Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 29/11/23

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Planos de saúde: clientes reclamam de uso abusivo de juntas médicas

Mais Médicos terão 28 mil profissionais em campo até o fim do ano

Mãe vai receber indenização de mais de R$ 22 mil após ter o parto negado pelo plano de saúde em MG

Em caso raro, quadrigêmeos nascem em Goiânia

Médico é condenado por racismo

Artigo – Contra eventuais abusos: entenda a lei que garante companhia à mulher nos serviços de saúde

Falta de acesso à saúde mata 5 vezes mais do que a Covid

Encontro do Comitê Regional de Gestão de Pessoas da Unimed Federação Centro Brasileira abordou aspectos atuais que impactam na rotina de trabalho

AGÊNCIA ESTADO

Planos de saúde: clientes reclamam de uso abusivo de juntas médicas


Por Fabiana Cambricoli

Clientes de planos de saúde têm ido cada vez mais à Justiça para questionar o uso das juntas médicas por parte das operadoras para negar a autorização de procedimentos. Regulamentada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 2017, a junta médica é instaurada quando há uma divergência entre o médico do paciente e o profissional técnico da operadora sobre a indicação de um procedimento. Nesses casos, nomeia-se um terceiro médico, chamado de desempatador, para dar o parecer.

Beneficiários reclamam, no entanto, que esse terceiro profissional só pode ser escolhido a partir de uma pequena lista indicada pela própria operadora e que há uso indiscriminado da junta médica para dificultar o acesso a procedimentos. O cenário tem levado clientes a entrar com ações judiciais questionando o resultado da junta.

Apenas no último ano, o número de processos em segunda instância sobre o tema que chegaram ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) mais do que dobrou, passando de 105 casos no ano passado para 270 neste ano, segundo levantamento feito pelo escritório Vilhena Silva Advogados, especializado em direito à saúde.

O caso de Beatriz Marianna Krynski Mattos, de 50 anos, é um deles. Ela sofreu um acidente grave em 2017 que afetou seus joelhos e coluna e, desde então, já fez mais de 20 cirurgias. Em dezembro do ano passado, ela ficou com os membros inferiores paralisados e procurou a emergência de um hospital. Seu médico avisou que seria necessária mais uma cirurgia, mas, mesmo com o quadro agudo, a operadora SulAmérica negou a autorização com base em parecer de uma junta médica.

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AGÊNCIA BRASIL

Mais Médicos terão 28 mil profissionais em campo até o fim do ano


Esta semana, cerca de 3,5 mil médicos concluem o curso de capacitação para trabalhar no Programa Mais Médicos. De acordo com o Ministério da Saúde, esta é a maior turma em formação desde o lançamento do programa há 10 anos. Com a retomada da iniciativa, no primeiro semestre, foram 34 mil pedidos de inscrição, o maior número da história. O ministério acredita que, até o fim deste ano, 28 mil profissionais estarão atuando nos municípios. Atualmente, 20 mil estão alocados.

Nesta terça-feira (28), os médicos que fazem o curso em São Paulo farão uma prova para ingressar no programa. Na segunda-feira (27), os profissionais tiveram uma aula intensiva de preparação para o teste. Eles precisam passar por esse exame que, entre outros assuntos, aborda atenção primária à saúde e o acolhimento dos pacientes.

“A gente vai pensar na população quilombola, na população ribeirinha, na atenção à saúde prisional, na população LGBTQIA+, e a gente traz tanto essas políticas como alguns problemas de saúde mais prevalentes, como hipertensão e diabetes, mas também tuberculose, hanseníase, malária, covid, raiva”, disse Mariana Tomasi Scardua, coordenadora pedagógica do Módulo de Acolhimento e Avaliação (MAAv) – Polo São Paulo.

Em São Paulo, 1,3 mil médicos que vão atuar nas regiões Sul e Sudeste fazem o treinamento, com duração de 30 dias. Após aprovação nesse módulo, eles terão a inscrição efetivada.

O curso também foi realizado na Bahia e em Minas Gerais para os médicos que vão trabalhar nas outras regiões do país. Os aprovados terão de 4 a 8 de dezembro para se apresentar nos municípios. Os médicos formados no exterior ou estrangeiros vão receber um registro temporário para atuar enquanto não passam pelo Revalida, exame que valida diplomas de medicina de formados fora do Brasil.

O objetivo do Ministério da Saúde é ampliar ainda mais o programa. “No primeiro semestre já foi possível recompor o quantitativo de profissionais que estavam no programa ao longo do tempo. Ele vinha sendo bastante descaracterizado e, agora, nesse segundo semestre, estamos providenciando vagas novas. Vamos chegar a 28 mil médicos alocados até o final deste ano”, disse Felipe Proenço de Oliveira, secretário adjunto de Atenção Primária do Ministério da Saúde.

Nídia Machado é formada na Nicarágua. “Eu já trabalhei aqui [no Brasil], mas com uma liminar. Ao final do processo, eu perdi e tenho que fazer o Revalida”, explicou.

Ela disse que há similaridades entre as doenças encontradas no seu país e, especialmente, na Região Norte do Brasil.

A médica Gabriela Ferrari Santos participa do curso em São Paulo e avalia o programa como uma oportunidade para levar atenção básica a toda população. “Para que o brasileiro entenda a importância do SUS [Sistema Único de Saúde], colocar o SUS em prática de verdade e mostrar para a nossa gente que a gente tem o melhor sistema”, avalia.

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PORTAL G1

Mãe vai receber indenização de mais de R$ 22 mil após ter o parto negado pelo plano de saúde em MG


Uma mulher que teve o parto negado pelo plano de saúde Unimed receberá indenização por danos materiais e morais no valor total de R$ 22.300. O caso ocorreu em João Pinheiro em outubro de 2022.

Em dezembro do ano passado, a mulher solicitou a indenização na Justiça, em João Pinheiro, mas em junho de 2023 o pedido foi negado sob a justificativa de que o plano contratado estava em período de carência, que a cliente afirmou não ter conhecimento.

A defesa da mulher, então, entrou com recurso na Turma Recursal de Paracatu, que acatou o pedido dela.

O g1 entrou em contato com a Unimed e aguarda retorno. A reportagem procurou a Qualicorp, responsável por comercializar o plano, que afirmou que “não comenta processos judiciais envolvendo beneficiários”.

Uso do plano negado A paciente teve um plano de saúde ambulatorial e hospitalar com obstetrícia da Unimed até 31 de outubro de 2021, que não tinha período de carência. Em dezembro daquele ano, ela foi informada pela Qualicorp, administradora de benefícios pelo qual foi obtido o plano, de que o plano tinha sido cancelado.

Durante a negociação foi oferecido à mulher a possibilidade de adquirir o plano novamente. Segundo a cliente, ela só aceitou a proposta após confirmar que o novo plano seria igual ao antigo.

Em outubro de 2022, a grávida entrou em trabalho de parto e quando chegou ao hospital foi informada de que o plano estava em período de carência, e por isso não poderia cobrir os custos do procedimento.

Ainda no hospital, a paciente e o marido ficaram em contato com os responsáveis pelo plano por mais de 6 horas, sem resolução para o problema. Conforme o casal, as empresas pediram prazo de 48 horas para darem uma resposta.

Como não podia esperar, o marido pegou dinheiro emprestado com amigos e familiares para realizar a cesárea de forma particular. O custo total foi de R$ 7.300.

De acordo com os advogados da paciente, Iuri Furtado, Jamir Andrade e Bruna Andrade, a situação causou desespero nela e no marido devido a incerteza do que poderia ocorrer.



“Os requerentes, em uma situação de total descontrole emocional, em um momento que era para ser de extrema felicidade e atenção total para seu filho que estaria prestes a nascer, tiveram que se preocupar com tal situação e como arrumaria o dinheiro para pagar o procedimento.” ð² Receba no WhatsApp notícias do Triângulo e região



O caso judicial Em dezembro de 2022, o casal pediu na Justiça de João Pinheiro indenização por dano moral e dano material de R$ 37.300. A defesa argumentou que a mulher contratou um plano de saúde nas mesmas condições e regras do primeiro, sem nenhuma carência.

A petição, no entanto, foi negada pelo 2º Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de João Pinheiro. A sentença foi dada apenas em junho de 2023.

Após a negativa, a defesa entrou com recurso na Turma Recursal do Grupo Jurisdicional de Paracatu, que acatou o pedido. Na decisão, o juiz Maurício Pinto Filho considerou Qualicorp e Unimed culpadas.

Assim, as duas empresas foram condenadas a pagar R$ 22.300 como indenização. Destes, R$ 7.300 são referentes à restituição pela despesa do parto, e R$ 15 mil o casal pelos danos morais sofridos.

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Em caso raro, quadrigêmeos nascem em Goiânia

As crianças nasceram em menos de cinco minutos. Os bebês e a mãe estão bem.

Por Thais Alves, g1 Goiás

A gerente de marketing Kassia Cristina Freitas deu à luz a quadrigêmeos nesta terça-feira (28), em Goiânia. As crianças nasceram em menos de cinco em um parto cesárea. Os bebês e a mãe estão bem.

A irmã da Kássia, Katiuscia Christiane, contou que todos estão muito felizes com a chegada dos quadrigêmeos e que o pai acompanhou todo o parto.

De acordo com a médica Rita de Cássia Borges, os bebês nasceram com ótimos pesos, mas precisaram ser internados na UTI. A previsão de alta para os irmãos é de no mínimo quatro semanas dependendo da evolução de cada bebê, já a mãe deve receber alta entre 48h a 72h.

“Eles ficarão no mínimo um mês. Precisam corrigir para 34 semanas no mínimo . Eles estavam com 30 semanas e quatro dias”.

A médica contou que eles não foram entubados porque eles estão com bons níveis de saturação, oxigênio no sangue. Após este período, terão cuidados mais específicos para prematuros.

“Até o momento não há necessidade de intubação. Estão no oxigênio apenas”.

A pequena Lívia Luiza nasceu com 1,165 kg e 35 centímetros. Já, Aurora está com 37 centímetros e o seu peso é de 1,085 kg. Ulisses, o maior entre os irmãos, nasceu com 42 centímetros e 1,480 kg. Ícaro está com 1,225 kg e 38 centímetros.

Kassia Cristina Freitas estava grávida de dois pares de gestações monocoriônicas-diamnióticas, uma situação que ocorre uma vez a cada 70 milhões de gestações.

A gerente de marketing tem um filho de 4 anos chamado Davi e com a gravidez dos quadrigêmeos ela passou a morar com os pais para receber uma assistência maior.

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DIÁRIO DA MANHÃ

Médico é condenado por racismo

A condenação marca um episódio lamentável ocorrido na Fazenda Jatobá, em 15 de fevereiro de 2022

O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) condenou o médico Márcio Antônio Souza Júnior a pagar R$ 300 mil a título de indenização por danos morais coletivos. A condenação, resultante do crime de racismo, marca o episódio lamentável ocorrido na Fazenda Jatobá, em 15 de fevereiro de 2022. A sentença foi proferida pela juíza Erika Barbosa Gomes Cavalcante, da Vara Criminal.

O médico, que era proprietário da fazenda, filmou um caseiro negro com as mãos e os pés acorrentados por uma gargalheira em seu pescoço, simulando uma cena do período escravocrata. O vídeo, posteriormente compartilhado nas redes sociais, causou indignação e repúdio nacional e internacional.

Segundo informações do processo, o funcionário, que recebia um salário-mínimo para realizar serviços pesados na fazenda, foi abordado pelo acusado enquanto mostrava os apetrechos armazenados na igrejinha da propriedade. O médico então acorrentou o trabalhador, proferindo palavras ofensivas e insinuando que ele estava em uma “senzala” por não ter estudado.conteúdo sensível

Durante as investigações, foram apreendidos objetos que chancelam a denúncia apresentada pelo Ministério Público: uma gargalheira, um par de grilhões para mãos sem corrente e um par de grilhões para pés com corrente.

O valor da sentença será dividido entre a Associação Quilombo Alto Santana e a Associação Mulheres Coralinas.

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ESTADÃO

Artigo – Contra eventuais abusos: entenda a lei que garante companhia à mulher nos serviços de saúde


A Lei 14.737, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 28 de novembro de 2023, amplia o direito da mulher de ter acompanhante nos atendimentos realizados em serviços de saúde públicos e privados, com ou sem necessidade de sedação. Essa lei estabelece que, em consultas, exames e procedimentos realizados em unidades de saúde públicas ou privadas, toda mulher tem o direito de ser acompanhada por uma pessoa maior de idade durante todo o período do atendimento, independentemente de notificação prévia.

Importante esclarecer os principais pontos e direitos estabelecidos pela nova lei que dispõe sobre o direito da Mulher possuir um acompanhante durante procedimentos de saúde, destacando sua importância e impacto na assistência à saúde das mulheres no Brasil.

De acordo com a nova lei, toda mulher tem o direito de ser acompanhada por uma pessoa maior de idade durante todo o período do atendimento, sem necessidade de prévia notificação. Este acompanhante pode ser livremente indicado pela paciente ou, nos casos em que ela esteja impossibilitada de manifestar sua vontade, por seu representante legal.

É importante ressaltar que o acompanhante escolhido estará obrigado a manter o sigilo das informações de saúde às quais tiver acesso durante o acompanhamento, preservando a privacidade da paciente.

Nos casos em que a paciente não indique um acompanhante e o atendimento envolva sedação ou rebaixamento do nível de consciência, a unidade de saúde deverá indicar uma pessoa para acompanhá-la, preferencialmente um profissional de saúde do sexo feminino, sem custo adicional para a paciente. Ela terá o direito de recusar o nome indicado e solicitar a indicação de outro, sem a necessidade de justificativa.

É estabelecido também que, em situações de atendimento com sedação, caso a paciente renuncie ao direito de ser acompanhada, deverá fazê-lo por escrito, após esclarecimento de seus direitos, com no mínimo 24 horas de antecedência, assinando o documento que será arquivado em seu prontuário.

Para garantir o pleno conhecimento desse direito, todas as unidades de saúde do país são obrigadas a manter um aviso visível em suas dependências, informando sobre a possibilidade de acompanhamento durante o atendimento.

Vale ressaltar que em situações específicas, como atendimentos em centro cirúrgico ou unidade de terapia intensiva com restrições relacionadas à segurança ou à saúde dos pacientes, poderá ser admitido apenas um acompanhante que seja profissional de saúde.

Nos casos de urgência e emergência, os profissionais de saúde estão autorizados a agir na proteção e defesa da saúde e da vida da paciente, mesmo na ausência do acompanhante requerido.

Esta legislação reforça o compromisso com a garantia de direitos, a privacidade e o apoio às mulheres em situações de saúde, proporcionando-lhes a possibilidade de um acompanhamento adequado e respeitoso durante o atendimento médico.

A nova Lei visa promover, sobretudo, a segurança das mulheres em momentos de vulnerabilidade durante procedimentos médicos em que há o uso de substâncias sedativas. A nova legislação amplia o direito de acompanhamento para todas as mulheres em atendimentos de saúde, indo além das normas anteriores que limitavam esse direito apenas a parturientes e pessoas com deficiência, buscando assegurar um suporte mais amplo e proteção durante o atendimento médico, destacando sua importância e impacto na assistência à saúde das mulheres no Brasil.

*Juliana Hasse, advogada com MBA em Gestão Empresarial com ênfase em Saúde pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, especializada em Direito Médico e Hospitalar pela EPD – Escola Paulista de Direito, presidente das Comissões Especiais de Direito Médico e da Saúde da OAB São Paulo. Especialização em Direito da Saúde e Proteção de Dados em Saúde pela Faculdade de Direito de Coimbra – Portugal

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O TEMPO

Falta de acesso à saúde mata 5 vezes mais do que a Covid


“Por que você não trouxe ele antes?”. A frase que ecoa na mente de Carla Cristina de Marins, 22, foi dita por uma médica após ela ter travado uma luta judicial de quase três meses contra o Sistema Único de Saúde (SUS) pela transferência do filho para um hospital com a estrutura necessária para o tratamento do bebê. Com o pequeno de 3 meses agonizando no colo, o diálogo finalizou com um seco “complicado, né, mãe?”, vindo da profissional de saúde, com a conclusão de não haver mais o que fazer. O fim da vida de Pedro Lucca, alguns dias depois, não é um caso isolado. Ele compõe um universo de 898,4 mil mortes classificadas como “evitáveis” ocorridas em Minas Gerais, em dez anos, o equivalente a quase 90 mil por ano. A falta de oportunidade de realizar um tratamento possível matou cerca de cinco vezes mais no Estado do que a pandemia de Covid-19, que foi a maior crise sanitária enfrentada no século, com 65,9 mil perdas humanas em 3 anos e 8 meses, desde que ocorreu o primeiro óbito de coronavírus no Estado.

Desde a primeira morte por Covid em Minas, já se passaram 44 meses. Ou seja, são menos de dois óbitos por mês (1,49). Já as causas evitáveis mataram mais de sete pessoas (7,49) mensalmente. Na prática, a pandemia que chocou pela alta mortalidade é, até o momento, cinco vezes menos fatal do que a falta de estrutura enfrentada por uma parcela da população.

Conforme dados do Ministério da Saúde, de 2011 a 2021, 38.113 crianças menores de 5 anos tiveram mortes evitáveis no Estado. Segundo Fausto Pereira dos Santos, especialista em políticas públicas, gestão e saúde, o conceito de óbitos evitáveis diz respeito a perdas que não poderiam ocorrer, uma vez que existe assistência adequada. “É quando um conjunto de situações poderia ter sido diferente. Por exemplo, na prematuridade, um pré-natal bem conduzido é capaz de evitar a morte do bebê”, explica o especialista.

O filho de Carla tinha uma doença genética rara, a leucinose, que ocorre por um erro inato do metabolismo. Um a cada 185 mil recém-nascidos recebe o diagnóstico, mas, diferente do que aconteceu com Pedro Lucca, podem seguir a vida ao cumprir com um tratamento, sobretudo, nutricional. A doença não era o grande problema para a família, e sim a falta de atendimento especializado na região, a dificuldade na transferência para a capital e um atraso de 90 dias no cumprimento de uma liminar que exigia a solução em um prazo de 48 horas.

Após inúmeras complicações, como infecções e efeitos adversos à dieta, Pedro Lucca conseguiu um leito de UTI Neonatal em BH, quando já era tarde demais para ele. A equipe assistencial assumiu que não havia mais como salvá-lo, desligou os aparelho e colocou o bebê no colo da mãe.

“Disseram que ele estava preparado para ir no meu colo. O Pedro estava todo deformado, e senti o coraçãozinho dele ir parando. A médica cochichou algo no meu ouvido, mas nem escutei, só conseguia pensar que lutei muito e acabei com ele morrendo no meu colo”, lamenta a mãe.

Uma história bem diferente da presenciada pela própria Carla: o primo dela, Matheus, 3, também tem a doença, conseguiu leito, está passando por tratamento em BH e, seguindo a dieta, celebra a vida a cada aniversário. “Sempre achei que meu filho fosse viver bem, igual ao Matheus”, diz.

Pedro Lucca não teve a mesma sorte. Nem mesmo a liminar garantida na Justiça foi atendida dentro do prazo. Porém, há situações em que o tempo dos tribunais também supera o da saúde. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que, em Minas Gerais, um processo de alguém que luta pela vida demora em média 459 dias (um ano e três meses) para ser julgado. O intervalo no Estado é 5% maior do que a média nacional. No país, o tempo médio até que uma causa de direito à saúde seja julgada é de 436 dias (um ano e dois meses). Para se ter ideia, a espera por um transplante do coração é cinco vezes mais rápida do que a espera por uma sentença. Neste ano, de 1º de janeiro a 27 de agosto, a maioria dos pacientes recebeu a doação em até três meses, segundo o Ministério da Saúde.

Na avaliação do desembargador Alexandre Quintino, superintendente de Saúde do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a Justiça, quando acionada para uma causa de saúde, faz uma série de análises, entre elas da urgência do problema. “Há uma suposição de que essas causas são ‘ganhas’ por serem de vida ou morte. Mas a possibilidade de conseguir ou não é igual. Aquilo que dizem ser urgência e emergência, muitas vezes, não é, ou nem chegaria ao Poder Judiciário”, diz. O tempo de tramitação, segundo ele, segue um protocolo. “Para a Justiça, é questão de analisar os pedidos feitos, seja de tratamento, medicamento etc. Precisa analisar se os medicamentos estão ou não registrados na Anvisa, se estão no SUS, se existe ou não aplicação de casos. Nos embasamos na medicina de evidências”, afirma.

Uma vida de dor por um tratamento restrito

Vitorino Gomes, 51, tem uma doença rara como herança genética da família. É a Doença de Fabry (DF), causada pela falta da enzima alfa-galactosidase A nas células do corpo. Após quatro décadas vivendo de forma limitada pelas dores, conseguiu na Justiça o acesso pelo SUS ao medicamento Fabrazyme, que tem um custo de R$ 22 mil a unidade (se particular, o valor mensal seria de R$ 88 mil). A conquista é um alívio, mas tem seu preço: assistir à sua filha Sara, 15, e outros familiares não terem a mesma “sorte”. Um de seus irmãos, com a doença mais avançada, já não consegue andar.

Em 2020, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) decidiu não incorporar o Fabrazyme ao SUS, mesmo ele sendo aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “O impacto orçamentário ao SUS é potencialmente superior à sua capacidade de pagamento”, diz o relatório do órgão.

O preço alto, para Vitorino, não é só monetário. “Cresci sem saber o que tinha e, hoje, sou muito debilitado. Meus membros são inchados, e tenho problemas pulmonares, auditivos, renais, circulatórios. É uma doença degenerativa, e infelizmente precisamos lutar para ter o tratamento”, diz.

A filha dele, de 15 anos, tenta o suporte do SUS desde 2020. “A cada dia, o corpo da Sara tem mais danos. Tenho medo que um órgão vital seja afetado, ou que ela fique comprometida como eu”, lamenta.

Para o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (CAO-Saúde), Luciano Moreira de Oliveira, situações como essa pressionam novas políticas públicas. “Algumas tecnologias têm evidência, estão em outros países, funcionam no privado e mostram uma lacuna do SUS. São populações que não estão sendo reconhecidas”, afirma.

Números

Após o julgamento, um processo leva, em média, mais sete meses para ser encerrado nos tribunais mineiros. No Brasil, a média é de mais oito meses até a baixa da ação. A média calculada pelo Conselho Nacional de Justiça considera o período de agosto de 2022 a agosto de 2023.

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FOCO NACIONAL

Encontro do Comitê Regional de Gestão de Pessoas da Unimed Federação Centro Brasileira abordou aspectos atuais que impactam na rotina de trabalho

Especialistas convidados promoveram debates sobre inteligência artificial, inclusão de pessoas com deficiência e gestão de carreira

A segunda reunião de 2023 do Comitê Regional de Gestão de Pessoas da Unimed Federação Centro Brasileira foi realizada em 23 de novembro, reunindo colaboradores da Federação e de diversas Unimeds federadas, em um encontro presencial na sede da entidade.

A pauta abordou assuntos que impactam no relacionamento interpessoal das cooperativas, como mencionou Fabiana Daniel, superintendente da Federação. “Falamos de inteligência artificial, algo que costuma assustar, mas que já está presente. Também convidamos especialistas com grande know-how sobre carreira, como a Cibele Gayoso, que trabalha com a inclusão de pessoas com deficiência”, descreveu.

A primeira apresentação teve como tema “Inteligência artificial x Inteligência emocional”, que mostrou como a IA pode automatizar algumas funções do departamento de Recursos Humanos, até mesmo no momento de fechar contratos.

O bate-papo foi comandado pela analista de Cargos e Salários da Federação, Lorena Vaz, e pelo assistente da área de projetos, Arthur Oliveira. Eles mostraram que as ferramentas de IA já estão presentes no dia a dia e não se tratam de recursos complexos para serem usados. Por exemplo, o ChatGPT, de criação de textos; Gamma, de formulação de apresentações; e Leonardo AI, de imagens. 

“Existe o medo de que essa tecnologia vá substituir os profissionais, o que não é verdade, mas nós teremos que mudar nossas competências para esse mundo de convivência com a IA”, comentou Fabiana.

“O bom desse processo (de uso da IA) é a mescla de competências nossas e da plataforma, pois são os humanos que geram as instruções”, acrescentou Lorena, comentando ainda sobre a economia de energia proporcionada pela IA para essas tarefas que poderiam tomar um grande tempo dos colaboradores.

Assim, é possível utilizar a inovação tecnológica para a sustentabilidade do negócio, como ressaltou Arthur. “Existem cerca de 120 ferramentas de IA e esse dado é do mês passado. Agora, esse número deve ser muito maior. São recursos que precisamos monitorar o tempo inteiro e contar para as outras pessoas que podem aproveitá-las, pois não podemos lidar com elas como uma substituição, mas como um apoio”.

Por fim, os especialistas mostraram que inteligência artificial e emocional não são dois pontos separados. Eles se conectam, pois a maior inserção das tecnologias no cotidiano influencia na necessidade do trabalho empático, criativo e com habilidades sociais dos indivíduos que irão comandar os softwares.

“A IA surgiu para substituir o trabalho que os humanos fazem como robôs. Assim, podemos ter mais tempo para sermos humanos, em momentos com a nossa família, por exemplo”, resumiu Arthur Oliveira.

A inclusão da pessoa com deficiência na cooperativa

O segundo tema abordado no encontro foi a inclusão de pessoas com deficiência nas cooperativas, com palestra de Cibele Gayoso, consultora da Estilo Empresarial Consultoria.

Ela mencionou que existe um histórico de exclusão e, mesmo com as evoluções da sociedade, ainda há um inconsciente coletivo que impede a inclusão.

Assim, há o perigo de surgir um ciclo de adoecimento, sendo que o distanciamento do mercado de trabalho pode causar sofrimento psíquico na pessoa com deficiência (PCD), e esses transtornos psicológicos são capazes de afastar ainda mais a inserção nos empregos.

“Quando tiramos uma PCD de casa e ela começa a receber um salário, isso promove autonomia e um vigor que nasce na relação com todos os âmbitos da sociedade”, afirmou Cibele, relatando que as famílias também podem ter a tendência de evitar que a pessoa entre no mercado, em uma tentativa de protegê-la.

Porém, é preciso diferenciar a integração da inclusão. O primeiro termo indica a situação em que as empresas contratam PCDs, mas as segregam dos demais funcionários, impedindo que o trabalho seja feito adequadamente. Já incluir é promover um ambiente em que todos conseguem realizar suas funções. 

Tal inclusão está relacionada à equidade, que é oferecer condições adequadas às necessidades de cada indivíduo. “Depois de contratar a PCD, há um olhar de empatia pelos Recursos Humanos, como para auxiliá-la na missão de alcançar cargos maiores?”, questionou a consultora.

É por isso que todos na empresa precisam ser sensibilizados para o processo de acolhida, o que começa com a seleção adaptada, no entendimento das necessidades, no estudo da jornada da carreira dentro da instituição e o mapeamento de oportunidades. Em resumo, “não excluir antes de conhecer”, esclareceu.

A importância da gestão de carreira

Para finalizar a segunda edição do Comitê Regional de Gestão de Pessoas, a Unimed Federação Centro Brasileira convidou o fundador da Avante Consultoria, Milton Marinho, e a gerente de Desenvolvimento Humano da EBM Desenvolvimento Imobiliário, Sarah Nunes, para orientar os participantes sobre a gestão de carreira. 

A analista de Recursos Humanos da Unimed Caldas Novas, Valquíria Rodrigues, contou que o conhecimento adquirido durante todo o dia será valioso para as futuras ações que a federada pretende colocar em prática. “É o nosso primeiro ano de departamento de Recursos Humanos (na operadora). Por isso, todos os assuntos abordados são bastante úteis para o crescimento e projetos que teremos em 2024”.

Já Valdirene Santos, gerente geral da Unimed Araguaína, destacou a importância de ter momentos como os proporcionados pelo evento para ampliar os conhecimentos sobre a gestão de pessoas em um cenário em que tudo exige pressa, o que impacta nos níveis de estresse entre os colaboradores e produtividade. 

“O maior desafio atual de uma organização é desenvolver pessoas. Isso é o que faz a gestão fluir e caminhar. Então, temos que estar sempre atentos ao desenvolvimento para que eles (os colaboradores) saibam que são importantes e que fazem parte do crescimento da empresa”, esclareceu. 

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Assessoria de Comunicação