DIÁRIO DA MANHÃ
Ferida faminta
Bactéria desconhecida afeta homem que entrou no Ribeirão Pirapitinga, em Cumari, no interior. Médicos realizam pesquisa por anticorpos
ANDERSON KIYOAKI
Boa parte da humanidade pensa que é imune aos problemas que afligem o mundo, a maioria gosta de pensar que é invulnerável, uma espécie de super-homem melhorado que não teme nem mesmo a kryptonita. Com este sentimento levamos a vida confortavelmente sem nos preocuparmos se o ambiente que nos certa está seguro, afinal somos super. Parece que tudo vai estar bem o tempo todo, até que um choque de realidade vem e abala esta certeza. Foi assim com todos que conhecem o sr. Orlindo de Oliveira, cidadão natural do município de Cumari, que aos 52 anos de idade, chocou família e amigos ao ser infectado por uma misteriosa bactéria que literalmente começou a comer sua perna. Segundo Orlindo profissionais da área da saúde que trabalham no Hospital Municipal de Cumari que acompanharam seu caso achavam que seria muito difícil evitar a amputação do membro.
Orlindo lembra que se sentia sedentário por trabalhar sentado – era motorista de transporte escolar – então voltou a frequentar o Ribeirão Pirapitinga para se exercitar nas águas que fizeram parte da sua infância. Na madrugada do quarto dia começou a sentir fortes dores na perna “era uma dor laciante, mal dava para aguentar, esperei até as 6h do dia seguinte e fui para o Hospital Municipal, de lá a enfermeira me encaminhou para a Santa Casa de Misericórdia de Catalão” comenta. Já na Santa Casa foram realizados diversos exames que foram inconclusivos, foi então que o a seu pedido foi transferido para o Hospital São Nicolau, também em Catalão, lá foi atendido pelo dr. Airton.
Segundo informações fornecidas por Orlindo, inicialmente surgiram bolhas em sua perna e o médico achou melhor esperar que elas se rompessem e partir deste momento, ao iniciarem a assepsia da região afetada começaram a surgir as lesões. Ainda de acordo com depoimento do sr. Orlindo: “O médico falou que o que provocou as lesões foi uma infecção causada por bactérias que provavelmente se desenvolvem em água suja.”
“Estou convencido de que peguei esta coisa no Ribeirão Pirapitinga, não fui a nenhum outro lugar. Fico muito triste por isso, conheço estas águas desde que me entendo por gente, sempre nadei lá. Já bebi daquela água e hoje para mim, o rio morreu, não tenho mais coragem de entrar lá”, comenta entristecido Orlindo.
Impacto financeiro
Indagado sobre como o episódio afetou sua rotina, Orlindo faz uma pausa, respira fundo e comenta entristecido: “Eu tinha uma Kombi e fazia transporte escolar, mas desde o dia 28 de dezembro não pude mais trabalhar, fiquei mais de 1 mês internado e para custear minhas despesas e o tratamento médico, fui forçado a vender o carro, então não tenho mais trabalho, hoje dependo do auxílio-doença pago pelo INSS. Quando tudo isso terminar pretendo montar uma oficina mecânica.”
“Gostaria de pedir para as autoridades para cuidarem melhor do nosso rio, ele é uma de nossas poucas opções de lazer. Muitas pessoas dependem dele para viver, bebem sua água e comem seus peixes, não quero que ninguém passe pelo que estou passando” apela.
Posicionamento do município
Marco Antônio, prefeito de Cumari, informou que o município não está inerte, e que já existem projetos em andamento para recuperar a qualidade das águas do ribeirão. Atualmente existe uma parceria entre a Ong Guerreiros da Natureza e a prefeitura municipal para a execução de projetos ambientais visando não apenas a recuperação mas, a conscientização da população sobre a importância da preservação ambiental.
“Tomei conhecimento do risco que o ribeirão representa através do caso do sr. Orlindo, isto é assutador, já que ele passa muito perto da cidade e é ponto de lazer dos nossos jovens. Vamos propor uma ação conjunta entre os municípios banhados pelo ribeirão e a Semarh para viabilizarmos ações para recuperar as águas do Pirapitinga”, afirma o prefeito.
De onde vem
o perigo
A qualidade das águas do Ribeirão Pirapitinga já tinha sido questionada em matéria intitulada Cachoeira “verde” veiculada na edição do DM, em 26 de março de 2013, onde o gestor ambiental Álvaro Barbosa aponta a necessidade de um melhor tratamento dos efluentes da cidade de Catalão antes de serem despejados no córrego.
Questionado sobre o caso, Álvaro esclarece que se propõe a fazer a análise da águas do Pirapitinga: “Acho que o primeiro passo é fazer uma análise laboratorial da qualidade da água e a melhor forma de monitorarmos esta água é coletarmos amostras em três pontos dentro do município, o primeiro próximo à nascente, o segundo pouco antes da estação de tratamento de esgoto e o terceiro ponto logo após o ribeirão receber as águas da Ete. Depois, com o resultado nas mãos teremos dados concretos para trabalhar, e pelo que eu conheço do secretário do Meio Ambiente, professor Marcelo, do presidente da SAE, César José e do prefeito Jardel Sebba, não tenho dúvidas de que será feito o melhor possível para sanar o problema.”
Segundo Álvaro: “Não podemos jogar a sujeira para baixo do tapete e fazer de conta que o problema não existe, não cabe a nós ficar procurando culpados, o que sabemos é que o problema é fruto de anos a fio de irresponsabilidades. O mais importante é saber que os atuais gestores estão dispostos a solucionar o mal e que existe dinheiro do Estado, da União e até de organismos internacionais que podem ser pleiteados para este fim, o importante é dar o primeiro passo.”
O gestor já falou ao DM sobre os problemas encontrados na Estação de Tratamento de Esgotos de Catalão segundo suas explicações no terreno onde se localiza a ETE a camada de argila que funciona como filtro natural do solo foi retirada, e desta forma os efluentes que são depositados nos tanques de decantação têm maior possibilidade de contaminar o solo e o lençol freático outro grave problema é que a água resultante do tratamento que está sendo lançada no Rio Pirapitinga continua poluindo o manancial.
Mesmo não havendo estudos científicos comprobatórios, fica claro a olho nu que a água esverdeada que sai da ETE ainda não está em condições de ser lançada no rio, deveria receber um tratamento a base de polímeros para decantar toda matéria orgânica que está em suspensão. Ainda seguindo o raciocínio do gestor caso os efluentes recebessem um tratamento adequado a água resultante poderia ser vendida para reuso em processos industriais. Desta forma o atual problema se tornaria mais uma fonte de riqueza para o município.
Segundo Álvaro: “É preciso tratar o problema com a seriedade necessária, pois sem um tratamento adequado estaremos lançando no Ribeirão Pirapitinga não apenas esgoto doméstico, pois a rede de captação não faz distinção de clinicas, farmácias, ou até mesmo hospitais, desta forma se estes estabelecimentos de alguma forma lançarem na rede de esgoto qualquer tipo de resíduo infecto-contagioso, a água com tanta matéria orgânica poderá servir como uma imensa colônia e neste caso comprometer toda vida ao longo do rio.” (27/05/13)
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Chá verde vira pele artificial
Tratamento para escaras, úlceras de pressão e feridas é desenvolvido com pele artificial que pode ter baixa rejeição
JESSICA TELES
Há quem goste do gosto amargo. Para aqueles que não apreciam o sabor do chá verde, é bom pensar em mudar de hábito. Já é cientificamente comprovado os benefícios desta erva. Entre eles estão: a prevenção do câncer e de doenças vasculares, além de ajudar na redução do sobrepeso/obesidade. Recentemente, pesquisadores de São Carlos, em São Paulo, descobriram que através do chá é possível formar uma membrana, denominada Nanoskin. O produto quando aplicado na pele, ajuda no tratamento de escaras, úlceras de pressão, feridas de pessoas com diabetes, pé diabéticos e queimaduras. E muito ainda tem que se descobrir desta erva. É surpreendente os resultados nas áreas de nutrição, cosméticos, veterinária, agropecuária, entre outras.
A Nanoskin é uma película natural extraída da combinação do chá verde com uma levedura. Após alguns dias é formada uma película gelatinosa que quando desidratada se transforma em uma membrana parecida com um papel vegetal, com a mesma formação fibrosa da pele humana. “Assim que é aplicada na pele, ela religa os pontos rompidos no ferimento fazendo com que a o cérebro entenda que esta tudo ok, e assim para de estimular a parte que provoca a dor”, diz Peterson José, diretor administrativo, que ajudou a desenvolver a membrana. “ Está sendo mais pedida em casos de pacientes com pé diabéticos, que é muito difícil cicatrizar. Já solucionamos o problema de uma pessoa que tinha ferimentos no pé há oito anos, e que quando usou o nanoski, em 100 dias fechou tudo”, afirma.
Podendo ser usado em qualquer idade, a aplicação é bem simples. Basta fazer a limpeza no local do ferimento, com soro fisiológico, depois é só umedecê-lo. “Ao aplicá-la, deve-se pressionar levemente a membrana para que ela fique em contato com o ferimento”, afirma. Como ela fica transparente, o paciente irá monitorar o tempo que dá para usar. “ Caso infeccione ou molhe é necessário substituí-la”, declara. Segundo Peterson já estão sendo feitos contatos com redes de farmácias, hospitais e prefeituras. Mas, até o momento, a maior venda é para a região Sudeste e Nordeste, em especial na Bahia. “Esse procedimento significa um avanço tecnológico que se aplicado a rede pública ou privada, trará ao usuário mais qualidade de vida, pois haverá menos dores e a possibilidade de uma vida mais produtiva. É benefício para governos e hospitais já que o paciente ficará menos tempo internado, diminuindo custos com mão-de-obra e medicamentos”, declara.
Análise
A enfermeira e podóloga Ana Carolina, que também trabalha em São Carlos, diz que tem indicado o Nanoskin para os pacientes e que os resultados são satisfatórios. “Ele é fundamental para que eu possa desenvolver o meu trabalho. Com a membrana, consigo diminuir o tempo dos tratamentos, as dores do paciente e consequentemente dar mais conforto e qualidade de vida”, diz. Questionada se já houve um produto parecido com esse no mercado, ela ressalta que não. “Esse produto é 100% natural e com uma eficiência excelente. Os resultados foram melhores do que o esperado. Uma lesão que seria tratada por um período longo, a Nanoskin nos dá uma resposta abreviada na cicatrização”, declara.
Um dos casos de sucesso, segundo Ana Carolina, foi a do Adolfo, de 54 anos, que sofria há 15 anos com infecções nas extremidades dos membros inferiores, devido ao diabetes. “Ele foi várias vezes internado, e tomava constantemente antibióticos. Como não resolveu, foi necessário a amputação parcial dos membros inferiores”, diz. Com uma grande perda tecidual, durante três meses, o paciente usou o Nanoskin. “Utilizei para acelerar o processo de cicatrização e regeneração do tecido. Adolfo não sentiu dor. Pelo contrário, estava seguro e confortável. O resultado foi extraordinário, surpreendendo todas as expectativas do paciente e da equipe de saúde”, ressalta. Há outras situações, relatadas por Peterson José , cujo tratamento foi positivo. “Uma paciente de 52 anos, tinha uma escara sacral de cinco centímetros de profundidade. Em 60 dias, já estava cicatrizado. Com frequência, as pessoas queimam o braço. Foi o que aconteceu com uma senhora que estava fritando salgados na hora do almoço. Ao colocar o salgado frio, o óleo quente subiu e queimou seu braço. Imediatamente foi feito um curativo. Em uma semana, com apenas uma aplicação, o braço da paciente estava inteirinho e restaurado, sem dores e sofrimento”, afirmou.
História
Desenvolvida através de uma pesquisa no Nordeste em 1982, a base da Nanoskin foi transferida em 2005, para São Carlos, cuja ideia original era continuar trabalhando com a cana-de-açúcar e adaptar para a região. “Apesar de estarmos no meio de uma das maiores regiões produtoras de cana, nós enfrentamos problemas como a entre safra, excesso de chuvas, agrotóxico, etc”, diz Peterson. Diante desses empecilhos, os pesquisadores fizeram algumas adaptações na formulação e chegaram ao chá verde. “Nele encontramos todos os nutrientes disponíveis na cana-de-açúcar e não temos os problemas já citados. Além de ser um produto que é encontrado em qualquer lugar”, afirma.
O produto ficou pronto em 2007. A demora para ser lançado no mercado, em agosto de 2012, foi devido à liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Nosso produto tem como base a nanotecnologia, tecnologia relativamente nova, que muito técnico da Anvisa ainda não tem conhecimento científico. O que atrapalhou ainda mais o andamento dos processos”, declara Peterson. Depois de toda dificuldade, o Nanoskin está ganhando o mundo. “Esse é um produto brasileiro. Mas, que já foram implantados na França e em Dubai. Estamos começando contatos na Alemanha e mais alguns países da Europa, Ásia, além da América do Sul, em países como Venezuela, Argentina, Uruguai”, destaca.
Chá Verde
Existe uma lenda chinesa, que diz que no ano de 2737 a.C., o imperador Shen Nung descansava embaixo de uma árvore. Próximo dele, havia uma vasilha que fervia água para os servos beberem. Coincidentemente, as folhas caíram neste recipiente. O cheiro se espalhou pelo ar, e Shen decidiu provar. A Camellia Sinensis, planta que dá origem ao chá verde pode ser encontrada na China, Japão e Índia. Conhecida como a bebida que traz muitos benefícios para a saúde, os estudos sobre o chá começaram no oriente. A nutricionista Juliana Prezotto explica: “Depois da água, esta é a segunda bebida mais consumida. Como os orientais sempre apresentaram boa saúde, muitas pretensões sobre esse composto foram expostos, alguns até exagerados. E para esclarecer os verdadeiros benefícios, estudos foram produzidos recentemente para avaliar os benefícios do uso regular deste chá”.
Dentre os vários compostos no chá, o mais abundante e conhecido são os polifenóis. “Apresentam bioatividades importantes em certas patologias sendo que as mais estudadas são: câncer, sobrepeso/obesidade e doença vascular”, diz a nutricionista. O consumo regular da bebida pode prevenir essas doenças. No caso do câncer, segundo pesquisas que foram destacadas por Juliana, o alto consumo de chá verde – mais que cinco xícaras por dia – está relacionado a redução de 20% de câncer de mama e 18% de câncer de colorretal. E para quem quer emagrecer? Ele também auxilia, mas não é o único remédio. “Isso é mito. Sem mudar os hábitos alimentares, nada acontecerá de forma milagrosa. As pesquisas constataram que há uma maior redução no peso corporal, IMC, massa gorda e circunferência de cintura e quadril nas pessoas que ingerem o chá”, declara. Dos benefícios já citados, o principal pode ser este. A presença de antioxidantes naturais no chá, reduz a probabilidade do desenvolvimento de doenças coronarianas. “Um estudo com adultos chineses que apresentavam níveis de colesterol LDL elevados e que foram suplementados diariamente com extrato de chá verde demonstrou redução de 16,4% nos níveis de LDL e 11,3% nos níveis de colesterol total em relação ao grupo não suplementado”, conclui.
Hábito
Nenhuma bebida substitui a água. Mas o chá verde é uma excelente opção para a ingestão de líquidos. “ O hábito deve ser diário. Recomenda-se o consumo de cinco a sete xícaras por dia, sem açúcar”, diz a nutricionista. Para melhor efeito, o correto é ingerir longe das grandes refeições. “Seus compostos fenólicos considerados antinutrientes diminui a digestibilidade proteica”, declara. Outra dica, é que não pode ser bebida após as 18 horas. “Contém cafeína e pode prejudicar na qualidade do sono, fundamental no processo de emagrecimento”, destaca.
Mesmo com tantos benefícios, o chá verde não é para todos. “O chá verde inibe a absorção do ferro, portanto pacientes com anemia ferropriva devem evitar seu consumo. Também evito prescrever para pacientes com hipotiroidismo devido ao excesso de flúor e para grávidas”, ressalta Juliana. Para as crianças, a nutricionista, também não indica. “ O hábito do chá deve ser incorporado na rotina da família, mas não indicaria a bebida para os pequenos, e sim outras ervas que poderiam melhorar a digestão e o sono”, diz. No meio de tantos benefícios a nutricionista conclui: “É necessário manter um estilo de vida saudável, se alimentando de forma correta e natural, além da prática regular de atividade física”. (26/05/13)
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HGG realiza cirurgia para controle de crises convulsivas
Procedimento foi realizado em paciente encaminhada pela Justiça. Embora não seja habilitado pelo Ministério da Saúde para o procedimento, HGG tem competência técnica e condições técnicas para o atendimento. Habilitação é pleiteada junto ao governo federal.
O Hospital Alberto Rassi – HGG realizou, ontem, cirurgia para implante de estimulador de nervo vago. O aparelho é uma espécie de marca-passo colocado na região do pescoço do paciente que ajuda a controlar crises convulsivas causadas por epilepsia refratária, que não tem indicação de cirurgia convencional e também não responde a tratamento clínico.
A cirurgia, que é realizada somente na rede privada, foi feita em paciente encaminhada pela Justiça, com liminar obtida por meio do Ministério Público. Apesar de contar com especialista e condições técnicas para realizar o procedimento, o Hospital não está habilitado para este tipo de cirurgia pelo Ministério da Saúde. Portanto, o Estado não receberá o valor pago pelo procedimento.
A paciente Lorena Araújo Souza, de 20 anos, sofre de crises convulsivas desde os quatro meses de idade. Ela diz que nunca pode ficar sozinha por conta da epilepsia. Não estuda, não trabalha e deposita suas esperanças na cirurgia para resolver o problema que a acompanha desde a infância. “Espero poder fazer veterinária e com minha independência financeira cuidar de quem sempre cuidou de mim… meu pai e minha mãe.”
Responsável pela cirurgia, o médico neurocirurgião Jean Louis Schoepfer explica que a cirurgia não é curativa. Ele explica que o dispositivo implantado reduz as crises sensivelmente, de 70 a 80% , em 30% dos pacientes operados. “Não é um método curativo. O aparelho é regulado de acordo com a resposta do paciente, após a cirurgia. No futuro se houve melhora, podemos reduzir a medicação, o que minimiza efeitos colaterais. Na rede particular, a cirurgia custaria R$ 150 mil, dos quais R$110 mil só do aparelho.” O aparelho não está no rol dos procedimentos do Ministério da Saúde. Se fosse habilitado para a cirurgia, o Estado receberia pelo procedimento. O aparelho não está incluído no rol de procedimentos custeados pelo SUS.” Um projeto de lei prevê a inclusão do custo do equipamento pelo SUS, mas não foi aprovado”, comenta o cirurgião Jean Louis Schoepfer. (25/05/13)
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60 dias para tratar câncer
Lei sancionada em novembro, pela presidenta Dilma Rouseff, já está em vigor: pacientes têm direito assegurado
Desde ontem, pacientes com câncer deverão iniciar o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até 60 dias após o registro da doença no prontuário médico. A determinação consta da Lei 12.732/12, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em novembro do ano passado, que entrou em vigor ontem.
Para ajudar Estados e municípios a gerir os serviços oncológicos da rede pública, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou, há uma semana, a criação do Sistema de Informação do Câncer (Siscan). O software, disponibilizado gratuitamente para as Secretarias de Saúde, vai reunir o histórico do paciente e do tratamento. A previsão do governo é que, a partir de agosto, todos os registros de novos casos de câncer no país sejam feitos pelo Siscan.
Na ocasião, o ministro alertou que Estados e municípios que não implantarem o sistema até o fim do ano terão suspensos os repasses feitos para atendimento oncológico. Com o objetivo de acompanhar o processo de implantação do Siscan e a execução de planos regionais de oncologia, uma comissão de monitoramento, de caráter permanente, visitará hospitais que atendem pelo SUS. O grupo vai avaliar as condições de funcionamento e a capacidade de oferecer atendimento oncológico com agilidade.
No dia 22 o diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Paulo Hoff, elogiou a nova regra, mas cobrou recursos para o cumprimento da lei. De acordo com o médico, que também é professor de oncologia e radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, nas instituições que tratam o câncer pelo SUS no Estado o tempo médio entre o diagnóstico e o início do tratamento é de 22 dias, abaixo do exigido pela lei. Ele disse, no entanto, que há casos em que, dependendo da localização do paciente e do tipo de tumor, o prazo pode passar de três meses.
Dados do Ministério da Saúde mostram que o SUS conta atualmente com 277 serviços habilitados em oncologia, sendo 134 no Sudeste, 63 no Sul; 48 no Nordeste, 20 no Centro-Oeste e 12 no Norte. As unidades oferecem radioterapia, quimioterapia e cirurgia oncológica. (ABr)
Em todo Centro-Oeste, 20 unidades oferecem serviços
O Ministério da Saúde informou que o Sistema Único de Saúde (SUS) conta atualmente com 277 serviços habilitados em oncologia, sendo 134 no Sudeste, 63 no Sul; 48 no Nordeste, 20 no Centro-Oeste e 12 no Norte. As unidades oferecem radioterapia, quimioterapia e cirurgia oncológica.
Desde ontem pacientes com câncer devem iniciar o tratamento em até 60 dias após o registro da doença no prontuário médico. A regulamentação da Lei 12.732/12, que determina o prazo, foi detalhada no último dia 16, pelo governo federal.
Atualmente, 78% dos pacientes com câncer em estágio inicial recebem tratamento em até 60 dias. Destes, 52% conseguem ser atendidos em 15 dias. Entre os pacientes com câncer em estágio avançado, 79% recebem tratamento em até 60 dias. Chega a 44% os que conseguem ser atendidos em 15 dias.
A estimativa do ministério é que o País registre este ano 518 mil novos casos de câncer. Os tipos mais comuns entre mulheres são mama, colo de útero; cólon e reto; glândula tireoide e traqueia. Entre os homens, o maior número de tumores registrados são próstata, traqueia, brônquio e pulmão; cólon e reto. Depois das doenças cardiovasculares, o câncer responde como o grupo que mais mata no País. Em 2010, mais de 179 mil pessoas morreram vítimas da doença.(ABr) 24/05/13
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CFM propõe alternativa à "importação" de médicos
LÍGIA FORMENTI
O Conselho Federal de Medicina (CFM) lança uma última cartada para tentar convencer o governo a desistir do plano de recrutar médicos estrangeiros para trabalhar em áreas consideradas prioritárias. O documento propõe uma estratégia alternativa, com alterações no Programa de Valorização de Atenção Básica, o Provab, o que traria mais atrativos para médicos formados no Brasil a trabalhar nesses locais.
A proposta condiciona a abertura de vagas à instalação de infraestrutura adequada, oferta de insumos, equipamentos de diagnóstico e terapias. A proposta sugere que profissionais recrutados tenham vínculo contratual com o Ministério da Saúde, uma jornada de 40 horas semanais; direito a licença-maternidade e auxílio-doença, férias e aviso prévio de desligamento de 30 dias.
O Provab foi criado em 2011 para tentar atrair médicos para áreas consideradas de difícil provimento: periferias de grandes cidades e postos em municípios afastados. Na edição deste ano, dos 13 mil profissionais solicitados pelas prefeituras, 3.800 assinaram contrato, o equivalente a 29% das vagas abertas. No documento o CFM diz ser essencial que médicos recrutados no exterior sejam submetidos ao Revalida, um exame para validação do diploma, e um teste de fluência em português. (24/05/13)
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O HOJE
TCE considera ilegais 300 contratos da SES
Conselheiros do tribunal votaram pela irregularidade de contratações avaliadas em R$ 12 milhões em serviços
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) considerou ilegais mais de 300 processos oriundos da Secretaria de Estado da Saúde, realizados de janeiro a outubro de 2011, denominados “regularização de despesa”. Os processos somam R$ 12,3 milhões, contratados de forma direta e sem a realização de licitação. “Os chamados processos de ‘regularização de despesa’ – denominação dada pela Secretaria da Saúde – não mais são que pagamentos por bens fornecidos ou serviços prestados sem o regular e competente processo licitatório ou de contratação direta”, afirmou o relator do processo, Sebastião Tejota.
No mesmo acórdão, o TCE determinou ao secretário de Saúde, Antônio Faleiros Filho, a instauração de tomada de contas especial para identificar os responsáveis, apurar e quantificar o dano e recompor o erário, fixando prazo de 60 dias para apresentação de relatório conclusivo. Em caso de descumprimento, foi fixada multa de R$ 15 mil. O secretário-chefe da Controladoria Geral do Estado, José Carlos Siqueira, será comunicado da decisão para acompanhar o processo de tomada de contas especial.
Em nota encaminhada à imprensa, o secretário de Saúde, Antonio Faleiros, afirma que vai acatar a decisão do Tribunal de Contas do Estado para instaurar a Comissão Especial de Tomadas de Contas, visando apurar responsabilidades pelos 300 processos questionados.
No entanto, Faleiros esclarece que a regularização de despesas não é mais realidade da Secretaria de Estado da Saúde desde 2011, quando foi suspensa a utilização indevida do Fundo Rotativo, que mantinha em funcionamento até então, a rede hospitalar do Estado.
Segundo o secretário, esses processos apontados pelo TCE representam o retrato de uma época anterior, encontrada pela atual gestão e já superada por medidas como a contratação da plataforma de compras on line Bionexo, implantação de novo fluxo processual na SES, contratos de gestão para gerenciamento dos hospitais, aumento dos pregões eletrônicos e licitações.
Outros processos de regularização com datas até o início de 2012 poderão surgir em investigações vindouras, como resquícios das medidas de exceção tomadas por ocasião da crise de desabastecimento vivida na rede hospitalar no final de 2011, mas essa prática foi abolida com a normatização do setor de Compras e Licitações. (25/05/13)
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Lei impõe prazo para SUS tratar câncer
Lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff no ano passado passou a vigorar ontem e estabelece 60 dias para sistema
Pacientes com câncer deverão iniciar o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até 60 dias após o registro da doença no prontuário médico. A determinação, que entrou em vigor ontem, consta da Lei 12.732/12, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em novembro do ano passado.
Para ajudar estados e municípios a gerir os serviços oncológicos da rede pública, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou, há uma semana, a criação do Sistema de Informação do Câncer (Siscan). O software, disponibilizado gratuitamente para as secretarias de Saúde, vai reunir o histórico do paciente e do tratamento. A previsão do governo é que, a partir de agosto, todos os registros de novos casos de câncer no país sejam feitos pelo Siscan.
Na ocasião, o ministro alertou que estados e municípios que não implantarem o sistema até o fim do ano terão suspensos os repasses feitos para atendimento oncológico. Com o objetivo de acompanhar o processo de implantação do Siscan e a execução de planos regionais de oncologia, uma comissão de monitoramento, de caráter permanente, visitará hospitais que atendem pelo SUS. O grupo vai avaliar as condições de funcionamento e a capacidade de oferecer atendimento oncológico com agilidade.
Na quarta-feira (22), o diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Paulo Hoff, elogiou a nova regra, mas cobrou recursos para o cumprimento da lei. De acordo com o médico, que também é professor de oncologia e radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, nas instituições que tratam o câncer pelo SUS no estado o tempo médio entre o diagnóstico e o início do tratamento é 22 dias, abaixo do exigido pela lei. Ele disse, no entanto, que há casos em que, dependendo da localização do paciente e do tipo de tumor, o prazo pode passar de três meses.
Dados do Ministério da Saúde são otimistas
Dados do Ministério da Saúde mostram que o SUS conta atualmente com 277 serviços habilitados em oncologia, sendo 134 no Sudeste, 63 no Sul; 48 no Nordeste, 20 no Centro-Oeste e 12 no Norte. As unidades oferecem radioterapia, quimioterapia e cirurgia oncológica.
Atualmente, 78% dos pacientes com câncer em estágio inicial recebem tratamento em até 60 dias. Desses, 52% conseguem ser atendidos em 15 dias. Entre os pacientes com câncer em estágio avançado, 79% recebem tratamento em até 60 dias. Chega a 44% os que conseguem ser atendidos em 15 dias.
A estimativa do ministério é que o país registre este ano 518 mil novos casos de câncer. A previsão é que 60.180 homens tenham câncer de próstata e 52,6 mil mulheres sejam diagnosticadas com câncer de mama. Depois das doenças cardiovasculares, o câncer é a doença que mais mata no país.
Em 2010, 179 mil pessoas morreram em decorrência da doença. O câncer dos brônquios e do pulmão foi o tipo que mais matou (21.779), seguido do câncer do estômago (13.402), de próstata (12.778), de mama (12.853) e de cólon (8.385). (25/05/13)
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A REDAÇÃO
Hugo confirma abertura de mais 12 leitos de UTI
Goiânia – A diretoria do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) anunciou, nesta quinta-feira (23/5), a abertura de 12 novos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) até julho. Com isso, o hospital passará a contar com 70 vagas de UTI, o que representa um aumento de 60% no número de leitos em um ano. A notícia foi dada durante visita do secretário de Estado da Saúde Antônio Faleiros à unidade.
As melhorias recorrentes no Hugo são consequência da gestão do Instituto Gerir, que está à frente da administração desde maio de 2012. Nesta data, existiam 44 vagas de UTI no local. O quantitativo subiu para 58, com a abertura de mais 14 vagas.
Neste um ano, também houve um aumento de 38% da produtividade no hospital, um crescimento de 52% dos procedimentos cirúrgicos e o pleno abastecimento de insumos.
Além disso, o Hugo inaugurou uma central de hotelaria hospitalar – que conta com tecnologia de ponta e oferece serviço de camareiras aos pacientes – e promoveu a criação de 50 novos leitos de enfermaria (que hoje totalizam 241 vagas), sem aumentar a estrutura física. O pronto socorro e a UTI agora dispõem de equipamentos de última geração em termos de tecnologia hospitalar.
Durante a visita do secretário de Saúde, o superintendente Técnico do Instituto Gerir, José Mário Meira Teles, informou que todos os avanços foram possíveis graças à forma otimizada de uso dos recursos e a um modelo de gestão arrojado. Em apenas 12 meses, foram economizados R$ 18 milhões para o Estado, o que representa R$ 1,5 milhão por mês.
O diretor Geral do Hugo, Ciro Ricardo Pires, destacou que o sucesso da nova gestão é o resultado de um trabalho intenso, visão crítica e humildade. “O Hugo estava em situação bastante vulnerável. Com a administração da OS e o apoio de cada colaborador, hoje caminhamos rumo à excelência”, afirmou.
O secretário Antônio Faleiros afirmou estar satisfeito com tudo que viu no novo Hugo. Lembrou que – quando anunciou a possibilidade da terceirização da administração das unidades de saúde por meio de contratos com as organizações sociais – foi bastante criticado. Entretanto, hoje, destaca que está no caminho correto. “Apesar de todas as críticas que enfrentamos, sei que fizemos a aposta certa”. (24/05/13)
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JORNAL OPÇÃO
Mudanças nos critérios para diagnóstico provocam polêmicas
O Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais é produzido nos Estados Unidos, mas é tomado como a bíblia da psiquiatria, por seus estudos técnicos bem elaborados
Marcos Nunes Carreiro
Desde o último dia 18, al¬guns fatores mudaram no campo da psiquiatria. Durante o encontro anual da Associação A¬me¬ricana de Psiquiatria (APA, sigla em inglês), em San Francisco, foi lançada a nova edição do “Manual Diagnós-tico e Estatístico de Trans¬tornos Mentais” (DSM, sigla em inglês para Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders). Esta é a quinta edição do manual que define os critérios para diagnóstico de todos os transtornos mentais classificados pela entidade. O manual é uma classificação do NIMH (sigla em inglês para Instituto Nacional de Saúde Mental), que é um braço do NIH (sigla em inglês para Ins¬tituto Nacional de Saúde).
O DSM é conhecido como a “bíblia da psiquiatria”, pois mesmo sendo produzido por um instituto dos Estados Unidos ele tem critérios científicos mais bem elaborados e acaba sendo usado como padrão pela comunidade científica. Porém, no Brasil os psiquiatras utilizam a Classificação Internacional de Doenças (CID) 10, produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E sua nova edição trouxe pontos polêmicos sobre o diagnóstico de algumas doenças, além da criação de outras, principalmente no campo da depressão e do autismo.
Um dos principais pontos de divergência entre os profissionais trata da modificação, por exemplo, da classificação de depressão para pessoas em luto recente. Alguns profissionais dizem que a retirada do luto significa aumentar a probabilidade de diagnosticar depressão nos pacientes. Porém, há quem concorde com a posição do DSM. O psiquiatra Mateus Diniz acredita que o número de pessoas com depressão tende naturalmente a aumentar. De acordo com ele, o processo utilizado pelos 1.500 profissionais que se reúnem para traçar as diretrizes do DSM é legítimo.
“Eles chegaram a essa conclusão porque fazem o acompanhamento longitudinal dos pacientes, isto é, acompanham o processo dos pacientes, que são divididos em dois grupos: os que tiveram luto e os que não tiveram. Nas que tiveram luto, é verificada a intensidade do que eles sentiram. Toda pessoa vive o luto, mas a partir de agora nas pessoas em que esse luto não foi bem resolvido já será considerado depressão, o que não é muito diferente do que acontece atualmente. Hoje, se os sintomas são suficientemente graves isso é caracterizado depressão, assim como se passados seis meses e a pessoa continua sintomática”, explica.
Já nas doenças “criadas” pelo manual, o distúrbio denominado “desregulagem perturbadora do humor” é o que tem gerado mais discussão. Trata-se de um novo diagnóstico para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos que têm humor instável, mas que não atendem a todos os critérios para serem diagnosticadas com transtorno bipolar. A decisão de criar esse novo diagnóstico gerou muita discussão entre os psiquiatras, pois, por um lado, alguns acreditam que o novo diagnóstico pode evitar que crianças com determinado transtorno psiquiátrico deixem de ser identificadas e acabem sendo privadas de receber tratamento. Por outro lado, há o risco de que essas crianças sejam diagnosticadas de forma incorreta, o que provocará a prescrição errada de medicamentos.
Contudo, Diniz explica que há outros motivos para a criação de novos distúrbios assim como a união de diagnósticos semelhantes, como o de autismo e síndrome de aspenger. “Existem diferenças claras entre autismo e síndrome de asperger. Mas o convênio de saúde só paga o tratamento se a criança tiver estereotipia, característica do autismo. Mas sabemos que os pacientes dos dois transtornos se beneficiam muito do tratamento. Então, em uma jogada dos especialistas, não há mais distinção entre as duas doenças. Isso é ruim para as clínicas, pois as doenças são diferentes, mas há um ganho na saúde pública, porque todos precisam da intervenção medicamentosa. Logo, também há questões políticas nesses casos”, diz.
Dificuldade nos diagnósticos
A psiquiatria não é uma ciência exata. Assim, os profissionais constantemente encontram dificuldades em diagnosticar. Por isso, houve a criação de um manual que internacionalizasse alguns conceitos e disponibilizasse certas diretrizes. Dessa forma, é difícil determinar quais serão as consequências da criação de novos diagnósticos. A nova diretriz irá ajudar a tratar pacientes que realmente precisavam de tratamento, ou desencadeará uma epidemia artificial. Por exemplo, o distúrbio de desregulagem perturbadora do humor irá “medicalizar” a birra infantil?
A isso, o psiquiatra Mateus Diniz relata que para acabar com as polêmicas, o ideal seria a criação de critérios biológicos para diagnosticar as doenças mentais. “Assim como para diagnosticar diabetes tem o exame de glicemia de jejum alterado, para insuficiência cardíaca basta ver no ecocardiograma se há fração de ejeção alterada. Na psiquiatria não tem isso”, fala Diniz. Segundo ele, esses critérios seriam importantes, mas esperam o avanço da medicina. “Queríamos ter critérios biológicos para diagnosticar as doenças, assim como temos em quase todas as áreas da medicina. Essa era a ideia inicial do DSM, mas aguardamos a evolução da medicina. Mesmo assim, já evoluímos bastante.”
Outra dificuldade em diagnosticar as doenças fica por conta da baixa formação dos profissionais e na falta de recursos para especialização na área psiquiátrica. “Na psiquiatria temos pouca quantidade de residência médica, sobretudo em Goiás, e vemos vários médicos que não fizeram residência médica na área atuando como psiquiatras”, aponta o médico. Segundo ele, a diferença profissional entre um médico com residência e outro apenas com especialização é grande.
“É muito diferente passar três anos atuando como psiquiatra todos os dias atendendo pacientes pela rede particular e pelo SUS [Sistema Único de Saúde], atendendo enfermaria, etc. e fazer um curso em que só há contato com a área em um sábado por mês durante um ano e seis meses. Fora aqueles que nem fazem esses cursos e atendem em psiquiatria. Então há uma dificuldade de formação, que gera um déficit e uma dificuldade de conhecimento, que resulta na maior dificuldade que é no diagnóstico”, diz o psiquiatra. (26/05/13)
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Cidade vai receber R$ 4,5 milhões do governo federal para combate às drogas
Município é um dos três em Goiás a aderir ao programa “Crack, É Possível Vencer”
Ao aderir oficialmente ao Programa “Crack, É Possível Vencer”, que integra o Plano de En¬frenta¬men¬to ao Crack do governo federal, o prefeito de Aparecida de Goiânia agradeceu à presidente Dilma Rousseff em nome dos prefeitos presentes. “Agradeço à presidenta pelo auxílio que tem dado a municípios como Aparecida, que sozinhos não teriam condições de ajudar sua população dependente e traçar ações de prevenção e combate ao uso e tráfico de drogas”, considerou o peemedebista.
Aparecida, Goiânia e Anápolis foram as cidades goianas a assinarem o termo de adesão ao programa durante solenidade no Minis¬tério da Justiça na terça-feira, 21, conduzida pelo ministro José Eduardo Cardozo. O que prova que o Estado ainda tem muito o que avançar na criação de uma rede de proteção e prevenção às drogas, em especial o crack. Quem já está dentro do plano, no entanto, já pode lançar mão de recursos disponibilizados pelos Ministérios da Justiça e Saúde. Até 2014, o plano terá investimento de pelo menos R$ 4 bilhões do governo federal.
A expectativa de Aparecida é ser contemplada com R$ 4,5 milhões ao longo desse período, conforme explica a diretora de Saúde Mental da SMS de Aparecida, Paula Cân¬dida. “Ao nos habilitarmos para o programa, os recursos podem ser li¬be¬rados de acordo com a apresentação e aprovação de nossos projetos. Por isso, tentamos sempre sair na frente, criando o Comitê Gestor Municipal, responsável por traçar as ações de cumprimento ao plano, e instalando as estruturas de atendimento recomendadas”, conta a diretora, que participou da solenidade de assinatura, juntamente com o vice-prefeito e o secretário de Saúde do município, Paulo Rassi.
Exigência
A criação de uma rede de proteção e combate em cada município, como explicou Paula, é uma exigência para a adesão dos municípios ao programa e recebimento de recursos, que devem ser investidos no fortalecimento dos serviços de saúde, assistência social e segurança pública voltada ao tratamento de usuários de crack e ao enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas.
E Aparecida, de fato, saiu na frente. O município tem hoje 90% da equipe especializada em saúde mental e dependência química, um fator importante previsto em um dos eixos do programa: Saúde. Nesse quesito, o município ainda é o único de Goiás a contar com o Caps III 24 horas, que realiza internação para desintoxicação de até 15 dias, dotado de uma estrutura de dez leitos e equipe multidisciplinar, com psicólogos, psiquiatras, médicos e assistentes sociais. Possui duas equipes de rua e será o primeiro município do país a inaugurar uma casa de acolhimento transitório ainda este semestre.
“Temos hoje cerca de 600 pacientes acolhidos no Caps III. Todos são acompanhados por vontade própria, depois de conhecerem e entenderem o modelo de tratamento proposto. A assistência se estende a toda a família, que, sozinha, nem sempre entende a situação do parente em transtorno e consegue ajudá-lo”, pontua Paula.
O município chegou a ser apontado como exemplo pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante videoconferência nacional com prefeitos, governadores e secretários de Saúde de todo o país, realizada em fevereiro. “Façam como Apa¬recida de Goiânia, que já tem uma rede de atendimento completa, com resultados já acompanhados pela equipe técnica do ministério”, exemplificou o ministro na ocasião, deixando clara a preocupação com a falta de conhecimento das cidades e Estados sobre a formatação da rede de assistência definida pelo plano.
No eixo da Segurança, além do Comitê Gestor Municipal, que envolve todas as secretarias da administração, Aparecida criou o Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), que atua em conjunto com as Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Samu, com a sociedade organizada e comércio local. A rede de assistência para o combate ao crack e outras drogas em Aparecida se completa com ações integradas, de acordo com as áreas de atuação de cada secretaria. Elas auxiliam na capacitação de profissionais, no encaminhamento dos pacientes em recuperação para cursos, capacitações e até para o mercado de trabalho, além de colaborarem com campanhas e atividades sociais.
“Correndo Pela Vida, Contra o Crack” será neste domingo
A Corrida Contra o Crack, que este ano terá sua terceira edição, é um exemplo de ações de Apare¬cida que mobilizam toda a administração municipal e a comunidade, que participa das atividades físicas propostas e recebem orientações sobre o combate ao crack e tratamentos. Ten¬das montadas ao longo da avenida realizarão atendimentos médicos básicos (medição de pressão cardíaca e arterial), massagens e atrativos como playground para as crianças, body jump, entre outros.
A corrida será realizada neste domingo, 26, a partir das 8 horas, na Avenida Independência, no Resi¬dencial Village Garavelo, região central de Aparecida. Com o objetivo de envolver toda a família, a programação prevê vários percursos como corridos e caminhada de cinco quilômetros e dez quilômetros e a “maratoninha” para as crianças. “Parte dos nosso pacientes, assistidos no CAPS III, também participarão, mostrando que é possível vencer o vício e retomar sua vida”, completa a diretora de Saúde Mental do município, Paula Cândido.
A largada está prevista para 8 horas. Largam primeiras as portadoras de necessidades especiais. Às 8h15 saem as categorias dos 10 e 5 Km. Os atletas devem comparecer ao ponto de largada com uma hora de antecedência para a concentração e aquecimento. A expectativa dos organizadores é de que cerca de 1,5 mil pessoas, entre atletas e público, participem do evento.
Nas duas edições anteriores, a Corrida Contra o Crack contou com a participação de aproximadamente 3 mil atletas, entre crianças, jovens e adultos, além de um público espectador de aproximadamente 10 mil pessoas de várias cidades brasileiras, caracterizando-se em um grande evento aberto em que as pessoas puderam desfrutar de uma ampla infraestrutura, com diversas atividades e atrações.
Toda a estrutura projetada para a maratona, além do atendimento aos atletas, prevê ainda informação e orientação através de atividades interativas sobre a questão do Crack, atividades educativas com crianças, adolescentes e a família sobre a importância do esporte e da integração familiar e social no combate às drogas.
Essas atividades serão realizada em tendas montadas ao longo da avenida. Serviços como atendimentos médicos básicos (medição de pressão cardíaca e arterial), massagens, playground para as crianças, body jump, apresentação de projetos que valorizam o consenso de responsabilidade socioambiental, entre outros, também estarão disponíveis. (26/05/13)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação