ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
O POPULAR
Pesquisa Serpes
Políticos têm pior avaliação
Levantamento mostra como o goianiense vê oito categorias profissionais sobre grau de honestidade
Pedro Palazzo e Thaís Romão
Pesquisa do Instituto Serpes mostra como a população de Goiânia vê oito categorias profissionais: médicos, advogados, jornalistas, policiais, fiscais de renda, juízes e servidores públicos em geral, além de políticos. O levantamento aponta o grau de honestidade de cada segmento, na opinião dos goianienses. A categoria políticos foi a que teve maior número de participação (apenas 1,2% dos entrevistados não quis opinar) e também a que alcançou o maior índice de rejeição – 83% das pessoas consultadas acreditam que políticos são muito desonestos.
Apenas 1,5% das 401 pessoas ouvidas pelo instituto disseram considerar os políticos muito honestos. Outros 1,7% os consideram mais honestos que desonestos. A pesquisa foi realizada em duas etapas, nos dias 14 e 15, e 21 e 22 de setembro, nas Regiões Central, Norte, Sul, Leste e Oeste de Goiânia. A margem de erro é de 4,89 ponto porcentuais para mais ou para menos.
Das oito categorias avaliadas, os advogados aparecem com o segundo maior porcentual na classificação muito desonestos (19,9%), seguidos pelos fiscais de renda (18,7%). Ainda sobre os advogados, 42,9% dos entrevistados disseram os considerar mais desonestos do que honesto, elevando a avaliação negativa. Na categoria fiscais de renda houve o maior índice de abstenção, com 21,2% dos entrevistados não opinando.
Na contramão dos políticos, jornalistas é a categoria melhor avaliada pelos entrevistados. 40,1% consideram que os profissionais são mais honestos do que desonestos e 37,9% os considera muito honestos. Em seguida, a categoria médicos também aparece com boa avaliação (são considerados mais honestos do que desonestos por 47,6% dos entrevistados e muito honestos por 17,5%).
Policiais (inclui civis e militares) também têm boa colocação no grau de confiança, com 42,1% dos entrevistados apontando-os como mais honestos que desonestos.
Nas categorias juízes e funcionários de tribunais e funcionários públicos em geral não é possível destacar se a avaliação é mais positiva ou negativa. Ambos têm avaliações semelhantes, com porcentuais positivos (muito honestos ou mais honestos que desonestos) muito próximos aos negativos (muito desonestos ou mais desonestos que honestos).
Avaliação muda com instrução
29 de setembro de 2013 (domingo)
Entre os entrevistados pelo Instituto Serpes, quanto maior o grau de escolaridade, maior a avaliação negativa – a classificação em muito desonestos ou mais desonestos do que honestos – na avaliação dos políticos e advogados. A maioria, entre os que os avaliaram negativamente, declarou possuir curso superior. Ambos têm pior avaliação do sexo feminino e entre jovens – faixa de 16 a 24, no caso dos advogados, e de 25 a 34 anos no caso dos políticos.
Médicos e jornalistas foram melhor avaliados por entrevistados com idade de 35 a 49 anos, mas são opostos quanto ao sexo – médicos têm melhor avaliação entre homens, enquanto jornalistas são melhor avaliados por mulheres. Quanto ao nível de instrução, a maioria dos que avaliam positivamente os médicos tem curso superior; já na categoria jornalistas a avaliação é melhor entre entrevistados que declararam possuir nível fundamental.
POLÍCIA
Na categoria polícia, a avaliação é positiva para a maioria de sexo masculino, com 50 anos ou mais e com curso superior. No caso dos fiscais de renda, dos 21,2% que não opinaram, a maioria é mulher, com idade igual ou superior a 50 anos e que apenas lê e escreve.
A maioria das pessoas consultadas para a pesquisa é do sexo feminino (54%) e a maior parte (31%) tem entre 35 a 49 anos. Quanto ao nível de instrução, 40% declararam ter nível médio e 24% possuírem curso superior; 10% dos entrevistados apenas lêem e escreve. (29/09/13)
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Cartas dos leitores – Farmacêuticos
No POPULAR de quarta-feira foi publicada uma pesquisa realizada do dia 5 a 10 de agosto pelo Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), que mostra a rejeição da população à nova lei que autoriza os farmacêuticos a passarem receita para a população.
Foram entrevistados 2.650 pessoas em todo o País. Desses, 61% discordam, pois acham que só os médicos podem fazer um diagnóstico nosológico (doença) e indicar o tratamento, 58% não confiam nos farmacêuticos, pois acham que eles não são qualificados, e 65% não acham que o tratamento será mais fácil com a prescrição dos farmacêuticos.
Podemos concluir que a população não está de acordo, mas espera-se que isso traga algum benefício para o povo.
Thaisa Martins De Oliveira – Recanto do Bosque – Goiânia (28/09/13)
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Artigo – Prescrição farmacêutica, uma necessidade
No mundo contemporâneo, o modelo de assistência à saúde passa por profundas transformações resultantes da necessidade de se garantir ao usuário a integralidade no cuidado, que deve ser compartilhada entre as 14 profissões da saúde.
É necessário ampliar a cobertura dos serviços de saúde e incrementar a capacidade de resolução desses serviços. É fato que, em vários sistemas de saúde, inclusive no SUS, profissionais não médicos estão autorizados a prescrever medicamentos. Nesse sentido, a prescrição ora aprovada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) é uma das atribuições clínicas do farmacêutico e deverá ser realizada com base nas necessidades de saúde do paciente, que sempre será o foco da nossa prática. Esta resolução encerra a concepção de prescrição como a ação de recomendar algo ao paciente, reforçando o papel da farmácia como estabelecimento de saúde. Tal recomendação pode incluir a seleção de opção terapêutica, nesse caso os medicamentos de venda livre, drogas vegetais e os fitoterápicos, a oferta de serviços farmacêuticos ou o encaminhamento a outros profissionais ou serviços de saúde. Neste caso que o processo de avaliação dos sinais e sintomas do paciente pelo farmacêutico é de natureza distinta daquela de competência de outros prescritores, pois não se trata do diagnóstico de uma doença, mas de proceder ao reconhecimento ou constatação de um estado mórbido considerado menor e, assim, proceder a prescrição farmacêutica.
Uma prática profissional já consolidada em vários países da Europa, como Espanha, Portugal e Alemanha, a prescrição farmacêutica não é uma invenção do CFF como algumas pessoas pensam. É uma decisão que obedece a regras da Organização Mundial da Saúde (OMS) com a definição do papel do farmacêutico para a constituição de um sistema completo de saúde e quem tem a ganhar com isso é o usuário. A literatura internacional sugere benefícios resultantes das práticas de prescrição exercidas por farmacêuticos, em colaboração com as equipes de saúde, segundo diferentes modelos. O farmacêutico, neste caso, pode atuar na prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde no âmbito dos sistemas públicos, em rotinas de outras instituições de saúde, no acompanhamento e no manejo da farmacoterapia de pacientes em uso contínuo de medicamentos, de acordo com protocolos estabelecidos, bem como na repetição de prescrições de pacientes previamente diagnosticados.
O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) da Fiocruz registrou em 2012 mais de 100 mil casos de intoxicação no Brasil. Os dados apontam que os medicamentos (30,7%), animais peçonhentos (20,1%) e produtos de limpeza domiciliar (11,4%) são os principais agentes que causaram intoxicações em seres humanos naquele ano. Há uma necessidade de intervenção farmacêutica nesse cenário, uma vez que este é o profissional de saúde mais próximo e acessível à população.
Entendo que a compreensão sobre o processo saúde-doença não pode ser exclusivamente de um único profissional de saúde, numa dimensão corporativa. Médicos, farmacêuticos e outros profissionais precisam estar unidos para cuidar da saúde do paciente. Nossa luta é pelo livre exercício de todas as profissões da área da saúde, ampliando o acesso da população não só aos medicamentos, mas principalmente à assistência farmacêutica de qualidade.
Ernestina Rocha é presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (28/09/13)
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DIÁRIO DA MANHÃ
Desafio das doenças raras
Males incomuns carecem de investimentos para que tratamento seja eficaz. Genética é responsável por 80% dos casos
Agilidade no diagnóstico e no acesso a medicamentos é um dos desafios das pessoas com doenças raras. A estimativa de especialistas é que 15 milhões de pessoas tenham doenças raras no País. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica de doenças raras aquelas que afetam, em média, 1,3 pessoa a cada grupo de 2 mil. São cerca de oito mil os tipos de doenças raras diagnosticadas. A causa genética é responsável por 80% delas.
Esta semana, especialistas discutiram o tema em Brasília no 1º Congresso Ibero-Americano de Doenças Raras. Um diagnóstico rápido é fundamental para garantir qualidade de vida ao paciente, de acordo com Rogério Lima Barbosa, presidente da Associação Maria Vitória. No entanto, ele diz que são recorrentes os casos de demora no diagnóstico, principalmente por falta de informação e de médicos especializados nessas doenças. Pai de uma menina com neurofibromatose, ele passou quatro anos em busca do diagnóstico.
“Às vezes a pessoa fica cinco anos à procura de um diagnóstico correto e tem pessoas que passam dez, 15 anos sem saber disso (que têm a doença)”, disse. Rogério Lima cita também a necessidade de investimento em exames e pesquisas pra identificar doenças raras.
Na avaliação da presidenta da Associação dos Familiares, Amigos e Portadores de Doenças Graves (Afag), Maria Cecília Mazzariol, um caminho para reduzir a demora no diagnóstico é a oferta de educação continuada aos profissionais da saúde para que tenham acesso a informações sobre as enfermidades. Ela destaca também a importância de incentivar pesquisas.
As doenças raras são enfermidades crônicas, progressivas e incapacitantes. O medicamento é um caminho para melhorar qualidade de vida do paciente. A presidenta da Afag conta que são poucos os medicamentos produzidos no Brasil, e os preços são elevados. A Justiça acaba sendo o meio mais comum para garantir o acesso, segundo ela.
“O SUS trabalha com protocolos de saúde e diretrizes que acabam englobando aqueles tratamentos para as doenças de maior prevalência e a maioria das doenças raras é negligenciada. O tratamento para pacientes com doenças raras via de regra não está disponível no SUS e os planos de saúde às vezes negam. Na maioria das vezes a pessoa vai ter que recorrer ao Judiciário para conseguir o tratamento”, diz Maria Cecília Mazzariol.
MUDANÇA
Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde anunciou que seria criada a Política Nacional de Atenção às Pessoas com Doenças Raras no Sistema Único de Saúde (SUS) na busca de ampliar e melhorar o tratamento. Uma consulta pública foi aberta para receber sugestões, e o texto da política está em elaboração, de acordo com o Ministério. O SUS tem 25 tratamentos protocolados para doenças raras e oferta medicamentos para 12 dessas enfermidades.
Na avaliação de Rogério Lima, da Associação Maria Vitória, nos últimos anos houve pouco avanço concreto no tratamento e nas políticas públicas referentes às doenças raras. “Se falar tecnicamente e fizer um recorte de 2010 pra cá, houve muita discussão, mas avanço concreto não. Os pacientes continuam sem atendimento e usando a Justiça para garantir medicamento.” (30/09/13)
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Cardiologistas definem normas para avaliar pessoas com deficiência para esportes
Pela primeira vez no mundo, os médicos vão ter um conjunto de normas para avaliar as condições de pessoas com deficiência física para a prática de esportes. A avaliação faz parte do documento Diretriz do Esporte e do Exercício. Avaliação Cardiológica e do Deficiente Físico, que vai ser apresentado durante o 68º Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado a partir do sábado, (28), no Riocentro, zona oeste do Rio.
“Colocamos um item inédito no mundo inteiro, que é a avaliação dos paralímpicos, que nunca tiveram nada relacionado a eles. Como está crescendo a participação deles nas competições mundiais, fizemos questão de ter um capítulo de como preparar e como avaliar um paralímpico”, disse o cardiologista e editor do documento, Nabil Ghorayeb.
Os estudos para a elaboração da Diretriz levaram quase três anos e contaram com a participação de 40 especialistas em Cardiologia e Medicina de Esporte da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). “Convidamos pessoas que tinham convivência com coração de atletas, com esporte competitivo e com nível de intensidade de exercício”, esclareceu o professor de pós-graduação em Cardiologia e Medicina Esportiva.
A Diretriz é um documento, com atualizações em períodos de dois ou três anos, utilizado pelos médicos para orientar os profissionais de saúde sobre exames a serem solicitados para avaliação e acompanhamento da evolução de pacientes. No caso das normas de avaliação dessa última Diretriz, o cardiologista informou que foram designados três subgrupos – um de avaliação prévia para a participação em esportes, academias e lazer. O grupo 2 foi focado nas principais doenças que matam nas atividades físicas ou que complicam a vida das pessoas ou pacientes quando fazem atividades físicas; e o terceiro foi para estudar os atletas paralímpicos.
EVENTOS
Para o médico, com a proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas deve aumentar o número de pessoas que vão buscar as atividades esportivas, por isso aumenta a importância da elaboração da Diretriz. “Vai ser fácil seguir uma conduta uniforme. Os médicos faziam os exames que achavam que deveriam ser feitos. Agora será uniformizado. E no próprio Congresso vamos discutir o documento e os que tiverem dúvidas poderão apresentar”, acrescentou, informando que a revisão das normas, para incluir os avanços na Medicina, será feita em 2015.
O diretor da Divisão Clínica do Laboratório de Pesquisa, Treinamento e Simulação em Emergências Cardiovasculares do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Sérgio Timerman, disse que a preocupação é que muita gente, na busca por uma vida mais saudável, começa a fazer exercícios físicos sem procurar um especialista antes para uma avaliação médica. “Procurar uma vida saudável significa procurar saber também se a pessoa está saudável para uma atividade física”, contou.
O médico alertou para os casos de morte súbita que ocorrem durante a prática de exercícios sem uma avaliação preliminar das condições físicas da pessoa. “Nessa avaliação inicial pode-se detectar o risco ou não dessa pessoa fazer uma atividade que, em vez de melhorar a qualidade de vida, leve a uma morte súbita”, explicou.
Sérgio Timerman defendeu que as academias façam sempre testes físicos na admissão de novos usuários. “Existem academias facilitando a entrada de pessoas sem nenhuma análise”, disse.
Pelos dados da SBC, atualmente apenas 10% da população fazem exercícios na frequência recomendada, de cinco vezes por semana. (30/09/13)
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JORNAL OPÇÃO
Novo modo de gestão para o Hugo: antes tarde do que nunca
Apesar dos questionamentos políticos, transferência da administração para organização social mostra que, se houve erro, foi o de a medida não ter sido adotada há mais tempo
Elder Dias
O Hugo jamais será um Crer. É lugar de apre¬ensão e de sofrimento, enquanto o segundo remete à esperança e à superação. Mas, a despeito dos sentimentos que levam à qualificação — amarga e benévola, respectivamente — de cada um dos equipamentos, é dever do poder público fazer com que tais estruturas desempenhem seu papel da melhor forma possível. O Estado já foi bastante elogiado por ter dado à população a possibilidade de acesso a um equipamento como o Centro de Reabilitação e Readap¬tação Dr. Henrique Santillo (Crer). Assim como foi (merecidamente) tão criticado quanto, por deixar os mes¬mos cidadãos submetidos às agruras de um Hospital de Urgên¬cias de Goiânia (Hugo) totalmente inepto para a função que deveria cumprir.
Há 18 meses, a realidade do Hugo tem mudado por meio da adoção do mesmo remédio que serve ao Crer desde sua criação: a gestão por meio de uma organização social (OS). No caso do hospital de reabilitação, ele é comandado desde sua fundação, em 2002, pela Associação Goiana de Integra¬lização e Reabilitação (Agir). Em um ano e meio, o maior hospital de Goiás passou a ser administrado pelo Instituto Gerir.
Como diz o diretor-técnico do Hugo, o médico Nasser Rodrigues Tannús, a experiência foi como a de “trocar a turbina de um avião no ar”: ao mesmo tempo em que não podiam parar os atendimentos — o que levaria a já contestada saúde pública do Estado ao colapso final —, era preciso cumprir as metas estabelecidas no contrato com o governo de Goiás. “Ainda falta muita coisa, por exemplo, no 3º andar, para o que será necessário um aditivo”, diz o superintendente técnico, José Mário Meira Teles.
Ninguém com o mínimo bom senso negaria que o Hugo hoje é outro. Por fora e por dentro. A partir de matéria publicada na edição passada e que abordava a contestação de ações de algumas OSs por parte do deputado estadual Daniel Vilela (PMDB), o Jornal Opção foi contatado e convidado pela Gerir para uma visita ao hospital. Na terça-feira, 23, o diretor-geral, Ciro Ricardo Pires de Castro, recebeu a reportagem para um “tour” pela unidade.
Mas, mesmo antes de entrar no Hugo, a mudança já é perceptível do lado de fora. A pintura exterior do hospital está renovada e a parte externa, como um todo, está bem cuidada. No caminho até a sala da direção, algumas perguntas aos funcionários — ascensoristas, faxineiras, técnicos de enfermagem — sobre como está o Hugo em relação ao que era tempos atrás. A resposta é invariável e se resume em “está muito melhor, nem se compara”.
Já como anfitrião Ciro Ricardo, ainda no andar administrativo, revela que quer transformar aquele piso inteiro em mais espaço para pacientes. “Seriam de 80 a 100 leitos a mais.” A administração ficaria em um bloco anexo, a ser construído. O que falta? Aprovação da papelada para a despesa — o que se torna mais ágil via OS. De lá, caminhamos para o 4º andar, o da Clínica Médica e Cirúrgica, que, reformado, ganhou mais um leito por enfermaria. Com uma simples readequação no layout de cada um dos 35 compartimentos, conseguiu-se um aumento de 70 para 105 vagas. O piso precário, com irregularidades e buracos, deu lugar a um pavimento novo e adequado.
Ao mostrar uma das UTIs, Ciro mostra preocupação com o número de acidentados com moto. “É realmente significativo. Goiânia tem o segundo maior número de motos do País e muita imprudência. É uma mistura explosiva, cara para os cofres públicos e, mais do que isso, triste para a sociedade”, diz. O fator gera outra necessidade que poderia ser evitada: aumentar o número de unidades de tratamento intensivo. Atualmente, o Hugo tem 58 leitos de UTI, 14 de¬les implantados na gestão da OS. Há ainda outros 12 novos leitos a serem entregues. Com 70 vagas de UTI, haverá um acréscimo de 60% em relação ao número inicial de leitos.
Monitoramento até pelo celular
Da sala da direção, em uma tela LCD, pode-se observar toda a movimentação no hospital, da agitação no pronto-socorro ao recolhimento do lixo produzido. Os administradores têm a opção de acionarem as câmeras também por um aplicativo no celular. A tecnologia ajuda também no acesso aos dados dos pacientes, com a implantação do prontuário eletrônico, que registra todas as informações do prontuário médico, por meio de códigos de barra.
O modo de gerir da OS fez com que os 380 médicos do Hugo fossem mais bem aproveitados. Nas UTIs, trocou-se a figura do plantonista pelo diarista. “Os pacientes agora permanecem menos tempo na terapia intensiva. Há hoje um acompanhamento horizontal, mais adequado, diferentemente do que aconteceria com plantonistas. Isso foi muito importante”, avalia José Mário Teles, que tem sua visão do que realmente importou em todas as mudança por que a unidade vem passando. “Como médico, digo que a melhoria foi a qualidade da assistência. Para mim, desfecho clínico é o mais importante. Graças às melhorias, a mortalidade, que era muito alta, agora é compatível com a gravidade dos pacientes que chegam aqui”, completa.
O diretor-técnico Nasser Tannús admite que ainda há gargalos. “Existe uma carência de profissionais em algumas subespecialidades da ortopedia, por exemplo”, admite. Outro fator é a superlotação, ainda um desafio. “Neste momento, tenho 350 pa¬cien¬tes internados e 300 leitos. Então, 50 pacientes estão em macas. E não posso simplesmente não recebê-los.” O ideal, diz, seria mais um hospital referência, até porque há uma limitação de centros cirúrgicos no Hugo para absorver a demanda.
Administrar o Hugo tem dado à equipe uma experiência inédita. Nasser Tannús faz uma comparação pertinente: “É como administrar a prefeitura de uma cidade do interior: tenho aqui no Hugo, por dia, um hotel de 350 diárias, um restaurante com 2 mil refeições, uma farmácia com 600 itens, uma lavanderia com 3 mil quilos de roupa. Na gestão do Gerir, o Hugo já cresceu um Huapa [Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia], com mais 80 leitos e 10 UTIs”, mede, se referindo ao aumento do número de leitos nos últimos meses.
Tannús observa a mudança de motivação dos servidores do hospital desde a chegada da OS. “No começo houve uma resistência à novidade, natural, até pelo medo de perder o emprego. Depois, com as reformas e as melhorias das condições de trabalho, houve o momento de bater palmas. Agora estamos em uma outra fase, em que temos de cobrar resultados”, resume.
Como medição da satisfação com o novo Hugo, o diretor-técnico cita um exemplo curioso. “Quando vou ao Centro de Goiânia costumo deixar o carro em um determinado local, há muitos anos. O dono da garagem agora me diz ‘doutor, se eu precisar, o sr. me põe lá dentro [do Hugo], viu?’ É a propaganda positiva, o que nos deixa ao mesmo tempo felizes e mais preocupados em nos superar”, conta. Já era passada a hora de se buscar uma alternativa para o Hugo. Muitas vidas se perderam pela burocracia e pela gestão obsoleta do Estado. Mas antes tarde do que nunca.
De lavanderia a central com controle sanitário rigoroso
Naquele indefectível quadro de “antes/depois”, parte da história do Hugo antigo está em um banner na entrada da Central de Hotelaria Hospitalar (CHH): são fotos da antiga lavanderia da unidade, exatamente na entrada do local que representa o “depois” do mesmo espaço. Mesmo a pessoa mais leiga que as observa pode imaginar o risco que corriam todos os que precisassem de uma cirurgia no hospital: equipamentos velhos, sucateados, quebrados, cheios de gambiarras.
Ao contrário do que o senso comum geralmente supõe, o risco de uma infecção hospitalar é iminente em um hospital de traumas. “Nosso paciente já chega aqui com o processo infeccioso em si, depois de acidentes e perfurações, por causa das escoriações e ferimentos que sofre e o contato com a sujeira e objetos contaminados. É como uma superfície estéril que foi vazada”, diz o diretor técnico Nasser Rodrigues Tannús. “O controle de infecção hospitalar sempre será um desafio para um hospital de traumas”, completa o diretor-geral do Hugo, Ciro Ricardo Pires de Castro.
O CHH merece o nome pomposo que tem. Custa R$ 600 mil ao mês para o Hugo, mas é muito mais do que uma lavanderia. “Se fosse só isso, realmente seria caro”, diz o diretor-geral, em referência à crítica-denúncia do deputado Daniel Vilela (PMDB), de que hospitais pagariam até sete vezes menos pelo serviço.
Ocorre que o Hugo não é mesmo um hospital convencional. É o maior do Estado. São três toneladas de roupas, lençóis e panos cirúrgicos processados por dia. Não dá para comparar. E, da mesma forma, não dá para brincar em serviço. Uma das primeiras providências foi contratar uma empresa para cuidar de toda a estrutura. A Grifort, de Cuiabá, tem trabalho consolidado em 20 cidades e ganhou o contrato para ficar responsável por tudo o que diz respeito à parte de hotelaria de padrão hospitalar. Além de lavar, há processos de triagem, desinfecção, esterilização, embalagem e distribuição do material a ser usado em enfermarias, UTIs e centro de cirurgia.
A responsável técnica pelo CHH é Darllana Espindula, graduada em Enfermagem e com especialização em Controle de Infecção, ambos os cursos pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). O ambiente do local parece ser totalmente asséptico, mas o controle pede mais ainda. Há diversas formas de minimizar qualquer risco de contaminação. Tudo regulado por normas da Vigilância Sanitária. “Na verdade, muitas vezes a empresa se antecipou ao que depois a própria Vigilância veio a pedir”, diz Darllana.
A chamada “área suja” — para onde são levados os materiais e vestimentas usados por cirurgiões, enfermeiros e pacientes — é totalmente isolada e uma equipe de colaboradores faz a separação das roupas, dividindo entre os diversos graus — de sujeira mínima a inutilizável.
Equipamentos essenciais
A autoclave que serve à esterilização do material que será utilizado nas cirurgias é um ponto chave no trabalho do CHH. A própria máquina identifica os problemas na carga: se houver alguma coisa, o conteúdo é descartado e todo o processo tem de ser refeito. Depois, dentro de cada pacote já embalado, há um integrador que verifica, por meio de uma linha termossensível, se o kit está realmente pronto para uso. Isso foi uma pequena revolução, pois reduziu sensivelmente o número de procedimentos que tinham de ser adiados por falta de condições de uso do material. “O índice de cirurgias aumentou 43%”, informa Darllana Espin¬dula. É um aumento considerável, levando-se em conta seu impacto social — quantas vidas foram preservadas com esse ganho de qualidade?
Por fim, outro equipamento que controla o ambiente é o “fresh air”, uma espécie de ionizador do tamanho de uma caixa de som, instalado no alto de uma parede, que reduz em 99,9% a presença de micro-organismos no ambiente.
Toda o espaço gerido pela terceirizadora mostra ser, aparentemente, o mais rigoroso possível no tocante à observação das normas de segurança e higiene. E a diferença entre “antes” e o “depois” — do qual, por exemplo, a nova calandra (máquina usada para alisar as peças em tecido), em relação à antiga, é prova viva — não deixa dúvidas: o “coração do Hugo”, como chegou a dizer o próprio diretor, está mudado para muito melhor.
A Dona Gentileza que gera gentileza
O lema instaurado no Hugo para o tratamento com os internados e seus acompanhantes é autoexplicativo: paciência com o paciente. Como o serviço de camararia também está sob responsabilidade do CHH, todas as colaboradoras são treinadas em prol da humanização do atendimento. Se Darllana Espindula cuida da parte técnica, a psicóloga Kelly Cristina Rezende é quem comanda o trabalho de gerenciamento humano.
O pessoal da Grifort no Hugo conta com cerca de 50 funcionários. As camareiras têm turnos de 12 horas por 36 horas, em quatro equipes. Cada uma delas é responsável por um andar. Além de fazer os procedimentos de troca de roupas e lençóis de UTIs, centros cirúrgicos e enfermarias, elas são responsáveis também por grande parte da interação com os pacientes. “Elas tentam deixá-los na situação mais confortável possível, dentro do estado difícil que às vezes se encontram, procurando reduzir o estresse emocional”, explica Kelly, que está na gestão da equipe há oito meses.
O nome do programa é Dona Gentileza e tem mudado a rotina do hospital, até mesmo em termos de hábitos: como todas as camareiras e demais trabalhadores da empresa terceirizadora são obrigados a usar uma vestimenta padrão e abolir, por exemplo, o uso de adornos — brincos, pulseiras, anéis etc. —, o que não era costume no hospital, isso tem gerado uma mudança de comportamento também em outros setores da unidade.
Muitas vezes as camareiras acabam por fazer também um importante papel de ligação entre o paciente e a equipe de saúde. Kelly conta o caso de uma colaboradora que notou que uma pessoa internada não estava bem. Mesmo sem certeza do que se passava, ela correu em busca de auxílio. “Sem saber, ela acabou evitando o que poderia ter sido um óbito”, diz a psicóloga, ressaltando a cumplicidade e o salto no desenvolvimento do serviço. “As colaboradoras têm aumentado seu autoconhecimento e entendido melhor o papel delas. Ninguém está em um hospital porque quer, então merece ser pelo menos bem tratado.”
Como diria José Datrino, conhecido como Profeta Gentileza e personalidade urbana do Rio de Janeiro, “gentileza gera gentileza”. Nada melhor do que um bo ambiente no hospital para gerar — e gerir — emoções nesse sentido.
Um caso que prova que ainda há o que melhorar
A lavanderia antiga transformada em centro de hotelaria após a nova gestão: terceirização tornou mais rigorosa a obediência
às normas sanitárias e reduziu em muito o cancelamento de cirurgias
Apesar de todo o cenário de promissoras mudanças, alguns gargalos dos tempos antigos permanecem no Hugo. Durante a visita a uma das enfermarias da unidade, a reportagem encontrou uma paciente que se queixou do tempo em que aguardava por uma cirurgia na perna, fraturada em um acidente.
Em nota, a assessoria de comunicação do Hugo respondeu: “A paciente Eva de Souza Barbosa Adão foi admitida no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), vítima de acidente de trânsito, em 5/9/2013, quando foi submetida a tratamento cirúrgico, em caráter de urgência, da fratura exposta de mão direita. A paciente apresentou, ainda, fratura fechada de tíbia à esquerda. Todavia, por se tratar de procedimento eletivo (fratura não exposta), foi preenchida Autori-zação de Internação Hospitalar (AIH) junto à Central de Regulação do Município de Goiânia com solicitação de vaga na rede conveniada. Assim, o procedimento de urgência foi devidamente realizado pelo Hugo e, no momento [dia 25/9], a paciente se encontra em aguardo da concessão da referida vaga para que possa ser operada pela rede conveniada/credenciada.”
Ficava a questão: não seria menos oneroso e mais prático ao Hugo operar a segunda fratura (não exposta), ainda que não se tratasse de urgência, do que deixar um leito ocupado sem previsão de data de encaminhamento — o que, diga-se, já configurava 20 dias desde o primeiro procedimento? Com o pedido de mais esclarecimentos, o diretor Ciro Ricardo de Castro disse que um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Público impede que o hospital faça cirurgias de fraturas fechadas (não expostas). Tais procedimentos, pelo acordo, devem ser executados pelas unidades credenciadas no município.
No fim, o saldo da burocracia: um leito caro ocupado por 20 dias, uma senhora sem poder ir para casa e sofrendo a angústia da expectativa pela cirurgia que não acontece e mais uma prova de que há o que melhorar na agilidade e na humanização do setor da saúde pública em Goiás. (29/09/13)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação