Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 24/06/20 Parte 1

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES
De exemplo a colapso: o que levou Curitiba a quintuplicar casos de covid-19 e lotar UTIs
Covid-19: Goiás registra 917 novos casos e 18 mortes em 24 horas
Pesquisa aponta 22% de incidência de câncer de mama hereditário em Goiás
Governo nomeia médico contra 'ativismo pró-aborto' para atenção primária na Saúde
Comissão externa vai debater remuneração da telemedicina no pós pandemia
Hospitais e clínicas defendem retomada de tratamentos parados em razão da pandemia
Tragédia familiar causada pelo novo Covid-19
Operadoras de saúde também serão impactadas pela pandemia de Covid-19
Câmara deve investigar leitos de hospitais privados de Goiânia
Ahpaceg prepara dados sobre oferta e ocupação de leitos para Câmara Municipal
É falso que repasses de verbas aos estados estejam relacionados ao número de mortos e infectados
Substituição de medicamentos causa danos
Dividida, Câmara de Goiânia cria CEI para investigar UTIs privadas
Aumentam surtos de Covid em empresas

PORTAL TERRA
De exemplo a colapso: o que levou Curitiba a quintuplicar casos de covid-19 e lotar UTIs

Com pandemia controlada até a metade de maio, Curitiba teve explosão repentina de doentes e está com sistema de saúde no limite
Pouco mais de 100 dias após registrar os cinco primeiros casos de coronavírus, Curitiba, capital do Paraná, passou de uma situação confortável para dramática em relação à pandemia. Até metade de maio, eram 600 casos de covid-19 e taxa de ocupação de UTIs que não ultrapassava os 50%. Em março, quando entraram em vigor as medidas de isolamento social, a adesão dos curitibanos foi boa, bem como a obrigatoriedade do uso de máscara nos locais públicos.

Com o surto controlado, a prefeitura de Curitiba relaxou as regras e permitiu a reabertura de shoppings e academias no dia 20 de maio. O resultado: os casos quintuplicaram.

Na segunda-feira (22), eram 3.032 casos confirmados e 114 óbitos. Na terça-feira passada (16 de junho), houve recorde de 510 registros. Em todo o Paraná, são 14.336 casos e 460 mortes, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Na segunda, também foi confirmada a morte do primeiro médico no Paraná pelo coronavírus no exercício da atividade: Caio Martins Guedes, de 33 anos. Ele era residente no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul (Região Metropolitana de Curitiba). Tanto o hospital como o Conselho Regional de Medicina do Paraná emitiram notas de pesar sobre a morte precoce do médico.
A ocupação dos 223 leitos de UTI do SUS exclusivas para a covid-19 na cidade beira 80%. Na semana passada, esse porcentual chegou a 85%. Dados da Sesa do dia 22 de junho mostram que hospitais como Evangélico e Hospital do Trabalhador (ambos em Curitiba) estavam com 100% das UTIs de covid ocupadas.

A situação é dramática também em cidades como Cascavel (95% de ocupação no Hospital Universitário) e Francisco Beltrão (100% de ocupação no Hospital Regional do Sudoeste).

"Isso é consequência direta do relaxamento das medidas de distanciamento social. Se circularmos normalmente, teremos várias oportunidades ao longo dos dias de transmitir ou contrair o vírus" alerta o infectologista e professor da Escola de Medicina da PUC-PR, Giovani Breda.

Nas Unidades de Saúde de Curitiba, os profissionais também sentiram o aumento brusco. Médico da família e comunidade e coordenador das recomendações covid-19 da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade, Rogerio Luz Coelho Neto conta que, na última semana, os atendimentos "explodiram" na Unidade de Saúde Osternack, uma das regiões de maior vulnerabilidade social da capital paranaense.

"A gente vinha atendendo de seis a sete pessoas por dia. Na semana passada, 27 pessoas, às vezes 30. E aconteceu bem 15 dias depois do relaxamento. Isso preocupou a gente", fala o médico, que trabalha na área de avaliação da covid-19 fazendo a triagem, encaminhamento dos pacientes e o teste de PCR.
"Antes não tínhamos aceso ao teste. O paciente precisava estar internado para fazer. Hoje posso solicitar e, caso o resultado seja positivo, conseguimos realizar o rastreamento com a família" explica Rogerio.

' A gente sabia que a covid chegaria '

Atualmente no patamar laranja (risco médio), conforme o Protocolo de Responsabilidade Sanitária e Social, sistema de monitoramento adotado na cidade para rastrear a doença, e que estabelece quais medidas devem ser tomadas em cada nível, a Prefeitura de Curitiba restringiu acessos, mas não totalmente, o que, invariavelmente, propicia a circulação de pessoas. Impôs horários reduzidos ao comércio de rua, aos restaurantes e shoppings (que não operam aos finais de semana), mas os manteve abertos, apostando na colaboração da população.

A estratégia não funcionou: a cidade voltou à normalidade no início do mês. Comércios (como supermercados) que antes mantinham medidas rígidas de higiene e de controle de pessoas passaram a não limitar o número de clientes, e restaurantes ficaram cheios.

"A gente fez uma escolha para proteger a sociedade, equilibrando economia e saúde. Como a onda veio tardia, o que é bom porque ganhamos expertise nas nossas equipes e no manejo dos pacientes, a população cansou. Um pouco também é negação e ausência de lideranças na esfera federal. A gente fica falando sozinho" lamenta a secretária municipal da Saúde, Marcia Huçulak.
O setor de urbanismo da Prefeitura apertou as fiscalizações no último fim de semana, e tenta dar conta de denúncias particulares que chegam, como a de festas particulares com mais de 40 convidados e pessoas com covid-19 que moram em condomínios de luxo e não tomam os cuidados necessários.
"Recebemos informação de uma família inteira que está contaminada e circula sem máscara pelo prédio, não faz o isolamento corretamente. O que você faz com uma pessoa assim? Não sei. Eu começo a desacreditar na humanidade."
Marcia está presente em boa parte das lives diárias da prefeitura com o boletim dos casos, que é transmitida via Facebook. Conhecida pelo tom assertivo, ela reitera a necessidade de baixar a contaminação urgentemente para evitar o colapso do sistema de saúde, mesmo com a abertura de mais 95 leitos de UTI até o fim do mês.

"Você pode conseguir leitos, respirador, mas precisa de um intensivista, enfermagem especializada em UTI, técnicos. E isso não se forja da noite pro dia". Ela não descarta a possibilidade de a cidade decretar a bandeira vermelha, uma espécie de lockdown – ação que não dependeria de um decreto estadual, explica o advogado, mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Coimbra e proferir da FAE Centro Universitário, André Portugal.

"No Brasil, a Constituição Federal institui o federalismo cooperativo, ou seja, não existe hierarquia dos entes federativos. O que há são previsões para que a união coordene ações e Estados e municípios complementem com medidas para o seu território. O que vemos é que com esse governo federal fica só no plano da fantasia."

A guerra do setor fitness
As academias de ginástica se destacam entre as atividades que mais pressionam pela volta do funcionamento integral em Curitiba – no sábado (13), quando o alerta laranja foi decretado, empresários fizeram um "buzinaço"e protestaram em frente ao apartamento do prefeito Rafael Greca (DEM), no bairro Batel.

Em reunião na segunda-feira (15), o setor se reuniu com a prefeitura para definir mais regras de funcionamento, mas logo voltou atrás e manteve a restrição. "Investimos pesado em medidas para segurança dos alunos, mas a gente fica perdido. Saímos de uma reunião com tudo acordado, e logo a regra muda", queixa-se o proprietário da rede de academias Studio Corpo Livre, Raphael Bonatto.

Ele argumenta que "antes do aspecto econômico", o segmento quer a reabertura baseada em "evidências científicas". "A atividade física é fundamental na prevenção e curas de doenças, desde um cardiopata até controle de diabetes. Pessoas morrem muito mais por sedentarismo do que por coronavírus", diz Bonatto.

Apesar de o sedentarismo ser uma causa de morte importante no Brasil – segundo dados do Ministério da Saúde, 34 mil óbitos registrados no Brasil em 2017 estão ligadas a doenças cardiovasculares, diabetes e cânceres como o de mama e cólon, doenças que podem ser influenciadas pela falta de atividade física. No entanto, a covid-19 vitimou, em três meses, mais de 50 mil pessoas no país. O número é o último divulgado pelo levantamento do consórcio dos veículos de imprensa com base nos dados das secretarias de saúde. O vírus matou mais brasileiros até agora do que todo o trânsito em 2019.
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A REDAÇÃO
Covid-19: Goiás registra 917 novos casos e 18 mortes em 24 horas
Adriana Marinelli

Goiânia – Goiás registrou 917 casos de covid-19 e 18 mortes pela doença nas últimas 24 horas. É o que aponta boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) na tarde desta terça-feira (23/6). Com as novas confirmações, o Estado vai a 17.629 casos de covid-19 e 329 óbitos confirmados.

Segundo a SES-GO, há em Goiás 47.356 casos suspeitos em investigação. Outros 24.572 já foram descartados. O total de curados não foi informados pela pasta.

Além dos 329 óbitos confirmados de Covid-19 em Goiás até o momento, há 39 óbitos suspeitos que estão em investigação. Já foram descartadas 383 mortes suspeitas nos municípios goianos.
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Pesquisa aponta 22% de incidência de câncer de mama hereditário em Goiás
Estudo foi realizado pela UFG 

Goiânia – Uma pesquisa feita em Goiás identificou a taxa de 21,56% de incidência de câncer de mama e ovário hereditário. Isso quer dizer que, no Estado, em cerca de 22% dos casos, os filhos e familiares de pacientes com câncer de mama e ovário podem também desenvolver a doença. O índice está acima da média de outros estados brasileiros.

A pesquisa foi desenvolvida pelo Centro de Excelência em Genética Humana e Médica (ICB/UFG), em parceria com o Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (CORA) do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Ao todo, 102 pacientes do Hospital das Clínicas participaram do estudo. Foram avaliados o histórico familiar, realizados heredogramas – ferramenta na genética utilizada para identificar grau de parentesco – e o diagnóstico molecular, que é o sequenciamento de nova geração. “Percebemos que 21,56% tiveram o BRCA1 e o BRCA2 mutado. Esses são os dois genes principais associados ao câncer de mama e ovário”, afirmou a pesquisadora e professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG, Elisângela de Paula Silveira Lacerda.

O índice identificado em Goiás é compatível com a média nacional e até internacional. No entanto, é bem superior se comparado aos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, por exemplo, onde as taxas de câncer de mama e ovário hereditário ficaram em 2,3% e 3,5%, respectivamente.

Segundo professora Elisângela Lacerda, o acesso ao diagnóstico molecular, único capaz de mapear a probabilidade genética do câncer, contribui para a detecção precoce da doença. Também oferece oportunidade de prevenção aos familiares e pode contribuir com a indicação de tratamento. “A confirmação sobre a presença de mutação genética permite a adoção de medidas preventivas à manifestação do câncer, que devem ser discutidas com o médico, como a quimioprevenção ou a retirada cirúrgica das mamas e ovários”, explica.

Tratamento no SUS
De acordo com o estudo da UFG, cerca de 70 a 80% da população não têm acesso ao teste genético, uma vez que não são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Goiás, os diagnósticos genéticos são realizados com o envio do material para fora do Estado.

O diagnóstico molecular realizado pela UFG, durante o segundo semestre do ano passado, foi pioneiro no Estado de Goiás e só foi possível com o fomento do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), que garantiu a compra do aparelho e insumos. “Com o fim do projeto, nosso objetivo, agora, é buscar novas fontes de fomento e fazer parcerias para conseguir os reagentes, que acabaram, para continuar a fazer os exames”, afirma professora Elisângela Lacerda. “Com parcerias, podemos disponibilizar exames com um valor bem menor do que o de mercado”.
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FOLHA ONLINE
Governo nomeia médico contra 'ativismo pró-aborto' para atenção primária na Saúde

O governo nomeou nesta terça-feira (23) o médico ginecologista Raphael Câmara Medeiros Parente para o cargo de secretário de atenção primária no Ministério da Saúde, área que responde pela organização de ações voltadas a unidades de saúde e diretrizes de cuidados básicos no atendimento na rede.
A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União, e assinada pelo ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto.
Parente é mestre em saúde pública pela UERJ, doutor em ginecologia pela Unifesp e conselheiro do CFM (Conselho Federal de Medicina). Ele é relacionado à ala ideológica do presidente e um dos defensores do projeto de abstinência sexual proposto pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
Vinculado ao Instituto de Ginecologia da UFRJ, o novo secretário tem sido conhecido nos últimos anos por defender, em debates, posição contrária ao aborto.
Em outubro de 2019, Parente escreveu um artigo na Folha contra o que chamou de "ativismo pró-aborto". No texto, ele dizia que a militância usava dados falsos sobre o impacto do aborto ilegal e que, por isso, o quadro não deveria ser considerado um problema de saúde pública.
Sua nomeação foi recebida com indignação e críticas por vários profissionais da saúde, especialmente por representantes das equipes que trabalham na atenção básica em todo o país.
Em várias ocasiões, Câmara já contestou as alarmantes estatísticas de mortes provocadas por abortos clandestinos no Brasil. Ele afirma que os números são "superestimados por má-fé".
Em 2018, o próprio Ministério da Saúde apresentou estimativa em audiência pública no Supremo Tribunal Federal estimando em cerca de 1 milhão os abortos induzidos no país.
Os procedimentos inseguros de interrupção voluntária da gravidez levariam à hospitalização mais de 250 mil mulheres por ano -e causariam uma morte a cada dois dias.
No artigo, ele também criticava a postura do Ministério da Saúde sobre o tema. "Embora o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tenha dito ser contra o aborto, até aqui o Ministério da Saúde não agiu. Em julho, eu e senadores demos sugestão não incorporada para diminuir aborto provocado. Uma portaria vigente de governo anterior permite o aborto quando a mulher diz ter sido estuprada sem se denunciar o estupro, o que contraria lei de 2018, que obriga a denúncia", disse.
O artigo gerou polêmica e foi rebatido por outros médicos, segundo os quais Parente deixou de apontar a ocorrência de subnotificação de casos de aborto ilegal -situação já consolidada em literatura científica-, e colocou em dúvida a palavra das mulheres.
Parente escreveu o artigo diante da possibilidade de julgamento de ações que pediam o direito ao aborto para mulheres vítimas do vírus da zika. Neste ano, o plenário virtual do Supremo rejeitou as ações.
Em outro artigo, defendeu a abstinência sexual entre jovens, afirmando que a "iniciação sexual precoce" estaria relacionada à maior chance de contração de doenças sexualmente transmissíveis e gestações indesejadas.
"Então, como não incluir a abstinência sexual em uma política dirigida para este público de adolescentes?", escreveu.
A nomeação de Parente ocorre semanas após o Ministério da Saúde revogar uma nota técnica que citava a importância de manter ações em apoio à saúde das mulheres durante a pandemia, as quais incluíam acesso a contraceptivos e ao aborto nos casos previstos em lei.
O documento foi distorcido pelo presidente Jair Bolsonaro, que afirmou via redes sociais ser contra proposta de legalização do aborto (o que não constava do texto) e que o ministério buscava a autoria do que chamou de "portaria apócrifa" (que, na verdade, era uma nota técnica assinada pela coordenação de saúde das mulheres, vinculada à secretaria).
Após a declaração de Bolsonaro, a equipe que assinou o documento foi exonerada da pasta. O ministério justificou a medida alegando "reestruturação da equipe".
Parente assume no lugar de Erno Harzheim, que deixou o cargo no fim de abril, após a saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. A pasta estava sem titular desde então.
Em artigo recente no jornal O Globo, Parente criticou a falta de equipamentos de proteção a profissionais de saúde e apontou erros das três esferas no combate à pandemia.
Segundo ele, o governo federal "errou por não ter feito a prometida carreira de Estado, não ter fechado fronteiras quando a Covid-19 ainda não tinha entrado, e ter liberado o Carnaval com o vírus já circulando no Brasil".
Em carta recente à Folha, publicada no Painel do Leitor, o novo secretário também comentou coluna de Hélio Schwartsman sobre a diferença entre as estratégias da Suécia e da Nova Zelândia no combate à pandemia da Covid-19.
"Hélio Schwartsman diz em sua coluna que a estratégia neozelandesa se terá mostrado melhor que a sueca se a vacina contra o coronavírus não demorar. Mas o provável é que demore. Quem defende 'lockdown' tem de mostrar como sustentar milhões em casa em um país quebrado e como impor isolamento para quem vive em área comandada pelo tráfico", escreveu.
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AGÊNCIA CÂMARA
Comissão externa vai debater remuneração da telemedicina no pós pandemia

Debate vai reunir representantes do governo, da área médica e da academia
A comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de combate ao novo coronavírus realiza reunião técnica por videoconferência nesta quinta-feira (25), com o tema: Telemedicina, Teleconsulta e aspectos remuneratórios no pós pandemia .
Foram convidados para o debate:
– o representante da Associação Paulista de Medicina (APM), Jefferson Gomes Fernandes;
– o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Britto Ribeiro;
– o gerente de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, Eduardo Cordioli;
– a secretária substituta de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Daniela de Carvalho Ribeiro;
– o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Chao Lung Wen;
– o diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Rodrigo Rodrigues de Aguiar;
– o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Lincoln Lopes Ferreira;
– o coordenador científico do Sistema Integrado Catarinense de Telemedicina e Telessaúde, e professor da UFSC, Aldo Von Wangenheim;
– a coordenadora de telessaúde do Sistema Integrado Catarinense de Telemedicina e Telessaúde, e professora do Departamento de Saúde Pública da UFSC, Maria Cristina Marino Calvo; e
– o presidente da Iniciativa Fórum Inovação Saúde (FIS), Josier Vilar.
Hora e local
A reunião será no plenário 3, às 9h30, e será interativa.
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Hospitais e clínicas defendem retomada de tratamentos parados em razão da pandemia

Associação Médica Brasileira teme desastre econômico com o fechamento de clínicas e laboratórios

Médicos e representantes de hospitais afirmaram, nesta terça-feira (23), que as clínicas e os consultórios médicos brasileiros estão preparados para voltar a atender casos não relacionados à Covid-19, com responsabilidade e segurança.
Em videoconferência promovida pela comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de combate ao novo coronavírus, especialistas defenderam a realização de uma campanha para que pacientes voltem a seus tratamentos pelo menos nos estados ou nas cidades que já ultrapassaram o pico da pandemia.
"A gente tem visto em alguns estados hospitais parados, porque a população ainda não retomou essa atividade. E a gente tem visto número de óbitos por câncer superior a Covid. Muitos pacientes interromperam seus tratamentos, esperando a pandemia passar", afirmou o deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ) , coordenador do colegiado.
Relatora da comissão, a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) também defendeu o debate, agora que existe mais tranquilidade quanto ao abastecimento de equipamentos de proteção individual (EPI). "Tenho uma preocupação com a demanda reprimida neste período. Já tínhamos fila de espera para vários procedimentos. Essa fila de espera com certeza está sendo ampliada em razão da pandemia", ponderou.
O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Lincoln Lopes Ferreira, acrescentou que o conhecimento sobre a pandemia também vem aumentando, o que permite que determinadas decisões sejam tomadas agora. "Se formos esperar a evolução natural da doença e um achatamento da curva, vamos ficar dois, três, quatro anos. Por outro lado, o desastre econômico [com o fechamento de clínicas] teria um custo maior de vidas do que o da própria pandemia", afirmou.
Outra preocupação de médicos em relação às clínicas vazias é justamente a falência de laboratórios e consultórios e demissão de funcionários. "Se os hospitais estão perdendo receita, as clínicas e os laboratórios perderam ainda mais", disse o secretário executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Bruno Sobral. Ele reforçou que hospitais estão preparados para a retomada, tendo investido em segurança e formação profissional. "O não tratamento é que vai ter consequência", acredita.
Medidas
Conselhos de diferentes categorias médicas estão orientando profissionais a adotar medidas de segurança nas clínicas, como distanciamento entre pacientes nas recepções, correta higienização de aparelhos utilizados em exames, notificação de casos suspeitos e uso de EPIs, entre outras.
Consultora da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), a médica infectologista Camila Almeida também disse ser possível fazer triagem segura de pacientes de Covid e não Covid. "Em hospitais grandes, existem 3% de positividade em pacientes assintomáticos. Aqui fazemos 2,3 mil partos por mês e 3,5% de pacientas positivas vêm para parto eletivo. Não tinham nenhum tipo de sintoma e testaram positivo", exemplificou ela, que atua em uma maternidade em São Paulo.
Representante da Unimed na videoconferência, Gabriel Massot disse ver o retorno das atividades como necessário para evitar complicações de doenças crônicas nas emergências. Segundo ele, a telemedicina ajuda, mas não é suficiente, sendo importante o exame físico. Ele destacou, entretanto, que os hospitais que já percebem uma queda nos casos de Covid-19 devem estar preparados para "um novo pico a qualquer momento".
Informações
De seu lado, representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do Ministério da Saúde disseram que estão disseminando informação e recomendando que tratamentos importantes não sejam interrompidos, como pré-natal e atendimento de pacientes com câncer ou doentes renais crônicos.
A chefe de gabinete da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes) do Ministério da Saúde, Maria Inez Gadelha, explicou que a retomada deve levar em conta a potencialidade de dano ao paciente por não ir ao médico e o nível de transmissão do coronavírus em uma região.
"Seria possível adotar protocolos rígidos e que todos observem porque, sim, é possível fazer os dois atendimentos", disse Maria Inez Gadelha. Ela ressaltou, no entanto, que outros cuidados devem ser tomados, inclusive fora dos hospitais, como com o transporte.
Medicamentos
Parlamentares voltaram a manifestar preocupação com relação à falta de medicamentos sedativos necessários ao tratamento da Covid-19, assunto já discutido em outras reuniões. Carmen Zanotto disse que o papel do Ministério da Saúde é fundamental para resolver o problema. A deputada acredita que a indústria possa vender diretamente aos hospitais, caso se aponte que a responsabilidade pela falta é dos distribuidores.
Para Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr., o governo pode fazer uma requisição de estoque. "Tem que pegar a Polícia Federal e invadir estoque para ver o que tem", defendeu. "Tem que a Procuradoria-Geral da República fazer uma requisição e tomar o estoque da indústria e depois ver como paga", disse ainda.
Na visão do parlamentar, problemas como esse é que deveriam causar preocupação. "A imprensa quer saber se nomeou militar, outro quer saber de fake news. Ninguém quer saber se o que afeta a população é falta de medicamento sedativo", declarou.
Politização
Por sua vez, a representante do Ministério da Saúde criticou a "politização excessiva da medicina" e disse que tal fato desnorteia a população, gerando insegurança. Maria Inez Gadelha classificou como "irresponsabilidade" o consórcio feito por veículos de imprensa para obter diretamente das secretarias de saúde dados sobre a pandemia de Covid-19 no Brasil.
"As fontes são as mesmas. Isso eu chamo de irresponsabilidade com a sociedade, abrir outro ponto de informação e surpreendentemente utilizando os mesmos dados. Quem gera o dado é o atendimento. Esses dados são compilados e jamais manipulados", afirmou Maria Inez Gadelha.
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DIÁRIO DA MANHÃ

Tragédia familiar causada pelo novo Covid-19

As irmãs Dalylla Lopes, de 27 anos, Talytta 22, e Samylla, 21, se mudaram em 11 de junho da cidade mato-grossense de Alto Araguaia, na divisa com Goiás. Foi necessário deixarem a cidade em que nasceram em busca de um pouco de paz, em meio a maior tragédia da família, causada pela pandemia do novo coronavírus.
Entretanto, seis dias anteriores, a mãe delas, Lígia Suely Lopes, 42 anos, morreu em decorrência da Covid-19. No fim de maio, as irmãs haviam perdido o avô materno, Joaquim de Oliveira, 74 anos, para a mesma enfermidade. "Tem sido o período mais difícil das nossas vidas", elas contraíram a Covid-19 e se recuperaram, assim como outros quatro membros da família.
Conforme o relato,os casos na família foram os primeiros diagnósticos de Covid-19 no município de 17,5 mil habitantes. Atualmente, mais de um mês depois, Alto Araguaia tem 23 casos confirmados e três mortes, incluindo as de Lígia e Joaquim.
Durante a doença causada pelo novo coronavírus, a família passou a receber comentários e acusações nas redes sociais. "Disseram que fomos as responsáveis por levar o vírus para nossa cidade. Recebemos muitas críticas. Isso tudo é muito triste", comentou Dalylla.
As irmãs relatam que as diversas críticas que recebem têm tornado o atual período ainda mais difícil. "Estamos vivendo à base de remédios para dormir. A nossa vida nunca vai ser a mesma. Além das perdas, precisamos lidar com a falta de empatia das pessoas. Toda hora recebemos algum comentário maldoso nas redes sociais", lamentou Talytta.
As irmãs destacam que a tragédia teve início após a primeira semana de maio, depois que Dalylla visitou uma amiga, em uma cidade vizinha. "Foi uma infelicidade muito grande. Eu estava de folga e decidi encontrá- la", contou Dalylla.
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REVISTA SEGURO TOTAL

Operadoras de saúde também serão impactadas pela pandemia de Covid-19

O Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil alerta que as seguradoras de saúde e operadoras de planos de saúde também serão impactadas pela pandemia de Covid-19, sendo necessária atenção especial aos aspectos financeiros e contábeis no que se refere a manutenção de suas atividades. Segundo a entidade, os diversos reflexos que a pandemia tem causado na economia poderão atingir fortemente muitas operadoras do setor.
"Por enquanto, os impactos ainda não estão sendo fortemente sentidos, uma vez que o isolamento social reduziu os gastos das operadoras de saúde com outros tipos de atendimento, como, consultas regulares, cirurgias, as internações por acidente de trânsito", explica Érika Ramos, do Grupo de Trabalho Seguradoras do Ibracon.
"O impacto no fluxo de caixa deverá manifestar-se num futuro próximo, principalmente por causa de fatores econômicos, como desemprego, redução da taxa de juros e corte de gastos por empresas que levam a desistência de pagamento de um plano de saúde", alerta Érika Ramos.
Os procedimentos cirúrgicos e ambulatórias que não estão acontecendo, por conta do isolamento, estão, na sua essência, sendo postergados, e isso afetará o fluxo de caixa das seguradoras.
Esse contexto também deve propiciar uma movimentação no mercado de saúde, em termos de aquisição, com as pequenas operadoras sendo adquiridas pelas grandes. "As entidades que têm mais caixa conseguem passar melhor pela crise e manter as operações, enquanto as pequenas podem não ter tanto fôlego", explica Érika.
A Agência Nacional de Saúde (ANS) determina a emissão de apenas um balanço anual, mas, com o atual cenário da pandemia, os impactos nos fluxos de caixa e nos balanços das operadoras já começam a ser sentidos. No total, o País conta com 746 operadoras de planos de assistência médica, sendo 718 ativos, que operam 17.378 planos.
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MAIS GOIÁS

Câmara deve investigar leitos de hospitais privados de Goiânia
Requerimento foi apresentado pelo presidente do Legislativo, Romário Policarpo
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O presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Romário Policarpo (Patriota) apresentou requerimento para criação da Comissão Especial de Investigação (CEI) dos Leitos dos Hospitais Particulares. O argumento para instaurar a investigação é uma suposta falta de transparência em relação a dados dessas unidades.
“Algo aqui em Goiânia me chamou a atenção. Goiânia faz história de forma negativa e me deixa preocupado, é a primeira cidade em que o sistema particular entra em colapso primeiro do que a rede pública”, indagou o parlamentar.
Romário Policarpo disse que uma UTI era alugada ao poder público por R$ 1,8 mil e agora por R$ 6 mil. Destacou que não há liberação para realização de cirurgias eletivas. “Essa Casa tem o dever de entender o que está acontecendo no comércio dessas vagas de UTI”, argumentou Policarpo.
Para instaurar uma CEI é preciso obter 12 assinaturas. Para a aprovação, basta que o número suficiente de vereadores assine. Com registros colhidos, líderes de partidos e bancadas poderão indicar os membros para compor a Comissão Especial de Inquérito. O critério é a proporcionalidade.
O líder do prefeito na Câmara, Wellington Peixoto (DEM), disse que de pronto concordou com a instauração da CEI. Ele relatou que não conversou com o prefeito Iris Rezende sobre o assunto e que é uma decisão da Câmara investigar possíveis irregularidades.
“Realmente há um colapso por causa da Covid? Acho que tem vagas e o que estão querendo é reduzir a quantidade de vagas para aumentar o valor. Não estou afirmando, pretendemos investigar denúncias que chegaram a Câmara que tem o dever de apurar”, destacou Peixoto.
Ahpaceg
A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) informou que atenderá solicitação feita pela Câmara Municipal de Goiânia sobre a oferta e ocupação de leitos nos hospitais associados estão sendo repassadas à presidência da Casa.
Segundo a entidade, os dados incluem não apenas as instituições de Goiânia, conforme solicitado, mas também do interior do Estado e abrangem os leitos comuns e de Unidade de Terapia Intensiva exclusivos para casos suspeitos e confirmados de Covid-19 e os leitos para outros atendimentos.
De acordo com a Ahpaceg, o monitoramento da evolução da pandemia de Covid-19 nos hospitais associados, já vem sendo regularmente e voluntariamente divulgada pela Ahpaceg, de segunda-feira a sábado, há quase três meses.
O material é publicado no site e redes sociais da Associação, enviado a diversos veículos de imprensa e encaminhado a instituições, como o Ministério Público Estadual, reforçando os dados também informados diariamente aos órgãos de saúde competentes.
A Ahpaceg  informou ainda que vê com bons olhos a iniciativa da Câmara Municipal de Goiânia de abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a disponibilidade de leitos em hospitais particulares na capital durante a pandemia de Covid-19 e sugere que a investigação seja ampliada a todas as instituições privadas para que cada uma possa apresentar sua rede de leitos, sua estrutura e taxa de ocupação e que o trabalho envolva também todos os setores da sociedade e dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciários que possam contribuir com esse enfrentamento da pandemia.
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JORNAL OPÇÃO

Ahpaceg prepara dados sobre oferta e ocupação de leitos para Câmara Municipal
Por Fernanda Santos

Em comunicado, associação aprovou interesse do legislativo em investigar evolução da pandemia
Na última segunda-feira, 22, a Câmara Municipal de Goiânia solicitou à Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) informações sobre a oferta e ocupação de leitos em hospitais associados.
De acordo com a associação, os dados incluem não apenas as instituições de Goiânia, conforme solicitado, mas também do interior do Estado e abrangem os leitos comuns e de Unidade de Terapia Intensiva exclusivos para casos suspeitos e confirmados de Covid-19 e os leitos para outros atendimentos. A Câmara solicitou apenas Goiânia e a Ahpaceg teve a iniciativa de repassar interior também.

A associação informou que os dados já eram coletados há cerca de três meses, quando a instituição decidiu realizar o monitoramento da evolução da pandemia de Covid-19 no Estado. Todo material tem divulgação no site e redes sociais da Ahpaceg, além de divulgados na mídia, site e encaminhados para instituições, como Ministério Público Estadual, além de órgãos de saúde competentes.

A Ahpaceg ainda sugere que a investigação seja ampliada a todas as instituições privadas para que cada uma possa apresentar sua rede de leitos, sua estrutura e taxa de ocupação e que o trabalho envolva também todos os setores da sociedade e dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciários que possam contribuir com esse enfrentamento da pandemia. A Câmara está se limitando a investigar alguns leitos particulares e a Ahpaceg propõe um trabalho mais amplo, com a investigação de todos os leitos/estrutura privada e do trabalho que outros órgãos/poderes estão desenvolvendo ou possam vir a fazer.
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O POPULAR

É falso que repasses de verbas aos estados estejam relacionados ao número de mortos e infectados

Ao contrário do que afirma um vídeo postado por um enfermeiro no YouTube, as verbas distribuídas pela União aos estados e municípios para o combate à covid-19 são para hospitais de campanha e compras de equipamentos de proteção, entre outras ações, e não há relação entre o número de infectados e de mortos com os repasses.
São falsas as afirmações de um enfermeiro do Rio de Janeiro que diz, em vídeo publicado no dia 10 de junho, que corpos de vítimas da Covid-19 são vendidos por milhões para governos estaduais e municipais. Ele também afirma, erroneamente, que 60% dos óbitos registrados com a doença foram por outros motivos. Segundo o Projeto Comprova verificou, a União disponibiliza verbas para que Estados possam usá-las para o combate ao vírus – hospitais de campanha e compras de equipamentos de proteção, entre outras ações -, mas não há relação entre o número de infectados e de mortos com os repasses.
Procurado, o Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro informou que não há qualquer investigação envolvendo possíveis fraudes em óbitos por Covid-19 no Estado. A Polícia Federal não divulga informações sobre investigações em andamento, mas não há citação de nenhuma apuração envolvendo este tema. A Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) não se manifestaram.
Em entrevista ao Comprova, o autor do vídeo que viralizou nas redes sociais, Anthony Ferrari Penza, que vive em Cabo Frio (RJ), disse que pode confirmar suas "denúncias" com relatos de pessoas que buscaram atendimento médico. "Eu tenho provas disso, eu coloco cem pessoas para falar", declarou Penza – sem apresentar nenhum documento.
Como verificamos?
O Comprova procurou o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro para saber quanto a União repassou ao Estado para o combate à Covid-19. Também questionou aos órgãos sobre os critérios usados para definir o valor repassado aos Estados.
O Comprova procurou ainda o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro para saber se há alguma investigação, concluída ou em andamento, sobre possíveis fraudes no registro de óbitos causados pela Covid-19.
Também levantamos informações sobre Anthony Ferrari Penza, autor do vídeo. A partir de dados de sua página no Facebook, o Comprova confirmou por e-mail com a Universidade Veiga de Almeida que ele é formado em Enfermagem. Também por e-mail, o Comprova checou com o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) do Rio de Janeiro que ele possui registro profissional. Descobriu ainda com o Coren e com o Conselho Federal de Enfermagem que Anthony tem "diversas denúncias" nas ouvidorias dos dois órgãos e que há um processo administrativo para apurar infrações.
Por fim, o Comprova entrou em contato com o autor do vídeo. Fez uma entrevista de 44 minutos e, no dia seguinte, voltou a conversar com o enfermeiro via WhatsApp.
Verificação
No vídeo, Penza afirma que governos estaduais e municipais estão lucrando a cada registro de óbito por Covid-19. Ele também diz que 60% das pessoas mortas pelo novo coronavírus "não morreram de Covid; morreram por estarem assustadas, morreram por causa da corrupção, morreram porque muitos falaram 'fique nas casas'". De acordo com as afirmações do enfermeiro, "existia e existe ainda venda de mortos pelo (sic) Covid-19".
As afirmações, no entanto, não são verdadeiras. Segundo o Ministério da Saúde, os valores repassados a Estados e municípios para o combate à pandemia não são definidos de acordo com o número de mortos.
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro foi procurada por e-mail no dia 15 de junho. Depois, foi contactada por telefone nos dias 16, 17, 18 e 19 de junho. Mas não respondeu até o fechamento dessa verificação.
Óbitos
O Rio de Janeiro registrou 8.875 mortes causadas pelo novo coronavírus até o dia 22 de junho. Segundo uma nota técnica divulgada pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) no dia 27 de março, os médicos devem incluir a Covid-19 como causa da morte na Declaração de Óbito dos pacientes quando a vítima tiver testado positivo para o vírus SARS-CoV-2. "Se a morte ocorrer antes do resultado de exames confirmatórios para COVID-19, recomenda-se ao (à) Médico (a) registrar COVID-19 (suspeito)", orienta o documento. Nesses casos, a confirmação ou descarte ficará sob responsabilidade das secretarias municipais e estaduais de Saúde.
Por e-mail, o Ministério Público Federal declarou que não há investigações relacionadas a fraude no registro de óbitos pela Covid-19 no Rio de Janeiro. A Polícia Federal informou que não divulga informação sobre investigações. O Ministério Público Estadual e a Polícia Civil não responderam ao Comprova.
Quem é Anthony Ferarri Penza
Nascido no Rio de Janeiro, Anthony Ferarri Penza se formou em Enfermagem em 2014, na Universidade Veiga de Almeida, na mesma localidade. Ele diz trabalhar em hospitais de Cabo Frio, mas, na entrevista feita pelo Comprova por telefone, não disse quais são as instituições em que atua. Antes da graduação em Enfermagem, Anthony foi dono de um jornal, o "Diário Cabofriense", que diz ter vendido "em 2012 ou 2013".
Politicamente, Penza diz que não é nem de direita, nem de esquerda, mas, nos vídeos, costuma destacar "políticos de esquerda" e chamá-los de canalhas.
No jaleco que usa nas gravações, há a inscrição "Doutor Anthony Ferreira Enfermeiro". Nos comentários do vídeo, alguns internautas questionam o uso do título "doutor", mas a Resolução 256/2001 do Conselho Federal de Enfermagem autoriza tal utilização por enfermeiros.
No início da pandemia, em 17 de março, ele postou um vídeo pedindo que as pessoas ficassem em casa. Ele afirmava: "Pelo amor de Deus, desculpa o meu desespero, mas é importante que eu fale isso porque nós não temos condições de atender os pacientes normais, quanto mais atender essa epidemia, ou melhor, pandemia de coronavírus". E continuava a gravação dizendo que Cabo Frio poderia vir a ter uma "carnificina de coronavírus". Ao ser questionado pelo Comprova sobre a mudança de postura em relação ao isolamento, Penza respondeu: "Ali era importante. Não sabemos como vai ser o vírus no Brasil e como o Brasil vai se comportar. Tanto que no Brasil como é que se comportaram Estados e municípios? Apenas com corrupção".
Vídeos
O enfermeiro contou na entrevista ao Comprova que faz o que define como "vídeos de revolta" há quatro anos. Possui um canal no YouTube desde março do ano passado. O primeiro vídeo tem 245 visualizações e o mais recente, de 11 de junho, alcançou 6.040 views. Penza disse que quem criou o canal foi sua mulher e já pediu que ela o cancelasse, por não saber mexer no site. A plataforma que ele mais utiliza para divulgar as gravações é o Facebook.
Denúncias contra o enfermeiro
Entre os comentários nos vídeos postados na página de Penza no Facebook, alguns são de usuários que questionam a veracidade do conteúdo e falam em denunciar o enfermeiro. Procurado, o Conselho Federal de Enfermagem afirmou ao Comprova, por e-mail, ter recebido "diversas denúncias" contra Anthony e que foi instaurado um processo administrativo para apurá-las no Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro.
Por que investigamos?
O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais. Quando o material aborda assuntos relacionados à Covid-19, a verificação se torna ainda mais importante, pois coloca a saúde das pessoas em risco. O vídeo checado pelo Comprova tinha mais de 8.646 visualizações no YouTube até a publicação desta investigação e alcançou mais de 99 mil compartilhamentos no Facebook até o dia 22 de junho, quando foi apagado por Penza.
Temas relacionados ao novo coronavírus têm sido usados politicamente, seja para reforçar narrativas ou desacreditar recomendações de cientistas, entre outras razões. Embora o autor do vídeo se defina como "apolítico, nem de direita, nem de esquerda", a gravação segue a linha de outros conteúdos que se alinham ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vê os governos estaduais e municipais como alvo preferencial na crise política e econômica causada pela pandemia do novo coronavírus.
Ao afirmar ainda que pessoas morreram "porque muitos falaram 'fique nas casas'", Penza trata a orientação de distanciamento social como um erro que teria causado mortes. Além disso, faz acreditar que não é preciso seguir a recomendação de distanciamento em um país que, até 22 de junho, havia perdido mais de 50 mil vidas para o vírus.
Falso, para o Comprova, é todo o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.
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Substituição de medicamentos causa danos

Falta de sedativos em UTIs obriga médicos a usarem outras opções, mas com risco de implicações indesejadas, como prolongar internação

A falta de sedativos e bloqueadores neuromusculares para pacientes entubados com o novo coronavírus é uma realidade na rede pública de Goiás. Equipes médicas têm recorrido à substituição dos medicamentos em falta por similares, mas isso tem consequências para o paciente. Aumento do tempo de internação, dificuldade de se adaptar ao ventilador mecânico, maior risco de quadros de delírio e queda de pressão arterial são alguns dos efeitos colaterais.
Esta escassez destes medicamentos é um problema no mercado hospitalar e tem sido registrada em todo o Brasil. Reportagem do POPULAR do dia 11 de junho já alertava para a dificuldade de compra destes materiais e a baixa quantidade no estoque.
Pacientes graves com o novo coronavírus necessitam ser entubados com os tão necessários respiradores. No entanto, além do equipamento, esse procedimento demanda anestesia constante com o uso de sedativos e dos chamados bloqueadores neuromusculares. Este último causa uma espécie de paralisia dos músculos, para que o paciente não "brigue com ventilador", jargão médico para a situação em que o corpo do paciente tenta respirar em descompasso com o respirador mecânico, causando falta de oxigenação.
"A maioria dos pacientes entubados antes da Covid-19 não ficava tantos dias na UTI, por mais de uma semana. Diferente destes pacientes com coronavírus. Há relatos de pacientes entubados por três meses. Imagine o tanto de sedativo e bloqueador necessário", explica o vice-presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de Goiás (Saego), Cláudio Diniz de Moraes.
Sedativo usado normalmente em pacientes entubados, o Midazolam é um dos que faltam em hospitais de Goiânia. Pelo menos três relatos de falta dele, em três unidades, chegaram ao Saego. De acordo com Cláudio, na falta deste sedativo, se usa o anestésico Propofol. "Ele é ótimo para cirurgias eletivas, mas tem mais contraindicações, para o paciente que teve enfarte recente e tem insuficiência cardíaca."
Um médico de UTI com pacientes graves com coronavírus de um importante hospital da capital, que pediu para não ser identificado, conta que só se usa bloqueadores neuromusculares no momento da entubação, para economizar o estoque. O medicamento deveria ser aplicado mais vezes enquanto o paciente está entubado, para ele não "brigar com o ventilador."
"Ainda encontra uma dose (de bloqueador) aqui e outra acolá para fazer a entubação, mas para manter relaxado não tem. Aí usa só mais sedativos para fazer com que ele aceite mais o ventilador", relata o médico. De acordo com ele, essa maior dose de sedativos pode levar a uma queda da pressão e diminuir a oxigenação dos tecidos do paciente. Além disso, aumenta-se a chance de quadros de delírio (veja quadro).
Presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás, Franscine Leão alerta que a falta dos sedativos é um problema que pode afetar os pronto-socorros. Com o aumento da ocupação dos leitos, pacientes terão de ficar mais dias entubados em unidades de urgência e emergência. Ela exemplifica que entubou dois pacientes recentemente onde trabalha e que havia os sedativos. No entanto, quando faltar, ela teme que a situação se agrave, já que este tipo de unidade não costuma ter anestesista.
"A gente vai ter de começar a usar droga que não tem de usar e não sabemos exatamente como vai ser o efeito nos pacientes com Covid-19, que já são diferentes por si só. No paciente com Covid-19, tudo que você estudou, você tem que reaprender. Não somos mais habilitados a lidar com drogas de segunda e terceira linha. Profissionais que sabem lidar com elas são anestesistas. A grande maioria dos pronto-socorros não tem anestesistas", relata a médica.

"A gente não tem estoque grande para dois meses"
O secretário estadual de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, reconheceu durante entrevista na tarde desta terça-feira (23) ao POPULAR que já estão sendo usadas medicações alternativas para sedar pacientes entubados. Ele lembrou que a falta de alguns medicamentos é um problema nacional e há promessa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) de regularização da situação entre sete e dez dias.
"Todo mundo que precisa ser sedado está sedado. Todo mundo que precisa ser entubado está entubado. Mas as vezes tem que utilizar algumas medicações que não são de extrema última geração, porque de última geração, infelizmente, no Brasil já não está tendo", relata o secretário.

De acordo com Alexandrino, não se consegue mais realizar compras em quantidade suficiente para dois meses e os prazos de entrega não são cumpridos. "A gente não tem estoque grande para dois meses. Ninguém mais vende estoque suficiente para 120 dias. Essa situação que estamos passando aqui, outros Estados também estão passando", relatou.

Ainda na entrevista, ao ser questionado sobre as consequências da substituição de sedativos, Alexandrino relatou a maior demora para o paciente acordar. Segundo ele, há drogas mais modernas que fazem o paciente se recuperar da sedação mais rápido, em minutos. Na falta delas, são usadas medicações menos modernas, que o paciente demora mais horas para recuperar a consciência.
"Quando substitui, não é que não é para aquilo. É para aquilo. Mas os benefícios que com a tecnologia foram ganhados, a gente acaba perdendo. Paciente que era para acordar dentro de 20 minutos, acorda com 6 horas, 12 horas. Isso retarda a alta do paciente, retarda a entubação do paciente", descreve o secretário.
Hospitais de campanha
Por nota, a Associação de Gestão Inovação e Resultados em Saúde (Agir), organização social responsável pela gestão do Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia, disse que tem encontrado dificuldades para manter o abastecimento em todas as unidades. No caso dos bloqueadores neuromusculares, estão sendo usados fármacos com ação similar, com maior disponibilidade no mercado e priorizando o uso racional na prescrição.
"Estamos otimistas com a normalização do abastecimento pelas indústrias até o final do mês de junho", diz trecho da nota. A OS também cuida da gestão do Hospital de Urgências da Região Noroeste, o Hugol.
O Hospital e Maternidade Célia Câmara (HMMCC), administrado pela Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da UFG (Fundahc), informou que está trabalhando diuturnamente, com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, para aquisição dos sedativos e bloqueadores neuromusculares em falta. "Sabemos da escassez desses itens no mercado e estamos utilizando substitutos que encontram-se disponíveis para compra dentro da segurança e aplicação individual de cada medicamento", explica o diretor-técnico do HMMCC, Marcelo Cupertino, em nota.
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