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DESTAQUES
Pesquisa da UFG identifica novas informações sobre atividade imunológica e metabólica de pacientes com Covid-19
Ministério da Saúde tem 9,8 milhões de testes parados por falta de insumos
Pacientes graves de covid-19 podem transmitir vírus por até 3 semanas, diz líder técnica da OMS
Com 2,5 milhões de casos, Brasil passa dos 90 mil óbitos
Formação médica deve mudar após a pandemia
Saúde quer sugestões sobre protocolo para tratamento de obesidade
Hermes Pardini: Alexa e a realidade aumentada para uso dos pacientes
Hospital Lúcio Rebelo reabre para atender pacientes de covid-19
Com 70% dos pulmões comprometidos, Felizberto diz que viu a “morte de perto”
Pacientes esperam horas para conseguir transferência por ambulâncias do Samu em Goiânia
UFG aponta alvo para tratamento da Covid-19
Cirurgião recebe alta de hospital
Estabilidade em leitos de UTI
PORTAL G1
Pesquisa da UFG identifica novas informações sobre atividade imunológica e metabólica de pacientes com Covid-19
Por meio da análise da ação do vírus no organismo, os pesquisadores também descobriram possíveis alvos terapêuticos de combate à doença.
Por Danielle Oliveira, G1 GO
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) identificaram novas informações sobre a atividade imunológica e metabólica dos pacientes com Covid-19. Durante os estudos, eles analisaram a ação do novo coronavírus no corpo humano e identificaram possíveis alvos para o tratamento da doença.
O professor Luiz Gustavo Gardinassi liderou a equipe de pesquisadores do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, responsável pela pesquisa. Em entrevista à rádio CBN nesta quarta-feira (29), o professor disse que eles usaram como metodologia de estudo as análises computacionais.
“Pesquisadores de outros países fizeram pesquisas com amostras de sangue ou pulmão e, a partir disso, percebemos que o método de análise que eles utilizaram podia não ser tão sensível. A gente resolveu reanalisar esses dados e, a partir dessa revisão com métodos que a gente entende que são mais sensíveis para identificar essas alterações, conseguimos extrair novas informações sobre a doença”, afirmou.
Segundo ele, entre as descobertas do estudo está a informação de que uma pessoa com a doença tem uma “considerável” redução das células de defesa no organismo, que são importantes para combater infecções virais. Além disso, alguns pacientes não conseguem ativar respostas antivirais, que poderiam evitar a replicação do vírus.
De acordo com Gardinassi, o estudo também descobriu que uma característica comum de pacientes infectados com o novo coronavírus é a redução “na expressão” de alguns genes responsáveis pela defesa do organismo. No entanto, a pesquisa também observou que existem outras células do sistema imune que demonstraram aumento.
“Quando a gente se infecta por um vírus, a gente desenvolve uma resposta antiviral natural do nosso próprio corpo. A gente avaliou que alguns indivíduos com coronavírus não são capazes de montar essa resposta eficiente, e sem isso, ele fica indefeso contra aquele vírus, que pode continuar se replicando”, explicou.
A pesquisa também comparou doentes com Covid-19 a pacientes infectados com outras doenças respiratórias, como a Influenza. A comparação mostrou que as respostas do sistema imune de ambas doenças são semelhantes, porém, os pacientes com Influenza conseguem ativar os genes responsáveis pela defesa do organismo, ao contrário de alguns pacientes com Covid-19.
“O vírus acomete principalmente o pulmão. A gente sabe que ele é um vírus respiratório, entretanto, o indivíduo que não consegue controlar a replicação desse vírus, ele pode passar para circulação sanguínea e atingir outros órgãos. Um órgão muito afetado e pouco falado são os rins. Outros, tem problemas cardíacos, e tudo isso tem que ser levado em consideração”, explicou.
O professor acredita que o desenvolvimento de pesquisas como esta servem para entender a ação do novo coronavírus, permitindo desenvolver estratégias, além de fortalecer possibilidades de tratamento.
“É preciso também avaliar pessoas que infectaram e se curaram, para saber se elas não vão ter a longo prazo efeitos dessa infecção primária, que podem ter algum efeito tardio. Então, isso é uma coisa muito importante para a gente avaliar essas outras funções no corpo do indivíduo”, pontuou.
Alvos terapêuticos
Os pesquisadores também analisaram a atividade metabólica dos pacientes com Covid-19 e identificaram “vias metabólicas” que podem servir de possíveis alvos terapêuticos de combate à doença. Luiz explicou que essas vias metabólicas estão envolvidas na manutenção da energia e na função das células de defesa ativadas pelo organismo.
“Durante a Covid, a gente tem uma inflamação sistêmica, que é uma resposta intensa do nosso organismo à infecção, e isso é o que leva, principalmente, aos sintomas, por exemplo, as falhas respiratórias […]. Com nossos resultados do estudo, a gente tem outras possibilidades para tentar inibir essa inflamação”, relatou.
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PORTAL TERRA
Ministério da Saúde tem 9,8 milhões de testes parados por falta de insumos
BRASÍLIA – Quase seis meses após decretar o estado emergência pela covid-19 no País, o Ministério da Saúde ainda guarda em seus estoques 9,85 milhões de testes, segundo documentos internos da pasta aos quais o Estadão teve acesso. O número é quase o dobro dos cerca de 5 milhões de unidades entregues até agora pelo governo federal aos Estados e municípios. O exame encalhado é do tipo RT-PCR, considerado "padrão-ouro" para diagnóstico da doença.
O principal motivo para os testes ficarem parados nas prateleiras do ministério é a falta de insumos usados em laboratório para processar amostras de pacientes. Isso porque, segundo secretários de saúde locais, não adianta só enviar o exame, mas também é preciso distribuir reagentes específicos.
O governo federal comprou os lotes de exames, mas sem ter garantia de que haveria todos esses insumos, indispensáveis para usar os testes. Estes produtos não são entregues "com regularidade" pela pasta, afirma o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Questionado pela reportagem, o Ministério da Saúde afirmou que teve dificuldades para encontrar todos os insumos no mercado internacional, mas que está estabilizando a distribuição conforme recebe importações de fornecedores. A pasta não explicou se houve alerta dos técnicos durante o planejamento sobre o risco de os testes ficarem parados pela falta de insumos. Também não informou quantos reagentes usados na etapa de extração das amostras foram entregues.
A escassez causa uma espécie de efeito cascata nos Estados, que ficam com seus locais de armazenamento lotados com os testes recebidos à espera dos demais produtos. "No primeiro momento não tínhamos testes porque estavam escassos. A Fiocruz começou a produzir, além de laboratórios privados. Aí começou a faltar tubo, material de extração, depois de magnificação", afirma o professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Gonzalo Vecina. "Agora está faltando só competência. Falta só disposição do Estado para distribuir, coletar e processar", acrescenta ele, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e colunista do Estadão.
Dados apresentados na sexta-feira pelo ministério mostram que o Brasil realizou 2,3 milhões de testes do tipo RT-PCR para a covid-19, sendo 1,4 milhão na rede pública e 943 mil, na privada. No mesmo período, o País fez outros 2,9 milhões de testes rápidos, que localizam anticorpos para a doença, mas não são indicados para diagnóstico.
Como o Estadão revelou no dia 13, a entrega incompleta do kit faz o Brasil se distanciar da meta de exames para a covid-19. Além da falta dos reagentes, o ministério entregou poucos equipamentos para coletar e armazenar amostras de pacientes. Dados da pasta mostram que só 1,6 milhão de cotonetes (swab) e 873,56 mil tubos de laboratórios foram enviados até a semana passada – número bem abaixo dos 5 milhões de testes.
Secretário executivo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Mauro Junqueira reforça que os testes ficaram estocados pelo Brasil pela falta de todo o equipamento para a análise. "Não tinha o material de extração. Chegou incompleto. Foi feito um acordo e (a compra) está sendo centralizada. Já melhorou muito nas últimas semanas", disse.
Técnicos do ministério chegaram a projetar que o País realizaria 110,5 mil testes por dia, mostra ata do Centro de Operações de Emergência (COE) da pasta, de 4 de junho. A média diária em julho, porém, foi de 15,5 mil exames, segundo último boletim epidemiológico da Saúde.
Em ata do COE, de 4 de junho, técnicos da pasta colocaram como "pontos críticos" a falta de insumos para coleta e processamento das amostras.
Apesar do atraso nos diagnósticos, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, já minimizou a falta de testes. "Criaram a ideia de que tem de testar para dizer que é coronavírus. Não tem de testar, tem de ter diagnóstico médico para dizer que é coronavírus. E, se o médico atestar, deve-se iniciar imediatamente o tratamento", afirmou em entrevista à revista Veja no último dia 17.
A falta de testagem se reflete no alto número de casos sem diagnóstico adequado. Até 18 de julho, o Brasil registrou 441.194 internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sendo 213.280 para covid-19. Há ainda mais de 80 mil internações em investigação e 141,6 mil classificadas como síndrome "não especificada".
Na opinião da presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Gulnar Azevedo, os exames encalhados no ministério evidenciam a falta de integração entre governo federal, Estados e municípios.
Entrega e armazenamento
De acordo com dados do ministério, obtidos pelo Estadão, a União já fechou contratos para receber 23,54 milhões de testes RT-PCR, por R$ 1,58 bilhão. A pasta ainda espera a entrega de 8,65 milhões de unidades para depois repassar a Estados e municípios. Sobre o estoque de kits parados, o Ministério da Saúde disse que os Estados "não possuem capacidade para armazenar uma grande quantidade de insumos de uma só vez". E portanto, "os testes em estoque são distribuídos à medida que os Estados demandam".
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O ESTADO DE S.PAULO
Com 2,5 milhões de casos, Brasil passa dos 90 mil óbitos
INTERIORIZAÇÃO
País completou seis semanas com média diária de mortes pelo novo coronavírus igual ou superior a mil
Sandy Oliveira
Pouco mais de quatro meses após registrar seu primeiro óbito por covid-19, o Brasil ultrapassou ontem a triste marca de 90 mil vidas perdidas pela doença. Em 134 dias, houve o registro de 90.188 óbitos no País em decorrência da infecção pelo novo coronavírus. Ontem, também o Brasil alcançou a marca mais de 2,5 milhões de casos confirmados da doença.
O Brasil completou seis semanas com média diária de mortes pelo novo coronavírus igual ou superior a mil. Nos últimos sete dias, foram 1.043 óbitos, segundo dados do levantamento realizado pelo consórcio de veículos da imprensa que reúne Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL.
O País registrou ontem 1.554 mortes e 70.869 novas infecções de coronavírus nas últimas 24 horas, os números são os maiores registrados desde o início da pandemia, e foram impulsionados pelo Estado de São Paulo, que somou as mortes de terça e ontem por não ter divulgado boletim no dia anterior.
O balanço mais recente do Ministério da Saúde mostra que 1.787.419 pessoas já se recuperaram do coronavírus no País.
Sobre os infectados, já são 2.555.518 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 70.869 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 46.235 por dia, registrados nas últimas duas semanas.
O Brasil é o segundo país com mais casos de covid-19. Só perde para os Estados Unidos, que somam 4.401.599 contaminações confirmadas, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. O terceiro país mais afetado é a Índia, com 1.531.669 casos. Os três juntos são responsáveis por quase metade de todos os casos registrados no mundo.
A dinâmica do avanço do novo coronavírus pelos Estados brasileiros teve uma mudança no decorrer do último mês. Nas regiões Sul e Centro-Oeste houve um crescimento mais acelerado da pandemia quando comparamos com os demais Estados, enquanto São Paulo e Rio de Janeiro, epicentros reconhecidos como os mais impactados desde o início, passaram por semanas de ligeira desaceleração.
Especialista em geografia da saúde da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Raul Borges Guimarães afirma que a covid-19 chegou praticamente a todos os lugares do País. "Temos várias epidemias dentro de um único País e ocorrendo ao mesmo tempo. Neste momento, a gente percebe uma aceleração muito forte em Santa Catarina, Goiás e no Mato Grosso do Sul, com um número muito alto de casos" explica.
Segundo Guimarães, no ritmo de contagio atual, o país ainda perderá muitas vidas até que haja um processo de desaceleração. "Não se reduz drasticamente de um dia para o outro os números. O Brasil está condenado a ter um volume de mortos, dos mais altos do mundo, por conta desse ritmo que a gente não conseguiu controlar. A falta de uma articulação nacional está fazendo muito falta neste momento." Enquanto o Brasil atinge 2,5 milhões de casos, o Ministério da Saúde completa quase três meses sem ministro.
Consórcio de veículos. O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação, que uniram forças para coletar junto às secretarias estaduais de Saúde e divulgar os números totais de mortos e contaminados. A iniciativa é uma resposta à decisão do governo de restringir o acesso a dados sobre a pandemia.
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Pacientes graves de covid-19 podem transmitir vírus por até 3 semanas, diz líder técnica da OMS
Estudos preliminares mostram que doentes graves passam o vírus por mais tempo, em comparação com pessoas com a forma leve ou moderada
A líder técnica da resposta ao coronavírus da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, disse nesta quarta-feira, 29, que pessoas que apresentam o quadro grave da covid-19 podem transmitir o vírus por até três semanas após início dos sintomas, enquanto esse período para pacientes com a forma leve ou moderada é de até nove dias.
"Estamos usando essa informação para saber por quanto tempo alguém precisa ser isolado, para prevenir a transmissão para outros", afirmou Maria durante live de perguntas e respostas da OMS para o público geral.
Ela aponta que, embora pacientes que apresentam a forma severa da doença transmitam por mais tempo, eles já estão nos hospitais e isolados.
Apresentados por laboratórios parceiros da organização, os dados desses estudos ainda são limitados. A pesquisa referente aos casos graves está em pré-print – ou seja, não foi revisada por pares.
Segundo a líder técnica, também é importante ter conhecimento desse período porque mesmo o teste PCR – coletado por cotonete no nariz e garganta – pode dar positivo por um longo período de tempo. "Mas isso não significa, necessariamente, que essas pessoas são infecciosas, que podem transmitir o vírus para outros", explicou.
Maria reiterou que a OMS recomenda isolamento de todos os casos como forma de diminuir o contágio pelo coronavírus . É importante que todos os casos sejam identificados, mesmo os assintomáticos, porque eles também podem transmitir .
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Formação médica deve mudar após a pandemia
A ideia é reforçar, nos futuros profissionais, a importância de se valer o conhecimento científico na hora de estabelecer tratamentos
Os desafios da pandemia de covid-19 e a polêmica em torno da prescrição, por muitos médicos, de drogas sem eficácia comprovada contra a doença devem resultar em algumas mudanças nos cursos de Medicina. A ideia é reforçar, nos futuros profissionais, a importância de se valer o conhecimento científico na hora de estabelecer tratamentos.
Relação que pode parecer óbvia, a Medicina e a ciência nem sempre andam de mãos dadas. O contraste entre dezenas de estudos científicos mostrando que a hidroxicloroquina não traz melhora para casos graves nem leves de covid-19 e a recomendação recorrente do remédio por alguns médicos tornou isso evidente.
Há um fator de pressão política e também dos próprios pacientes, como revelou reportagem do Estadão no último domingo, mas também há muitos médicos que prescrevem com convicção, como alguns deixam claro em vídeos que se tornaram populares na internet e em sites que dizem falsamente haver um tratamento para a doença.
No Brasil e no mundo, entidades de classes e especialistas em educação médica começam a discutir aprimoramentos que talvez sejam necessários para deixar os futuros médicos mais adaptados para lidar com esse tipo de desafio.
"Não é só a hidroxicloroquina, mas a gente tem de insistir no desenvolvimento do pensamento crítico. É importante sempre pensar, refletir sobre o que está fazendo, não só em relação à prescrição de medicamentos. O ensino médico pós-pandemia vai ter de ser aperfeiçoado, e o mundo inteiro está discutindo isso. Os cursos de Medicina após a covid não devem ficar iguais, por melhores que fossem antes da pandemia", afirma Milton de Arruda Martins, presidente da Comissão de Graduação da Faculdade de Medicina da USP.
Especialista em educação médica, Martins defendeu em eventos sobre o tema na semana passada – conduzidos pela Academia Nacional de Medicina e pelo Instituto Questão de Ciência – que o currículo passe por reformas para valorizar mais, entre outros pontos, a Medicina Baseada em Evidência.
Martins afirma se sentir intrigado que muitos médicos ainda prescrevam a cloroquina. "Precisamos entender se é um problema de formação ou de contexto. Provavelmente é uma coisa complexa, com um pouco de cada coisa, mas acho que tem de ser reforçado o papel da formação científica, de como as evidências sobre medicamentos se constroem e quando que um determinado medicamento tem suficiente comprovação para ser recomendado para a sociedade", diz o médico.
Sociedade. Professor de Medicina Baseada em Evidências da Escola Bahiana de Medicina, Luis Cláudio Correia costuma brincar que seu sonho é o dia que sua disciplina não seja mais necessária nas faculdades – porque toda a Medicina funcionaria dessa forma. Mas pondera que o problema não é só da cultura médica, mas da sociedade como um todo.
"O paradigma da Medicina Baseada em Evidências é bem reconhecido pela classe médica, mas é relativamente recente e ainda está em evolução. Numa situação como essa da pandemia, fica evidente que ainda é uma coisa sendo implementada. E é claro que o ensino pode ser aprimorado, ser mais enfatizado. Mas tem de ter também uma evolução cultural da sociedade. Um evolução em prol da racionalidade, contemplando a ciência como pilar importante na tomada de decisão", defende.
Além de aumentar o foco no conhecimento científico, a pandemia deve promover outras mudanças no ensino de Medicina. A mais prática delas pode ser a adoção de modelos híbridos de ensino, com uma parte do curso a distância – algo que era impensável até antes da chegada do novo coronavírus.
"Com a suspensão das atividades presenciais, uma parte das escolas médicas adotou o ensino remoto. Isso nos trouxe aprendizados de que podemos ter uma parte da formação remota", afirma Nildo Alves Batista, presidente da Associação Brasileira de Educação Médica.
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ISTOÉ
Saúde quer sugestões sobre protocolo para tratamento de obesidade
O Ministério da Saúde abriu, nessa quarta-feira (29), consulta pública para receber contribuições sobre o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Sobrepeso e Obesidade em adultos.
Representantes da sociedade civil e profissionais de saúde podem contribuir por meio de produções científicas ou relatos de experiências até o dia 10 de agosto.
De acordo com a pasta, o material foi elaborado para subsidiar profissionais, gestores e usuários para a importância de práticas de cuidado multiprofissionais como instrumento para prevenção e controle da obesidade e do sobrepeso no país.
O protocolo tem informações sobre prevenção, diagnóstico e tratamento da condição de sobrepeso e obesidade. Inclui ainda orientações relacionadas ao monitoramento, além de indicações para gestores.
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MEDICINA S/A
Hermes Pardini: Alexa e a realidade aumentada para uso dos pacientes
A primeira é o laudo com realidade aumentada. A câmera do celular permite que os resultados apareçam em relevo para os clientes, de forma bem mais atrativa do que se vê hoje em papel ou na internet. Além disso, há um conteúdo exclusivo, com áudio e vídeo, com informações relacionadas aos exames realizados. "Nós não vamos dar diagnóstico, mas explicaremos para a pessoa a importância, por exemplo, das plaquetas no corpo humano", explica Fernando Dantas, gerente executivo de Experiência Digital do Pardini. "A ideia é que a pessoa interaja com a sua própria saúde", acrescenta. A ferramenta foi disponibilizada inicialmente para exames como Glicemia, Magnésio, Sódio e Potássio de clientes das unidades de São Paulo e Minas Gerais, mas em breve será aplicada também a outros resultados.
A segunda inovação trata-se de uma nova experiência para os clientes, que terão acesso a notificações e também entrega de resultados através do novo skill da assistente virtual de voz Alexa, já disponível na loja Amazon. Sem abrir aplicativo, site ou qualquer outra plataforma, o cliente utiliza a ferramenta de inteligência artificial, para acessar e receber seus resultados com rapidez, segurança e comodidade. Essa ferramenta também será direcionada aos médicos e está em fase de implantação. Segundo João Vicente Alvarenga, diretor de TI e Digital do Grupo, a expectativa é que o consumidor se torne cada vez mais exigente em relação aos serviços digitais. "A experiência tende a se nivelar por cima. A régua irá subir, independente do ramo de atuação da companhia. Não adianta mais digitalizar por digitalizar. Sem um serviço digitalizado simples, humano e eficaz os clientes se afastarão", pontuou João Alvarenga.
O aplicativo, totalmente revitalizado em parceria com a DTI Digital, disponível na Play Store e Apple Store, oferece outras comodidades como pré-atendimento, agendamento, coleta domiciliar, resultado de exames com realidade aumentada e gráfico evolutivo, informações sobre unidades, exames, serviços e vacinas. Outra novidade no App é que os resultados de exames de estarão disponíveis em um espaço de destaque pode ser compartilhado facilmente por diversos meios com validação de autenticidade por QRCode.
Não é de hoje que o Pardini investe em tecnologia. A empresa foi a primeira da área de saúde a disponibilizar o Chatbot, com agendamento e resultado de exames por WhatsApp. Praticidade que foi extremamente bem recebida entre os clientes. Também implementou em suas unidades o totem de autoatendimento, que permite atender mais gente, com menos recurso, de forma automatizada.
Mais uma solução de sucesso no Grupo é o cadastro prévio on-line, que permite que o cliente chegue ao laboratório e vá direto para a parte de realização do exame, sem passar pelo guichê de atendimento da recepção. E para as crianças tem o óculos com realidade virtual, que ajuda a tornar o momento da vacinação e exames menos traumatizantes. Distraídas com o vídeo, as que têm medo de agulha ficam mais relaxadas, diminuindo a dor no momento da aplicação.
Para o mercado B2B também há novidades tecnológicas. O Grupo Pardini lidera o mercado Lab-to-Lab, onde estão cerca de seis mil hospitais e clínicas que contam com o serviço de apoio laboratorial da companhia. Esses clientes contam agora com diversas melhorias no My Pardini – https://www.mypardini.com.br/ um ambiente digital exclusivo com diversos serviços de conveniência e conteúdos para os laboratórios parceiros explorarem todas as vantagens de ser conveniado ao Grupo. E-books gratuitos com orientações diversas para download. O primeiro: "Orientações Técnicas Sobre o Diagnóstico da Covid-19", já está disponível. Blog com informações atualizadas sobre os serviços oferecidos aos clientes, assuntos de interesse da área da saúde e dia a dia dos laboratórios. E a newsletter, para receber via e-mail, todas as atualizações da página.
"Nós sabemos da importância de usar a tecnologia para melhorar a experiência dos nossos clientes", explica Alessandro Ferreira, vice-presidente do Pardini. "Nosso objetivo é aproximar as pessoas da sua saúde, fazendo com que elas se interessem cada vez mais pelo assunto, se cuidem e tenham uma qualidade de vida melhor", conclui. De acordo com o VP, as inovações tecnológicas, além de contribuir para mais comodidade no atendimento, vão ao encontro do propósito da companhia de facilitar o acesso ao diagnóstico médico "levando soluções em saúde para as pessoas, onde quer que elas estejam" reforçou Alessandro.
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A REDAÇÃO
Hospital Lúcio Rebelo reabre para atender pacientes de covid-19
Goiânia – O Hospital Lúcio Rebelo, em Goiânia, será reaberto nesta semana para tratamento de pacientes de covid-19. A volta do funcionamento, após dois anos fechado para recuperação judicial, vai garantir aumento de oferta de 130 leitos para tratamento contra a doença.
O hospital passa pela fase final de reforma e deverá abrir neste sábado (1/8), com 70 UTIs e 60 enfermarias, destinados a pacientes de todo o Estado de Goiás.
Segundo a Organização Social Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar (IBGH), que administra a unidade, 60% dos leitos serão destinados ao SUS e as vagas restantes serão destinadas ao atendimento de convênios particulares.
A unidade vai receber apenas pacientes com quadro suspeito ou confirmado para covid-19.
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JORNAL OPÇÃO
Com 70% dos pulmões comprometidos, Felizberto diz que viu a “morte de perto”
Por Felipe Cardoso
Vereador e pré-candidato a prefeitura de Goiânia segue internado na enfermaria sem previsão de alta e afirma ter tomado todos os tipos de medicamentos possíveis, inclusive cloroquina
**Por Mirelle Irene e Felipe Cardoso
O vereador e pré-candidato à prefeito de Goiânia, Felizberto Tavares (Podemos), segue internado sem previsão de alta. O Jornal Opção conversou com o vereador, que foi acometido pela Covid-19 e segue com cerca de 70% dos pulmões comprometidos, sobre seu estado de saúde e como tem sido conduzido o tratamento.
Já há quatro dias fora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Felizberto disse que já se sente melhor, mas garante que viu a “morte de perto”. “Praticamente passei para o lado de lá. Se meu pulmão tivesse piorado 2% ou 3% talvez eu não alcançasse essa recuperação”.
O vereador afirma ter tomado todos os tipos de medicamentos possíveis, inclusive cloroquina, e lamenta o fato da doença ter sido politizada no âmbito da saúde pública. “Alguns seguem um protocolo que outros demonizam. O bolsonarista faz de um jeito, o caiadista de outro, o esquerdista de outro”, disparou.
O pré-candidato a prefeito de Goiânia disse acreditar ter sido vítima da desorganização e falta de sintonia da saúde pública.
“Primeiro porque eles liberam você passando amoxicilina; o médico que ficou mais próximo de mim ficou por uns 3 minutos, o resultado da tomografia não me deram e simplesmente me mandaram para casa”, desabafa.
Com a maior parte dos pulmões comprometidos, Felizberto descreveu a sensação que ainda tem ao tentar respirar fundo: “é como se eu estivesse aspirando uma chama de fogo”.
Projeto político
A situação pela qual Felizberto passou e ainda passa serviu para reafirmar tudo aquilo que ele diz acreditar como indispensável para a saúde pública de Goiânia.
“Precisamos promover uma medicina mais humanizada. Precisamos estimular os profissionais, valorizar aqueles que estão na linha de frente. Outro fato indispensável é o investimento em medicina preventiva, não podemos permitir que esse tipo de situação evolua”.
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TV ANHANGUERA
Pacientes esperam horas para conseguir transferência por ambulâncias do Samu em Goiânia
https://globoplay.globo.com/v/8736936/programa/
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O POPULAR
UFG aponta alvo para tratamento da Covid-19
Pesquisadores demonstram que o sistema imunológico pode ajudar o coronavírus no ataque aos pulmões
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) identificaram possíveis alvos terapêuticos para o tratamento da Covid-19. A equipe ligada ao Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) observou comportamentos atípicos do sistema imunológico, que, por ativar uma resposta "exagerada" ao novo coronavírus (Sars-CoV-2) em alguns pacientes, acaba contribuindo para formas mais graves da doença, que já matou mais de 660 mil pessoas em todo o mundo – 90 mil delas no Brasil e 1,5 mil em Goiás.
O trabalho, coordenado pelo professor Luiz Gardinassi, descobriu que o organismo de parte dos infectados não consegue produzir uma resposta viral eficiente. Por outro lado, o sistema imunológico deles produz células que mantêm o processo inflamatório prolongado. Assim, se torna um "aliado" do vírus contra a atividade pulmonar.
Gardinassi explica que, apesar de a equipe ter se concentrado na análise do comportamento do vírus no sangue e nos pulmões, o mesmo padrão se repete em outros órgãos, como coração e rins. "Tem sido observado que as mortes por Covid-19 estão relacionadas a múltiplas falhas", lembra.
A pesquisa foi realizada de forma totalmente computadorizada. Por meio de informações disponíveis em bancos de dados de vários países, como Estados Unidos e China, foram analisados 600 pacientes com Covid-19, Sars-CoV-1 e Influenza. De acordo com Gardinassi, a resposta do sistema imunológico nestas doenças respiratórias é semelhante.
"Há um pico inicial (do sistema imunológico), que depois diminui, por meio da regulação de um mecanismo de regulação", explica o professor. Mas, por algum motivo ainda não totalmente desvendado, no caso da Covid-19 o corpo, ao lutar contra a infecção, acaba "ativando demais" a resposta em parte dos pacientes.
A principal questão a ser respondida, segundo o pesquisador, é por que em algumas pessoas esse "freio" não funciona. Conforme Gardinassi, algumas doenças podem estar envolvidas, como a hipertensão ou diabetes – que, por não metabolizar a glicose, promove uma oferta abundante de energia para determinadas células.
A descoberta abre portas para a adoção de algumas terapias para tratamento de complicações ligadas à Covid-19, já que não existe, ainda, um medicamento com eficácia comprovada contra o próprio vírus. O professor lembra que há estudos no mundo todo sobre a ação de corticoides com esta finalidade. "Alguns remédios, como a dexametasona, têm se mostrado eficientes para ajudar a frear a reação inflamatória", lembra.
Além de Gardinassi, a equipe é formada por Camila Souza, Helioswilton Sales e Simone Fonseca. O artigo foi publicado na revista científica Frontiers in Immunology.
Goiás tem mais de 63 mil casos
Em Goiás existiam, até quarta-feira (29), 63.385 testes positivos do novo coronavírus. O número teve acréscimo de 1.795 casos nas últimas 24 horas. No Estado ainda existem 122.502 pessoas que têm sintomas característicos da doença e estão sendo monitorados. Outros 54.852 já foram descartados depois de exames laboratoriais.
Considerando apenas as mortes, Goiás chegou a 1.534 nesta quarta. Isso reflete em uma taxa de letalidade de 2,42%. A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) informou que ainda existem 66 óbitos suspeitos que estão em investigação para verificar a relação como a Covid-19. A pasta também informou que, até agora, já foram descartadas 803 mortes suspeitas nos municípios goianos.
A SES também informou que os idosos representam a maioria das vítimas da Covid-19 em Goiás. Das 1.534 mortes, 1.126 são de pessoas que já passaram dos 60 anos. Ao todo foram 364 vítimas entre 60 e 69 anos; 372 vítimas entre 70 e 79 anos e 390 vítimas com mais de 80 anos.
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Cirurgião recebe alta de hospital
O cirurgião geral e clínico Joaquim Inácio de Melo Júnior, que estava internado com Co-vid-19 desde o último dia 10 de julho, recebeu alta médica na última segunda-feira (27). O médico chegou a conceder uma entrevista à TV Serra Dourada, mesmo após ser diagnosticado com o novo coronavírus (Sars-CoV-2), e defendeu o uso de medicamentos como a ivermectina para protilaxia e prevenção à doença. Ele afirmou que estava no oitavo dia da doença e que se sentia muito bem. Dias depois, entretanto, precisou ser internado e transferido para um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) no Hospital Anis Rassi.
Joaquim Inácio trabalha no Hospital Geral de Goiânia (HGG), mas estava afastado das funções desde o início da pande-mia, por estar entre a faixa etária considerada de risco. Ele também atende em uma clínica particular de Trindade. No dia da internação, gravou um vídeo para a família para dizer que estava bem e que, naquele momento, para a segurança dele e de toda a família, a hospitalização era o mais indicado.
Após a internação, familiares e amigos começaram uma campanha nas redes sociais para que pessoas que com sangue tipo A positivo ou AB, desde que recuperadas da doença, procurassem o Hemolabor para a doação de plasma.
O cirurgião faz parte de um grupo de profissionais que defende a utilização destes remédios para prevenção da Covid-19 e que apoiou a distribuição dos medicamentos em uma igreja de Aparecida de Goiânia no dia 5 de julho. O mesmo grupo encaminhou um manifesto ao Ministério Público Federal depois que houve recomendação para que prefeitura e governo do Estado ofertassem os remédios para que fossem prescritos nas unidades públicas de saúde.
Na entrevista à TV Serra Dourada, Joaquim chegou a dizer que não havia procurado médicos especialistas no início da doença e que havia tomado a ivermectina como prevenção, assim como receitou para mais de cem pacientes. (Catherine Moraes e Cristiane Lima)
Goiânia passa de 440 mortes
Goiânia tinha, na quarta-feira (29), 16.018 confirmações do novo coronavírus. O número teve acréscimo de 607 casos nas últimas 24 horas. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ainda informou que o total de mortes chegou a 441, com mais 12 confirmações desde esta terça-feira (28).
A SMS informou que o total de curados chegou a 13.798. Outras 371 pessoas seguem internadas para tratamento e 1.408 estão isoladas e monitoradas por equipes de saúde depois de testarem positivo e apresentarem sintomas leves, sem gravidade.
Considerando apenas as 441 mortes, o boletim mostra que 258 vítimas eram do sexo masculino e 183, do sexo feminino. A maioria das vítimas era idosa. Ao todo. 341 pessoas já tinham passado dos 60 anos. Os sintomas mais comumente apresentados pelas vítimas foram falta de ar, tosse e febre.
A SMS ainda informou que 14.545 dos infectados não precisaram de internação para se recuperarem. Outras 1.473 foram hospitalizadas, sendo que 667 em Unidades de Terapia Intensiva (UTl). Do total de infectados, 14.649 não tinham qualquer relação profissional com a área da saúde. (Cristiane Lima)
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Estabilidade em leitos de UTI
Levantamento feito pelo POPULAR mostra que média semanal entre os dias 19 e 25 de julho ficou semelhante à da semana anterior em Goiânia, após período de forte crescimento
A média semanal de leitos de UTI para Covid-19 ocupados em Goiânia apresentou tendência de estabilidade entre os dias 19 e 25 de julho tanto na rede municipal como em parte da rede particular que divulga os dados por meio de boletins diários. Antes, a média de leitos ocupados entre domingo e sábado estava subindo semana após semana desde pelo menos abril, conforme monitoramento feito pelo jornal.
Levantamento feito pela reportagem com base em dados que estão disponíveis diariamente nos sites da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) e da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia e em relatórios da Associação dos Hospitais de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) mostra que o total de leitos ocupados foi praticamente o mesmo em relação à semana entre os dias 12 e 18 de julho.
Apesar desta estabilidade, a semana que se encerrou no dia 25 (sábado) foi também a que registrou mais pessoas internadas em um único dia tanto no Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC) como nos outros nove hospitais conveniados à rede municipal. Desde que foi inaugurado, no dia 6 de abril, o HMMCC teve dois picos de leitos ocupados, conforme o levantamento do POPULAR, nos dias 20 e 22 de julho.
Já nos outros hospitais que oferecem leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), após duas semanas de relativa estabilidade, em uma média de 90 vagas ocupadas diariamente, passou a registrar um novo aumento justamente a partir do dia 25, chegando a 100 pacientes internados no dia 28.
Todos os dias, desde 19 de abril, o POPULAR entra diariamente nas páginas da SMS e da SES-GO com os dados de ocupação e vagas de leitos de UTI para Covid-19 e anota, por volta de meio-dia, as informações disponíveis. Estes números, somados aos da Ahpaceg, mostram uma estabilidade. Enquanto a média semanal entre os dias 12 e 18 ficou em 257 pacientes internado, a da semana seguinte caiu para 255.
Em relação ao boletim diário da Ahpaceg, a média de leitos ocupados de UTI caiu de 108 para 106, sendo que os piores dias foram registrados entre os dias 16 e 21, com o total de vagas preenchidas ficando entre 113 e 117. A taxa de ocupação dos leitos de UTI entre os hospitais filiados à entidade na capital, que chegou a ficar em 97,5% no dia 17, caiu para 75,2%, ajudado também pelo acréscimo de mais 13 vagas neste período.
O superintendente de Atenção Integral à Saúde da SES-GO, Sandro Rodrigues, e o superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Yves Ternes, afirmam que perceberam esta estabilidade na demanda por leitos de UTI para Covid-19, mas que ainda é cedo para ter certeza sobre os motivos desta situação. Já o presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, discorda e diz que notou um aumento na procura por internações em UTI.
"Não vi nenhum tipo de estabilidade nos últimos dias. Vi, sim, um aumento de busca por vagas, aumento de óbitos e aumento de movimento no pronto-socorro dos hospitais. Na verdade, tivemos uma dificuldade grande de internação na semana passada, tendo que buscar vagas em hospitais fora da rede Ahpaceg", comentou Helou.
Tanto Sandro como Yves não descartam que os números constatados tenham relação com a primeira quinzena de julho, quando os estabelecimentos ficaram fechados na capital por causa do decreto estadual que estabelecia o revezamento 14×14 para as atividades econômicas. Estudos apontam que um caso de infecção por Covid-19 demora entre 14 e 20 dias para se agravar e demandar um leito de UTI.
Entretanto, para Sandro, outro motivo pode estar envolvido nesta tendência e explicaria também o aumento da demanda por leitos de enfermaria: a internação mais precoce em leitos clínicos de pacientes que apresentam ainda sem gravidade saturação baixa de oxigênio. No começo de julho, o titular da SES-GO, Ismael Alexandrino, afirmou que o Estado reforçaria o cumprimento mais rígido do protocolo para casos leves.
Sandro explica que a orientação passou a ser, então, para que pessoas que apresentassem saturação baixa junto aos sintomas de Covid-19 fossem internadas em leitos clínicos para que lhes fosse oferecido oxigênio e assim evitar agravamento no quadro que levasse a uma UTI. Ele comenta que a mudança na forma de atendimento não evitou, mas reduziu o surgimento de casos graves.
Yves também acredita na possibilidade de as pessoas estarem mais atentas aos sintomas quando manifestados, procurando antecipar a busca por socorro médico, fato comentado nos últimos dias por profissionais de saúde ao POPULAR.
Inquéritos podem acabar
Adotados como uma estratégia para que as prefeituras descobrissem em quais regiões o novo coronavírus (Sars-CoV-2) está mais ou menos alastrado, os inquéritos sorológicos estão em um momento decisivo desde que começaram a ser aplicados, em maio.
Dos nove municípios escolhidos para receber kits de testes rápidos do Ministério da Saúde via Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), apenas quatro levaram adiante a proposta de realizarem quatro inquéritos em um intervalo de tempo de duas a três semanas e, apesar das descobertas que puderam ser notadas com os resultados, não se sabe se haverá novos kits para mais levantamentos.
Apenas Goiânia, Rio Verde e Goianésia concluíram os quatro inquéritos. As três demonstraram interesse em continuar com o trabalho, que apontou tanto um crescimento nos casos em julho maior do que o registrado por meio das notificações oficiais de casos confirmados, como também as regiões das cidades em que a Covid-19 está mais avançada. Na capital, a prevalência é maior nas regiões Norte, Leste e Noroeste.
Anápolis realizou três levantamentos e prepara o último para a próxima semana. Uma das conclusões observadas é o impacto de surtos de Covid-19 para determinadas regiões de uma cidade e a possibilidade de existência de "superpropagadores", pessoas, locais ou situações em que pode se espalhar em uma velocidade maior do que a verificada na taxa de contágio média da cidade.
Aparecida de Goiânia foi a primeira cidade em Goiás a fazer e divulgar o resultado de um inquérito, mas não saiu do primeiro. Segundo a SMS, a prefeitura decidiu adotar outra política, de testagem em massa, em que se utiliza um outro tipo de teste, o RT-PCR, que é útil para reduzir o contágio.
O professor e pesquisador do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG), João Bosco Siqueira, defende as duas estratégias, a da testagem em massa e dos inquéritos, pois, segundo ele, seriam complementares. Siqueira ajudou os municípios a desenvolver o planejamento e a execução dos levantamentos e diz que os quatro que foram adiante com o projeto conseguiram desenvolver estratégias mais eficazes para enfrentar o vírus.
O problema é que o Ministério da Saúde não repassou novos kits e tanto as prefeituras como o governo estadual estão focando os recursos na aquisição de testes RT-PCR. Além disso, os custos dos inquéritos são bancados pelos próprios municípios, às vezes em parceria com instituições de ensino, mas mesmo assim isso inviabilizou a adoção de inquéritos por cidades do Entorno do Distrito Federal.
Sucesso em Rio Verde
Estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) aponta que Rio Verde está conseguindo barrar o avanço da Covid-19 por meio de políticas públicas adotadas principalmente após um grande surto da doença que atingiu as principais indústrias da cidade no começo de junho. De acordo com o trabalho, a taxa de contágio do novo coronavírus está abaixo de 1, o que aponta que o atual estágio da epidemia pode ser de "decaimento".
Os pesquisadores são os mesmos que desde abril fazem modelagem de cenários do novo coronavírus (Sars-CoV-2) em Goiás e ajudaram a desenvolver o modelo de revezamento 14×14 adotado pelo governo estadual por poucos dias, já que sofreu forte oposição empresarial e política.
Em live apresentada pela prefeitura de Rio Verde na tarde desta quarta-feira (29), os pesquisadores apontam que o executivo municipal adotou uma série de medidas rigorosas de enfrentamento à epidemia, como a adoção de um sistema de protocolos de segurança que contou com o apoio da população, assustada com o surto de junho, no qual mais de 130 pessoas acabaram morrendo com Covid-19.
"O pacote de medidas implementadas em Rio Verde para controle do surto e mitigação da pandemia foram efetivos para reduzir a transmissibilidade da doença de forma rápida e sustentável", concluíram os pesquisadores na apresentação do estudo.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação