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DESTAQUES
Prefeitura trabalha na finalização do decreto de escalonamento de horários
Médicos alertam: fim do isolamento social é um risco enorme
Parentes de infectados serão avisados
Casos confirmados do novo coronavírus em Goiás sobem para 616
Cooperativismo ajudará retomada da economia, diz presidente do Sistema OCB
Só 15% dos médicos se dizem capazes de atender casos de Covid-19
Ansiedade e depressão duplicaram em um mês de quarentena no Brasil, sugere pesquisa
Anvisa discute liberar aplicação de teste rápido para covid-19 em farmácias
73% dos leitos de UTI ocupados
Empresários devem recorrer à Justiça por incentivos fiscais
DIÁRIO DA MANHÃ
Prefeitura trabalha na finalização do decreto de escalonamento de horários
Documento com orientações e regras para evitar aglomerações nos terminais e pontos de ônibus deve ser divulgado esta semana
A Prefeitura de Goiânia trabalha na finalização do decreto de escalonamento de horários para atividades não essenciais na capital. O documento com as orientações e regras para evitar aglomerações e diminuir riscos de contágio pelo novo agente coronavírus no transporte coletivo deve ser divulgado ainda esta semana.
De acordo com o titular da Secretaria Municipal de Comunicação (Secom), Vassil Oliveira, para formatar o decreto a administração está dialogando com todos os organismos responsáveis pelo sistema público de transporte, dentre eles o Governo de Goiás, a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), as empresas, representantes do comércio e a população em geral.
"Todas as ações promovidas pela gestão municipal para combater a pandemia do coronavírus em Goiânia estão sendo tomadas em sintonia com o Governo Estadual e com a sociedade civil, inclusive a proposta de escalonamento de horários para serviços que não são considerados essenciais", afirmou Vassil Oliveira em entrevista à TV Anhanguera e à TV Record Goiás nesta segunda-feira (27/04).
Segundo o auxiliar do prefeito Iris Rezende, para que o decreto funcione é preciso que todas as ações estejam pactuadas e alinhadas entre o poder público, os empresários e os usuários do transporte coletivo. "Estamos compreendendo este momento e buscando a melhor solução para diminuir a circulação do novo vírus nos terminais e nos pontos de ônibus", acrescentou Vassil Oliveira.
O secretário pontuou ainda que as medidas que estão sendo discutidas e finalizadas serão eficiente se todos os cidadãos entenderem a importância do sistema de movimentação segmentada. "Essa solução envolve também a compreensão dos passageiros. Uma vez definido o novo horário de funcionamento das empresas e dos serviços é fundamental que os usuários procurem o transporte coletivo conforme o programado", disse.
O escalonamento de horário em Goiânia foi proposto pela CMTC e acatado pelo prefeito Iris Rezende na semana anterior. A ideia é que os comércios sejam abertos em horários diferentes, dividindo assim o número de passageiros e reduzindo o impacto nos horários dos ônibus. Além da capital, a CMTC está conversando com as demais prefeituras da Região Metropolitana para que as mesmas medidas sejam adotadas nas cidades vizinhas.
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Médicos alertam: fim do isolamento social é um risco enorme
Alguns estados tem anunciado a abertura de atividades comerciais em meio a pandemia pela Sars-CoV-2, médicos consideram o fim do isolamento precipitado e temem a perda de controle da doença
A proposta de alguns estados de diminuírem as regras de isolamento social, permitindo que os cidadãos aos poucos , retornem suas atividades, trouxe apreensão a médicos que lidam diretamente com os pacientes infectados pela Covid-19. São Paulo é um dos estados que mais traz preocupação, pois concentra o maior número de casos confirmados e mortes em decorrência do novo coronavírus e planeja uma abertura para a segunda semana de maio.
Para o médico consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Leonardo Weissmann, “acabar com o distanciamento físico neste momento é impossível”, alerta. Outros estados se antecipam e passaram a flexibilizar o isolamento. As medidas restritivas foram diminuídas em estados como Goiás e Santa Catarina, onde houve até comemoração durante a reabertura de um shopping em Blumenau.
No Centro-Oeste, estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul delegaram aos municípios o poder sobre a reabertura, enquanto Norte e Nordeste a estrutura da saúde pública estão sobrecarregadas. Ao menos quatro estados nessas regiões tinham, até a semana passada , mais de 90% de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Segundo Weissmann, “o afrouxamento das medidas de contenção do vírus, caso ocorra, deve ser feito com muita responsabilidade, especialmente em cidades menores, para que não haja um colapso do sistema de saúde”, destacou.
Goiás vai fazer fiscalização para evitar aglomerações, diz Caiado
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), declarou que já informou os órgãos competentes para que iniciem uma fiscalização, a fim de impedir aglomerações e manifestações pelo estado. O anúncio foi feito nesta domingo (29), através da conta do governador no Twitter. Conforme Caiado, a fiscalização tem por objetivo cumprir uma determinação do Tribunal de Justiça de Goiás, que atendeu a um pedido do Ministério Público, para proibir aglomerações e manifestações de qualquer natureza até o dia 30 de abril.
Caiado tem defendido a adoção de medidas mais restritivas no combate ao coronavírus, desde que a doença foi registrada no Brasil. Para o governador, “a decisão do magistrado diz buscar a preservação da saúde dos goianos e determina que o Estado garanta o cumprimento. Será cumprido conforme a justiça determinou! Já informei a todos os responsáveis pela fiscalização em Goiás que a justiça proibiu manifestações e aglomerações”, declarou o governador.
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O HOJE
Parentes de infectados serão avisados
Reclamações de familiares de pacientes com Covid-19 internados em hospitais se espalham por vários Estados, inclusive em Goiás, causando uma agonia a mais. Para minimizar essa situação, tramita na Assembleia Legislativa um projeto de lei do deputado Humberto Aidar (MDB) que estabelece, além do procedimento virtual de informações, o acolhimento dos familiares de pessoas internadas com a doença.
A obrigação envolve hospitais públicos, privados ou de campanha sediados em
de Goiás. Pelo projeto, essas unidades, ao receberem pacientes que sejam internados em leitos ou em unidade de tratamento intensivo (UTI) devem, obrigatoriamente, preencher no momento da entrada no centro médico formulário que contenha dados de ao menos um familiar ou pessoa próxima para que receba informações sobre o estado de saúde.
Ao ser registrado nos hospitais, o paciente deve receber uma senha pessoal, que será inserida na sua ficha e encaminhada ao contato indicado pelo paciente.
Nos casos em que os pacientes sejam internados inconscientes ou não saibam informar um contato de familiar ou pessoa próxima, a unidade de saúde deverá realizar uma busca ativa por assistente social da unidade.
Humberto Aidar argumenta que a crise pandêmica devido ao novo coronavírus tem impingido os governos de todo mundo para a necessidade de alterar as regras de circulação, atendimento, regimes gerais de trabalho, dentre outras
medidas. “É indispensável, contudo, que novas tecnologias sejam utilizadas para garantir os direitos daqueles que sejam acometidos pela Covid19 e de seus familiares à informação e segurança”.
Para o parlamentar, esse projeto se faz indispensável à segurança e saúde de todos, com observância ao direito à informação a atualização diária dos familiares dos pacientes. Ainda mais, segundo pontua, com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), e também com as medidas dispostas pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás acerca da necessidade de isolamento daqueles que compartilham da mesma residência dos suspeitos ou diagnosticados por Covid-19.
Atualização
O projeto de lei prevê que as informações devem ser enviadas aos parentes de pacientes todos os dias, ao término de cada dia, com atualização sobre
o estado de saúde do paciente.
As informações devem ser enviadas, principalmente, via aplicativo de mensagens, em formato de áudio, possibilitando a recepção das comunicações
por pessoas que tenham dificuldade com leitura.
Se não for possível enviar por meio de aplicativo de mensagens, as informações devem ser enviadas por escrito, via email ou outra forma de comunicação eletrônica. Caso isso não seja possível, as informações devem ser feitas por contato telefônico.
A proposta do deputado diz ainda que, em caso de complicações no estado de
saúde do paciente, assim que os procedimentos médicos forem realizados, a unidade hospitalar deverá comunicar aos familiares ou pessoa próxima indicada no cadastro sobre a situação ocorrida. Em caso de óbito, as informações acerca da causa mortis e os procedimentos necessários
para a liberação do corpo também devem ser fornecidas ao familiar.
O projeto, protocolado na semana passada, vai passar pelo crivo da Comissão de Constituição, justiça e Redação (CCJ) da Assembleia. Em seguida, a matéria terá de passar por duas votações no Plenário. Se aprovada, vai à
sanção da Governadoria.
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A REDAÇÃO
Casos confirmados do novo coronavírus em Goiás sobem para 616
São 43 novos infectados em 24 horas
Théo Mariano
Goiânia – Em novo boletim divulgado nesta segunda-feira (27/4), a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) atualizou para 616 os casos confirmados da covid-19 no Estado. São 43 novos infectados em 24 horas. O número de mortes chegou a 26. Outros 7.407 casos são considerados suspeitos.
Até o momento, 17 infectados estão internados. Outros 72, também em internação, são considerados casos suspeitos e aguardam resultado dos testes.
As confirmações foram registradas em Águas Lindas de Goiás (6), Aloândia (1), Anápolis (39), Anhanguera (1), Aparecida de Goiânia (23), Aragoiânia (1), Avelinópolis (1), Barro Alto (1), Bela Vista de Goiás (3), Bom Jesus de Goiás (2), Caldas Novas (1), Campestre (1), Campinorte (1), Carmo do Rio Verde (3), Catalão (1), Ceres (4), Cidade Ocidental (5), Faina (1), Formosa (4), Goiandira (2), Goianira (1), Goianésia (28), Goiânia (364), Goiatuba (2), Guapó (1), Inhumas (3), Ipameri (1), Itaguaru (2), Itumbiara (10), Jaraguá (1), Jataí (6), Luziânia (11), Mineiros (4), Montividiu (1), Morrinhos (1), Nerópolis (3), Niquelândia (1), Nova Glória (1), Nova Veneza (1), Novo Gama (1), Paranaiguara (1), Paraúna (3), Pires do Rio (3), Planaltina (1), Professor Jamil (6), Rialma (6), Rio Verde (15), Santa Helena de Goiás (1), Santo Antônio do Descoberto (4), São Luís dos Montes Belos (2), Senador Canedo (6), Silvânia (1), Trindade (9), Urutaí (1) Valparaíso de Goiás (10) e Vianópolis (1). Há dois casos ainda sem residência definida.
Os municípios de Goiás que registraram mortes por covid-19 são: Aparecida de Goiânia (2), Goiandira (1), Goianésia (2), Goiânia (12), Luziânia (2), Paraúna (1), Planaltina de Goiás (1), Pires do Rio (1), Professor Jamil (1), Rio Verde (1) e Valparaíso de Goiás (1). Há um óbito sem residência definida.
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Cooperativismo ajudará retomada da economia, diz presidente do Sistema OCB
Goiânia – Com o tema “O Cooperativismo durante e pós-crise”, o Sistema OCB/SESCOOP-GO realizou na noite desta segunda-feira (27/4) a quinta live para debater o cenário econômico atual, abalado pela pandemia do novo coronavírus, e as perspectivas e oportunidades que se desenham para os próximos meses. A edição desta segunda-feira contou com a participação do presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas. Segundo ele, o setor cooperativista tem condições de ajudar o país na retomada da economia.
"Temos condições de gerar resultados econômicos, mas com justiça social. Podemos fazer com que as pessoas sejam parte do processo. O cooperativismo vem como uma luva para está demanda", disse Márcio. "Toda vez que tem um grande desafio, o cooperativismo forma uma base muito boa", acrescentou.
Márcio Lopes citou como exemplo o setor agrícola, que, segundo ele, será um dos responsáveis para fortalecer a economia pós-crise. "É uma grande oportunidade do cooperativismo mostrar sua cara. No Brasil mais ainda porque temos uma condição agrícola muito competente. Temos uma base muito forte no cooperativismo rural e o mundo vai precisar de quem tem condição de suprir essa necessidade de alimento", afirmou.
Segundo dados da OCB, o cooperativismo agropecuário tem importante participação na economia brasileira, sendo responsável por quase 50% do PIB agrícola. A Organização afirma que 48% de tudo o que é produzido no campo brasileiro passa, de alguma forma, por alguma cooperativa em atividade no país.
O presidente do Sistema OCB/SESCOOP-GO, Luís Alberto Pereira, foi o mediador da discussão. Ele concorda no papel importante do cooperativismo neste momento de crise. Segundo Luís Alberto, o cooperativismo "é um capitalismo consciente". "Ele é baseado nas pessoas. Quando se faz uma cooperativa de crédito, por exemplo, estamos unindo uma pessoa que tem crédito com outra que precisa daquele recurso", exemplificou.
Segundo Luís Alberto Pereira, com a pandemia da covid-19, mais de 1 mil proposições foram apresentadas no Congresso Nacional relacionadas ao assunto. Desde total, 150 são ligadas ao cooperativismo. Ele destacou o papel da OCB neste processo. "Esse papel institucional da OCB é muito importante. Em Goiás, temos a nossa frente parlamentar estadual e estamos junto com ao Fórum Empresarial e Juceg", disse.
A jornalista Lúcia Monteiro, especializada na cobertura econômica, e o acadêmico, consultor, conferencista e escritor José Luiz Tejon também participaram da live. O debate faz parte da programação do Goiás Coop Live, que propõe discussões on-line com especialistas de todo país sobre temas de interesse do cooperativismo.
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FOLHA DE S.PAULO
Só 15% dos médicos se dizem capazes de atender casos de Covid-19
Apenas 15,5% dos médicos brasileiros se sentem capacitados para atender casos suspeitos e confirmados de Covid-19, em Qualquer fase da doença, inclusive quando graves, sob tratamento intensivo.
Uma parte deles (11%) se diz disposta a querer aprender como lidar com a doença, mas quase um quinto (18,5%) não está disposto a fazê-lo.
Os resultados são de uma pesquisa realizada pela APM (Associação Paulista de Medicina) com 2.312 médicos de todo o país, entre 9 e 17 de abril. As respostas foram espontâneas, a partir de questionário estruturado online, via plataforma Survey Monkey.
De acordo com o levantamento, 65% dos entrevistados trabalham em hospitais e prontos-socorros que recebem pacientes com Covid-19 e 59% haviam atendido alguém desse grupo.
Outros 34% disseram ter cuidado de pessoas com confirmação da doença. E13% relatam que acompanharam doentes que morreram.
Segundo José Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM, o despreparo é preocupante, mas a situação já pode ter sido mudada nas últimas semanas porque existem várias iniciativas em curso para capacitar os profissionais.
Ele afirma que cursos rápidos, de 36 a 48 horas, conseguem fornecer um treinamento ao médico. "Você não vai conseguir formar um intensivista, porque isso vai demandar dois ou três anos, mas consegue treiná-los para ajudar nas UTIs."
Um outro dado que já pode ter sido mudado desde que a pesquisa foi feita, segundo Amaral, é sobre os serviços de saúde que não dispõem de áreas dedicadas a pacientes com Covid-19.
No levantamento, os médicos relataram que em 30% dos locais onde atuam não havia separação. "A pandemia é dinâmica, as coisas mudam rapidamente e essa situação também já pode ter sido mudada."
Conforme o levantamento, 90% dos médicos entrevistados ainda não se submeteram a qualquer tipo de teste diagnóstico para a Covid-19. Mais de um terço deles (34,8%) pertence a grupos de risco, sofrendo de doença cardiovascular, insuficiência renal, obesidade, doença respiratória, hipertensão e/ou diabetes.
Somente 14% dos entrevistados dizem que os locais em que atendem têm testes suficientes para pacientes com sintomas de Covid-19.
Para Amaral, a pesquisa mostra que há carências importantes para um atendimento seguro e para uma prestação de assistência adequada.
"Ainda há pouca disponibilidade de testes, mesmo para os casos suspeitos. Eu mesmo tentei fazer o sorológico, para saber se já tive contato com a doença, e demorei uma semana para conseguir uma agenda", afirma.
A percepção de 86,6% dos médicos consultados é a de que seus colegas estão apreensivos, deprimidos, pessimistas, insatisfeitos e revoltados.
Só 13,4% registram sentir tranquilidade ou otimismo no ambiente de trabalho. Quase um quinto deles (18,5%) estão afastados de familiares para não colocá-los em risco.
Segundo Amaral, a apreensão é compreensível, mas as reações extremadas, que vão do otimismo exagerado à depressão e revolta, não são adequadas.
Para ele , são bem-vindas iniciativas que ofereçam ajuda psicológica aos profissionais de saúde nesse momento. "Eles precisam encontrar significa dos para si mesmos."
De acordo com Amaral, um fator grande de preocupação dos médicos que estão na linha de frente é em relação às famílias. "Muitos têm filhos pequenos. Mesmo que consigam se isolar, há uma desagregação familiar." Cláudia Collucci
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O GLOBO
Ansiedade e depressão duplicaram em um mês de quarentena no Brasil, sugere pesquisa
RIO E SÃO PAULO – Uma pesquisa que submeteu 1.460 brasileiros a uma triagem psicológica online sugere que a incidência de sintomas de depressão, ansiedade e estresse pode ter dobrado da primeira para a quarta semana de quarentena pela Covid-19.
Os dados do trabalho foram coletados pelo psicólogo Alberto Filgueiras, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), para dois estudos com 20 dias de intervalo entre si. Mesmo não tendo o objetivo direto de medir incidência e sim identificar grupos de risco a pesquisa sugere um agravamento preocupante.
Enquanto no primeiro estudo a prevalência girava em torno de 4% a 5% para sintomas de depressão e ansiedade, no segundo estudo cresceu para algo de 7% a 8% disse o psicólogo ao GLOBO.
Uma versão preliminar da pesquisa, ainda sem revisão independente, já mostra o recorte da população que está mais vulnerável.
Os três grupos destacados por Filgueiras e por seu coautor, Matthew Stults-Kolehmainen, são as pessoas que vivem com idosos durante a quarentena, os portadores de doenças que configuram fatores de risco para a Covid-19 e os trabalhadores que não podem ficar em confinamento.
A pesquisa também aponta um maior risco para subgrupos como mulheres e pessoas de menor escolaridade, que tradicionalmente são mais pressionados e em situação de fragilidade.
O que as evidências do nosso estudo sugerem é que essas pessoas precisam de um cuidado urgente, para ontem. Não adianta esperar a quarentena passar para depois tentar apagar o fogo diz Filgueiras.
O estudo do psicólogo da Uerj segue a trilha de outros trabalhos que vêm sendo publicados ao menos desde fevereiro, mostrando o impacto mental da pandemia de Covid-19 em outros países.
No maior deles, feito com 53 mil respondentes na China, 35% das pessoas declararam experimentar estresse psicológico moderado e outras 5% relataram sintomas severos de problemas mentais.
Índice de estresse no Brasil é pior que na China e Irã
Uma revisão de trabalhos liderada pela psicóloga Samantha Brooks, do King's College de Londres, lista os efeitos mais comuns relatados por pessoas em situações de quarentena antes da emergência do novo coronavírus. O sentimentos relatados já são familiares para muitos brasileiros.
"A maior parte dos estudos relata efeitos psicológicos negativos, incluindo sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva. Os fatores estressores incluem a grande duração da quarentena, medo de infecção, frustração, tédio, falta de suprimentos, informação inadequada, perda financeira e estigma", relatam os psicólogos.
Stephen Zhang, psicólogo da Universidade de Adelaide, na Austrália, está coletando dados sobre prevalência de problemas mentais em alguns países afetados pelo novo coronavírus, incluindo China, Irã e Brasil. Numa sondagem feita com 638 pacientes brasileiros, encontrou situação preocupante.
"No Brasil, 52% da amostragem de adultos experimentou estresse leve ou moderado e 18% sofriam de estresse severo", escreveu o pesquisador num estudo preliminar divulgado no portal MedrXiv. "O índice de estresse ligado ao trauma da Covid-19 no Brasil é pior do que o da China e o do Irã."
Zhang e colegas avaliaram no estudo também se a distância à qual os participantes estavam da cidade de São Paulo, epicentro da Covid-19, no Brasil, influenciava o grau de estresse.
"No Brasil, observamos um efeito do tipo 'olho do tufão' os problemas mentais aumentavam com a distância do epicentro, como em um tufão, onde o efeito é maior na periferia do que no centro", escreveu o pesquisador.
Esse efeito foi maior entre adultos mais velhos e entre pessoas que tiveram que se ausentar mais do trabalho, possivelmente se expondo mais a notícias preocupantes.
Temores em conflito
Há muitos fatores influenciando o mal-estar psicológico dos brasileiros agora. Segundo Filgueiras, no caso específico da Covid-19 no Brasil, a situação conflitante entre aderir ao confinamento para frear a epidemia e a pressão por renda e produtividade é especialmente perniciosa.
As pessoas percebem que existe impacto na economia e na capacidade delas de subsistir, mas ao mesmo tempo sabem que não podem se expor ao vírus. É mesmo um conflito entre o medo de morrer e a pressão por sobreviver diz Filgueiras.
A apreensão é maior, claro, à medida que o impacto da Covid-19 se faz ver dentro do círculo social das pessoas.
A insônia de Daniele Rangel da Silveira, por exemplo, piorou nos últimos dias. A jovem de 25 anos moradora da Rocinha, maior favela do Rio, não conhece nenhum caso curado de Covid-19.
Dois amigos dos pais morreram. Outros conhecidos com a doença estão internados. Ela tem bronquite, e o marido, epilepsia. Ambos não podem deixar de trabalhar numa farmácia da comunidade.
A minha ansiedade não me deixa dormir. Fico perambulando a noite toda pela casa. E piorou muito durante a quarentena explica Daniele, que trabalha com todos os equipamentos de proteção necessários. Mesmo assim, tenho muito medo de pegar a doença.
Moradora de Realengo, Carla Moraes, de 49 anos, sofre com ansiedade há dez anos. A depressão ela já havia superado, mas a quarentena tem feito o problema voltar.
Ela vive com a mãe, de 89 anos, e o filho, de 19. O jovem, por não poder parar de trabalhar, foi morar com o pai.
Para piorar, ela ainda se recupera de um acidente doméstico de dezembro que a deixou com a tíbia e a fíbula, dois importantes ossos da perna, quebrados.
Estou andando de muletas, mas preciso passar a maior parte do tempo de repouso. Aí, quando você está parado, a cabeça gira e só pensa coisas ruins. Tenho muito medo de a minha mãe adoecer e eu não conseguir socorro para ela revela.
Terapia remota
Psicólogos têm recomendado desde o início da pandemia que pessoas em situação de vulnerabilidade psicológica procurem auxílio, mas a estrutura para isso não existe em muitos planos regionais de quarentena.
Apesar de um ofício circular do Conselho Federal de Psicologia (CFP) ter pedido a gestores públicos a "suspensão imediata de atividades profissionais do psicólogo na modalidade presencial", a entidade pede no mesmo documento "a disponibilização e tecnologias de informação e comunicação para o exercício profissional da psicologia à distância".
O próprio CFP está flexibilizando sua defesa da prática. Em 2018, a entidade determinou que só estavam autorizados a praticar atendimento online psicólogos que tivessem cadastro específico para tal, e ainda assim estava vedado o atendimento remoto de pacientes em situação de emergência.
Essas restrições estão agora temporariamente suspensas, e o CFP pede à Unidas (União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde) que planos de saúde passem a cobrir a psicoterapia à distância.
Na rede privada, porém, a percepção dos psicólogos é que a busca por atendimento está caindo, apesar de a saúde mental dos brasileiros estar piorando.
A procura pelos serviços de psicologia caiu, como acontece com tudo aquilo que é percebido com supérfluo pelas pessoas conta Filgueiras.
A demanda só não despencou tanto quanto se previa, diz o psicólogo, porque os próprios profissionais de saúde, assoberbados com a epidemia, estão buscando apoio psicológico em grande número.
Saiba identificar os sinais de ansiedade e depressão
O primeiro quadro avaliado no trabalho da UFRJ foi o de estresse, que consiste num estado de pressão mental por excesso de estímulos e demandas. Já com a ansiedade, psicólogos buscam identificar inquietação e temor nas pessoa, frequentemente acompanhado da antecipação de algo ruim que possa ocorrer.
Com a depressão, a ideia é identificar estado de desânimo e tristeza com implicações clínicas, que afetem fatores como sono, apetite e até risco para suicídio.
É recomendável que qualquer pessoa que se sinta enquadrar nesses quadros procure ajuda profissional. No contexto de pesquisa, porém, psicólogos costumam usar questionários de triagem, que buscam sinais desses três tipos de transtorno.
Com grandes populações agora em quarentena por causa da Covid-19, eles se tornaram ferramenta essencial de pesquisa.
Dois dos questionários usados são padrões para os quadros clínicos que estavam sendo avaliados. Foram empregados o PSS-10 (Escala de Estresse Percebido-10) e o SSTAI (Inventário Spielberg de Traços e Estados de Ansiedade). Para risco de depressão, o pesquisador criou um questionário específico para a situação da Covid-19, mas baseado em sintomas padrão.
Os questionários, porém, não fornecem diagnósticos. Quando uma pessoa sinaliza problema sério, é preciso a intervenção do psicólogo para avaliação, explica Filgueiras, que buscou encaminhar voluntários da pesquisa a tratamento.
– Entramos em contato um a um com aqueles que manifestaram sinais mais preocupantes -, conta o pesquisador.
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AGÊNCIA ESTADO
Anvisa discute liberar aplicação de teste rápido para covid-19 em farmácias
Os diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discutem nesta terça-feira, 28, se liberam a aplicação de testes rápidos de coronavírus em farmácias. Atualmente, testes rápidos são aplicados em ambiente hospitalar e clínicas das redes pública e privada.
A proposta será levada pelo presidente-substituto da agência, Antonio Barra Torres, médico e contra-almirante, tido como conselheiro de Jair Bolsonaro para assuntos de saúde.
Segundo integrantes do governo, a cúpula do Ministério da Saúde chegou a resistir à proposta, mas passou a apoiá-la recentemente. O novo ministro da pasta, Nelson Teich, tem dito que melhorar o grau de informação sobre a doença no Brasil é pilar de sua estratégia de resposta à pandemia, que tem como um dos pontos a saída do distanciamento social, como defende Bolsonaro.
O receio de autoridades de saúde, como da Organização Mundial de Saúde (OMS), é que testes rápidos têm alto índice de falso negativo, se aplicados nos primeiros dias de sintomas da doença. Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou, exames doados ao governo pela mineradora Vale podem errar 75% dos resultados negativos, segundo análise encomendada pelo próprio Ministério da Saúde.
A expectativa de fontes do ministério de Teich é que a Anvisa aceite a aplicação em farmácias, mas exigindo que o teste seja feito apenas após alguns dias do surgimento de sintomas da doença.
A forte chance de falso negativo, nos primeiros dias, deve-se à característica do exame, que detecta anticorpos para a doença. Essas substâncias só surgem quando o corpo reage ao vírus, o que leva alguns dias. Por isso, autoridades recomendam uso de testes do tipo RT-PCR, mais lento e caro, para garantir diagnóstico preciso para a covid-19.
Segundo integrantes do ministério, há forte pressão do Palácio do Planalto para ampliar o número de testes no País. A Saúde tem sinalizado que pretende aumentar o público-alvo para exames de diagnóstico rápido.
No começo da crise, o Ministério da Saúde recomendava apenas a aplicação de testes rápidos para quem atua na linha de frente do combate à covid-19, como profissionais da saúde. Em boletim epidemiológico publicado na última semana, no entanto, o ministério afirma que deseja progressivamente incluir idosos, portadores de condições de risco para complicações da covid-19 e a população economicamente ativa na rotina de testagem. A ideia seria também aumentar a carteira de curados e imunes à doença que poderiam retornar ao trabalho, dizem integrantes do governo.
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O POPULAR
73% dos leitos de UTI ocupados
73% dos leitos públicos de UTI estão ocupados Aumento da demanda fez três hospitais abrirem mais 10 vagas no fim de semana. Agora, são 13 leitos disponíveis, específicos para o tratamento do coronavírus. O POPULAR monitorou a ocupação por dez dias. HCamp pode ampliar oferta p 14 e 15
Número de pacientes internados nos três hospitais exclusivos para atendimento de casos suspeitos e confirmados de Covid-19 subiu de 21 para 36 em 10 dias e o de vagas de 39 para 49.
A taxa de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) exclusivos para tratamento de Covid-19 em Goiás subiu de 54%, no dia 18 de abril, para 73%, no dia 27, e só não chegou a 92% porque no começo do fim de semana três hospitais aumentaram a capacidade para mais 10 vagas, chegando a 49. Caso contrário, o número de leitos exclusivos disponíveis nesta segunda-feira (27) seria 3 e não 13, como consta nos sites das secretarias de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) e Municipal de Saúde de Goiânia (SMS).
O número de leitos de UTI que não são exclusivos para Covid-19 mas que podem ser usados por pacientes que contraíram o novo coronavírus (Sars-CoV-2) é incerto, pois além dos exclusivos no Hospital de Campanha de Goiânia (HCamp), regulado pelo Estado, e na Maternidade Célia Câmara e no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG), estes regulados pela SMS, há leitos que em pelo menos outros quatro hospitais que já receberam ou estão com pacientes com suspeitas de Covid-19. Nestas quatro unidades identificadas pelo POPULAR, onde também são internados pacientes que necessitam de UTI por outros motivos, como traumas e problemas cardíacos, por exemplo, a taxa de ocupação ficou em 95%.
Durante 10 dias, O POPULAR acompanhou as páginas dos sites da SMS e da SES-GO todos os dias, sempre ao meio-dia e à meia-noite, anotando o número de leitos ocupados e vagos de UTI regulados tanto pelo município de Goiânia como pelo governo estadual, que juntos controlam mais de 500 vagas. Este número varia conforme a disponibilidade da rede conveniada – hospitais particulares que cedem leitos para o Sistema Único de Saúde (SUS). No dia 18, eram 503. Na segunda-feira (27), havia 507.
Uma das unidades que estão recebendo pacientes com suspeita de Covid-19 sem ter leitos exclusivos é o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), que diz ofertar 13 leitos de UTI pediátricas para crianças com suspeita de infecção e também serve como uma espécie de pré-triagem para um primeiro atendimento antes de as pessoas serem encaminhadas para uma das três unidades de referência existentes.
A reportagem encontrou pacientes em leitos de UTI em três hospitais estaduais: o de Urgências da Região Sudoeste (Hurso), em Santa Helena, e o de Urgências de Anápolis (Huana) e o de Doenças Tropicais (HDT). Já o Hugol, informou que atualmente há 9 pessoas internadas com suspeita de Covid-19, mas sem detalhar se em leitos de UTI ou enfermaria.
Procuradas, as quatro unidades afirmaram possuir leitos exclusivos para Covid-19, apesar de não aparecerem como tais nos sites das secretarias e nem serem considerados nas estatísticas oficiais do Estado. As do Hugol são todas pediátricas. Para o governo estes leitos são considerados como auxiliares.
O superintendente de Atenção Integral à Saúde da SES-GO, Sandro Rodrigues, diz que o aumento do número de pacientes em estado grave já era esperado, conforme vai aumentando o número de vagas e destaca que o HCamp pode estender sua capacidade para até 70 leitos de UTI, se necessário. O hospital tem aumentado o número de 10 em 10, sendo que a última vez que isso ocorreu foi no dia 17. Ele não soube explicar o motivo de aparecer na regulação do Estado entre os dias 18 e 25 apenas 26 leitos e não os 30.
Rodrigues diz que os pacientes em estado grave com suspeita de Covid-19 devem ser encaminhados para leitos de UTI do HCamp, da Célia Câmara e do HC, mas os outros leitos dos quatro hospitais citados pela reportagem são usados como "auxiliares". A regulação avalia a situação do paciente e, dependendo do quadro, pode encaminhá-lo a uma unidade não-exclusiva.
Assim como Rodrigues, o diretor-geral do HC, José Garcia Neto, lembra que aumentar o número de leitos sem haver demanda para tanto representaria custos desnecessário de manutenção de estruturas e equipes sem uso e também um maior risco de contaminação. O que importa, salientam os dois, é a disponibilidade para fazer esta ampliação de forma rápida.
Garcia Neto também destaca que a experiência destas unidades exclusivas tem mostrado que os pacientes em estado grave com Covid-19 demandam um atendimento mais prolongado. "O número de casos graves (que demandam internação) hoje está abaixo do que esperávamos, mas pode haver um aumento súbito. O problema é que é um vírus de muito fácil transmissão e quem fica mal, fica mal mesmo, que exige um tratamento muito intenso, sobrecarregando o sistema", comentou.
O HCamp respondeu que o tempo médio de internação de um paciente na UTI da unidade tem sido de 8 dias. Na Célia Câmara, este tempo tem sido entre 7 a 10 dias.
Aumento conforme demanda
Se hoje os três hospitais considerados exclusivos para tratamento de Covid-19 oferecem 49 vagas, a capacidade deles pode chegar a 117, se necessário, garantem seus respectivos gestores. Pelo menos mais 20 vagas estão previstas para serem abertas nos próximos dias, já na expectativa de um aumento no número de casos graves.
Inaugurado no dia 26 de março inicialmente com 10 leitos de UTI, o HCamp já teve duas ampliações neste intervalo de tempo, uma no dia 9 e outra no dia 17, sempre com o acréscimo de uma dezena, segundo a assessoria. A abertura gradual dos leitos é discutida em constante contato com a regulação de vagas feita pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO).
O superintendente de Atenção Integral à Saúde da SES-GO, Sandro Rodrigues, explica que os equipamentos para os leitos de UTI em implementação estão prontos para serem instalados, caso haja necessidade, e que o tempo de abertura depende de questões burocráticas envolvendo contratação de profissionais de saúde. "Não dá para fazer de um dia para o outro a abertura de um leito de UTI, mas é rápido o processo", diz.
Já a Maternidade Célia Câmara teve a capacidade aumentada de 10 para 12 na última sexta-feira (24) e pode chegar rapidamente para 30, segundo o diretor-técnico da unidade, Marcelo Cupertino. Entretanto, não há uma previsão para que isso aconteça. Apesar de até a noite de nesta segunda-feira (27), a unidade estar com apenas uma vaga disponível, Cupertino disse que havia previsão de alta de alguns pacientes, o que impediria que a maternidade já ficasse lotada por agora.
A capacidade de ampliação de leitos de UTI no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG) é mais limitada, podendo chegar a 17. O diretor-geral da unidade, José Garcia Neto, diz que estas 10 vagas a mais devem ser liberadas já na próxima semana. Ele destaca que as internações por Covid-19 reduzem até a metade a capacidade de leitos em um espaço físico por causa da necessidade de distanciamento entre os pacientes.
A falta de um acordo sobre a liberação do prédio novo do HC impede que os 40 leitos de UTI disponíveis sejam usados. A não ser que, segundo Garcia Neto, as secretarias municipal ou estadual de Saúde assumam a responsabilidade pela administração do espaço.
Perfil dos internados
Dos 22 pacientes internados no HCamp nesta segunda-feira, 7 são de Goiânia, 27 do interior e há um paciente do Estado de São Paulo. Há a Célia Câmara conta com um internado oriundo de Anápolis e outro de Aparecida de Goiânia.
O diretor do Célia Câmara explica que as unidades são de referência para tratamento de síndrome respiratória aguda grave (Srag) e que a expectativa é que a demanda aumente não apenas pelo Covid-19, mas porque estamos também "na fase das doenças respiratórias".
Unidades complementares
O Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) informou que pela unidade já passaram 126 casos suspeitos de Covid-19, sendo apenas um confirmado, além de 9 pacientes que seguem internados. A unidade é retaguarda no atendimento de pacientes pediátricos com síndrome respiratória aguda grave (Srag), dentre as quais, causadas por H1N1 e Covid-19. Atualmente atende duas crianças internadas em leitos de UTI pediátrico.
O Hospital de Urgência da Região Sudoeste (Hurso), em Santa Helena, relatou que disponibiliza dois leitos de UTI para pacientes com Covid-19 e que até o momento já recebeu quatro pacientes, que contam com uma entrada específica na unidade para evitar riscos de contaminação, sem contato com outros pacientes. Atualmente, há um paciente entubado e um em observação na unidade.
Até o fechamento desta edição, a assessoria do Hospital de Urgências de Anápolis (Huana) não respondeu aos questionamentos do jornal, mas confirmou que a unidade atende pacientes com suspeita de Covid-19 e que havia nesta segunda-feira (27) ao menos um internado na UTI recebendo alta médica.
O Hospital de Doenças Tropicais (HDT), em Goiânia, informou que conta atualmente com quatro leitos de isolamento na UTI adulto e dois na UTI pediátrica exclusivos para Covid-19 e que já recebeu 180 pacientes até o momento, sendo apenas 9 tiveram resultado positivo para a doença. Há no momento duas pessoas internadas com suspeita da infecção na unidade, sendo uma na UTI adulto e outra na pediátrica.
O superintendente de Atenção Integral à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Sandro Rodrigues, explica que a pasta evita encaminhar para os hospitais não-exclusivos os casos suspeitos de Covid-19 para evitar risco de contaminação, mas que em uma situação de emergência ou de avaliação dos serviços de regulação, estes serviços podem ser usados, principalmente os do interior.
Apesar da orientação, Sandro reconhece que há casos de pacientes que acabam parando em leitos fora das três unidades exclusivas, assim como chega às vezes paciente para o HCamp com quadro clínico que não é do perfil da unidade. "É muito difícil porque a regulação depende da informação repassada na hora", comentou Rodrigues, citando o caso de paciente com insuficiência cardíaca encaminhado ao hospital de campanha.
Uma reunião estava prevista para esta terça-feira envolvendo a regulação do Estado e do município de Goiânia para melhorar a forma de encaminhamento dos pacientes.
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Empresários devem recorrer à Justiça por incentivos fiscais
DECRETO Fieg e Acieg questionam a legalidade de medida do governo que prevê suspensão do benefício à empresa que demitir empregados do chamado grupo de risco à Covid 19
O setor industrial deve recorrer à Justiça contra o decreto do governo estadual que prevê a suspensão de incentivos fiscais de empresas que demitirem ou suspenderem contratos de trabalho de empregados que fazem parte do chamado grupo de risco ao novo coronavírus.
Tanto a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) quanto a Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg) já se movimentam nesse sentido. Para tanto, aguardam a publicação das normas complementares pela Secretaria de Estado da Economia para tomarem as medidas judiciais. Segundo a pasta, as normas devem ser publicadas nos próximos dias.
O decreto, publicado na quinta-feira (23), coloca como grupo de risco pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, que possuem cardiopatias graves ou descompensados e pneumopatias graves ou descompensados, como asma e outras doenças pulmonares e obstrutivas.
Também estão neste grupo pessoas com imunodepressão, doenças renais crônicas em estágio avançado, diabetes mellitus (com juízo clínico) e doenças eromossômicas com estado de fragilidade imunológica, além de gestantes de alto risco.
O advogado empresarial Flávio Rodovalho diz que chegou a questionar a Secretaria de Economia sobre como seria a regulamentação e a operacionalização das regras do novo decreto, mas ainda não obteve uma resposta. "Isso porque não há como operacionalizar isso. Primeiro, pela absoluta ilegalidade do decreto. Não existe nenhuma penalidade prevista no Direito Tributário, que não seja fixada em lei", diz.
Outra razão, segundo ele, é que é preciso formalizar um processo administrativo para suspender qualquer benefício fiscal, a não ser que haja alguma infração à legislação que rege o assunto, o que não seria o caso.
Flávio lembra que é preciso formalizar um processo, ouvir as empresas e seguir todos os trâmites legais. Além disso, ele lembra que a própria Medida Provisória 936, do governo federal, permite a suspensão de contratos e o Estado não pode regular uma matéria do Direito do Trabalho. "O decreto não pode condicionar a concessão de benefícios à não demissão de empregados do grupo de risco. Isso só poderia vir por meio de lei e, mesmo assim, não pode ter qualquer relação com a norma trabalhista. " Outro ponto que precisa ser considerado, segundo o advogado, seria a impossibilidade de aplicação da medida. "A Secretaria não tem como saber se o empregado tem pressão alta, diabetes ou um problema do coração, por exemplo, e está no grupo de risco", ressalta.
Ele explica que não há como a secretaria ter acesso a estes dados por não se tratar de informações fiscais e que são protegidas por sigilo. Os empresários ainda devem aguardar a publicação das normas complementares ao decreto, que deve sofrer algumas alterações, para só depois ingressarem na Justiça contra as medidas anunciadas.
OUTRO LADO
A assessoria do governador Ronaldo Caiado informou que a decisão foi baseada em dados científicos e em experiências vivenciadas por países onde a pandemia já alcançou seu ápice, que apontam o isolamento social como a melhor estratégia para conter o aumento do contágio no momento.
A secretária da Economia, Cristiane Schmidt, disse que as normas complementares ao decreto ainda estão sendo analisadas pela pasta. A expectativa é que elas flexibilizem a suspensão dos benefícios no caso de empresas que continuam de portas fechadas para cumprir as normas do isolamento social do governo estadual.
Questionada sobre a possível ilegalidade do decreto estadual, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) preferiu não se pronunciar.
Para Fieg e Acieg, grupo tem garantia da MP 936
Em Goiás, depois de 30 dias de quarentena, 12% das indústrias já teriam demitido 36.600 trabalhadores. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, diz que o departamento jurídico da entidade também já teria analisado o teor do decreto e o considerado ilegal, além de desnecessário. Segundo Mabel, é preciso apenas viabilizar um mecanismo para que essas pessoas não sejam demitidas, e sim afastadas, como já prevê a MP 936, que prevê a suspensão de contratos.
Para ele, a solução para este impasse do decreto está na adoção do isolamento vertical. "É preciso considerar as regras do isolamento vertical, que prevê que essas pessoas do grupo de risco fiquem em casa, pois são estes pacientes que lotam as UTIs, enquanto os demais continuariam trabalhando", explica Mabel. Além disso, ele lembrou que as UTIs de Goiás e do Brasil sempre sofreram com o problema da superlotação e falta de vagas, resultado de seguidos anos de negligência de diversos governos.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Fileti, concorda com a necessidade de proteger trabalhadores que estejam no grupo de risco. Mas acredita que não havería necessidade de constar isso num decreto que condiciona a concessão de incentivos à manutenção de empregados. "Nenhuma empresa quer demitir funcionários do grupo de risco neste momento", garante.
Além disso, segundo Rubens, hoje as empresas contam com outras opções para manutenção dos funcionários, como a própria MP 936, que não permite demissões para que a empresa possa recorrer à medida. "O porcentual de empresas com incentivo é pequeno em relação ao todo, mas isso trouxe muitas dúvidas para as demais", alerta.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação