar, tudo vai voltar a ser como era ou o sistema vai se adaptar. Mas duvido muito que acabe”.
Um dos envolvidos na operação deflagrada esta semana, o médico Rafael Haddad, preso na última terça-feira (22/6) pela operação S.O.S. Samu, também esteve envolvido no esquema investigado em 2008.
Motorista do Samu diz ser comum pagamento de propina por UTIs de Goiânia
Condutor socorrista contou ao Jornal Opção detalhes de seu depoimento ao Ministério Público durante investigações da operação SOS Samu
F. tem 41 anos e há 7 trabalha como condutor socorrista do Samu. Em fevereiro deste ano, foi intimado a depor no Ministério Público de Goiás para prestar esclarecimentos sobre a existência de um esquema de propina com participação da corporação.
Aos promotores de Justiça, ele informou que já tinha ouvido falar sobre o concluio, mas nunca havia recebido qualquer vantagem indevida para encaminhar de forma irregular pacientes com planos de saúde a determinadas Unidades de Terapia Intensiva da capital.
Disse também que tinha conhecimento que as propinas, que conforme soube variavam de 400 a mil reais, eram pagas por pessoas ligadas às UTIs a uma “terceira pessoa”, que, por sua vez, as repassavam aos servidores do Samu.
Também confirmou que já teria ouvido relatos que davam conta que técnicos de enfermagem da corporação chegaram a rebaixar o nível de consciência de um paciente para que o mesmo fosse encaminhado à UTI. O profissional ressalvou, no entanto, que não poderia acreditar que a prática de fato ocorresse e fez questão de frisar que jamais demonstrou ser conivente perante as suspeitas.
Os detalhes do depoimento de F. foram passados à reportagem pelo próprio motorista, que contou, em entrevista ao Jornal Opção, nesta terça-feira (22/6), que a corporação vivencia um clima de decepção, desde que a operação “SOS Samu” foi deflagrada pelo MPGO.
“Eu conheço todos as pessoas que foram presas. A gente ouvia falar, e era tudo escondido. Ficamos muito surpresos. Têm pessoas boas que se envolveram nisso por bobeira”, alegou o profissional.
F. também disse à reportagem que a prática é comum em diversas UTIs da capital, e a existência de propinas para direcionar pacientes não é exclusividade do Samu. “Isso não é de hoje e não é só o Samu. Os Bombeiros também fazem. Todo mundo faz. É um câncer movido por dinheiro que torço para acabar”, disse.
O condutor também lamentou a divulgação de informações possivelmente equivocadas pela imprensa, desmentindo que o esquema ilícito poderia ter tirado vagas de UTI de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). “Isso não existe. Essas vagas são reguladas pela prefeitura e não tem como o Samu levar direto e retirar vagas de pacientes do SUS colocando os pacientes conveniados. A quantidade de cada já é definida”, explicou.
Por fim, o condutor socorrista afirma que vem sendo hostilizado nas ruas e que toda a categoria está pagando o preço pelas irregularidades investigadas. “Está todo mundo pagando. A população e a imprensa estão ficando contra a gente. Infelizmente, ocorreram essas coisas e cabe ao Ministério Público investigar”, finaliza.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação