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O HOJE
Plaqueta é maior desafio para Hemocentro
Hemocomponente tem coleta diferenciada, o que afasta doadores
O aumento na demanda por sangue não foi acompanhado pela quantidade de doadores. O reflexo disso é a atual crise que o Hemocentro Goiás enfrenta para abastecer as unidades que atendem o Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, são coletadas cerca de 100 bolsas por dia, mas o número está bem aquém do necessário, e para piorar, a captação de bolsas de plaquetas é ainda mais problemático. A capacidade de coleta é de 250 bolsas.
A coleta de plaquetas é feita por dois métodos: o randômico que precisa de dez doações para encher uma bolsa e o aférese, em que cada coleta gera uma bolsa. A questão é que nem todos doadores têm disponibilidade para passar pelo processo mais eficiente que leva cerca de duas horas, contra cerca de 30 minutos do outro.
As plaquetas são bastante requisitadas para atender casos de queimaduras, processos hemorrágicos, leucemia e outros tipos de câncer. Geralmente, os doadores deste hemocomponente são cadastrados na instituição que os convida periodicamente para a doação.
Para o diretor administrativo do Hemocentro, Arione de Paula, o crescimento e envelhecimento da população e o aumento no número de doenças fazem a demanda crescer em velocidade superior à de doadores. Com capacidade para armazenar 1,5 mil bolsas, o Hemocentro tem apenas 200 unidades no estoque, por isso muitas geladeiras estão vazias. “Nós apelamos para que o doador se sensibilize com o próximo, tenha esse ato de grandeza, esse ato de solidariedade, procure um hemocentro mais próximo, porque só com essa atitude você vai salvar vidas. O paciente que está no leito de hospital precisando de sangue, só o sangue salva a vida dele”, frisa.
Para tentar minimizar o problema, a instituição tem procurado parcerias com empresas para ações de doação com o ônibus do Hemocentro. Cada visita chega a receber 100 doadores, mas 30% não podem colaborar porque não passam na triagem.
Em Goiânia, outras duas unidades públicas oferecem o serviço de coleta de sangue. São elas: o Hospital das Clínicas e o Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). Mas para Arione, outras unidades de saúde como o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) precisam ter estrutura para receber doações. “Isso facilita a doação, favorece o doador”, diz.
Exemplo
O operador de abastecimento, Wellington dos Reis, 39, é doador desde 1996. Na manhã da última segunda-feira (22) contribuiu para salvar mais vidas. Ele conta que repete o ato três ou quatro vezes por ano. “Eu dôo porque vejo campanhas na TV e no rádio e também porque minha família é de profissionais de saúde e então eu comecei a doar”, relata.
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ÓRION BUSINESS E HEALTH COMPLEX
Demanda por atendimentos de alta complexidade deve aumentar na capital
Um deles são os atendimentos por agressões e acidentes de trânsito. O índice de mortes violentas em Goiânia já é maior do que Rio e São Paulo, mostra o estudo realizado pela Sociedade Israelita Albert Einstein
Quais são as tendências mundiais de saúde? E do que a saúde goiana precisa para preparar para o futuro? Essas são algumas questões respondidas por um estudo realizado pela Sociedade Israelista Albert Einstein em Goiânia. As informações nortearão a consultoria da Sociedade Israelita Albert Einstein ao Hospital Órion para se tornar o primeiro hospital de categoria Premium de Goiânia, que está sendo preparado para atender a demandas de alta complexidade. Na quinta-feira, 25 de agosto, estará em Goiânia a diretoria do Albert Einstein para assinatura o convênio de cooperação em evento marcado para às 19h, no auditório Lago Azul do Centro de Cultura e Convenções de Goiânia.
Na oportunidade, os diretores da Sociedade Israelita Albert Einstein apresentarão aos convidados como funcionará a parceria e alguns dados sobre o estudo, que traçou as doenças ou problemas que mais levam as pessoas óbito em Goiânia. Doenças do aparelho circulatório estão no topo do ranking, com 25% das mortes; em segundo lugar estão as neoplasias (tumores cancerígenos), com 19,1%. Chama atenção a terceira causa de óbitos, as mortes por fatores externos, ligadas a agressões (principalmente por armas de fogo) e por acidentes de trânsito (especialmente aqueles envolvendo motocicletas). Elas respondem por 15,9% dos óbitos em Goiânia e chamam atenção no estudo, por estar bem acima dos índices das capitais do Rio de Janeiro (8,4%) e São Paulo (8,7%). Em 2014 foram 1.368 óbitos (15,9% do total) na região metropolitana foram em decorrência de violência e acidentes de trânsito; e dentro do perímetro da Grande Goiânia, essa porcentagem sobe para quase 20% (19,8%).
A pesquisa encomendada pela Sociedade Israelita Albert Einstein mostra que em nossa capital a cada 100 mil habitantes são registrados 96,3 óbitos causados por agressões físicas (principalmente por armas de fogo) e por acidentes de trânsito (especialmente aqueles envolvendo motocicletas). Nas duas maiores capitais do País, São Paulo e Rio de Janeiro, esses índices são, respectivamente, de 54,1 e 69,8 mortes a cada 100 mil habitantes. Levando em consideração a Região Metropolitana da Capital, os números são ainda mais graves saltando para 108,2 óbitos para cada 100 mil pessoas.
As complicações em decorrência de agressões estão entre as situações que mais demandam atendimentos de alta complexidade, mas apenas 37% dos hospitais da capital possuem estrutura para este tipo de demanda, segundo identificou o estudo, que aponta, ainda que a capital segue uma tendência mundial de aumento no número de óbitos causados por doenças cancerígenas – outra área de atendimento que necessita de atendimento de alta complexidade.
Sobrecarga dos hospitais
A pesquisa usada pelo Albert Einstein foi elaborada pela S & DW, empresa com atuação internacional em consultoria especializada no manejo global de informação estratégica. O estudo reúne uma coletânea de dados, no período entre 2010 e 2015, de diversos órgãos como Ministério da Saúde (DataSus), IBGE, Agência Nacional de Saúde (ANS) e outros. O levantamento também aponta alguns gargalos dos atendimentos médicos na capital identificados pelo estudo.
Um deles é uma sobrecarga dos sistemas público e privado de saúde na capital que ocorre mesmo com a cidade tendo uma oferta de leitos hospitalares acima do que preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS). Goiânia, conforme o estudo, possui cinco leitos para cada mil habitantes, a OMS recomenda entre 3 ou 5 leitos.
“Dados desse estudo revelam que o raio de extensão para a atratividade por serviços de saúde em Goiânia chega até o Estado do Acre. Entre a demanda que vem de fora do Estado, pacientes que vindos do sul da Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e do Maranhão são os que mais buscam atendimento na capital goiana”, revela o responsável pela Área de Expansão e Novos Projetos do Hospital Albert Einstein, Fábio Gonçalves.
Mas segundo ele, há outro fator que, combinado com o alto poder atratividade de Goiânia, influencia diretamente na sobrecarga do atendimento à saúde: deficiência na gestão hospitalar e a falta qualificação dos recursos humanos, especialmente no que se refere a atualização de protocolos médicos. Conforme explica Fábio Gonçalves, a evolução das tecnologias e práticas em saúde permitem que os procedimentos sejam cada vez menos invasivos e, assim, há uma redução significativa do tempo de internação e um maior grau de resolutividade. “Há um alongamento do tempo de ocupação dos leitos muitas vezes sem necessidade, devido a agravamentos causados pela falta de uma atualização por parte dos protocolos de atendimentos, a falta de uso de novas tecnologias e de treinamento constante para o corpo de enfermagem”, explica.
Gestão modelo
Segundo o gestor técnico e financeiro da obra Órion Hospital, Frank Campos, com esse acordo de compartilhamento de tecnologia, de conhecimento técnico e de know how de governança corporativa que será firmado com o Albert Einstein, Goiânia terá uma instituição hospitalar, não só com o que há de mais moderno em tecnologia médica, mas também com um modelo de gestão e operacional que irá superar as expectativas e conceitos atendimento hospitalar existentes no Brasil.
“Seguindo as diretrizes operacionais, técnicas e de gestão adotadas por uma das mais renomadas instituições de saúde do País, buscaremos, sistematicamente, um nível de compatível com a assistência que é prestada pelas mais renomadas instituições internacionais. Nossa meta é, no segundo ano de operação de operação do Órion Hospital, alcançar nossa primeira certificação internacional e a ONA3, que é atualmente a acreditação em âmbito nacional mais importante no segmento da saúde”, afirma Frank.
Sobre o Órion Business e Health Complex
O Hospital Órion ficará dentro do Órion Business e Health Complex, que está sendo construído na Avenida Portugal esquina com Avenida Mutirão e terá 125 mil metros quadrados de área construída e irá abranger espaços voltados para negócios, saúde, hotelaria e lazer. O empreendimento contará também com um heliponto, centro de convenções, shopping e 1,4 mil vagas de estacionamento. As obras civis tem previsão de entrega em agosto de 2017 e o início das operações acontece a partir de dezembro de 2017. O Órion Business e Health Complex é um empreendimento da GVC Engenharia, FR Incorporadora, Tropical Urbanismo e Joule Engenharia.
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DIÁRIO DE APARECIDA
Cadê a insulina?
No último mês de julho, o jornal Diário de Aparecida publicou matéria denunciando a falta de insulina na Farmácia Municipal de Aparecida de Goiânia. Na ocasião, a Secretaria de Saúde do município informou que em 20 dias o hormônio estaria disponível. Há mais de um mês da publicação, a situação ainda é a mesma e quem sofre são os pacientes diabéticos, que dependem da medicação.
O marido da dona de casa Lidiane Sousa é diabético, e ela afirma que toda semana vai até a farmácia da prefeitura e não encontra o que precisa. “Há quatro meses venho aqui e é sempre assim. Nunca tem insulina, fita, nem os insumos que a gente precisa. Mais uma vez, minha viagem foi perdida”, afirma.
O marido da dona de casa, Valdeir Miranda da Silva, lamenta a situação. “Se eu ficar um dia sem o medicamento, vou direto para o pronto-socorro. Como não tem, vou ter que comprar. Tirar do dinheiro que poderia comprar leite para os meus filhos para mais uma vez comprar insulina”, pontua Valdeir.
Outra dona de casa que está desesperada é Maria dos Santos. A filha dela, de apenas 10 anos, tem a doença, e ela conta que a criança precisa da insulina para poder se alimentar. “Se não tiver a medicação, ela tem que ficar com fome. Não sei como faço, pois não recebo salário, e não tenho condições de comprar”, explicou.
De acordo com a Portaria n° 2.583 do Ministério da Saúde, os municípios e Estados são obrigados a fornecer apenas dois tipos de insulina, uma de ação rápida, a Regular, e outra de ação lenta, a NPH. De acordo com a Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia, ambas estão disponíveis nas Unidades de Saúde da prefeitura.
As outras são fornecidas apenas mediante relatório médico ou por encaminhamento do Ministério Público. Ainda segundo a secretaria, as insulinas análogas estão em processo de compra, sendo que a Lantus e Apidra irão chegar em aproximadamente 15 dias, enquanto a Novorapid e a Humolag estão previstas para chegar hoje (25).
Goiânia
Na capital goiana, a situação não é diferente. Segundo pacientes, frequentemente o tratamento tem que ser interrompido pela falta do medicamento nas farmácias públicas da cidade. Conforme a Secretaria de Saúde do município, foi feito um acordo com a empresa que fornece a substância para agilizar o processo de entrega e a primeira remessa deve chegar às unidades em até 20 dias, porém, somente a insulina Apidra será fornecida. (Danielle Borges)
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O GLOBO
Ministro da Saúde sinaliza planos populares sem redução de serviços
Proposta é alvo de críticas do setor
BRASÍLIA — O ministro da Saúde, Ricardo Barros, sinalizou que os planos populares de saúde poderão ser viabilizados sem que haja uma diminuição da cobertura obrigatória de serviços. Ele encampou a ideia de colocar seguros com preços acessíveis no mercado, abrindo a possibilidade a essas empresas de oferecerem menos do que hoje é exigido do setor.
O projeto do ministro, porém, levantou uma série de polêmicas sobre os direitos do consumidor, que hoje se sentem desrespeitados, mesmo havendo um rol mínimo de atendimento estabelecido pelo governo. Em coletiva à imprensa nesta quarta-feira, o ministro afirmou que o foco do grupo de trabalho sobre a viabilidade dos planos de saúde mais baratos não está na diminuição da cobertura obrigatória.
— Essa informação é relevante. A redução do rol de obrigações não é prioridade nessa negociação. Mas isso será decidido pela comissão criada. Vamos esperar a comissão. Esse tema é importante, muito demandado, muita gente buscando participar — disse o ministro da Saúde.
Barros não detalhou como seria possível viabilizar a redução dos preços dos planos sem a diminuição dos serviços obrigatórios. A criação de uma espécie de plano de saúde mais popular, com custos menores, é uma das principais bandeiras defendidas pelo ministro em uma tentativa, segundo ele, de aliviar os gastos do governo com o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS).
No início deste mês, o governo criou um grupo de trabalho para discutir e elaborar a proposta, que deverá incluir mudanças regulatórias da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e propostas de alterações na legislação dos setor.
— Está criada uma comissão sobre o assunto dos planos acessíveis. Essa comissão está convocando outros setores. Ontem, uma das áreas interessadas disse que a redução do rol de cobertura não seria o foco da negociação e que é possível reduzir o preço dos planos com outras medidas — disse Ricardo Barros.
A criação dessa nova modalidade de plano enfrenta resistência de entidades do setor. Os críticos da proposta dizem que a ideia pode diminuir o número de procedimentos que os convênios são obrigados a cobrir, segundo normas da ANS. Essas exigências estão previstas no rol de procedimentos da agência reguladora e incluem os tratamentos, exames e cirurgias considerados como o mínimo necessário para as necessidades dos pacientes das seguradoras.
Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), não há sustentação técnica ou transparência sobre como uma possível redução do rol de cobertura será feita. De acordo com a coordenadora executiva do instituto, Elici Bueno, qualquer redução de coberturas só aumentará o número de pacientes sem atendimento, sobrecarregando ainda mais o Sistema Único de Saúde (SUS) em um momento de cortes no orçamento público e do acúmulo de quase R$ 1 bilhão em débitos das operadoras pelo não ressarcimento ao sistema:
— De todo modo, o que querem fazer é que o cidadão mais pobre com seu orçamento reduzido, inclusive pelo desemprego – subsidie o Sistema de Saúde. Certamente, o reflexo será a elevação dos custos do Judiciário, decorrente do evidente aumento de demanda pelo direito à vida e à saúde.
O grupo de trabalho que analisa o tema é composto por representantes do Ministério da Saúde, responsável pela coordenação, da ANS e da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização.
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DIÁRIO DA MANHÃ
O legado de Paulo Garcia
Prefeito de Goiânia cita obras físicas que deixa para a população
POR HUMBERTO PEDREIRA
O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, fez um balanço preliminar de sua gestão e comemora as obras físicas que deixa para a cidade, ressalta a mudança de comportamento na gestão pública comprometida com a humanização da administração e os conceitos de sustentabilidade que ele implantou de forma inovadora.
Obras de vulto como o Hospital da Mulher e Maternidade Dona Iris, o Complexo Viário Mauro Borges, os corredores preferenciais para transporte coletivo em artérias vitais para o trânsito como a T-9, T-7, T-63 e Avenida Universitária e a estrutura do BRT, que terá um grande trecho inaugurado ainda esse ano, são as lembranças que Paulo faz questão de guardar. Isso sem falar no Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns, que requalifica 130 bairros e os integra ao projeto de qualidade de vida pretendido pela gestão de Paulo Garcia. "Tivemos a grata satisfação de devolver a Praça Cívica à população na forma em que ela foi concebida pelo arquiteto Atílio Correia Lima, que projetou Goiânia. Ele queria a Praça Cívica do modo como está agora, ou seja, um grande boulevard para convivência da população".
Em entrevista ao Diário da Manhã, ele falou sobre as conquistas na área da educação, com a redução drástica na demanda por vagas em escolas municipais e o fornecimento de kits uniforme para os alunos. "Essa foi a inovação mais agradável que tivemos orgulho de entregar para nossos estudantes, além da abertura de vagas", falou com satisfação o prefeito. A saúde, área de formação acadêmica do prefeito, também foi analisada e ele avaliou o impacto que a cidade sofre em atender uma demanda muito superior à da Capital, por receber pacientes de praticamente todos os municípios de Goiás e de outras unidades da Federação.
Confira a entrevista
Diário da Manhã – Como o senhor vê um novo rumo para Goiânia após sua gestão? Como a Capital estará nos próximos anos?
Paulo Garcia – Eu tenho uma convicção pessoal que todos os que me antecederam contribuíram de alguma forma para chegarmos onde estamos. Cada um ao seu modo, com suas dificuldades, mas todos deram sua contribuição inestimável com suas virtudes e seus defeitos. Eu, particularmente, considero que vivemos um momento de raras oportunidades, em que a cidade atingiu uma maturidade e está pronta para se desenvolver com qualidade, preservando a vida e mantendo o desenvolvimento sustentável. Quando nós, ainda em 2012, durante a campanha de reeleição, propusemos a tese de desenvolvimento sustentável ninguém tocava nesse tema. Essa era uma ideia genérica que era discutida somente entre quatro paredes e em ambientes acadêmicos. Era uma tese em que as pessoas tinham muitas dúvidas, em que o homem comum considerava isso um assunto muito distante e que nós trouxemos esse tema para a vida cotidiana das pessoas. Eu penso que isso seja irreversível, que não seja mais possível administrar a cidade de Goiânia sem ter como parâmetro a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável. Isso nas diversas vertentes do relacionamento humano. Quando falo sobre esse assunto, não falo somente em sustentabilidade do ponto de vista ambiental. Eu falo em cuidar das pessoas, em preservar a vida, na criação de um ambiente mais promissor para as futuras gerações e falo em sustentabilidade na solução de demandas que são infinitas, dinâmicas e que nos remete todos os dias ao compromisso de manter esses princípios.
Diário da Manhã – Qual é o rumo traçado para superar demandas da vida moderna e fazer de Goiânia uma cidade melhor para se viver?
Paulo Garcia – Primeiramente, é preciso dizer que o Brasil precisa sentar e rediscutir o pacto federativo. Não é possível mais os municípios brasileiros ficarem com a menor fatia do bolo. Tudo o que é arrecadado no País em forma de tributo fica em sua grande parte com a União, a segunda maior parte com os Estados e a menor parte com os municípios e sempre buscamos com pires na mão. Isso precisa ser repactuado porque a vida acontece nas cidades, é aqui que vivemos e criamos nossas famílias, é aqui que surgem as demandas e acontece a procura por educação, por saúde, por mobilidade, por habitação, é aqui que as necessidades e a alegria de viver estão presentes. Então, essa repactuação é necessária e urgente. Não vejo em momento algum o Congresso Nacional se debruçar sobre esse tema e mesmo quem ocupa agora a Presidência da República se dedicar a isso como premissa de seu mandato. Enquanto isso não for feito as cidades vão viver com muita dificuldade, até para atender as necessidades básicas de seus munícipes e de suas comunidades. Mas, eu penso que precisamos basicamente investir em algumas áreas e eu fiz isso em momentos de grave crise econômica. Até o final do mandato teremos entregue 40 escolas entre Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil), 40 ginásios poliesportivos cobertos nas escolas municipais que ainda os tinham, 40 novas unidades de saúde. Se dividirmos os meses que ocupei a cadeira de prefeito, que vão dar 80 meses, isso dá uma unidade de saúde, uma unidade de esporte e uma unidade de ensino a cada dois meses. Imagine o esforço que foi necessário para se chegar a isto. Ninguém antes de mim fez isso e eu falo sem exagero. Nenhum prefeito que me antecedeu fez isso e eu digo sem medo de errar nem de ser megalomaníaco. Sem falar nos projetos.
Diário da Manhã – O senhor conseguiu reduzir a demanda por vagas no ensino fundamental?
Paulo Garcia – Hoje nós temos, segundo dados dos Conselhos Tutelares, um déficit de 4.215 vagas no ensino infantil, porque no ensino fundamental, que é da 1ª à 9ª série nós não temos demanda, todo jovem ou adolescente que queira estudar em Goiânia tem sua vaga garantida. Quando iniciei minha administração a falta de vagas era de mais de 12.000 vagas e reduzimos para menos da metade. Isso sem falar que no início da nossa gestão tínhamos 17.000 alunos no ensino infantil e hoje temos 33.000 alunos. Lá em 2010, quando assumi, não se distribuía uniforme e nem kit escolar completo para os alunos. Hoje distribuímos mais de 100 mil kits escolares com uniforme completo para todos os alunos da rede de ensino municipal. Isso não existia e foi em nossa administração que demos início a esse processo.
Diário da Manhã – O que o senhor reputa como mais importante de obras físicas em sua gestão?
Paulo Garcia – Temos várias para falar. Mas, podemos dizer inicialmente que o Hospital da Mulher e Maternidade Dona Iris é uma obra de referência internacional. Recebemos comitivas de várias partes do mundo para ver como mudamos a forma de abordar a saúde da mulher e não apenas uma maternidade para que mulheres deem à luz seus filhos. Mudou-se a abordagem para ser um acolhimento humanizado onde a saúde da mulher por completo é levada em conta, não apenas uma maternidade onde se faz parto. Só que ela esgotou sua capacidade operacional porque atende inúmeras pessoas que não são de Goiânia. Vou contar uma coisa que ilustra bem essa situação. Outro dia eu fui inaugurar uma quadra coberta poliesportiva em um bairro na Região Oeste de Goiânia. Deviam ter seguramente umas 800 crianças sentadas no chão e criança não mente. Eu fiz uma pergunta que eu já sabia a resposta, mas queria ver a sinceridade na resposta das crianças e fui surpreendido pelo tamanho da coisa. Perguntei quem estudava ali, mas morava em outro município: a resposta foi reveladora, porque mais de 70% dos alunos levantaram a mão contando que não moram em Goiânia. Então, um dos grandes problemas para a Região Metropolitana e que acaba por sobrecarregar a cidade de Goiânia em seus investimentos e no atendimento mais adequado, mais abrangente e célere para sua população, é justamente que Goiânia atende na saúde e na educação pessoas de outros municípios. Tem cidades da Região Metropolitana que há mais de 40 anos que não realizam um parto sequer em suas unidades de saúde pelo SUS, todos são mandados para Goiânia. Então nossas unidades ficam sobrecarregadas e a atenção para a população que vive, trabalha e depende de Goiânia fica comprometida. Talvez se tivéssemos um atendimento só para a população da capital com certeza teríamos um sistema de saúde muito melhor e com mais unidades do que é nossa saúde. Goiânia tem 1,3 milhão de habitantes e 6 milhões de inscritos no SUS. Goiânia acolhe pacientes de 600 municípios, sendo que Goiás tem apenas 246. Ou seja, um contingente monumental de pacientes de outros estados vizinhos. Isso sobrecarrega nossas unidades. Vou dar dado que comprova essa realidade absurda e que quando digo as pessoas falam que esse prefeito está doido. Goiás tem leitos de UTI em no máximo cinco municípios, então vem todo mundo para Goiânia. E a capital tem mais leitos de UTI do que necessita para atender a demanda de sua população. Quando buscamos no Ministério da Saúde verbas para leitos de UTI eles dizem que temos mais do que necessitamos, o que não é de todo uma inverdade, mas eles não sabem que atendemos essa infinidade de outros municípios.
Diário da Manhã – Sua gestão teve uma atenção muito grande com os modais de mobilidade urbana. Houve uma mudança de concepção nisso?
Paulo Garcia – Tenho certeza que sim. Agora todo mundo fala que o sucesso dos corredores exclusivos ou preferenciais para o transporte coletivo é algo indelével e que não vai retornar, que precisa avançar e construir mais. Mas, lá atrás, quando começamos com essa inovação houve muita oposição. Concluímos o Corredor Universitário, estamos por concluir o Corredor T-7, fizemos o Corredor T-63, fizemos novos terminais. Não se falava nisso antes. O BRT é outra realidade. Se você percorrer da Praça do Trabalhador até o Terminal do Recanto do Bosque que está sendo reconstruído verá que é uma obra fantástica, que vai remodelar e dar conforto aos usuários e vamos inaugurar todo esse trecho norte até o final do ano. Fizemos também uma coisa que mudou paradigmas em Goiânia, que foi o estímulo ao cicloativismo ou andar de bicicleta. Eu comecei isso na cidade. Vamos deixar 100 quilômetros de ciclovias, ciclorotas e ciclofaixas de lazer ao redor dos parques. Tudo para melhorar o transporte e a preservação da saúde. Ninguém falava nisso e agora virou moda. Mas, não se esqueçam de que quem introduziu isso fui eu. Nenhum administrador que se diz moderno, competente, tocador de obra, realizador fez um metro sequer de ciclovia em Goiânia antes de mim. Esse é um legado que vou deixar. E cuidamos de embelezar a cidade também.
Diário da Manhã – Em que sentido?
Paulo Garcia – A Praça Cívica, por exemplo, com grandes obras de arte e vamos inaugurar o complexo de fontes luminosas, que são importadas, belíssimas, com vários circuitos de altura e coloração das luzes, vai virar uma atração turística para a cidade. Além de haver devolvido a ela seu conceito de um grande boulevard, ideia do arquiteto que projeto Goiânia, Atílio Correia Lima.
Diário da Manhã – O Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns é uma marca sua. Qual será o grande benefício dele?
Paulo Garcia – Esse projeto foi concebido ainda lá na administração do professor Pedro Wilson, mas foi somente na minha gestão que ele saiu do papel e foi dada a ordem de serviço. Hoje nós temos entregues, graças a esse grande projeto, que é uma requalificação de 130 bairros, centros da saúde da família, obras de proteção a nascentes, protegemos as margens desses córregos e replantamos mais de 100 mudas de árvores ao longo desse arrojado projeto. Ciclovias, pistas de caminhada, parque ambiental com anfiteatro, centros de convivência comunitária e muitas obras de estrutura que vão alegrar a vida dessa grande parte da população.
Diário da Manhã – Se o senhor puder deixar um legado de conceitos para as próximas gerações de administradores que virão, qual será?
Paulo Garcia – Sejam comprometidos com a verdade, com a seriedade. Não façam da política a arte da dissimulação porque o povo está cheio disso, de mentir, de não ir e vir, de não tentar encobrir a realidade, de ver o que há de bom nas pessoas. Mas, sejam verdadeiros com nosso povo. A política precisa ser feita de forma séria.
"O Brasil precisa sentar e rediscutir o pacto federativo. Não é possível mais os municípios brasileiros ficarem com a menor fatia do bolo. Tudo o que é arrecadado no País em forma de tributo fica em sua grande parte com a União"
"Goiânia tem 1,3 milhão de habitantes e 6 milhões de inscritos no SUS. Goiânia acolhe pacientes de 600 municípios, sendo que Goiás tem apenas 246. Ou seja, um contingente monumental de pacientes de Estados vizinhos"
"Até o final do mandato teremos entregue 40 escolas entre Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil), 40 ginásios poliesportivos cobertos nas escolas municipais que ainda os tinham, 40 novas unidades de saúde"
"Tivemos a grata satisfação de devolver a Praça Cívica à população na forma em que ela foi concebida pelo arquiteto Atílio Correia Lima, que projetou Goiânia"
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FOLHA ON-LINE – SP
Hospitais de ponta implantam até biometria para controlar remédios
ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
Eles se parecem com uma máquina de refrigerantes.
Do tamanho de uma geladeira, têm porta de vidro e bandejas com fileiras de produtos variados. Mas, em vez de latinhas ou guloseimas, estocam remédios.
Os chamados dispensadores automáticos são mais um dos equipamentos que grandes hospitais implantaram para agilizar a distribuição de remédios em perder o controle.
No Sírio Libanês, hospital de ponta na zona central de São Paulo, o controle está no dedo dos funcionários.
O sistema de segurança usa a biometria e só abre depois de validar a impressão digital.
Além disso, auxiliares de enfermagem só conseguem retirar um medicamento de um dos 20 dispensários eletrônicos se ele tiver sido receitado.
Para qualquer outro produto, será preciso chamar uma enfermeira, relata Débora de Carvalho, gerente da farmácia.
As máquinas substituíram os armários fechados a chave, e guardam remédios para casos de urgência (dor, náusea, hipertensão) e psicotrópicos.
"Isso acelera o atendimento em casos de dor aguda ou febre alta", diz Débora.
O Sírio usa códigos de barra para produtos médicos desde 2007 e, desde 2009, o controle conhecido como beira-leito, que registra que profissional ministrou cada unidade de remédio para qual paciente internado.
Neste ano, investiu R$ 8 milhões em robôs que separam, etiquetam, armazenam e reúnem os medicamentos por ordem cronológica de administração, por paciente.
100% INTEGRADO
Outro hospital de ponta paulistano, o Albert Einstein, deve implantar até o final deste ano o sistema beira-leito (que registra que unidade de medicamento foi ministrada a cada um dos pacientes, e por qual profisisonal) em todos os departamentos, incluindo pronto atendimento e setor cirúrgico.
Os robôs para separar remédios virão em 2017, diz Nilson Malta, diretor de automação hospitalar da instituição.
No total, o projeto está orçado em R$ 180 milhões.
Será preciso fornecer crachás com chip e leitores ópticos para os profissionais de enfermagem e todo o sistema de prontuário eletrônico deve ser trocado.
O passo seguinte, diz Malta, seria robotizar a manipulação de produtos injetáveis.
Mas não há prazo para isso, porque não há no Brasil fornecedores cujo custo compense o investimento.
Para o diretor, o principal ganho com a tecnologia na logística é a agilidade.
ATIVIDADE-FIM
Ganha-se também a possibilidade de concentrar na atividade-fim do hospital -o tratamento dos pacientes- funcionários que cuidavam de tarefas manuais ou burocráticas.
Estudo da McKinsey, de 2012, estima que a cadeia global de suprimentos de remédios gaste até 270 milhões de horas-homem de trabalho para rastrear ordens de suspensão e chegue a perder até 180 milhões de unidades de medicamento nessas operações.
Para a consultoria, o sistema digital libera até 40% de tempo da equipe clínica para se dedicar a pacientes, além de reduzir a perda de medicamentos e os erros de medicação.
No Sírio, o investimento nos robôs e nos dispensários permitiu aumentar o número de leitos de internação de 260 para 462, sem necessidade de aumentar nem o estoque nem a equipe na mesma proporção, diz Edi Carlos Reis de Souza, diretor de logística do hospital.
Para atender ao novo número de leitos, havia sido prevista uma equipe de 120 profissionais para recebimento, central de etiquetagem, farmácia central e almoxarifado.
O sistema permitiu mais eficiência com 80 pessoas.
Débora de Carvalho diz que era necessário um número alto de funcionários para manter o percentual de perdas em níveis aceitáveis, o que gerava banco de horas e cansaço.
GANHO DE ESCALA
Para Souza, a implantação de um sistema completo de controle como o do Sírio só é economicamente viável para hospitais com mais de 400 leitos.
"É preciso ter uma escala suficiente para que o ganho de eficiência e a redução de custos compensem o investimento", afirma Malta, do Einstein.
Uma das principais fontes de economia é a redução de perdas de medicamentos, relevante porque os insumos são o segundo item de maior custo em hospital, superado pela folha de pagamento.
A má-gestão, segundo empresas do setor, provoca perdas de até 20% dos insumos e pode reduzir a margem de lucro em até 15%, segundo estudo da consultoria McKinsey.
Um escoadouro de recursos é o vencimento do prazo de validade. Estudo da McKinsey feito em 2011 com 80 executivos de hospitais no mundo calculou perdas de até US$ 50 bilhões em um ano com remédios vencidos, tendo como base uma perda de até 20% do estoque por
caducidade.
Sem um controle eficaz, os funcionários pegam a caixa de remédio que está mais perto, não a mais antiga, o que eleva o desperdício.
EFICIÊNCIA
A consultoria estima que os sistemas de controle permitem aos hospitais cortar até 40% do custo de mão de obra com recall, 20% do custo financeiro do estoque, 15% do custo de gestão de estoque, até 55% do custo com prazo de validade vencido e 45% do custo com registros. No total, a economia de custos fica entre 25% e 35%. Projetado mundialmente, o dado representava, em 2012, uma economia de até US$ 100 bilhões.
Estimativa feita para um hospital de 300 leitos, com 20 mil pacientes por ano e receitas anuais de US$ 300 milhões (perto de R$ 1 bilhão) resulta em economia seria de até US$ 4,3 milhões por ano, ou 1,4% do faturamento.
Além disso, segundo a McKinsey, o aumento de eficiência e a liberação de funcionários para cuidar dos pacientes traz ganhos adicionais, elevando o custo-benefício em até 20 vezes num período de dez anos.
No caso do Sírio, além do controle digital, comissões de padronização e homologação discutem os medicamentos a ser usados, para evitar compras desnecessárias e vencimento do prazo de validade.
Segundo Débora, o Sírio trabalha com uma meta de 0,3% de perda. "Só mesmo o inevitável, como a quebra de um frasco por acidente", diz Souza, o diretor de logística.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação