Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 29/06 A 01/07/13 (PARTE 1)

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

O POPULAR
Saúde em crise
68 cidades goianas sem médico
Levantamento mostra que só 20 municípios em Goiás contam com um médico por mil habitantes
Alfredo Mergulhão

As três ambulâncias de Novo Planalto não param. Diariamente, levam pacientes para Porangatu, a maior cidade da redondeza, ou para Goiânia. O pequeno município tem menos de 4 mil habitantes, fica a 490 quilômetros da capital, no Norte do estado, e integra um grupo de 68 localidades em Goiás onde nenhum médico tem residência fixa. De acordo com Ministério da Saúde, cerca de 700 municípios brasileiros não contam com um médico sequer.
Nem mesmo salários polpudos, bem acima da média de outros trabalhadores brasileiros, conseguem atrair profissionais. A situação é recorrente em todos os cantos do Brasil. Com um problema concreto, a presidente Dilma Roussef (PT) apresentou na semana passada a proposta de “importar” profissionais estrangeiros e levá-los a esse tipo de localidade e periferias de grandes cidades. A iniciativa foi uma resposta aos protestos que tomaram conta das ruas do país, porém a intenção provocou reação imediata dos representantes da categoria.
Os moradores de Novo Planalto recebem atenção básica por meio do Programa Saúde da Família (PSF). Os dois médicos atendem a população em horário comercial, depois voltam para Porangatu, onde vivem. Mas os problemas não têm hora marcada para acontecer. Com a maior parte dos habitantes na zona rural, sobretudo em assentamentos, são frequentes as picadas de animais peçonhentos, fraturas e até mesmo partos durante a noite. Nesses casos, as ambulâncias entram em ação.
Outros 158 municípios goianos estão carentes de médicos. Eles possuem menos de um profissional para cada grupo de 1 mil habitantes, proporção preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a mínima necessária (veja quadro). Ao todo, 76,9% das localidades goianas necessitam de médicos. Em Goiás, somente 20 municípios possuem profissionais em número satisfatório para o órgão internacional.
RECUSA
A falta de condições técnicas para desenvolver o trabalho, os contratos precários e a distância dos grandes centros urbanos são as principais alegações dos médicos para justificarem a recusa em se fixarem nas pequenas cidades do interior. “O profissional foge de locais pouco avançados do ponto de vista tecnológico, onde não contam com infraestrutura e as prefeituras não investem em saúde”, diz o presidente em exercício do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Rafael Cardoso Martinez.
A improvisação começa no espaço de trabalho. Normalmente, os consultórios são criados em casas adaptadas para tornarem-se postos de saúde. Não raro faltam medicamentos e insumos básicos, como luvas e agulhas. “Quando o médico chega num lugar desses, as pessoas fazem consultas e esperam que você resolva os problemas dela. Mas tem situações que somente o diagnóstico clínico não dá conta”, explica Rafael. Nesses municípios, os médicos não contam nem mesmo com radiografias ou hemogramas, que ajudam na decisão de internar ou não um paciente.
“SITUAÇÃO DELICADA”
O pediatra Luiz Antônio de Souza Torres voltou para Goiânia em dezembro de 2012, após sete anos vivendo em Itaberaí. “Por atender crianças, minha situação ficava especialmente delicada. Eu não tinha acesso a um laboratório de exames por imagens e precisava interpretar o que a criança estava sentindo”, lembra. Muitas vezes ele também internou pacientes cujos familiares tiveram que arcar com soro e antibiótico.
Médico do PSF, Rogério de Oliveira Santiago passou por Goianira, Bom Jesus e Morrinhos. Sua crítica refere-se ao financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), que nem sempre chega ao destino final. “Ficar longe dos centros de capacitação também interfere na decisão do médico. A medicina avança muito rápido e o profissional não pode abrir mão de palestras, congressos e cursos”, diz.
Antes da importação de médicos, o governo federal havia tentado outra medida para levar médicos ao interior. Foi criado o Programa de Valorização do Profissional de Atenção Básica (Provab), com intenção de atrair médicos recém-formados às pequenas localidades.

Médicos denunciam prefeitos por atraso salarial após urgência

Ficar nas mãos de prefeitos e vereadores também afasta os médicos das cidades do interior. A razão dessa “vulnerabilidade” chama-se contratos precários de trabalho. Sem concurso público ou contratação via Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), os profissionais são apenas prestadores de serviços que podem ser dispensados assim que a urgência dos políticos passar.
A cronologia é a seguinte: primeiro o médico é contratado, atraído pela promessa de salários elevados, que chegam a R$ 30 mil mensais. Nos primeiros meses, ele atende um número elevado de pacientes. Com a demanda que estava reprimida, o número de consultas às vezes atinge uma centena por dia. A oferta do serviço leva o gestor público às rádios locais e ao jornal da região para mostrar que o poder público tem trabalhado na área de saúde.
Alguns meses depois, boa parte da população local foi atendida. Os procedimentos mais simples foram resolvidos na própria cidade do interior e os casos complicados remetidos à algum polo. Com o eleitorado satisfeito, o salário do médico começa a atrasar, o valor combinado sofre reduções e, por fim, o profissional acaba pedindo para sair.
“Isso é mais comum do que as pessoas possam imaginar. Quando o gestor não precisa mais, ele usa o dinheiro para outra coisa. O compromisso não e com a saúde, mas com a política”, critica o presidente em exercício do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Rafael Cardoso Martinez.
Os médicos defendem um Projeto de Emenda à Constituição (PEC) para tornar a profissão uma carreira de estado, assim como ocorre no Ministério Publico e na Magistratura. Para a categoria, a mudança seria um atrativo e ajudaria a fixar o profissional nas pequenas cidades do interior, além de evitar que a saúde seja de forma eleitoreira.
“A gente fica à mercê da ‘ambulanciocracia’, porque mandar para Goiânia é mais barato e o gestor ainda diz que está proporcionando um bom tratamento à população, na capital” alega o pediatra Luiz Antônio de Souza Torres. “A pressão política interfere até mesmo na tomada de decisões. Muitas vezes exigia-se que alguém fosse encaminhado à capital ou que um paciente com quadro menos grave passasse na frente de outro com mais urgência.”

Saúde em crise
Importação levanta polêmica
Secretário estadual de Saúde critica medida. Já entidade que representa prefeituras cobra recursos
Janda Nayara

O pacto para a saúde pública proposto pela presidente Dilma Rousseff, na segunda-feira, para dar respostas às manifestações populares, não agradou representantes dos médicos e não convenceu administradores públicos quanto a possibilidade de contratar profissionais estrangeiros para atuar no interior e periferias de regiões metropolitanas carentes de atendimento.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, detalhou as medidas do governo e ressaltou que será feito um chamamento público, ainda este ano, inicialmente para médicos brasileiros. Apenas as vagas não preenchidas por médicos formados em território nacional serão destinadas aos médicos vindos de fora do país. Segundo Padilha, serão contratados através do programa Mais Médicos cerca de 13 mil profissionais.
Padilha explicou que o médico estrangeiro que venha para assumir uma vaga não preenchida por brasileiro, passará por um treinamento e avaliação de língua portuguesa e habilidades em medicina em uma instituição de ensino e formação antes de chegar ao município de destino.
Em Goiás, o secretário de Estado da Saúde, Antônio Faleiros, se mostra contra a contratação com regras especiais. “O pré-requisito deveria ser o mesmo já adotado para a regulamentação do diploma da profissão, com os critérios exigidos pelo Ministério da Educação. Dos cinco pontos que a presidente Dilma Roussef abordou no seu pronunciamento, o referente à saúde foi o que ela menos aprofundou”.
Faleiros também ressalta que a ação não será suficiente para solucionar o problema da saúde. “Nossa principal dificuldade é a falta de investimento. É esta falta de recursos que não atrai o interesse do profissional para trabalhar no interior”, ressalta. Para Faleiros, seria mais efetivo a adoção de um plano de carreira para os profissionais que se dispusessem a ir para o interior.
O secretário defende a regionalização do atendimento como forma de levar serviços de média complexidade ao interior. Com a medida, os médicos das cidades pequenas – onde existe somente atenção básica à saúde, correspondente a 80% da demanda de serviços – contariam com exames mais sofisticados para fazer um diagnóstico. A promessa de interiorização viria com os Ambulatórios Médicos de Especialidades (AME). De acordo com Faleiros, os AMEs devem beneficiar 77 municípios goianos na primeira etapa do projeto, com previsão de licitação para os próximos dias. A SES calcula em 2,9 milhões o número de procedimentos de média complexidade que são realizados em Goiânia poderiam ser feitos no interior.
REALIDADE ANTIGA
O presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM) e prefeito de Bom Jardim de Goiás, Cleudes Bernardes da Costa, afirma que a falta de médicos nas cidades do interior é uma realidade antiga e também se preocupa com a formação dos possíveis médicos estrangeiros que se candidatarão para trabalhar no Brasil. Ele também defende o investimento de pelo menos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na saúde. “A maioria dos municípios estão carentes de profissionais e também de equipamentos para auxiliar no trabalho. O orçamento não é suficiente e os municípios não conseguem arcar com as melhorias”, analisa.
A justificativa do ministro da Saúde para a contratação dos profissionais estrangeiros é a de que demora cerca de sete anos para formar um médico e de que a população não pode esperar este tempo.
Para o presidente da AGM, faltou planejamento e investimentos anteriores. “A saúde sempre esteve entre as exigências do povo. O governo está querendo aplacar a ingerência de seus investimentos. O Partido dos Trabalhadores (PT) já está no governo há 10 anos e esse tempo era o suficiente para a investir na formação de novos médicos”.
SISTEMA
O Brasil não será o primeiro país a buscar médicos de fora para enfrentar a dificuldade de contratação no interior. Segundo dados do Ministério da Saúde, enquanto no Brasil apenas 1,7% dos médicos são estrangeiros, no Reino Unido esse índice é 37%.
Os profissionais estrangeiros com a autorização especial só poderão atuar no interior e para a saúde pública. “Não será concorrência para os profissionais nacionais que atuam de modo particular”, afirmou o ministro.
A ideia do governo é de que o modelo possa funcionar por três anos, quando o médico decidirá se retorna ao país de origem ou realiza o exame de revalidação do diploma, o Revalida, que permite a atuação integral no país.
Quando questionado sobre possíveis problemas de comunicação o ministro justificou. “É mais fácil e rápido treinar um médico em português do que ficar anos esperando formar um profissional. A língua não é um obstáculo intransponível”.
VAGAS
Segundo Padilha, o governo está elaborando o maior programa da história de ampliação de vagas em formação de medicina, com previsão de 11.947 novas vagas de graduação e 12 mil de residência. “Essa medida de ampliação das vagas de residência também é uma comprovação de que iremos valorizar o profissional brasileiro”, justifica.

Gestores públicos são favoráveis à importação
A proposta de contratação de médicos estrangeiros colocou em oposição os prefeitos e os profissionais de saúde. Os gestores públicos defendem a vinda dos médicos formados em outros países para ocupar as vagas ociosas sobretudo nos pequenos municípios brasileiros. A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) iniciou em janeiro deste ano a campanha “Cadê o Médico?”. Vice-presidente da entidade, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, já defendeu a proposta em mais de uma ocasião. Ele argumenta que o mercado é escasso.
Ex-secretário de saúde de Aragarças, Vladimir Marcelo da Silva usa sua experiência de gestor público para afirmar que é favorável à importação de médicos. “Os contrários são os mesmos que também não querem mais vagas nos cursos de medicina. Esses defendem a continuidade de uma categoria de poucos profissionais ganhando salários milionários”, critica.
Vladimir lembra que chegou a oferecer R$ 30 mil por mês para um médico trabalhar somente no turno matutino. “Na região só tem quatro anestesistas. Então eles fazem os próprios salários. Caso você não pague o valor pedido, fica sem o profissional até mesmo para uma cesariana”, relata. O gestor sustenta que essas “loucuras financeiras” são necessárias, pois o Ministério Público cobra contratação do profissional e oferta do serviço.

Médicos protestam contra vinda de estrangeiros
As entidades médicas de todo o país vão realizar manifestação nesta quarta-feira às 15h30 contra a proposta do Governo Federal de importação de médicos formados no exterior. Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Salomão Rodrigues Filho, o médico brasileiro está disposto a interiorizar, mas falta estrutura para recebê-lo. “Um médico sozinho, sem hospitais e equipamentos, faz muito pouco. Ninguém quer assistir o paciente morrer por falta de estrutura”. Para ele, o diagnóstico da saúde pública feito pela presidente foi “errado”. A medida correta na sua opinião seria o aporte de mais recursos para o setor, construção de novas unidades e suprir as existentes, além da política de interiorização do médico com plano de carreira. (01/07/13)
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Artigo – Importar médicos?

É fantástico assistir ao despertar de uma nação, ao nascimento do patriotismo necessário e belo, em que a única bandeira desfraldada é a de verde e amarelo.
O Estado brasileiro como um todo, com sua burocracia paralisante, seu inchaço mórbido (39 ministérios e 20 mil funcionários no Congresso, por exemplo), mau emprego dos caríssimos impostos, políticos desacreditados (83% dos eleitores creem que não são representados por eles) e norteados por crônica e generalizada corrupção, foi, pouco a pouco, instigando a população a se rebelar. É como um magma em ebulição que, de repente, explode no ar.
O PT, nascido do ventre dos protestos de rua, vê-se perplexo com a reação do povo insatisfeito depois de seus mais de dez anos de poder. Nossa presidente, atônita, aparece na TV e faz promessas inconsistentes sobre a saúde. Qual o destino dos R$ 17 bilhões do orçamento do governo federal para a saúde, que não foram aplicados como deveriam, em 2012?
O projeto de trazer milhares de médicos de outros países, principalmente de Cuba, para solucionar o grave problema, é uma medida que traduz desconhecimento e omissão. A mensagem subliminar é a de que os médicos brasileiros são mercenários e acomodados nos grandes centros, ausentando-se das carências dos rincões do País. Será que os médicos cubanos, espanhóis, portugueses e outros afins são mágicos ou milagreiros? Saberiam trabalhar sem hospitais, laboratórios, serviços de diagnóstico por imagem, medicamentos, materiais básicos e profissionais de apoio?
Como médica atuante há muitos anos, sei que a “ambulancioterapia” é a única prática possível em centenas de municípios brasileiros, tanto para profissionais brasileiros como estrangeiros. De acordo com pesquisas, a cada consulta, solicitam-se três exames. Existem no Brasil ao redor de 400 mil médicos, o que soma 1,2 milhão de exames, sendo que o sistema público de saúde consegue atender de pronto apenas 1/3 da demanda. E quando forem vários milhares de médicos a mais? Aí, sim, o fundo do poço será descoberto.
Será que exigirão a prova de revalidação de diploma (Revalida)? Será que deles será cobrado tudo o que de nós se exige para a prática da ciência de Hipócrates? Será que eles serão motivados com planos de carreira como é a realidade da carreira judiciária?
A presidente Dilma deveria ter todas as respostas antes de propor a “grande solução” para nossa moribunda saúde. É simples terceirizar a culpa do caos aos médicos, apesar de haver municípios que estão há anos sem um profissional, mesmo com salário prometido de R$ 30 mil. Sem condições mínimas de trabalho, garantia de estabilidade e de um plano de carreira, milhares de vagas realmente não são preenchidas, sendo as consequências desastrosas colhidas pelos cidadãos País afora.

Kátia Brenner é médica (01/07/13)
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HPV
Anvisa amplia faixa etária para vacina

Brasília – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta sexta-feira, 28, a ampliação da faixa etária para o uso da vacina bivalente de HPV. Antes da decisão, o imunizante era indicado para meninas entre 10 e 25 anos. Com a mudança, seu uso pode ser feito para meninas maiores de 9 anos. A mudança foi feita a pedido da fabricante, a GlaxoSmithKline
A decisão vale apenas para a bivalente. Há no mercado outra vacina, quadrivalente, produzida pela MerckSharp&Dohme. Seu registro na Anvisa é para mulheres e homens com idade entre 9 e 26 anos.
As duas vacinas estão disponíveis apenas em clínicas particulares. O Sistema Único de Saúde (SUS) deverá ainda este ano anunciar a incorporação do imunizante no programa nacional. (29/06/13)

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Cartas dos Leitores – Huapa

Em relação à matéria SES homologa gestora de hospital, publicada no POPULAR de ontem, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) esclarece que realizou dois chamamentos públicos para assinar contrato de gestão com organização social para administração do Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa). Em momento algum houve tentativa de contratação direta ou qualquer outro meio de contratação que não seguisse rigorosamente os requisitos legais.
No primeiro chamamento, realizado em 30 de maio de 2011, após a seleção, a SES acatou recomendação do Ministério Público e revogou o chamamento, cujo vencedor havia sido a OS Salute Sociale.
No segundo chamamento (22 de junho de 2012), foi selecionada, em um primeiro momento, a OS Gerir. O Instituto Pedro Ludovico (IPL), que havia sido inabilitado, apelou ao Poder Judiciário, fato que prejudicou a sequência da contratação. O Estado recorreu, sendo necessário aguardar a decisão final da ação. Em cumprimento à decisão judicial, a SES reabriu o certame, tornando-se vencedor do chamamento o Instituto de Gestão e Humanização (IGH).
Ademar Rodrigues Silva Júnior – Gerente de Licitações da SES – GO (29/06/13)


O Popular / Erramos – Devido a falha na edição, faltaram os números dos indicadores econômicos na capa, ontem. ■ Diferentemente do publicado ontem em reportagem na página 9, os Conselhos Federal e Regional de Medicina Veterinária informam que os profissionais da área são favoráveis à sanção, na íntegra, do projeto de lei 286/02, que trata do chamado Ato Médico. (29/06/13)
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DIÁRIO DA MANHÃ

Coluna Holofote – Mobilização

Médicos decidiram promover quarta-feira, 3, um dia de mobilização nacional contra a contratação de médicos estrangeiros sem revalidação do diploma. A classe decidiu também intitular o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, persona non grata entre as entidades. (01/07/13)
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Bactéria avessa
Muitos, em tempos passados, se contaminavam com a infecção, que hoje, afeta brasileiros de forma corriqueira e, mesmo assim, exige cuidados
NAYARA REIS

O tétano é uma doença infecciosa, que no Brasil, tem seu quadro de casos controlado. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Goiás (SES/GO), até abril deste ano, foram confirmados dois casos de tétano acidental, nos anos de 2011 e 2012, 14 pessoas foram contaminadas e aconteceram dois óbitos. Em relação a casos de tétano neonatal, o último caso confirmado aconteceu em 2009, e acabou evoluindo para o óbito do bebê. Apesar do número relativamente pequeno, é importante ressaltar que essa é uma doença grave, e um paciente contagiado pode morrer, caso não receba o tratamento adequado rapidamente. A vacina existe e é aliada na prevenção da doença. Vale ressaltar, que os casos anteriormente de maior número de casos aconteciam nas cidades de interior, no entanto, hoje, nas cidades grandes, o número de contaminação pelo tétano acidental, aumentou. A população deve ficar atenta e sempre que tiver algum ferimento, cuidar para não gerar um problema ainda maior, e procurar um médico, caso haja indícios da doença.
A gerente de Imunizações e Rede de Frio da SES GO Clécia Vecci, esclarece que a vacina contra o  tétano está disponível durante todo o ano na rede pública estadual. “As pessoas precisam procurar uma sala de vacinação e caso tenham o Cartão de Vacinas apresentá-lo. Essa imunização também é feita de acordo com calendário do Estado, temos campanhas para a criança, adolescente e adulto. No caso das crianças, a vacina mais usada é a polivalente, que a protege contra o tétano e mais duas doenças. Acho que vacinas combinadas foram criadas com o intuito de diminuir o custo e imunizar um maior número de pessoas, o que é muito bom”, explica.
Clécia ressalta, que o calendário de vacinas contra a poliomielite está encerrando, e em agosto, começa a campanha para atualização dos cartões de vacina das crianças, em toda a rede pública estadual.  
O médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz, esclarece que o tétano é uma doença perigosa, que antigamente, tinha seu maior número de casos no interior, o que mudou , hoje, as pessoas podem corriqueiramente se contaminar nas cidades grandes. Ele explica que até mesmo no asfalto a bactéria responsável pelo tétano pode ser encontrada.  A doença pode levar seu portador a morte. “O tétano parte de uma bactéria, chamada Clostridium Botulinum. Normalmente a contaminação acontece por espinhos de laranjeiras e de outras plantas, pode também estar presente em pregos e madeira. A partir do momento em que acontece o acidente onde a Clostridium Botulinum, entra em contato com um ambiente propício para se desenvolver, um ferimento profundo por exemplo, ela produz a toxina que gera os sintomas da doença. Podemos citar como mais grave, os espasmos musculares que o paciente começa a ter esporadicamente, eles são muito dolorosos e vão aumentando de acordo com a evolução da doença. O risco se torna maior quando chegam na musculatura das vias aéreas, onde acontece a insuficiência respiratória e pode levar a pessoa a óbito”, explica.
Segundo o médico, o tétano necessita de atenção contínua por parte do governo, apesar do número de pessoas no estado de Goiás ter diminuído consideravelmente. “Após o surgimento da vacina os casos de pessoas infectadas diminuiu bastante. Existiam também casos de tétano neonatal, em que o bebê adquiria a doença pelo mau tratamento do cordão umbilical, por esse motivo as mulheres grávidas passaram a tomar a vacina, com o intuito de evitar a infecção. Quem mora em grandes cidades como Goiânia, devem ter muito cuidado, a vacina é preventiva, mas evitar também é bom. A doença, leva de três a cinco dias, para ter seus primeiros sintomas. Os médicos devem ficar atentos, e fazer uma série de questionamentos caso tenha dúvidas, para não ter surpresas desagradáveis posteriormente, descobrindo que a pessoa já estava com tétano. Além disso fazer uma boa análise clínica a fim de detectar logo a doença é imprescindível”, ressalta.
Vacinação
A vacina antitetânica, também denominada toxóide tetânico (TT), tem aplicação intramuscular, e é indicada para pessoas com idade superior a sete anos de idade.
Para imunização básica, é feita a aplicação de três doses, com intervalo de dois meses entre a primeira e a segunda; a terceira dose deve ser feita de seis a doze meses após a segunda. Nas gestantes a imunização é feita com a aplicação de duas doses, a partir do quarto mês de gestação, com intervalo de dois meses entre as mesmas. Para proteção adequada da mãe e prevenção do tétano neonatal em gestação futura, é importante a aplicação de uma terceira dose, que deverá ser feita seis meses após a segunda. Quando a gestante já tiver recebido as três doses, aplicar uma dose de reforço – somente se a última tiver sido aplicada há mais de cinco anos.
Os efeitos adversos locais são do tipo eritema, edema, nódulo e dor. Reações gerais, tais como artralgias, urticária e edema palpebral podem ocorrer. As complicações são raras; entretanto, edema angioneurótico, nefrose, encefalite e choque anafilático podem ocorrer. A revacinação deve ser realizada a cada 10 anos, ou quando houver indicação em decorrência de ferimentos.
Profilaxia do tétano após ferimentos:
1) Limpeza do ferimento com água e sabão e desbridamento profundo, se necessário, o mais rápido possível;
2) Não há indicação de penicilina benzatina. O uso de outros antibióticos não tem valor comprovado;
3) A necessidade de imunização ativa (vacina) contra o tétano, com ou sem imunização passiva (soro ou imunoglobulinas) depende do tipo e das condições do ferimento, assim como da história prévia de vacinação. (01/07/13)
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Oral provoca câncer
Estudos indicam que a maioria de vítimas seria jovens e adolescentes, além de pessoas entre 30 e 45 anos
JOAQUIM MUNDURUCA

Considerado imoral e sujo em certas culturas, religiões, o sexo oral é uma das mais antigas e usuais práticas sexuais entre humanos. A felação – sexo oral em homens e a cunilíngua – quando ocorrem em mulheres, eram até bem pouco tempo atrás considerados atos sexuais eficazes como método contraceptivo e para preservar a virgindade. Também se acreditava que eram menos importantes como causadores de doenças sexualmente transmissíveis (DST), incluindo aids, quando comparados ao intercurso sexual convencional, por exemplo. A verdade é que por tabu ou falta de informação pouco se tratou do sexo oral e da sua estreita relação com o câncer. O aumento dos diagnósticos de câncer de boca e de orofaringe relacionados às infecções por papiloma vírus humano (HPV) tem chamado a atenção dos oncologistas e já se tornou caso de saúde pública. Até o ator americano Michael Douglas afirmou em entrevista que seu câncer de garganta diagnosticado em 2010 foi causado por sexo oral desprotegido.
De acordo com José Carlos de Oliveira, médico oncologista de cabeça e pescoço, do Hospital Araújo Jorge, na Capital, o tabagismo (abuso do tabaco) e o etilismo (abuso de substâncias alcoólicas) permanecem como fatores de maior risco para o câncer de boca, contudo no caso do câncer de orofaringe (amídala e base da língua), o papiloma vírus humano (HPV), dos subtipos 16,18,31 e 33, já se configura como principal causa de desencadeamento da doença, superando o tabagismo, o etilismo e a incidência de raios solares nos lábios. Ainda de acordo com ele, o câncer de boca, por razões culturais, acomete mais frequentemente pessoas de baixo nível socioeconômico, tabagistas e alcoólatras. O câncer de orofaringe, por sua vez, atinge uma parcela mais abrangente da população, independente de gênero, etnia, classe social, idade e orientação sexual, e a razão para isso é que, em tese, o sexo oral desprotegido é prática amplamente difundida.
Estudos indicam que o maior número de vítimas seria de jovens adolescentes seguidos por indivíduos entre 30 a 45 anos de idade. “Nos congressos de medicina que tenho participado nos últimos anos, tanto no Brasil como no exterior, a discussão atual é em torno do câncer de orofaringe e também do câncer de boca como doenças adquiridas por meio de prática sexual sem proteção e que estão fazendo muitas vítimas a cada ano, dado ao momento que vivemos de liberação sexual, sexo cada vez mais cedo e com mais parceiros. A doença é antiga, mas a falta de informação e o tabu sempre foram fatores que impediram um melhor trabalho preventivo”, afirmou.
Segundo o oncologista, a doença já é caso de saúde pública e as campanhas preventivas de vacinação deveriam ser estendidas para homens e mulheres de todas as idades e não somente para as adolescentes, uma vez que o seu tratamento por radioterapia e quimioterapia é caro para os cofres públicos e seu tempo de resposta demorado. O tratamento precoce pode custar cerca de US$ 500 (R$ 1.100) e no estágio avançado da doença, até dez vezes mais. A baixa renda e a pouca instrução constituem fatores que dificultam o atendimento médico e o diagnóstico precoce da doença para grande parte dos pacientes acometidos do câncer de boca. Quando eles chegam ao consultório médico, 80% a 90% das lesões já estão em estado avançado. Os pacientes com câncer de orofaringe, em geral, respondem bem às terapias. Se identificado no início e tratado, há de 80% a 90% de chance de cura, contudo nos casos de necessidade de intervenção cirúrgica, a mutilação das áreas afetadas deixa sequelas físicas e emocionais graves.
Números
preocupantes
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em estudo realizado em 2008, os cânceres localizados na cavidade oral (sem distinção de tipo), acometeram 10.380 homens e 3.780 mulheres em todo o País naquele ano. Na Região Centro-Oeste, foram 530 homens e 220 mulheres. A cada ano, surgem 14 mil novos diagnósticos da doença. 330 novos casos de câncer de boca (aí incluído o câncer de orofaringe) acometem a população goiana, e só na Capital são mais de 100. Segundo o especialista, os índices são considerados elevados e bastante preocupantes. O câncer de boca é o quinto tipo da doença que mais acomete a população masculina e está diretamente relacionado ao tabagismo e ao etilismo. Apesar de fazer menos vítimas entre as mulheres, os números tendem a aumentar, em razão das mudanças de comportamento verificadas na população feminina como o hábito de beber e fumar e a liberação sexual.
“A vacina polivalente é hoje aplicada na rede pública de saúde em mulheres de nove a 26 anos para evitar o câncer ginecológico (de colo de útero), um dos tipos da doença que mais vitima a população feminina e já é considerado como DST. O homem permanece como maior transmissor dela e também do câncer de boca, de orofaringe, de ânus e de pênis via HPV do subtipo 16, que é o mais comum na região genital, por isso ele também deveria ser imunizado. A imunização total só pode ser feita na rede privada. Quando um paciente que não fuma e nem bebe é diagnosticado com câncer de orofaringe, há 90% de probabilidade de que tenha sido infectado com o HPV via sexo oral desprotegido”, explicou o médico oncologista. Segundo ele, mulheres heterossexuais e homossexuais masculinos são mais susceptíveis de desenvolver a doença. Antes da felação e da cunilíngua, é recomendável o uso de preservativo lingual ou convencional ou fazer exame ginecológico e peniscopia. Os últimos são bastante eficientes na identificação do HPV e de outras DSTs.
De acordo com o médico oncologista, o vírus do HPV presente nas mucosas da boca, pênis e vagina penetra na cadeia do DNA e modifica e desestrutura as informações genéticas contidas nos genomas das células. As células normais se tornam anormais e se multiplicam fazendo com que o organismo perca o controle sobre elas e não as reconheça mais. Com isso, vai se formando um tumor que aumenta de tamanho e quantidade e se torna cancerígeno. José Carlos de Oliveira afirmou que para fazer o diagnóstico da doença não há segredos e qualquer um pode fazê-lo sem necessidade de ir ao médico. “A úlcera cancerígena (ferida) é de fácil identificação e pode ser detectada num autoexame. Ao contrário da afta que é dolorosa no início, mas que ao longo de duas ou três semanas tende a sarar, a úlcera é indolor e não cicatriza. Com o tempo, ela tende a aumentar de tamanho e pode ter um odor fétido, quando está num estágio avançado e necrosada. Podem surgir em qualquer área da boca e da garganta. Se qualquer sinal estranho aparecer no local, é recomendável procurar por um cirurgião-dentista, otorrino ou cirurgião de cabeça e pescoço. Para diagnosticar câncer de boca e de orofaringe é só abrir a boca”, sentenciou o médico. (01/07/13)
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Rosane Rodrigues da Cunha

Assessora de Comunicação