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DESTAQUES
Pandemia e alta do dólar empurram cerca de 50 mil para fila de cirurgia cardíaca no SUS
ANS avança em programa para monitorar hospitais
Políticos e cientistas repudiam fake news de Bolsonaro que relaciona vacinação ao desenvolvimento de HIV
Como o caso Prevent Senior muda o futuro dos planos de saúde
FOLHA DE S.PAULO
Pandemia e alta do dólar empurram cerca de 50 mil para fila de cirurgia cardíaca no SUS
Insumos ficaram mais caros, com valores muito acima dos que o governo federal repassa aos hospitais
Raquel Lopes
A pandemia da Covid-19 e a alta do dólar travaram ainda mais as cirurgias cardíacas no SUS. O problema da escassez de recursos para procedimentos eletivos é crônico, mas agora piorou.
Entidades médicas e gestores de hospitais relatam que estão suspendendo operações por não conseguirem comprar insumos como válvulas, cânulas e oxigenadores. A SBCCV (Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular) estima que cerca de 50 mil pessoas aguardam na fila por operações desse tipo, e o número de atendimentos cai a cada ano.
Com a disparada da moeda americana, insumos ficaram mais caros, alcançando valores muito acima do que o governo federal repassa aos hospitais.
Por conta disso, há estados com cirurgias paradas, como Goiás. Outros decidiram destinar recursos próprios para conseguir manter a realização dos procedimentos.
A situação é mais crítica nas cirurgias cardiovasculares com circulação extracorpórea. São cirurgias cardíacas de alta complexidade em que o médico precisa abrir o peito do paciente.
Em 2020, foram realizadas 31.931 cirurgias desse tipo, 22,9% a menos que em 2019, segundo dados do Ministério da Saúde organizados pela SBCCV.
O Ministério da Saúde afirma que cabe aos estados e municípios gerenciarem as listas de espera. Informa ainda que faz estudos para avaliar possível reajuste nos valores repassados para esses procedimentos.
Eduardo Rocha, presidente da SBCCV, diz que essa fila foi criada por dois motivos. O primeiro é a pandemia que fez represar cirurgias de alta complexidade. Com a falta de leitos de UTI e vagas em hospitais, elas tiveram que ser suspensas.
“Em vez de abrir o peito do doente na pandemia, a gente optou por fazer procedimentos menos invasivos, que a longo prazo são piores. Fizemos isso para conseguir manter os doentes vivos e não gastar muito tempo de internação e UTI”, afirma.
Outra razão é a falta de produtos para que essas cirurgias sejam realizadas. Há fornecedores que não querem vender para o SUS por conta do valor de tabela pago. Hospitais de nove estados já relataram problemas para a SBCCV.
A “tabela SUS”, que registra o valor pago pelo governo federal para diversos procedimentos no SUS, está defasada. Para cirurgias cardiovasculares com circulação extracorpórea, que exigem válvulas, cânulas, oxigenadores, não há reajuste desde 2002.
Em 2021, com a alta do dólar e inflação, a situação ficou insustentável, segundo gestores do SUS e entidades médicas.
Paulo Fraccaro, superintendente da Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos), diz que, das cinco empresas que fornecem esses produtos para o SUS, três deixaram de ofertar. Ele afirma que está em contato com o Ministério da Saúde para tentar resolver o problema.
“Com a pandemia diminuindo, o número de cirurgias que utilizam válvulas e oxigenadores está aumentando, e a demanda por insumos, também. As empresas não têm condição de atender essa demanda porque senão o prejuízo vai aumentar. Aumentou o preço da matéria-prima, energia elétrica, aumento de salários e aqueles que trabalham com produtos importados, o aumento do dólar”, diz.
O caminhoneiro Geso Garcez Bueno, de 52 anos, espera há quatro meses na fila em Anápolis (GO) para realizar a cirurgia de revascularização do miocárdio. Ele sofreu dois infartos que o impossibilitaram, inclusive, de trabalhar.
Após ficar sem resposta dos órgãos públicos sobre a data da cirurgia, Bueno buscou a Justiça, que deu ordem para a operação ser feita em até 15 dias.
“O laudo médico diz que eu sofro risco de vida e mesmo assim não marcam a cirurgia, acho que é Deus que ainda está me mantendo vivo. Toda vez que vou à prefeitura da cidade dizem que o SUS não está tendo insumo e não possuem dinheiro para cobrir a cirurgia”, lamenta.
A presidente da Braile Biomédica, Patrícia Braile, avalia que está cada dia mais difícil o fornecimento dos produtos para a realização de cirurgias cardíacas no SUS. Ela explica que um kit usado em cirurgia com circulação extracorpórea é tabelado por R$ 1.581,63 pelo SUS desde 2002, ou seja, está há 19 anos sem reajuste.
“Há risco de desabastecimento. Muitos insumos e matérias-primas são importados dos Estados Unidos e Europa e os valores são em euro e em dólar, o que eleva muito os custos”, constata.
?Bruno Botelho Pinheiro, cirurgião cardiovascular e membro titular da SBCCV, diz que em Goiás as cirurgias cardiovasculares realizadas pelo SUS foram reduzidas por falta de insumos. Alguns hospitais chegaram a pagar a diferença para que pudessem continuar as operações. Mas cada local está lidando de uma maneira.
“Em Anápolis está totalmente parado desde 30 de março, apesar de 70 já estarem autorizadas. Já alguns hospitais de Goiânia estão complementando o valor em casos mais complexos”, conta.
A CMB (Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas) alerta o Ministério da Saúde em junho sobre dificuldades para realizar as cirurgias.
No documento, a entidade aponta que reajustes feitos pela indústria aumentam a diferença entre o valor pago pelo governo federal e o registrado nas licitações dos insumos.
Diretor-executivo do hospital filantrópico Bruno Born, de Lajeado (RS), Cristiano Dickel afirma que teve de pedir ajuda ao município e até enviou pacientes a outras unidades por causa do aumento dos custos nas últimas semanas.
Como exemplo, Dickel cita que o governo envia R$ 1.500 para a compra de válvulas biológicas, mas o custo do produto alcança R$ 3.700. A unidade de Lajeado é referência na região, e atende a pacientes de 37 cidades. “O aumento começou no último mês. E fornecedores dizem que o problema irá se agravar.”
A cirurgiã cardiovascular Silvana Berwanger, da Santa Casa de Ijuí (RS), afirma que é inédito interromper cirurgias por falta de opção de insumos. A unidade em que ela trabalha cancelou as operações eletivas, e mantém reservado um kit de válvulas biológicas para cirurgias de emergência.
Procurado, o Ministério da Saúde disse, em nota, que na tabela SUS constam cinco procedimentos especiais relacionados ao material em questão, cujo custeio é financiado com recursos da pasta.
Entretanto, é de responsabilidade do gestor local o planejamento e gerenciamento dos repasses federais, e do estabelecimento de saúde, a aquisição e gestão das próteses e materiais, afirmou o ministério.
“A prótese valvular biológica teve o valor na tabela do SUS reajustado em 63%, em 2017. Para obter subsídios adicionais e complementares, considerando o alto grau de complexidade da situação, o Ministério da Saúde realiza estudo econômico para avaliar possível reajuste dos valores pagos pela União para as próteses e para os conjuntos de circulação extracorpórea”, informou em nota.
O governo de Goiás afirmou, em nota, que as unidades que realizam cirurgias cardíacas de alta complexidade são localizadas em Goiânia. O encaminhamento é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. As prefeituras de Goiânia e Anápolis não responderam aos questionamentos da reportagem.
O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) disse, em nota, que tem apresentado ao ministério e nas discussões com gestores do SUS “preocupação com o represamento das cirurgias eletivas, especialmente por causa da pandemia da Covid-19”.
“A mortalidade e a morbidade por doenças cardiovasculares exigem que as ações integradas ocorram com celeridade”, avaliou a entidade.
Para Diego Xavier, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz, além de avaliar queda de 22% em parte das cirurgias cardíacas, é importante observar se houve excesso de morte na pandemia por problemas cardiovasculares.
“Agora que vamos retomar temos o passivo que ficou para trás e as demandas atuais. Muita gente vai acabar tendo problema porque se houver menos procedimento, mais gente vai morrer por não ter sido socorrido a tempo”, conclui.
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O GLOBO
ANS avança em programa para monitorar hospitais
Em meio ao escândalo da Prevent Senior, que levantou debate sobre planos de saúde, agência cria avaliação de unidades
LUCIANA CASEMIRO
Em meio à crise provocada pelas denúncias relativas à Prevent Senior, que têm promovido um grande debate sobre modelos de saúde suplementar, qualidade e segurança do atendimento prestado por planos de saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) inicia amanhã a fase final de teste do Programa de Monitoramento da Qualidade da Assistência Hospitalar, que começou a ser formatado em 2018.
O teste final da ferramenta será feito por 16 hospitais, entre eles o gaúcho Moinho de Ventos e os paulistas Hospital do Coração, Sírio-Libanês, Albert Einstein e Oswaldo Cruz, que contribuíram na elaboração do projeto. Mas será aberta já em 1º de novembro a inscrição para que outras 376 unidades hospitalares de rede própria e credenciada das operadoras – com acreditação (certificação na área de saúde) – participem do programa, que deve se tornar uma nova fonte de informação para os clientes.
O monitoramento dos dados começa em janeiro e a previsão é que a primeira prévia dos 14 indicadores saia em junho de 2022. A classificação será em cinco faixas.
– A ideia é empoderar o consumidor para que faça melhores escolhas, e também criar uma nova cultura, direcionar o eixo da competição para a qualidade, com uma avaliação detalhada por unidade hospitalar, o que ainda não existe no país – diz Cesar Serra, diretor de Desenvolvimento Setorial substituto da ANS.
META É ALCANÇAR REDE TODA
Neste primeiro momento, a adesão ao programa é voluntária. Mas caso não haja uma adesão maciça, Serra avisa que a ANS tem instrumentos para tornar a participação obrigatória.
– Esse é um primeiro passo, mas a meta é estender esse programa a toda a rede prestadora de serviços da saúde suplementar, além de hospitais gerais, especializados, clínicas, laboratórios.
Na última semana, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) divulgou pela primeira vez os indicadores de seus 120 associados, mas ainda de forma agregada, sem informar resultado por unidade. O levantamento já era feito há 15 anos, mas apenas para informação dos associados. Antonio Britto, presidente da Anahp, diz que a inciativa da ANS e da entidade não são excludentes e que é hora de quebrar tabus:
– E hora de avançar em defesa da qualidade. Quanto mais indicador, melhor. Se quando se escolhe um hotel, restaurante, roupa há indicadores de qualidade para orientaro consumidor, como ao tratar da saúde vai ser diferente?
PROCESSO LENTO
A ANS precisa aumentar a velocidade de implementação de programas de qualificação dos prestadores da saúde suplementar, diz Wilson Shcolnik, presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed):
– Há uma década a ANS vem discutindo qualificação, mas até agora esse programas ainda não mostraram grande efetividade. É preciso acelerar e dar os incentivos corretos para uma adesão maciça. Os hospitais são importantes, mas a maioria dos atendimentos aos consumidores são feitos em laboratórios e clínicas. Para se ter uma ideia, são mais de 12 bilhões de exames laboratoriais por ano.
Para Renato Casarotti, presidente Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), faz sentido o programa começar pelos hospitais já que respondem por 50% do custo dos planos. Ele avalia que a divulgação de indicadores é importante para esclarecer se há diferença na qualidade de unidades próprias e credenciadas:
– Vai ser revelador. Além disso, permitirá às operadoras priorizar a alocação de recursos em unidades com os melhores desfechos.
FALTA INFORMAR PREÇOS
Para Vera Valente, diretora executiva da Fena Saúde, que reúne as maiores empresas do setor, o programa pode surpreender o consumidor, que avalia a rede credenciada baseado em reputação, sem conhecimento de dados técnicos:
– Hoje o consumidor avalia se um plano é bom ou não pelo fato de ter o hospital X no Rio e o Y em São Paulo, muito mais por reputação do que por dados. Essa avaliação pode mostrar que outras unidades que ele não conhece também têm boa qualidade.
Para o especialista em saúde pública Mário Scheffer, professor da faculdade de Medicina da USP, no entanto, o programa deixa de fora uma informação fundamental, o preço por procedimento. Ele pondera que poucos consumidores, atualmente, podem escolher planos por rede, a maioria fica como que cabe no bolso:
– Como são esses custos que compõem a mensalidade, precisamos entender porque há tanta discrepância de preço entre procedimentos iguais, com desfechos semelhantes.
Para Ligia Bahia, do Instituto de Saúde Coletiva da UFRJ, a transparência do programa fica prejudicada por ter sido construído com os próprios hospitais. Ela defende que esse programa seja feito em parceria com universidades.
Conheça alguns dos indicadores
> Proporção de partos vaginais. O resultado do indicador reflete o percentual de partos normais realizados na instituição. Percentuais maiores são desejáveis, pois há menores taxas de complicações relacionadas ao parto vaginal.
> Proporção de reinternações em até 30 dias da saída hospitalar. Altas proporções de reinternações podem ser reflexo de ações não resolutivas dos atendimentos.
> Taxade parada cardiorrespiratória em unidade de internação. Indicador trata de parada cardiorrespiratória a cada 1. 000 pacientes-dia hospitalizados. Quanto menor a taxa, melhor.
> Taxa de mortalidade institucional. Avalia o número de óbitos por total de internados.
> Tempo médio de internação. Uma média baixa de tempo de internação é o mais desejável.
> Tempo médio de permanência na emergência. Será melhor avaliada a média baixa de tempo.
> Tempo médio de espera na emergência para atendimento. A meta é obter o menor tempo de espera até o 1º atendimento médico.
> Taxa de início de antibiótico intravenoso profilático. A ideia é apurar quantos pacientes, submetidos a cirurgias limpas, receberam antibiótico antes da incisão. Quanto maior, melhor.
> Taxa de infecção de sítio cirúrgico. O desejável é um percentual baixo de pacientes que apresentaram infecção após serem submetidos à chamada cirurgia limpa, em geral, procedimentos eletivos, longe das estruturas dos aparelhos respiratório, digestivo, urinário e reprodutor.
> Taxa de infecção de corrente sanguínea associada a cateter venoso central. O indicador levanta número de registro de infecção associada a cateter venoso central a cada 1. 000 pacientes que fazem uso de cateter venoso central, Quanto menor a taxa, melhor.
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Políticos e cientistas repudiam fake news de Bolsonaro que relaciona vacinação ao desenvolvimento de HIV
Filipe Vidon
Políticos e cientistas repudiaram nas redes sociais a afirmação falsa do presidente Jair Bolsonaro de que a vacinação completa contra a Covid-19 estaria relacionada ao desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Em sua live semanal, na última quinta-feira, o mandatário declarou que daria uma notícia ‘grave’ e disse que pessoas que tomaram duas doses do imunizante contra o novo coronavírus no Reino Unido estariam desenvolvendo a doença.
“Outra coisa grave aqui, só vou dar a notícia, não vou comentar, já falei sobre isso no passado e apanhei muito. Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados, quem são os totalmente vacinados? Aqueles que depois da segunda dose, 15 dias depois após a primeira dose? estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência muito mais rápido que o previsto (…) Não vou ler aqui porque posso ter problemas com a minha ‘live”, disse o presidente sobre a suposta notícia.
A fake news citada por Bolsonaro foi publicada originalmente no site britânico beforeitsnews, uma agência de notícias baseada em desinformação. Líder da minoria na Câmara, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), afirmou no Twitter que a declaração do chefe do Executivo deve constar como ‘mais um crime na ficha de Bolsonaro’.
‘Bolsonaro mais uma vez usou documento falso para atacar as vacinas e associá-las a aids. Lamentável que essa seja a prioridade do presidente de um país com mais de 600 mil mortos, 20 milhões de famintos e 14 milhões de desempregados. Mais um crime na ficha de Bolsonaro’, disse Freixo.
Bolsonaro mais uma vez usou documento falso para atacar as vacinas e associá-las a AIDS. Lamentável que essa seja a prioridade do presidente de um paÃs com mais de 600 mil mortos, 20 milhões de famintos e 14 milhões de desempregados. Mais um crime na ficha de Bolsonaro.
– Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) October 23, 2021
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-RS), coordenador da Frente de Enfrentamento ao HIV/aids/hepatites virais no Congresso Nacional, afirmou na plataforma que entrará na Justiça contra o presidente por sua declaração.
‘Absurdo! Bolsonaro dispara mais uma fakenews associando vacina a AIDS. Como coordenador da Frente de Enfrentamento ao HIV/AIDS/hepatite virais no Congresso, entrarei com todos as medidas jurídicas contra o presidente e sua fala negacionista’.
ABSURDO!
Bolsonaro dispara mais uma fakenews associando vacina a AIDS. Como coordenador da Frente de Enfrentamento ao HIV/AIDS/hepatite virais no Congresso, entrarei com todos as medidas jurÃdicas contra o presidente e sua fala negacionista.
– Alexandre Padilha (@padilhando) October 23, 2021
Manuela D’Ávila (PCdoB), que concorreu à vice-presidência da República em 2018, afirmou que Jair Bolsonaro “segue com seu projeto de morte” ao espalhar fake news sobre as vacinas.
Nojento! Acusado de cometer crimes contra humanidade, Bolsonaro segue com seu projeto de morte, espalhando a absurda fake news de que quem está tomando as 2 doses da vacina está adquirindo HIV/AIDS. pic.twitter.com/YfRfV5xLnZ
– Manuela (@ManuelaDavila) October 23, 2021
A informação falsa que relaciona a vacinação contra a Covid-19 ao desenvolvimento de HIV já era de conhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS), que trabalhou em uma campanha para reforçar a importância de portadores da doença serem imunizados contra o coronavírus. A microbiologista Natalia Pasternak afirmou categoricamente que nenhuma vacina tem a capacidade de provocar a contaminação por Aids. O médico e pesquisador Andre Siqueira também reforçou que a afirmação é falsa e criticou a inação do Conselho Federal de Medicina.
Vacinas nao causam AIDS!!!! Nenhuma vacina! PQP parece que eu estava adivinhando que só faltava isso, aguardem minha coluna de segunda no @JornalOGlobo
– Natalia Pasternak, PhD ð?§¬ ð??§ð??· ð??®ð??± (@TaschnerNatalia) October 23, 2021
Acredito que ninguém que me siga vá ter qualquer dúvida sobre associação de vacinas e aids que o energúmeno declarou. O que também não espanta mais é que muito médico votou na besta sabendo disso, mesmo que na época tenha justificado que votava no PG. CFM representa a aberração
– Andre Siqueira (@siqueira__andre) October 23, 2021
O Comitê de HIV/aids da Sociedade Brasileira de Infectologia também reagiu às declarações do presidente Jair Bolsonaro. Em nota publicada neste sábado, a entidade afirmou não conhecer nenhuma relação entre a vacina e o desenvolvimento da doença, destacou a importância da vacinação para os portadores de HIV e repudiou a notícia falsa.
‘O Comitê de HIV/aids da Sociedade Brasileira de Infectologia vem a público esclarecer que: Não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a COVID-19 e o desenvolvimento de síndrome da imunodeficiência adquirida; Pessoas que vivem com HIV/aids devem ser completamente vacinados para COVID-19. Destacamos inclusive a liberação da dose de reforço (terceira dose) para todos que receberam a segunda dose há mais de 28 dias. Repudiamos toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente’.
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EXAME
Como o caso Prevent Senior muda o futuro dos planos de saúde
Denúncias contra companhia de planos de saúde levantam debate sobre modelo de negócio das operadoras verticalizadas
Antes vista como um caso de sucesso na gestão de planos de saúde, a operadora Prevent Senior se tornou alvo de graves denúncias no âmbito da CPI da Covid-19. As suspeitas ainda precisam ser investigadas. No entanto, já foram suficientes para levantar o debate a respeito do funcionamento dos planos de saúde no país.
Focada no público idoso, a Prevent Senior cresceu baseada em um modelo de negócio que une operação verticalizada – ou seja, a operadora do plano é também dona dos hospitais usados pelos beneficiários – e foco na medicina preventiva. O modelo tornou possível a oferta de planos de saúde para idosos a preços mais acessíveis do que a maioria dos planos de outras operadoras.
Isso levou a Prevent a se tornar referência em um setor em que o aumento dos custos criava uma barreira para a aquisição de novos clientes, em especial de clientes idosos. Nos últimos anos, outras operadoras verticalizadas cresceram de forma vertiginosa oferecendo planos de saúde mais baratos. É o caso da Hapvida, maior operadora do país, com 45 bilhões de reais em valor de mercado, e da Notredame Intermédica, avaliada em 40 bilhões de reais na bolsa brasileira B3. As duas anunciaram fusão e o negócio aguarda aval do Cade.
No entanto, as denúncias envolvendo a Prevent Senior levantaram uma questão que pode afetar o futuro dessas e de outras empresas do setor. O modelo verticalizado, em que operadora do plano e hospitais pertencem à mesma empresa, foi colocado em dúvida. O argumento é de que, neste modelo, a economia de recursos poderia se sobrepor ao bem-estar do paciente em momentos críticos – em outras palavras: a empresa poderia adotar medidas para evitar internações necessárias, porém, caras.
A Prevent hoje é investigada sob suspeita de pressionar médicos a receitarem remédios sem eficácia comprovada contra a covid-19 e de ocultar mortes em um estudo realizado para testar a eficácia de medicamentos no tratamento da doença. A empresa nega.
A advogada Ana Carolina Navarrete, coordenadora do programa de Saúde do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), afirma que o modelo de operadoras verticalizadas precisa ser reavaliado. “O mercado precisa mudar para garantir que esse modelo tenha mecanismos para prevenir escolhas desastrosas. O problema do controle de custos no setor é real e existe. O que o caso da Prevent Senior revela é que um dos modelos que criamos para fazer esse controle pode ter impacto significativo no desfecho clínico”, afirma.
Na visão de Navarrete, essa mudança passa por uma fiscalização mais próxima da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Hoje, a agência não regula o prestador de serviço, ela foca apenas na operadora de plano. No caso das operadoras verticalizadas, isso faz com que só metade do negócio seja regulado. É preciso expandir essa competência da ANS”, diz.
Foco na gestão
Presidente da Associação Nacional das Administradoras de Benefícios (Anab), Alessandro Acayaba concorda que é necessário haver mais fiscalização por parte de órgãos como a ANS e os conselhos regionais de medicina. Para ele, no entanto, o problema não está no modelo de empresas verticalizadas, que é importante para manter uma gestão responsável dos custos.
“Existe um grande problema que é o preço do plano de saúde e seus reajustes. Com a verticalização, a empresa assume a gestão e adota procedimentos com foco em assistência de qualidade e sem desperdícios”, diz.
Acayaba exemplifica que, numa operadora verticalizada, quando um beneficiário tem um problema, ele pode ser atendido pelo médico da família que o encaminha a um especialista. Numa empresa que não faz esse acompanhamento, ele pode acabar procurando um pronto-socorro e realizar diversos exames, muitas vezes desnecessários, porque a equipe não conhece aquele paciente. Isso gera desperdício de recursos e desgaste para o paciente, diz.
Ainda que não comprometa o modelo de empresas verticalizadas, a discussão em torno da Prevent Senior deve servir de alerta para todas as operadoras, afirma. “Os fatos apontados na CPI são graves e, se confirmados, são passíveis de severas punições. É preciso que isso seja passado a limpo e sirva de alerta para todas as operadoras de mercado, para que elas possam rever sua gestão e avaliar se estão primando pela qualidade e não apenas pela economia.”
Atenção aos idosos
Outra questão levantada com o caso da Prevent Senior é o atendimento de saúde para idosos. O sucesso da operadora no atendimento desse público levou outras empresas a criarem produtos para essa faixa etária, historicamente rejeitada pelos planos. No entanto, com as denúncias na CPI, surgiram dúvidas sobre como fica o atendimento aos idosos no setor privado.
Marcelo Carnielo, diretor da consultoria de planejamento e gestão em saúde Planisa, reforça a importância de se olhar para essa fatia do mercado. “A população está envelhecendo. Teremos cada vez mais idosos. A saúde privada não pode ignorar essa população”, diz. “O que custa caro é o paciente que chega no hospital e faz cirurgias complexas. Então é preciso diminuir ao máximo as idas ao hospital. Para isso é preciso prevenção”, diz.
Na sua visão, o setor vai continuar a olhar para esse segmento. Outra tendência que deve continuar, segundo Carnielo, é a das fusões e aquisições. “A verticalização, as fusões e aquisições e o foco na prevenção continuam. Esse é um modelo já bem maduro, que vemos em diversas empresas. Não vejo mudança de rota por conta do caso da Prevent, que precisa ser esclarecido”, diz.
O grupo de pessoas com 59 anos ou mais foi o que mais cresceu dentre os beneficiários dos planos de saúde nos últimos anos. Aumentou 11% de 2016 a 2021, chegando a 7,3 milhões de beneficiários. Enquanto isso, o número total de beneficiários de planos estagnou — era de 48,3 milhões em 2016 e continua no mesmo lugar em 2021.
Isso mostra que, enquanto os idosos estão aderindo aos planos de saúde, as outras faixas etárias estão deixando os planos. O movimento se explica em parte pelo aumento do desemprego. A maior parte dos beneficiários têm planos coletivos empresariais, ou seja, aqueles oferecidos pelo empregador aos seus funcionários. A modalidade representa 68% do mercado, ante 18,5% dos planos individuais.
Uma coisa é certa: deixar milhões de clientes idosos sem acesso a atendimento a preços possíveis de serem pagos seria uma consequência nada desejável do caso Prevent.
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Assessoria de Comunicação