Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás

CLIPPING SINDHOESG 31/05 A 02/06/14 (FINAL)

continuação

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O POPULAR
Saúde
Governo preocupado com surtos

Manaus – A possibilidade de surtos de sarampo e de dengue, além da chegada de uma nova doença, são as principais preocupações do Ministério da Saúde para a Copa. Ao menos 500 mil estrangeiros são esperados no país durante o Mundial, e possíveis sintomas serão monitorados pelo ministério por um centro de operações. O maior risco, segundo o órgão, é o sarampo, transmitido por via respiratória.
Controlada no Brasil, a doença voltou a aparecer nos últimos anos, principalmente no Nordeste. Em 2012, apenas dois casos foram registrados no Brasil. No ano seguinte, foram 202 registros. Em 2014, apenas até o início de maio, já são 191 casos confirmados.
“Nossa preocupação são as doenças que se transmitem rapidamente”, afirma Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do ministério. Segundo ele, a transmissão de sarampo é feita por pessoas que chegam com o vírus de países onde a doença circula, como os de Europa, Ásia e África.
O temor é que, em período de encubação da doença, estrangeiros cheguem ao país e tenham contato com pessoas que não foram vacinadas. Segundo Maierovitch, ainda há movimentos contra a vacina, mas o ministério intensificou as campanhas de vacinação nas 12 cidades-sede.
Sintomas parecidos com a dengue são os da febre chikungunya, transmitida pelo mesmo mosquito, e que já incide na África, Ásia e Europa. Alguns epidemiologistas afirmam que a chegada da doença no Brasil é inevitável.
A Copa apenas potencializa o risco da febre desembarcar no país. “O vírus tem circulado em ilhas do Caribe e chegou à Guiana Francesa. Como temos uma quantidade grande do mosquito, pode acontecer da doença chegar aqui”, diz Maierovitch. ‘A possibilidade existe.” (02/06/14)
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Mais médicos
Número de consultas cresce 15,4%

Levantamento feito pelo Ministério da Saúde e divulgado ontem durante seminário em Goiânia revela que em cidades goianas que participam do programa houve um crescimento de 15,4% no número de consultas realizadas nas unidades básicas de saúde. Em janeiro de 2014, foram contabilizadas 163.094 consultas no estado contra 141.293 no mesmo período do ano anterior, quando a população ainda não contava com o reforço dos profissionais do Mais Médicos.
O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Fausto Pereira, ressaltou o alcance do Programa para populações com dificuldade de acesso. “Regiões como o Semiárido, Vale do Jequitinhonha, do Ribeira, além de regiões indígenas, nortearam a alocação desses profissionais. É uma política altamente inclusiva que leva para a população acesso ao sistema de saúde organizado no Brasil”, disse.
Por meio do Programa, o estado de Goiás ampliou em 454 o número de médicos atuando na atenção básica de 134 municípios e distritos indígenas. O Ministério da Saúde atendeu 100% da demanda por médicos apontada pelos municípios do Estado e superou a meta inicialmente estabelecida. Pelos cálculos do Ministério da Saúde , o Mais Médicos garante assistência médica nas unidades básicas de saúde para 1,5 milhões de goianos. Essas informações foram tiradas do Sistema de Acompanhamento da Atenção Básica (Siab), alimentados pelas secretarias de saúde de todo o país. (31/05/14).
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Cartas do Leitor – Falta de pediatras

Muito oportuna e importante a matéria Por remuneração baixa, pediatras somem do mercado – publicada na edição de quarta-feira do POPULAR –, mas poderíamos colocar também um outro título como: Esqueceram de nós. O problema da falta de pediatras e cirurgiões pediátricos se tornou crônico no Brasil, são poucos os médicos que se interessam por essas especialidades, principalmente devido a baixa remuneração. Além disso, passam um tempo muito longo para ingressarem no mercado de trabalho.
Para se ter uma ideia, a residência de pediatria exige três anos e, se fizer mais uma outra especialidade, pode durar mais dois anos. Na cirurgia pediátrica, são cinco anos de residência. Isso tudo sem contar os seis anos do curso de medicina. A realidade hoje em relação a essas especialidades é cruel, estou assistindo com tristeza ao atendimento pediátrico se exaurindo e vendo médicos de outras especialidades atendendo e operando crianças sem a devida especialidade, como a própria reportagem destacou.
Há muito tempo temos percebido que isso iria acontecer, pois não houve um planejamento no atendimento da criança e do adolescente, esse corresponde a 21,84% da população, sendo que nos últimos 25 anos a distribuição de jovens nas regiões urbanas triplicou e eles se tornam mais vulneráveis a uma condição de presa fácil das mais diferentes situações de risco, como gravidez precoce e muitas vezes indesejadas, aids, violência, maus-tratos, etc.
O atendimento pediátrico na nossa capital precisa sair da UTI com urgência. Não houve uma preocupação no atendimento dos pequenos pacientes. Eu me formei pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) e fiz estágio de pediatria no Hospital Materno Infantil (HMI) quando estava no quinto ano. Em 1980, Goiânia tinha cerca de 550 mil habitantes, hoje tem mais de 1 milhão e o HMI e Hospital das Clínicas continuam com o mesmo número de leitos.
Outros hospitais particulares que eram referência em pediatria desistiram do atendimento devido a baixa tabela de procedimentos e atrasos nos pagamentos. Passaram a investir em outras especialidades que são mais lucrativas e, recentemente, não se tem atendimento clínico e cirúrgico pediátrico por um determinado plano de saúde na nossa cidade, pois outra unidade fechou as portas a esse convênio. São pais que ficam aguardando com seus filhos por mais de cinco horas para serem atendidos, perdendo seu dia de trabalho. As filas de espera para cirurgias eletivas também é longa. Muitos recorrem à imprensa para tentar resolver. Até hoje nunca vi nenhum dos nossos representantes da esfera municipal, estadual e federal cobrar e criar medidas que possam resolver a situação. Goiânia talvez seja a única capital que não tem um hospital da rede pública para atendimento exclusivo em pediatria que abranja todas as especialidades clínicas e cirúrgicas. Isso também é ruim, pois quando são encaminhados para um especialista ou a um exame mais específico, esperam por meses até conseguir atendimento.
A criança é a principal vítima desse sistema desumano. Ela não trabalha, não tem como pagar e os pais são carentes, pois estão iniciando a vida. É uma situação complexa que precisa ser debatida e resolvida.
Zacharias Calil – Goiânia – GO (31/05/14)
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Opinião – Déjà vu

Em setembro de 1999, portanto há 15 anos, publiquei nesse espaço um artigo intitulado Da permissividade nociva. Tratava da automedicação, com enfoque em oftalmologia, particularmente os colírios, e, destes, especialmente os que continham antibiótico e/ou corticóide na fórmula. À época, a jornalista escalada pelo POPULAR para fazer uma matéria sobre o assunto me questionou se a dificuldade em marcar consulta com médico não seria uma justificativa aceitável para o ato. Respondi que não, por dois motivos. Primeiro, e mais importante, que um erro não pode servir de justificativa para outro. Segundo, citei minha experiência pessoal: embora um ou outro paciente alegasse ter tentado marcar consulta comigo sem sucesso, a maioria o tinha feito por comodidade mesmo. Minha amostra não é científica, evidentemente, mas permitia uma pequena janela para vislumbrar o intrincado mecanismo da automedicação.
Pelo narrado acima, li o excelente artigo de autoria de meu irmão Augusto Paranhos Jr., em coautoria com Francisco Lima (sim, há um conflito de interesse óbvio para o elogio aqui, mas o leitor será magnânimo comigo), com amarga sensação de “déjà vu”. Sensação essa reforçada pela carta do leitor Arno Dahlke. Não demorou muito e lá estava ele, o mesmo argumento de quinze anos atrás. Argumento esse, diga-se para ser justo, que não é completamente inválido. Note o leitor que, fora de minha especialidade, posso passar pelas mesmas dificuldades relatadas por ele. Reconheço, portanto, a validade da premissa: “Em situações de emergência pode ser bastante difícil conseguir médico”. Mas daí a concluir “Portanto devo ser medicado por um não-médico” é um erro que faz lembrar a “falácia naturalista” (do “assim é” não se deriva o “assim deve ser”).
Consertar um erro com outro não é boa ideia não apenas pela óbvia consequência da eternização de ambos. Mas também por que coloca o paciente em risco real e mensurável. Pra ficar só na Oftalmologia, o capítulo “olho vermelho” tem um milhão de causas possíveis. Um farmacêutico, por mais preparado e bem intencionado que esteja, não tem como diferenciar uma “irritação” de uma conjuntivite (em suas inúmeras possibilidades de apresentação), esta de uma cerato-conjutivite, uma uveíte infecciosa, não infecciosa, etc, etc, etc. Não só não foi preparado pra isso, como não tem os aparelhos necessários. “Tratar” olho vermelho como se fosse (sempre) uma irritação com colírios contendo corticóide, terá como consequência a piora do quadro por mascaramento dos sinais e sintomas, catarata, glaucoma.
E há ainda a questão da responsabilidade. A frequência de glaucoma causado por uso de colírio com corticóide é grande. Quantas vezes o leitor ouviu falar de um paciente processar o farmacêutico e/ou balconista e/ou a farmácia? Eu nunca vi. E não é porque a imprensa não se interesse por isso. É porque o paciente simplesmente não o faz. Tenho uma teoria para esse fenômeno, a da corresponsabilidade. O paciente se sente culpado por ter se automedicado (ou a seu filho). E aqui vale dizer que nada tenho contra farmacêuticos. Tenho o hábito de sempre procurar sua ajuda na busca pela equivalência entre medicamentos prescritos a mim ou minha família. Ou seja, busco serviços farmacêuticos de um farmacêutico. E serviços médicos, de um médico.
Flávio R. L. Paranhos é médico doutor em Oftalmologia pela UFMG, com doutorado-sanduíche (CNPq) na Universidade Harvard. Mestre em Filosofia pela UFG. Professor do Departamento de Medicina da PUC Goiás (31/05/14)
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação