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DESTAQUES
Prefeitura aponta avanço de 22,7% na capacidade operacional do Samu em 2025
Prefeitura de Goiânia lança sistema de agendamento de consultas por app
Governança clínica garante acreditações e otimiza performance hospitalar
Gestores de saúde pública recebem capacitação contra assédio e discriminação
Por que a Saúde Suplementar não vai sobreviver focada em custos
Imposições unilaterais podem inviabilizar segmento de OPME
A REDAÇÃO
Prefeitura aponta avanço de 22,7% na capacidade operacional do Samu em 2025
Até agora, serviço realizou 41mil atendimentos
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Goiânia registrou avanço de 22,7% na capacidade operacional em 2025, após as medidas implementadas pela gestão Sandro Mabel. A informação consta em relatório divulgado nesta segunda-feira (24/11), pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que locou 16 novas ambulâncias, viabilizou junto ao Ministério da Saúde (MS) a aquisição de um veículo próprio e revisou protocolos operacionais que agilizam o retorno das unidades para circulação.
Outra medida importante, de acordo com a pasta, foi a reestruturação do Núcleo de Educação Permanente do Samu, que passou a oferecer capacitações, cursos, atualizações e workshops voltados a todos os profissionais envolvidos no atendimento pré-hospitalar.
O documento em questão aponta que, entre janeiro e outubro, foram realizados 41.883 atendimentos pelo Samu, sendo sete mil a mais que no mesmo período de 2024. “Recebemos o Samu com um grande déficit de recursos humanos. Nós contratamos credenciados, melhoramos as condições de trabalho e conseguimos atrair servidores efetivos, recompondo as equipes assistenciais. Hoje estamos com 521 servidores, explica o secretário municipal de Saúde, Luiz Pellizzer.
“Temos muito orgulho em entregar um serviço que funciona 24 horas por dia, inclusive em áreas remotas ou de difícil acesso, garantindo o direito à saúde para toda a população”, destaca a coordenadora do Samu Goiânia, Jacqueline Leão.
O Samu pode ser acionado gratuitamente pelo número 192, por celulares ou telefones fixos. Os atendentes fazem a triagem inicial e, em seguida, a ligação é direcionada ao médico regulador, responsável pelas orientações de socorro e pelo envio da ambulância necessária para cada situação.
As unidades estão distribuídas em 11 pontos estratégicos da cidade, o que reduz o tempo de resposta entre o chamado e o encaminhamento ao hospital de referência. O serviço deve ser acionado em casos como queimaduras graves, trabalho de parto de alto risco, suspeita de infarto ou AVC, convulsões, afogamentos, choques elétricos, acidentes de trânsito com vítimas, entre outros.
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Prefeitura de Goiânia lança sistema de agendamento de consultas por app
Ferramenta começa com mais de 10 mil vagas
O prefeito Sandro Mabel lançou nesta segunda-feira (24/11) o Mais Saúde Goiânia, serviço de agendamento de consultas disponibilizado no aplicativo Prefeitura 24h. A ferramenta, segundo o chefe do Executivo municipal, facilita e torna mais rápido o acesso da população à saúde e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), inicia a operação com mais de 10 mil vagas para consultas em diversas especialidades.
Durante o evento, Mabel lembrou que assumiu a gestão de Goiânia em meio a uma grave crise na saúde e destacou que esta é uma prioridade da prefeitura. “Estamos lançando um app que já tem inteligência artificial e que vai facilitar a vida de quem precisa marcar a consulta. Nós esperamos com isso que possa dar uma maior agilidade para a população”, disse Mabel.
A rede de atenção básica de Goiânia oferta mensalmente cerca de 28 mil consultas e é a porta de entrada para os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Pelo aplicativo Prefeitura 24h, podem ser agendadas consultas com clínico geral, pediatra, ginecologista e cirurgião-dentista na rede de atenção primária do município, composta por mais de 100 unidades de saúde.
“Essa é uma alternativa a mais para que o cidadão consiga marcar suas consultas de atenção básica. É um aplicativo bem simples e intuitivo: a pessoa vai colocar o CPF, vai escolher a região, a especialidade que ele deseja fazer e já vai ser feito o agendamento para a data mais próxima que for disponível”, explicou o secretário municipal de Saúde, Luiz Pellizzer.
Cadastro no SUS
O secretário reforçou ainda que o agendamento pelo aplicativo só está disponível para os usuários que têm cadastro no SUS. Aqueles que não têm, precisam ir pessoalmente em uma unidade de saúde fazer o cadastro. Após isso, segundo Pellizzer, as especialidades aparecem no agendamento de acordo com CPF do usuário, considerando o gênero e a idade.
“Vão ser 28 mil consultas ofertadas mensalmente nesse aplicativo, além do 0800-646-1560 (ligações de telefone fixo) e WhatsApp (62) 3209-9727, que continuam funcionando.”, afirmou o secretário. “Estamos facilitando a marcação de consultas com o app, mas, se você não pode ir à consulta, desmarque, porque aí você abre espaço para outra pessoa ser consultada”, pediu Mabel.
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SAÚDE BUSINESS
Governança clínica garante acreditações e otimiza performance hospitalar
O modelo gera cria vantagem competitiva sustentável e garante reconhecimento no mercado de saúde
A governança clínica e as acreditações em hospitais desempenham papel fundamental na qualidade e segurança dos serviços de saúde. E mais do que reconhecimento e credibilidade agrega diretrizes importantes na gestão risco, segurança do paciente, estrutura e controle e também para a sustentabilidade financeira. Esse assunto é tema de diversas discussões entre gestores e especialistas do setor.
Segundo o gestor, médico e professor Juliano Gasparetto, menos de 10% dos hospitais no Brasil têm algum tipo de acreditação — uma espécie de “selo de qualidade” que reconhece instituições que seguem padrões rigorosos de qualidade e segurança no atendimento à saúde.
Gasparetto dirige dois hospitais com perfis bem diferentes: o Universitário Cajuru, que atende só pelo SUS, e o São Marcelino Champagnat, referência no atendimento privado e suplementar. Os dois têm acreditações máximas, o que, segundo o médico, não é um luxo — é uma necessidade. “Você não compraria um carro sem saber se o freio funciona. Por que aceitamos ser operados em hospitais que não passam por nenhuma checagem?”, questiona o gestor durante o II Congresso Nacional de Direito Médico e da Saúde.
Segurança é prioridade
A implementação efetiva de governança sólida e busca por certificações representam investimentos estratégicos que resultam em benefícios tangíveis para todas as partes envolvidas no ecossistema hospitalar.
Para Gasparetto, a segurança do paciente e a qualidade do atendimento não dependem apenas de bons médicos ou equipamentos modernos. “É preciso ter regras claras, processos padronizados, trabalho em equipe e transparência nos resultados”.
Um exemplo prático é o trabalho colaborativo entre os setores. Médicos, enfermeiros, gestores e até o setor jurídico do hospital trabalham juntos para garantir o melhor cuidado possível, com o menor risco. “Quando tudo é feito de forma organizada, os erros diminuem, os tratamentos são mais eficientes e a confiança aumenta. Isso faz bem para o paciente e também para o hospital”, explica Gasparetto.
Segundo o advogado especializado em saúde, Tertius Rebel, dessa forma, o setor jurídico deixa de ser apenas um “bombeiro de crise” e passa a atuar como parte estratégica da governança corporativa. “Governança e propósito são pilares da eficiência. As empresas de saúde são organismos complexos que operam na interseção entre ciência, ética e negócios. Por isso, devem atuar com jurídico preventivo, gestão estratégica e crescimento sólido”.
Principais Acreditadoras no Brasil
ONA (Organização Nacional de Acreditação)
Níveis: Acreditado, Acreditado Pleno, Acreditado com Excelência
Foco: Segurança do paciente e gestão de qualidade
Reconhecimento: Padrão nacional brasileiro
Joint Commission International (JCI)
Origem: Estados Unidos, referência mundial
Padrões: Rigorosos critérios internacionais
Benefício: Reconhecimento global
NIAHO (National Integrated Accreditation for Healthcare Organizations)
Características: Metodologia americana
Diferencial: Foco em resultados clínicos
Aplicação: Hospitais de alta complexidade
Exemplos brasileiros
As principais acreditações hospitalares no Brasil são a ONA (padrão nacional), JCI (referência internacional) e NIAHO (foco em alta complexidade).
Sete hospitais públicos do Brasil figuram no ranking World’s Best Hospitals 2026, elaborado pela revista americana Newsweek. Entre eles, quatro têm acreditação da Organização Nacional de Acreditação (ONA). São eles:
Hospital Municipal Infantil Menino Jesus;
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia;
Um exemplo no sul do país, em Curitiba é o Hospital Universitário Cajuru, com atendimento 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que objeteve nota máxima da ONA. “Isso mostra que qualidade não é só uma questão de dinheiro, mas de compromisso”, diz Gasparetto.
Na região centro-oeste, o Hospital Estadual de Trindade – Walda Ferreira dos Santos (Hetrin), unidade do governo de Goiás, conquistou recentemente o segundo nível do certificado de qualidade concedido pela ONA como Acreditado Pleno, atendendo aos padrões e requisitos de segurança do paciente, gestão integrada e excelência em gestão. A ONA 2, segundo nível do modelo de acreditação brasileira conquistada pelo Hetrin, tem foco nos processos hospitalares, avaliando sua gestão e suas interações, além da segurança do paciente.
O Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba, recebeu a certificação Nível 1 – Acreditado da Organização Nacional de Acreditação (ONA), tornando-se o primeiro hospital público do Piauí a alcançar esse reconhecimento. A certificação atesta que a unidade cumpre requisitos estruturais, de processos e de segurança do paciente estabelecidos por uma das principais entidades de avaliação da qualidade hospitalar no Brasil.
Você lembra?
Em maio deste ano, a Organização Nacional de Acreditação (ONA) lançou, seu livro comemorativo de 25 anos durante a Hospitalar 2025, o maior evento do setor de saúde da América Latina. A publicação resgata a trajetória da instituição desde 1999, com depoimentos, registros históricos e momentos-chave da evolução da acreditação e dos padrões de qualidade no sistema de saúde brasileiro.
O livro está disponível em versão física e digital no site oficial da ONA (www.ona.org.br), contendo depoimentos e registros históricos dos 25 anos de atuação da organização.
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Gestores de saúde pública recebem capacitação contra assédio e discriminação
A ação integra o conjunto de estratégias elaboradas pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)
O Ministério da Saúde reuniu dirigentes de hospitais, representantes de institutos federais e superintendentes estaduais de todo o Brasil, na última semana, na sede da Fiocruz, em Brasília (DF), para participar da oficina Dialogando sobre Assédios e Discriminações no Ambiente de Trabalho: Cultivando Respeito e Inclusão. A formação, que durou dois dias, faz parte das ações do Plano Setorial de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e às Discriminações no Trabalho na Saúde (PEADTS) do Ministério da Saúde.
A iniciativa faz parte do portfólio de estratégias desenvolvidas pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), e está diretamente ligada aos objetivos estabelecidos no Sistema de Planejamento e Monitoramento do Ministério da Saúde (SIPLAM) para valorização e proteção dos profissionais de saúde.
De acordo com os coordenadores do Ministério da Saúde, investir na formação das lideranças é uma estratéria para fomentar uma cultura organizacional baseada no respeito à diversidade, na equidade e na integridade, ampliando a capacidade institucional de prevenir conflitos e promover ambientes de trabalho saudáveis.
“O foco dessa formação é promover as relações de trabalho éticas e respeitosas. Isso se traduz no desenvolvimento de habilidades para identificar e intervir em situações de risco, criando um ambiente seguro e saudável para todos os colaboradores da pasta”, ressalta o secretário da SGTES, Felipe Proenço. Ele explica ainda que a oficina tem o intuito de sensibilizar gestoras e gestores e estimular a reflexão crítica sobre suas responsabilidades na prevenção e no enfrentamento ao assédio e à descriminação.
Para a diretora do Programa Federal de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Descriminação do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), Ariana Frances, o Ministério da Saúde tem se consolidado como uma importante referência na abordagem e desenvolvimento de políticas relacionadas à saúde do trabalhador no país. “É com grande satisfação que observamos essa construção permanente que a pasta vem coordenando, notadamente com o fortalecimento das redes de atenção aos trabalhadores. O diálogo que vem sendo estabelecido deve ser ainda mais fortalecido para o bem-estar dos trabalhadores”.
Gestores em foco
Um dos assuntos destaques do encontro foi a escuta qualificada, de acordo com os organizadores do evento. “Aprendi muito com as trocas entre os participantes, com as vivências compartilhadas e com os debates sobre mecanismos de prevenção, fluxos de atendimento e protocolos de acolhimento. Saio da formação ainda mais consciente de que o enfrentamento ao assédio e às discriminações exige atualização constante, diálogo permanente e ações integradas”, disse a assessora técnica da Ouvidoria-Geral do SUS, Viviane de Oliveira, que ressaltou a importância do diálogo, da responsabilização institucional e do compromisso contínuo com a cultura de respeito.
O representante da Comissão de Ética do Ministério da Saúde, Elielso de Sousa, afirmou que participar da oficina foi uma oportunidade de refletir sobre os comportamentos dentro do ambiente de trabalho e fora dele. E também uma forma de refletir e enxergar que há outras maneiras de promover um processo de produção com relações e ambientes saudáveis. “Oprimir parece estar incrustado em nossa cultura. Somos oprimidos e opressores e por muitas vezes não enxergamos isso. Muitas pessoas não percebem que são vítimas de violência e muitos que promovem a violência aprenderam este modelo de gestão como o certo”.
Plano de enfrentamento
É importante destacar que a legislação brasileira (Lei nº 14.540/2023) determina que organizações públicas e privadas estabeleçam programas voltados à prevenção e ao combate do assédio e da discriminação. A capacitação de lideranças torna-se fundamental para o cumprimento das exigências legais e para a redução de riscos relacionados a ações trabalhistas e prejuízos à reputação institucional.
O Plano Setorial de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e às Discriminações no Trabalho na Saúde (PEADTS) criado para aplicação nos órgãos do Ministério da Saúde, tem como objetivo estabelecer medidas concretas voltadas à prevenção, acolhimento, apuração, responsabilização e resolução de conflitos, com vistas à construção de ambientes laborais seguros, inclusivos e livres de violência. O material, revisado a cada dois anos, aborda temas como assédio moral, assédio sexual, discriminação, assédio moral organizacional, rede de acolhimento, organização do trabalho, saúde no trabalho e racismo.
“O Ministério da Saúde vem construindo de forma coletiva e articulada um conjunto de ações para enfrentar o assédio e à discriminação, reforçando a importância da temática e o compromisso com o cuidado e a saúde de todos os trabalhadores da pasta. É importante que os demais órgãos que compõem o Governo Federal e que ainda não iniciaram suas ações nessa temática façam essa integração entre os seus gestores e ampliem os seus conhecimentos acerca do tema”, concluiu a coordenadora-geral de Gestão de Pessoas do Ministério da Saúde, Etel Matielo.
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MEDICINA S/A
Por que a Saúde Suplementar não vai sobreviver focada em custos
A Saúde Suplementar não está apenas em crise; ela enfrenta o seu momento mais decisivo. Os resultados aquém do esperado pelos investidores e os players e a retórica recorrente do controle de sinistralidade ignoram o que realmente importa: a reinvenção do cuidado assistencial e a entrega de valor.
Contudo, o que temos visto é a dilação dos prazos de pagamentos, uma grande incerteza sobre o que a glosa de fato representa no cenário atual e a pouca interlocução sobre o resultado assistencial e a qualidade percebida lá na ponta tanto para os profissionais da saúde quanto para o consumidor final que, com dificuldades, paga o plano de saúde esperando um atendimento ilimitado de recursos que são finitos.
Como se não bastasse toda carga custos envolvendo a prestação de serviços que vão desde o aumento do custo de mão de obra à dolarização dos insumos e equipamentos, podemos perceber o aumento exponencial da judicialização e a tensão envolvendo as fontes pagadoras e os diversos prestadores em suas camadas de atendimento médico-hospitalar. O resultado disso tudo está sendo o grande avanço da verticalização de hospitais e operadoras visando a sobrevivência e, muitas vezes, a imposição de modelos que podem impactar drasticamente o atendimento lá na ponta.
Fora todo esse cenário caótico e muitas vezes desanimador, nos deparamos com as fraudes e formas pouco ortodoxas dos prestadores conseguirem ganho de mercado, buscando aumentar a volumetria da assistência, criando modelos para reembolso e investindo pesado em protocolos assistenciais cada vez mais custosos aos bolsos das fontes pagadoras.
Considerando todos os aspectos ainda atravessamos um momento árduo da economia, uma grande incerteza sobre as políticas públicas e cada vez mais a perda do poder de compra dos consumidores, que optam por fazer um down grade nos planos ou buscar alternativas em empresas de cartão de desconto, plataformas de consultas e exames particulares de baixo custo, por valores praticados pelas operadoras e similares. Este cenário é insustentável. A boa notícia é que as soluções já existem e exigem apenas uma mudança de paradigma e de remuneração.
O mercado possui boas alternativas de controle da sinistralidade com boas práticas, como Atenção Primaria à Saúde (APS), Transição de Cuidados e os cuidados domiciliares que podem ser melhor explorados invertendo a lógica do investimento nos tratamentos propostos. É preciso considerar que os cuidados pós agudos aliados a APS são grandes ferramentas de promoção e prevenção se bem geridos e, principalmente, bem remunerados com base nos desfechos, acurácia de resultados e alocação correta do paciente no momento certo do cuidado gerando uma economia virtuosa a todos os envolvidos.
É inquestionável a eficácia desse modelo assistencial. Diversos cases divulgados por instituições de referência no setor, bem como estudos científicos, comprovam os benefícios proporcionados aos pacientes. Além disso, o modelo agrega valor ao médico de origem, que acompanha a evolução clínica e o bom desfecho dos casos encaminhados, recebendo, ao longo de toda a jornada de cuidado, retorno e reciprocidade da equipe assistencial. Diante desse cenário, é essencial que o mercado intensifique a comunicação sobre esse tipo de cuidado, de modo que a população o conheça e reconheça seu valor, superando a falsa percepção de que o paciente está sendo institucionalizado.
Neste ponto, a Transição de Cuidados exige um novo patamar de excelência e, acima de tudo, confiança estrutural. Em países onde a gestão de saúde é sinônimo de precisão e visão de longo prazo -uma cultura que me é particularmente familiar, pois vim da Suíça-, o sucesso desse modelo está intimamente ligado à consolidação de uma parceria estratégica entre as Unidades de Transição de Cuidados (UTC) e as operadoras. Essa colaboração deve ter como pilares a transparência irrestrita de dados e a acurácia dos desfechos clínicos no pós-alta, canalizando o foco para a alta responsável, e não apenas para a celeridade do processo. Sem a solidez dessa confiança mútua, comprovada pela clareza dos resultados, a “economia virtuosa” alicerçada na segurança e qualidade do paciente torna-se insustentável.
Vale ressaltar que o famoso Fee For Service (FFS) ainda é um modelo de remuneração que está longe de acabar, embora mesmo considerando o crescente aumento para empacotamento de procedimentos bem como as diárias globais (clínicas ou cirúrgicas). Tal situação demonstra que os resultados alcançados pelas operadoras e hospitais refletem exatamente o pensamento de controle financeiro apenas ao invés de premiar àqueles que procuram trazer a Saúde Baseada em Valor para prática, em outras palavras, o Value-Based Health Care (VBHC) acaba sendo um fator secundário na mensuração de valor gerado ao mercado quando comparado as práticas voltadas para o FFS.
A premissa está invertida, pois faz-se necessário analisar os prestadores que possuem boas práticas, qualidade, geram valor e uma boa experiencia aos pacientes e familiares remunerando-os adequadamente com prazos médios de recebimentos mais adequados em relação daqueles que procuram volumetria e concedem eventualmente descontos na conta mesmo após índices elevados de glosas.
*Peer Buergin é CEO da YUNA.
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Imposições unilaterais podem inviabilizar segmento de OPME
O setor de saúde suplementar no Brasil, especificamente o segmento de Órteses, Próteses e Materiais Especiais – OPME – vive um momento de intensas transformações e pressões. O avanço de novos portais de compras, as dificuldades de operação e retenção de faturamento, e fenômenos recentes que vêm afetando principalmente as pequenas e médias empresas, têm criado um ambiente de incerteza e preocupação entre importadores e distribuidores de produtos para saúde que, em alguns casos, já estão na iminência de inviabilidade comercial.
As distorções no setor, que vem sendo registradas pela ABRAIDI em pesquisa há quase uma década chegaram a patamares jamais registrados. O montante de pagamentos pendentes ou não realizados pelos clientes, planos de saúde ou hospitais, chegou à marca de R$ 4,587 bilhões, no levantamento deste ano. Desse total, R$ 2,2 bilhões, que imobilizou 17,63% do faturamento das empresas de produtos para saúde, estão relacionados à Retenção de Faturamento, que é o valor de OPME já utilizado na cirurgia, que por alguma falha ou impasse, não teve a autorização de faturamento aprovada pelo hospital ou pela operadora de plano de saúde. As glosas injustificadas, aquelas cujo pagamento é paralisado ou não realizado sem motivo legítimo e transparentes, chegaram à R$ 229,7 milhões e a inadimplência à R$ 2,069 bilhões. O valor global comprometeu 36% do faturamento das empresas.
Por outro lado, o surgimento de portais de compra, que chegaram para padronizar processos, rastrear transações, ofertar maior agilidade nas cotações e centralizar informações vem produzindo efeitos colaterais que não podem mais ser ignorados. Sob o pretexto de modernizar e otimizar as compras, a maioria desses portais tem imposto aos fornecedores custos adicionais expressivos, que não necessariamente se traduzem em valor proporcional. Os portais de compras de OPME operam, muitas vezes, em uma lógica de leilão reverso. Para ter o direito de participar das cotações, o fornecedor precisa pagar taxas de acesso e, em determinados modelos de negócio, taxas sobre o volume transacionado. Trata-se de um verdadeiro pedágio com condição obrigatória para poder vender a clientes já cativos, sem perspectiva de ampliação do mercado ou da visibilidade do portfólio.
Outro ponto de extrema gravidade é o avanço do chamado empacotamento de procedimentos e insumos, que vem se disseminando em diversas redes hospitalares e operadoras de planos de saúde. Sob o argumento de otimizar custos, esse modelo tem promovido reduções unilaterais de valores, agrupando diferentes procedimentos e materiais em pacotes de remuneração única e reduzida. A prática, além de carecer de respaldo técnico e jurídico, distorce a composição de custos e compromete a qualidade assistencial, uma vez que induz à utilização de materiais de menor desempenho e à limitação de tratamentos. Trata-se de uma forma disfarçada de contenção de despesas que, na prática, compromete a liberdade técnica dos profissionais, o equilíbrio contratual e a segurança dos pacientes, além de desrespeitar normas de referência, como as da CBHPM, e princípios básicos do Código de Defesa do Consumidor.
Esses desafios, no entanto, não são isolados. Eles refletem um cenário mais amplo de mudanças estruturais na relação entre fabricantes, distribuidores, prestadores e operadoras. Contexto que exige, mais do que nunca, coesão institucional, diálogo permanente e atuação técnica responsável porque muitas empresas já vivem um completo desequilíbrio econômico-financeiro.
Temos consciência da dimensão desses impactos e da ansiedade legítima de nossos associados diante de práticas de mercado que já comprometem a sustentabilidade das empresas e a qualidade do atendimento ao paciente. Por isso, reforçamos nosso compromisso histórico com a representatividade efetiva, a defesa jurídica e regulatória, e a busca de soluções equilibradas, que conciliem os interesses do setor com as boas práticas éticas e de governança.
Entendemos que, diante de um ambiente tão complexo, a resposta mais eficiente não está na fragmentação, mas sim no fortalecimento das instituições existentes e na construção coletiva de propostas que representem, de fato, a diversidade e a força de união do setor de OPME, que tem travado uma queda de braço com gigantes de enorme poder político e financeiro. Eles dão as cartas na saúde suplementar do país e deixam na vulnerabilidade as empresas de produtos para a saúde e na última ponta o consumidor.
Seguimos tentando ampliar o diálogo com órgãos reguladores, com o Legislativo e com a sociedade civil, reafirmando a importância de um setor de saúde suplementar ético, transparente e sustentável. Nosso compromisso é continuar sendo uma voz técnica, ponderada e firme na defesa de um mercado mais justo e equilibrado para todos.
*Sérgio Rocha é presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI).
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Assessoria de Comunicação