Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 30/04/21

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Uma calamidade de 400 mil vidas

Chega ao País o 1º lote de vacinas contra covid da Pfizer, com 1 milhão de doses

Justiça Federal nega pedido de reativação do HCamp de Águas Lindas

Covid-19: Goiás registra 1,7 mil novos casos e 57 mortes em um dia

Goiânia aplicou 667 doses trocadas

Entenda como o governo despejou esforços com cloroquina e outros remédios sem eficácia contra Covid

CORREIO BRAZILIENSE

Uma calamidade de 400 mil vidas

Brasil chega à impressionante marca como resultado de uma política negacionista e de erros clamorosos, como a demora para a aquisição de vacinas. Especialistas alertam para o risco de o país enfrentar um novo platô, desta vez com números muito mais altos

MARIA EDUARDA CARDIM

Um longo e sofrido caminho. Assim é a trajetória da pandemia no Brasil. O negacionismo de Estado, o uso de medicação não comprovada, a lentidão na aquisição de vacinas e uma politização constante foram os males que acometeram o país. O vírus proveniente da China se espalhou pelo mundo, mas adquiriu uma forma cruel no Brasil em razão de circunstâncias políticas. Ontem, o país alcançou a marca das 400 mil mortes pelo novo coronavírus. Ao confirmar mais 3.001 óbitos, chegamos a 401.186 vidas perdidas para a covid-19. A dolorosa marca foi atingida 413 dias após a primeira confirmação de morte pela doença no país, em 12 de março do ano passado.

De lá pra cá, houve avanços. A tão esperada vacina chegou, e a ciência obteve cada vez mais conhecimento sobre o vírus. No entanto, o Brasil de 2021 ainda sofre muito em razão dos equívocos cometidos no ano anterior. O negacionismo, a descoordenação do poder público e o desprezo pela gravidade da tragédia ainda são feridas profundas e obstáculos sérios para o enfrentamento da covid. Enquanto o presidente da República, Jair Bolsonaro, recusa-se a tomar a vacina contra a covid-19, na direção contrária da maioria dos líderes mundiais, brasileiros são flagrados em festas clandestinas.

Nessa conjuntura difícil e complexa, os números totais seguem em crescimento. Uma análise da curva de casos e mortes da doença feita pelo Correio revela que o país tem superado os patamares dos milhares de óbitos e milhões de infecções cada vez mais rápido. (Veja na arte). O país alcançou as 100 mil mortes depois de 149 dias após o registro do primeiro óbito pela doença em território nacional. Com mais 152 dias, o Brasil atingiu o total de 200 mil vidas perdidas. Depois disso, o ritmo acelerou. Para alcançar os 300 mil óbitos, bastaram 76 dias. Já o patamar das 400 mil mortes foi superado em apenas 36 dias. 

Para especialistas, o cenário caótico reflete uma sequência impressionante de equívocos. “Infelizmente o Brasil é um dos países mais afetados pela pandemia, em boa parte pela falta de governança e coordenação nacional. Cada estado e município está tomando decisões desarticuladas”, afirma o professor Elise Alves, do Departamento de Epidemiologia da Universidade de São Paulo (USP).

O ponto de vista de Alves é referendado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que reconhece a falta de uniformidade na tomada de decisões. “O número (de 400 mil mortes) reflete a dor de famílias que perderam pais, avós, filhos e irmãos de forma rápida, violenta e muitas vezes solitária. E também erros de condução e a ausência de coordenação centralizada no nível federal”, informou ontem o conselho, em carta assinada pelo presidente, Carlos Lula. 

Sem citar nomes, o texto aponta, ainda, que “autoridades máximas do país” desdenharam da gravidade da situação. “Autoridades máximas do país desprezaram a gravidade do momento e invocaram um falso dilema entre saúde e economia, resistindo a medidas capazes de refrear a progressão da contaminação, como o distanciamento social. Preferiram depositar esperanças em terapias mundialmente consideradas ineficazes”, criticou. 

NegacionismoDesde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro, personagem central para o combate à covid, mantém uma postura negacionista. São praticamente incontáveis as manifestações de desprezo à calamidade, de ausência de empatia e de falsos dilemas. O chefe do Executivo já chamou a covid-19 de “gripezinha”. Indicou tratamentos sem eficácia comprovada. Quando questionado sobre o morticínio em curso, respondeu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”. Com a CPI da Covid instalada no Senado, continua a bater na tecla de que os principais responsáveis pela catástrofe brasileira são governadores e prefeitos.

A política negacionista do governo federal também é alvo de crítica do Conselho Nacional de Saúde. Em nota pública, o CNS lamentou a morte dos 401.186  brasileiros para a covid-19. “Enquanto Conselho Nacional de Saúde (CNS), nos solidarizamos a todas as famílias que perderam entes queridos por culpa da negligência federal”, diz trecho do documento. 

Tanto o texto do Conass quanto o do CNS veem a vacina como parte da solução. “É a única forma de evitarmos mais infecções, agravos à saúde e internações. Somente assim reduziremos os indicadores de óbitos evitáveis”, observou a nota do Conselho de Saúde. Enquanto isso, o Conass ressaltou o potencial que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem para realizar a vacinação de brasileiros de forma rápida, “desde que os insumos estejam disponíveis”. 

Alto patamar

Enquanto a vacinação não engata um ritmo acelerado no Brasil, especialistas se preocupam com as notificações diárias que seguem altas. Apesar de observar uma redução nas notificações diárias, pesquisadores alertam para a estagnação de um alto patamar. Uma análise do último Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que a pandemia pode permanecer em níveis críticos ao longo das próximas semanas.

“O padrão atual pode representar uma desaceleração da pandemia, com a formação de um novo patamar, como o ocorrido em meados de 2020, porém com números bastante mais elevados de casos graves e óbitos, que revelam a intensa circulação do vírus no país”, diz o documento. Por isso, a flexibilização de atividades preocupa os especialistas. Além disso, 10 estados e o Distrito Federal continuam com taxas de ocupação de UTI adulto superiores a 90%.

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AGÊNCIA ESTADO

Chega ao País o 1º lote de vacinas contra covid da Pfizer, com 1 milhão de doses

São Paulo – O primeiro lote de vacinas contra a covid-19 da farmacêutica Pfizer, com 1 milhão de doses, chegou na noite desta quinta-feira (29/4) ao Brasil. A aeronave com o carregamento vindo de Puurs, na Bélgica, pousou às 19h30 no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, no interior de São Paulo. O imunizante deve começar a ser distribuído para as capitais a partir desta sexta-feira (30/4).

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e o presidente regional da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, estavam no aeroporto para receber a carga. Segundo o Ministério da Saúde, a remessa faz parte do acordo firmado entre a pasta e a farmacêutica em 19 de março, que totaliza 100 milhões de doses de vacinas até o fim do terceiro trimestre deste ano.

O imunizante, que pode ser aplicado em pessoas a partir de 16 anos de idade, em duas doses, com intervalo de 21 dias entre elas, já tem registro para uso definitivo concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em março deste ano, a Pfizer e a BioNTech assinaram um acordo com o governo brasileiro para o fornecimento de 100 milhões de doses da ComiRNAty até o fim do terceiro trimestre de 2021, com um cronograma de doses crescente ao longo dos próximos meses.

Distribuição entre Estados
Diferentemente das vacinas de Oxford/AstraZeneca e Coronavac, a ComiRNAty, vacina da Pfizer/BioNTech contra a covid-19, exige armazenamento em baixas temperaturas de refrigeração para maior durabilidade do imunizante. A Anvisa aprovou o transporte e armazenamento a uma temperatura de -20ºC por um período único de até duas semanas. A mesma autorização já havia sido concedida nos Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA), equivalente à Anvisa no Brasil.

Além disso, a vacina possui um prazo de validade de seis meses quando armazenada em temperatura de -75°C. A Pfizer disse ainda que desenvolveu uma embalagem inovadora em caixas nas quais o armazenamento da vacina a -75ºC pode se dar por 30 dias, desde que adequadamente preenchida com gelo seco.

A ComiRNAty pode ainda permanecer em refrigerador comum (entre 2º e 8ºC) por até cinco dias. “Essa nova autorização para o armazenamento de nossa vacina contra a covid-19 contribuirá para a logística de vacinação com o imunizante em um País de dimensões continentais como o Brasil”, afirmou Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer Brasil.

Segundo o Ministério da Saúde, a logística de distribuição das doses levará em conta as baixas temperaturas de refrigeração das doses, que chegarão ao Brasil armazenadas em caixas a uma temperatura de -70°C. A distribuição para as 27 capitais do País deve ser iniciada entre esta sexta-feira (30/4) e sábado (1º/5), em uma divisão proporcional e igualitária.

Recebendo as vacinas armazenadas entre -25°C e -15°C, os Estados poderão conservá-las por até 14 dias. “Por este motivo, a distribuição desse lote inicial será feita em duas etapas: primeiramente, serão enviadas aos Estados e Distrito Federal as vacinas destinadas para a primeira dose (500 mil). Uma semana depois, as Unidades Federativas receberão os lotes para segunda dose (500 mil), respeitando o intervalo de aplicação entre uma dose e outra”, afirma a pasta.

Em razão do curto espaço de tempo, a recomendação é que essa primeira remessa com as doses da Pfizer fique restrita às capitais e, se possível, ocorra em unidades de saúde que possuam câmaras refrigeradas cadastradas na Anvisa.

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A REDAÇÃO

Justiça Federal nega pedido de reativação do HCamp de Águas Lindas

Goiânia –  A Justiça Federal em Goiás negou o pedido de tutela de urgência para reativar o Hospital de Campanha de Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, desativado pela União em outubro do ano passado. A ação civil pública foi proposta pelas Defensorias Públicas da União e do Estado de Goiás. A decisão é da juíza Gianne de Freitas Andrade, que acatou argumento da Procuradoria-Geral do Estado de Goiás (PGE) de que houve substancial ampliação da oferta de leitos para tratamento de pacientes com covid-19 no Estado, com a instalação de nove hospitais e adoção de outras medidas.

A magistrada entende que não houve omissão do Estado em relação ao enfrentamento da pandemia. Nos documentos do processo, o governo estadual argumentou que houve a priorização da construção e ampliação de estruturas permanentes, que, de acordo com pesquisas nacionais e internacionais, ainda oferecem menos risco de contágio do que as estruturas provisórias de hospitais de campanha, que não têm a necessária vedação entre os ambientes para impedir a proliferação de vírus.

Em sua defesa, o Estado de Goiás informou que em janeiro de 2020 oferecia 311 leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) e que esse número subiu para 432 em maio de 2020. Atualmente, consta no documento jurídico que existem 924 leitos. Em relação aos leitos de UTI destinados para pacientes com covid-19, a informação é de que o número disponível saltou de 126, em maio de 2020, para 570, em abril de 2021. Consta ainda a argumentação da PGE de que o HCamp de Águas Lindas foi desativado diante da recusa da União em prorrogar o Acordo de Cooperação Técnica nº 01/2020. 
 

“Insta observar que, não obstante a desativação do Hospital de Campanha do Município de Águas Lindas de Goiás, o Governo do Estado de Goiás ampliou, desde o início da pandemia, de forma regionalizada, o número de leitos de enfermaria e de UTI”, ressalvou a juíza federal em sua decisão. “E também não se desconhece a implementação de medidas outras voltadas a conter a disseminação do novo coronavírus e, por conseguinte, desafogar o Sistema de Saúde, como, por exemplo, com a recente edição do Decreto 9.828, de 16/03/2021, pelo Governo do Estado de Goiás, que retomou o revezamento das atividades econômicas antes previstas no Decreto 9.653, de 19/04/2020, tendo em vista o agravamento da emergência em saúde pública decorrente da covid-19”, concluiu a magistrada.

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Covid-19: Goiás registra 1,7 mil novos casos e 57 mortes em um dia

Goiás registrou 1.701 novos casos da covid-19 e 57 mortes pela doença nas últimas 24 horas, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) divulgados na tarde desta quinta-feira (29/4). Com as atualizações, o Estado chega a 549.729 casos da doença e 14.904 óbitos confirmados.

De acordo com a SES-GO, Goiás soma 523.163 pessoas recuperadas. No Estado, há 435.016 casos suspeitos em investigação. Já foram descartados 266.098 casos.? 

Além dos 14.904 óbitos confirmados de covid-19 em Goiás até o momento, o que significa uma taxa de letalidade de 2,71%, há 308 óbitos suspeitos que estão em investigação. 

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O HOJE

Goiânia aplicou 667 doses trocadas

Goiânia foi a segunda capital brasileira com maior número de registros de aplicação de doses trocadas. Segundo dados colhidos no DataSUS, a Capital goiana registrou  667 ocorrências do tipo. O levantamento obedeceu registro de todos os vacinados no primeiro mês de campanha vacinal, entre 17 de janeiro e 17 de fevereiro, e que voltariam a receber a segunda dose até o dia 8 de abril.  Os dados mostram que Goiânia ficou atrás apenas do Rio de Janeiro, que aplicou 1.136 doses trocadas.

A imunologista e presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologista (Asbin), Germana Pimentel Stefani, conta que ainda não se sabe dessa implicação dentro da ciência, pois não foi um cenário programado. “Teoricamente não há risco, mas não dá para afirmar nada sobre essa combinação de vacinas de fabricantes diferentes. O maior risco que pode se ter é a menor proteção, pois, mesmo com aplicação de duas doses, nenhuma proteção foi completa dentro do esquema”, conta.

Além disso, Germana destaca que o posicionamento do Ministério da Saúde será de extrema importância para saber como deverá se proceder sobre eventuais acontecimentos como esses. “O que se sabe é que a pessoa não pode se considerar protegida. A utilização de duas vacinas pode chegar a vir a ser realizada. Um bom exemplo disso é a vacina russa Sputnik V, que utiliza dois vetores virais diferentes para neutralizar o novo coronavírus entre a primeira e segunda dose para potencializar a resposta imunológica, mas, como disse, tudo vai depender do posicionamento do Ministério da Saúde”, pontua.

Efeitos colaterais

A imunologista descarta que a aplicação de duas vacinas de doses diferentes potencialize efeitos colaterais e de possíveis reações adversas, mas que os casos devem ser notificados como erro de imunização. Segundo ela, uma coisa que pode ser levada em consideração é que isso pode se tratar de erro humano na digitação dessas doses na plataforma do Ministério da Saúde. “A gente sabe que o transporte de dados do sistema onde ocorre a aplicação – que é no posto de saúde – até ao Ministério é arcaica. Para você ter uma ideia, uma colega da área foi puxar o extrato de vacinação e constava três doses de vacinas, mas ela tomou apenas duas vezes. Por isso, boa parte desses números podem ser falsos e representar erro de digitação”, afirma.

Estado

O levantamento ainda destaca que Goiás ficou em quinto lugar entre os estados que mais registraram aplicação de doses trocadas. Nesse período, o DataSUS aponta que 1.090 ocorrências foram registradas. Destes, 74 foram de pessoas que tomaram a primeira dose da Coronavac e a segunda da vacina de Oxford/Astrazeneca. Já 1.016 são de goianos que foram vacinados na primeira dose com o imunizante da Oxford/AstraZeneca e reforço aconteceu com o imunizante produzido pelo Instituto Butantan.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que os casos de troca de vacinas estão sendo avaliados por uma equipe técnica da Gerência de Imunização Estadual, mas que, “algumas situações, constatou, na verdade, erro no registro do imunizante pelos municípios e não na administração da dose.”

A nota também reforçou que aguarda a liberação do Ministério da Saúde para que possa haver a correção dos dados no programa oficial do Programa Nacional de Imunizações. “O Estado de Goiás, em parceria com os municípios, realiza capacitações frequentes das equipes de vacinação, para aperfeiçoar o processo de imunização. Em situações adversas, as cidades são orientadas a notificarem os casos de imediato, para acompanhamento técnico”, termina o texto.

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FOLHA DE S.PAULO

Entenda como o governo despejou esforços com cloroquina e outros remédios sem eficácia contra Covid

Mobilização de estrutura federal sob Bolsonaro para incentivar medicamentos contestados é um dos alvos da CPI no Senado

Raquel Lopes

O governo Jair Bolsonaro gastou recursos públicos e mobilizou a estrutura do Estado para incentivar o uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada contra a Covid-19.

São remédios listados em nota informativa do Ministério da Saúde para o chamado tratamento precoce. Tamiflu (fosfato de oseltamivir), cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina compõem o “kit Covid”.

A pasta lançou um aplicativo -o TrateCOV- para a prescrição dos medicamentos, que foi tirado do ar. Na ferramenta, havia também a indicação da ivermectina, cujo uso foi defendido pelo presidente da República.

O governo federal gastou R$ 126,5 milhões com esses remédios para destiná-los a pessoas infectadas com a Covid. Foram distribuídos 31 milhões de comprimidos aos estados.

As ações do governo Bolsonaro em relação aos medicamentos sem eficácia comprovada distribuídos pelo Ministério da Saúde entraram na mira da CPI da Covid instalada nesta semana no Senado.

Auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu que usar verba do SUS (Sistema Único de Saúde) para a distribuição de cloroquina a pacientes com Covid-19 é ilegal.

Qual foi o maior gasto com esses remédios? Foi para a aquisição de Tamiflu, no valor de R$ 125 milhões. O Ministério da Saúde comprou 28 milhões de cápsulas do medicamento.

Como a Folha mostrou, a pasta decidiu apostar no remédio, dentro da estratégia de combate à Covid-19, com o argumento de que a droga seria necessária para evitar superlotação de hospitais por síndromes respiratórias decorrentes do vírus da gripe e do H1N1.

Somente o Ministério da Saúde foi responsável pelos gastos? Não. O Laboratório Químico Farmacêutico do Exército produziu 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina, ao custo de R$ 1,16 milhão, a partir de pedidos feitos pelos Ministérios da Saúde e da Defesa.

Quantos comprimidos foram distribuídos? Segundo o aplicativo LocalizaSUS, do Ministério da Saúde, foram distribuídos 25,4 milhões de comprimidos de Tamiflu, 5,4 milhões de doses de cloroquina e 509 mil de hidroxicloroquina na pandemia.

Como o governo federal fez para entregar os medicamentos aos estados? A Folha mostrou que o governo Bolsonaro mobilizou pelo menos cinco ministérios, uma estatal, dois conselhos da área econômica, Exército e Aeronáutica para distribuir cloroquina, incluindo também a hidroxicloroquina doada pelos Estados Unidos no governo Donald Trump. A doação foi de mais de 3 milhões de comprimidos.

Os medicamentos disponibilizados pelo Ministério da Saúde são eficazes? Esses remédios são usados há décadas para outros objetivos, mas foram descartados pela comunidade científica e médica para o tratamento da Covid-19 por não demonstrarem capacidade de barrar o novo coronavírus, prevenir a doença ou tratá-la.

O que disseram as associações médicas? A AMB (Associação Médica Brasileira) e a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) alertaram em uma nota conjunta que as evidências científicas demonstram que os medicamentos não têm eficácia na prevenção ou no tratamento precoce.

“Esses medicamentos podem trazer é prejuízo para a saúde do paciente ao ser usado para tratamento ao qual não é recomendado. É um debate que continua de maneira irracional, não tem nenhuma discussão a mais a ser feita”, disse José David Urbaez, consultor da SBI.

E o CFM (Conselho Federal de Medicina)? O CFM não recomendou o uso de medicamentos do chamado kit Covid, como a cloroquina, para o tratamento da Covid-19, mas reconheceu a autonomia do médico para prescrevê-los aos pacientes.

Os laboratórios se manifestaram? Das seis farmacêuticas que fabricam cloroquina ou hidroxicloroquina no Brasil, quatro não recomendaram o uso do remédio para tratar a Covid-19.

A farmacêutica Merck (MSD no Brasil) divulgou um comunicado no qual afirmou que não há evidências da eficácia da ivermectina no combate à Covid-19.

Por que esses remédios causaram discussão? Alguns grupos da sociedade civil defendem os medicamentos. O Movimento Legislação e Vida busca interlocutores do Palácio do Planalto para que o Ministério da Saúde divulgue “de modo significativo essa linha terapêutica”.

Apesar de não ter a eficácia comprovada, Bolsonaro defende o uso de cloroquina e ivermectina, ao mesmo tempo em que resiste a se vacinar contra a Covid.

Na quarta-feira (28), o presidente voltou a dizer que, se contrair novamente a doença, como já ocorreu no ano passado, ele voltará a usar cloroquina.

“Se eu tiver um novo vírus aí, eu vou tomar de novo, eu me safei em menos de 24 horas, assim como milhões de pessoas”, disse Bolsonaro, ignorando a falta de evidências científicas.

O governo recentemente passou a adotar a narrativa de que apenas disponibilizou os medicamentos para os entes federados que solicitaram a cloroquina, por exemplo, e que a decisão final cabe aos médicos.

As medidas foram alvo de órgãos de controle e fiscalização? Sim. Uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu que o uso de dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde) para a distribuição de cloroquina a pacientes com Covid-19 é ilegal.

Segundo o tribunal, o fornecimento na rede pública de medicamentos para uso “off label” -fora do previsto na bula- só pode ocorrer se houver autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O órgão regulador não concedeu a autorização.

Todos os ministros da Saúde do governo Bolsonaro concordaram com as políticas de enfrentamento à Covid? Não. Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich deixaram a pasta por desentendimentos com o presidente.

Teich entregou o cargo antes de completar 30 dias à frente do ministério, após receber ultimato de Bolsonaro para defender o uso da cloroquina.

Ele foi substituído pelo general da ativa Eduardo Pazuello , que seguiu à risca o receituário do presidente.

Com Marcelo Queiroga, como a pasta lidou com o assunto? Antes de se tornar ministro, afirmou que a cloroquina, por exemplo, não integraria a estratégia de enfrentamento da pandemia, mas remédios com evidência científica comprovada contra a Covid.

Em entrevista à Folha, disse que não chegou ao ministério para discutir cloroquina, mas para gerir a pasta. E acrescentou que havia chamado a comunidade científica, os técnicos do ministério e médicos assistenciais para discutir um caminho de convergência em cima das condutas que comprovadamente funcionam.

Algum medicamento contra a Covid já foi aprovado no Brasil? Sim. Dois medicamentos foram aprovados pela Anvisa para o tratamento da Covid-19: o remdesivir e o regn-cov2.

O que disse a Anvisa sobre os medicamentos? O remdesivir é indicado para pessoas hospitalizadas com quadro de pneumonia e que precisam de suporte de oxigênio.

O remédio apresentou benefícios na redução da mortalidade e diminuição da necessidade de ventilação mecânica, além de queda do tempo de internação.

O regn-cov2 é recomendado para casos leves e moderados da Covid-19 em pessoas que apresentem alto risco de progressão da doença. A terapia pode ajudar a evitar a hospitalização e mortes.

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Assessoria de Comunicação