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Médicos continuam greve nesta quarta-feira (31) em Goiás
http://g1.globo.com/videos/goias/bom-dia-go/t/edicoes/v/medicos-continuam-greve-nesta-quarta-feira-31-em-goias/2726124/
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PORTAL G1
Paralisação dos médicos em Goiás foi 'expressiva', afirma Cremego
Movimento da categoria continua nesta quarta-feira (31) em todo o país.
Médicos de todo o país voltaram a suspender o atendimento na rede pública de saúde nesta terça-feira (30). Em Goiás, segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremego), a maior adesão ocorreu no SUS, onde apenas os atendimentos de emergência foram mantidos, mas alguns profissionais que atendem na rede privada também paralisaram os serviços. “Ainda estamos fechando o balanço, mas sabemos que a participação dos médicos foi expressiva", afirmou o o presidente do Cremego, Salomão Rodrigues Filho.
No entanto, à reportagem do G1, ao menos cinco hospitais particulares da capital informaram que os trabalhos ocorreram normalmente.
Quase 11 mil médicos são associados ao conselho em todo o estado de Goiás. "Acreditamos que todos eles estão na luta para mostrar à sociedade que o governo federal está promovendo ainda mais o caos na saúde", ressaltou Filho.
Nos hospitais administrados pelo governo estadual, os profissionais que atuam no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), Hospital Materno Infantil (HMI), Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) e Alberto Rassi (HGG) atenderam apenas os casos de urgência e os eletivos foram remarcados. Nos demais, os atendimentos foram realizados normalmente, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.
Em Goiânia, a suspensão dos atendimentos afetou principalmente os pacientes do interior que tinham consulta marcada na capital. Porém, como a greve já havia sido anunciada durante a última paralisação, no dia 23, muitos já estavam informados e foram até os hospitais e Centros de Atendimento Integral à Saúde (Cais) para remarcar suas consultas.
Só na capital, 8 mil consultas e cerca de 140 cirurgias pelo SUS são realizadas por dia, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. A paralisação continua até o fim de quarta-feira (31).
Protestos
Segundo a categoria, a suspensão é uma forma de protestar contra o programa “Mais Médicos”, do governo federal, que prevê a contratação de profissionais formados no exterior, sem a revalidação dos seus diplomas no país. Outra reivindicação é contra a obrigatoriedade dos estudantes de medicina terem de trabalhar por dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS).
“O governo federal quer, entre outras coisas, que qualquer profissional, que não seja médico, passe a diagnosticar doenças. Isso é um absurdo e nós não vamos deixar que o assunto passe por aprovação”, ressaltou o presidente do Cremego.
Essa é a segunda manifestação feita em duas semanas. No último dia 23, cerca de 4 mil médicos aderiram à paralisação nacional, segundo estimativa do Cremego. Durante 24 horas, os profissionais do SUS suspenderam consultas e cirurgias eletivas. Apenas os casos de urgência e emergência foram atendidos.
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O POPULAR
Saúde
Médicos deixam de realizar mais de 180 mil procedimentos
Paralisação deve continuar hoje, embora com adesão menor. Categoria fará assembleia
Malu Longo
A paralisação dos médicos em protesto às iniciativas do governo federal na área da saúde fez com 180 mil a 200 mil procedimentos deixassem de ser realizados ontem em todo o Estado. Deste total, 100 mil seriam consultas e as demais, outros tipos de atividades, como exames e cirurgias, segundo estimativa do presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremego), Salomão Rodrigues Filho.
O cálculo foi feito com base nos atendimentos da rede pública e no número aproximado de consultas/dia feitas pela Unimed, um dos principais planos de saúde de Goiás. O Cremego admite, no entanto, que hoje o movimento pode ter menor adesão, principalmente dos médicos da rede privada, muitos dos quais mantiveram as consultas agendadas para esta quarta-feira. Segundo o Conselho, dos 11 mil médicos que atuam no Estado, 6 mil não exerceram suas atividades ontem, sendo 4 mil na capital, que conta com um total de 7 mil profissionais.
Além da paralisação, uma manifestação mostrou a indignação da categoria nas ruas da capital. Um novo protesto está marcado para 15 horas de hoje, na sede da Prefeitura de Goiânia, no Parque Lozandes. Às 19 horas, a categoria realiza assembleia no auditório do Cremego com objetivo de definir os rumos da mobilização.
Vestindo camisetas brancas com a inscrição “Em luta por uma saúde pública de verdade”, cerca de 500 profissionais e estudantes de Medicina deixaram ontem a sede do Cremego, no Setor Bueno, às 10 horas e caminharam até a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na Avenida 82, no Centro. As maiores reclamações foram contra o programa Mais Médicos e os vetos da presidente Dilma Rousseff (PT) ao Ato Médico.
Enquanto os médicos e estudantes, mobilizados pelo Comitê das Entidades Médicas (Cemeg), formado pelo Cremego, Associação Médica de Goiás (AMG) e Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), manifestavam em vias centrais de Goiânia, a dona de casa Aparecida Lopes, 41 anos, moradora do Setor Madre Germana, aguardava diante do Ciams do Novo Horizonte. Ela acordou o casal de filhos de 5 anos, às 5 horas, para levá-los à consulta com uma pediatra marcada no domingo. “Eu liguei no 0800 e confirmaram. Cheguei aqui e fui informada que a médica estava de férias. Voltei a ligar no 0800 aí que eu soube da paralisação. Essa falta de informação é um descaso”.
Aparecida Lopes confiou na marcação do Disque Consulta. “Estou aqui porque no PSF do meu bairro não tem médico”. O aposentado Luiz Paulino Amélio, 58 anos, também demonstrou indignação. “Eu desafio o ministro Padilha a vir se tratar no SUS. Tem um cartaz ali dizendo que tratar mal o funcionário é crime. E quando eles nos tratam mal, não é crime?”, questionou. Luiz, que também estava no Ciams do Novo Horizonte, afirmou que um cenário de filas imensas e atendente fazendo tricô é uma situação comum na unidade.
A dona de casa Antônia Maria Oliveira França, 70 anos, deixou Itumbiara muito cedo, a 211 quilômetros de Goiânia, para se encontrar com o médico que trata dos nódulos que tem na tiroide, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. “Dentro da van me falaram que talvez eu não fosse atendida, mas ninguém me avisou”. E não foi mesmo. Seu marido, Geraldo Mendes Lima, 70 anos, que a acompanhava, estava chateado. “Fazer uma viagem dessas na nossa idade não é simples. Sou a favor de trazer médicos de fora porque os do Brasil não querem trabalhar”.
MUDANÇA
As entidades médicas já perceberam que não está fácil convencer a população de que a luta deles é por uma saúde de qualidade para todos. Salomão Rodrigues afirmou ontem que nos dias 8 a 10 de agosto, este certamente será um dos temas que serão debatidos no Encontro Nacional das Entidades Médicas (Enem), em Brasília. “Precisamos mudar a estratégia para envolver a população. Vamos levar essa proposta. Talvez uma ideia seja parar o atendimento por meia hora e conversar com os pacientes”, sugeriu.
Ontem, não foram poucas as críticas ao movimento. “Eles estão totalmente errados. Querem fazer manifestação só para colocar mais dinheiro no bolso. Tento marcar uma consulta há dois anos e não consigo”, disse um frentista de um posto de combustível na Avenida T-7 ao ver o protesto. Perto dali um transeunte questionou: “São os médicos de novo? Manda esse povo trabalhar!”.
Salas ficam vazias na rede particular
Na rede particular, a paralisação dos médicos em Goiânia mudou a rotina de alguns hospitais. Em salas normalmente lotadas de pacientes à espera de consultas, a imagem de todas as cadeiras vazias e apenas duas atendentes compondo o ambiente chamava a atenção, no Hospital dos Acidentados, na Avenida Paranaíba, região central da capital. “Felizmente, conseguimos avisar a maioria dos pacientes sobre o cancelamento das consultas nestes dois dias”, informou uma das secretárias.
Na mesma unidade, mais cedo, o Setor de Emergências apresentou movimento acima do normal para uma terça-feira, segundo contou a recepcionista. “Em geral, é sempre muito cheio, mas hoje (ontem), foi bem tumultuado, principalmente entre 9 e 10 horas”, relatou a moça, destacando que apenas um médico realizava o atendimento no pronto-socorro do Hospital.
O Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) da Unimed, no Setor Oeste, conforme verificou a reportagem, manteve o fluxo normal de pacientes de urgências, situação semelhante ao Hospital Neurológico, no Setor Bueno. “Tivemos apenas algumas pessoas que alegaram emergência e, na verdade, queriam consultar”, afirmou a atendente. Na unidade, no que diz respeito a consultas – realizadas no Bueno Medical Center -, a informação era de que apenas três médicos deixaram, ontem, de atender. Às 15h30 ainda não se sabia, ao certo, se hoje o serviço seria prestado normalmente.
“Estão atendendo emergência, sim, mas acho que está meio demorado”, reclamou o comerciante Divino Gomes do Prado, de 51 anos, que acompanhava o filho mais velho no Hospital Lúcio Rebelo, no Setor Bela Vista. “Chegamos há mais de 40 minutos e só agora chamaram para o raio-x. Deve ser por causa dessa tal paralisação”, queixou-se. No período da manhã, dois clínicos gerais e um pediatra estavam a postos no pronto-socorro. Já nos consultórios, de acordo com uma das atendentes, apenas dois médicos mantiveram a agenda; as consultas marcadas para hoje, contudo, foram todas suspensas.
Opinião
“Sou a favor dos médicos estrangeiros no Brasil. Se os daqui não querem trabalhar, deixe que os outros façam, mas é preciso fazer a revalidação do diploma” Luiz Paulino Amélio, 58 anos, segurança aposentado, Goiânia
Mobilização ocorre em 22 Estados
São Paulo – Médicos de ao menos 22 Estados participam da mobilização da categoria. Em São Paulo, médicos, residentes e estudantes programaram uma passeata para hoje às 16h. A concentração da manifestação será em frente à sede da Associação Paulista de Medicina, na Avenida Brigadeiro Luis Antônio. Eles irão seguir pela Avenida Paulista e pela Rua da Consolação até a sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
Em frente à sede do Instituto Estadual de Hematologia (Hemorio), no centro do Rio, residentes fizeram um mutirão de doação de sangue e se concentraram na porta do Hospital Municipal Souza Aguiar, que fica ao lado do banco de sangue. O protesto foi liderado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, pela Associação dos Médicos Residentes do Estado do Rio de Janeiro, Associação Nacional dos Médicos Residentes e Associação Médica do Estado do Rio de Janeiro.
Segundo a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), a mobilização é um preparativo para a grande marcha à Brasília, no dia 8 de agosto, quando está prevista uma audiência pública sobre o Mais Médicos no Congresso Nacional.
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DIÁRIO DA MANHÃ
População fica sem atendimento
Ontem profissionais realizaram passeata no Centro de Goiânia. Manifestações continuam hoje. Pacientes mais uma vez ficam sem atendimento
MARCELO TAVARES
Corredores e consultórios vazios. Essa foi a cena comum de ontem em hospitais, centros de saúde e algumas clínicas particulares com mais uma paralisação dos médicos. Hoje, mais uma vez, também não haverá atendimento. Somente os casos mais graves receberão atendimentos, conforme orientação das entidades médicas do Estado, que acompanham uma paralisação nacional da categoria, que luta contra as medidas do governo federal, que seriam para melhorar o atendimento, principalmente no interior do País. Uma das atividades da paralisação foi uma carreata pela principais ruas e avenidas da Capital para chamar a atenção da população para a reivindicação da categoria. Cerca de 500 médicos participaram da caminhada que saiu da sede do Conselho Regional de Medicina em Goiás (Cremego), no setor Bueno, e terminou na Praça Cívica, em frente a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), no Centro.
A bandeira principal da categoria nessa série de manifestações que acontecem na maioria do País é protestar contra o Programa Mais Médicos, que pretende trazer profissionais do exterior para atuar no Brasil, principalmente no interior do País. Os médicos importados não passariam pelo Revalida, exame que até então é obrigatório a todo profissional que se forma no exterior, mas que vem trabalhar no País. Os médicos também se posicionam contra os vetos à lei que regulamenta o exercício da Medicina, conhecida como Ato Médico.
Ontem, além da paralisação dos atendimentos aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), boa parte dos atendimentos particulares e por planos de saúde também foram interrompidos, com a ampliação do protesto. Às 9h da manhã um grupo de profissionais se reuniu em frente à sede do Cremego, no setor Bueno, para fazer uma passeata rumo à Praça Cívica. Os médicos caminharam pela Avenida T-7, Assis Chateaubriand, passaram pela Praça Tamandaré e ocuparam boa parte da Praça Cívica.
Ao longo do caminho, os médicos distribuíram à população uma carta em que argumentam que colocar só médico no interior não irá resolver, “pois a única coisa que poderá fazer em casos graves será colocar o paciente numa ambulância e mandar para outra cidade”, diz a publicação. A carta também diz que as propostas do governo são “improvisadas, eleitoreiras e antiéticas”. No fim, os médicos pedem desculpas a sociedade e ressaltam que a intenção não é prejudicar a população. “Nosso maior interesse é fazer com que você possa ter o SUS que tanto sonha: universal, integral, gratuito e com serviços iguais para todos. Nos dê seu apoio nessa luta, porque ela é sua também”, finaliza o documento, que é assinado pelo Comitê das Entidades Médicas dos Estado de Goiás (Cemeg), formado pela Cremego, Associação Médica de Goiás (AMG) e Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego).
Para o presidente do Cremego, Salomão Rodrigues Filho, o protesto é a única forma de chamar a atenção para as lutas da categoria. “Foi a única forma que encontramos de sensibilizar a sociedade”, falou o presidente, que afirmou que a partir de agosto as entidades médicas de todo Brasil vão estudar novas estratégias de protesto e discuti-las durante o Encontro Nacional de Entidades Médicas (Enem), que irá ocorrer em Brasília entre os dias 8 e 10 de agosto. “Até o encontro vamos trabalhar hipóteses e possibilidades de rediscutir o movimento”, ressaltou Rodrigues.
Ainda segundo Salomão Rodrigues, com a volta do recesso parlamentar no Congresso, a categoria irá entrar em contato com parlamentares para discutir a Medida Provisório (MP) do Programa Mais Médicos e sobre a possível derrubada dos vetos da presidenta Dilma Rousseff ao Ato Médico. Hoje mais um ato dos médicos está marcado, eles irão fazer concentração às 16 horas em frente ao Paço Municipal, que para a categoria, de alguma forma, representa o governo federal no município.
Sem atendimento
Enquanto os médicos estão paralisados, mesmo a intenção, segundo eles, não seja prejudicar a população, é essa que sai mais prejudicada. A reportagem esteve ontem a tarde em vários hospitais e também um Cais e a realidade encontrada foram corredores totalmente vazios. Somente os atendimentos de urgência e emergência estavam funcionado, e só os casos mais graves tinham atenção. Nos Centro de Assistência Integral à Saúde (Cais), os atendimentos seguem uma escala de triagem demarcada com uma cor. Vermelho e amarelo, significam casos graves e que o atendimento precisa ser rápido. Já verde e azul, são casos que não são urgentes e que os pacientes podem aguardar. E era isso que acontecia ontem. Somente os casos triados como vermelho e amarelo eram atendidos. Os pacientes triados como verde e azul eram orientados a voltar posteriormente, após a paralisação.
No Cais de Campinas, de acordo com o diretor técnico da unidade, André Luiz Alves Fonseca, dez profissionais, como clínico geral, pediatra, ginecologista e outros especialistas, não atenderam ontem e não vai atender hoje. Entre 120 e 140 pessoas com atendimentos em consultórios foram reagendadas. No momento em que a reportagem esteve no local o clima era tranquilo e segundo André Luiz, permaneceu assim durante toda manhã de ontem. “Já vinhamos avisando os pacientes desde a semana passada. A paralisação também teve uma divulgação antecipada”, ressaltou. O DM também entrou em contato com hospitais particulares e segundo os recepcionistas somente o atendimento de emergência e urgência eram atendidos. “Recebemos um comunicado do Cremego avisando que todos os atendimentos que não fossem urgência seriam paralisados”, disse uma atendente de um hospital localizado no Centro.
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JORNAL OPÇÃO
Redução do nº de médicos atendendo pelo SUS leva o goianiense a criticar o governo federal
Hospital das Clínicas e Centro Integrado de Atendimento Médico Sanitário do Setor Jardim América registraram baixo movimento nas alas de urgência e emergência. Pacientes que buscaram atendimento registraram frustração
Marcello Dantas
Médicos de todo o Brasil paralisaram os atendimentos eletivos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nesta terça-feira (30/7) em ato de manifestação contra decisões do governo federal, como a que vai importar profissionais do exterior sem a aplicação do exame de revalidação do diploma. Em Goiânia, os profissionais participaram do ato unificado com o protesto nacional e foram orientados a atender somente os casos de urgência e emergência.
E como ficam os pacientes que chegam aos centros de atendimentos com dores nas costas ou com uma luxação no pé? Provavelmente, esses casos de atendimento não seriam considerados de necessidade extrema de atendimento médico. Por este viés, o sentimento de quem sente as dores e não pode ser consultado pelo profissional adequado que saiu para as ruas da capital a fim de reivindicar melhores condições de infraestrutura e trabalho é de frustração.
No Centro Integrado de Assistência Médico Sanitária (Ciams) do Jardim América, a movimentação foi pequena tanto nos atendimentos ambulatoriais quanto nos setores de urgência e emergência. Lá, dois clínicos-gerais e uma pediatra estavam trabalhando. Michelle Melo, acompanhada do esposo Carlos Aparecido dos Santos levou o filho Felipe, de oito meses, (foto à direita) para uma consulta de rotina, feita mensalmente desde o nascimento da criança. Nesta terça, eles chegaram às 8h da manhã e, até as 10h19min, não haviam sido atendidos.
Para Carlos Aparecido, a falta de médicos nas unidades de saúde por conta da paralisação tem fundamento. “Se for para melhorar, é importante”. Ele e a esposa afirmaram que frequentam o Ciams do Jardim América pelo atendimento de qualidade, tendo elogiado bastante a médica pediatra que sempre atende o filho.
Já a dona de casa Telvina D'arc Rodrigues, que mora no Jardim América, nas proximidades da Santa Casa de Misericórdia, acha que é preciso mais humanização por parte dos profissionais que atuam pelo SUS. “Eles só atendem com cheque na mão. Com a importação dos médicos do exterior os profissionais brasileiros vão se valorizar mais”, explicou. Telvina já trabalhou no Hospital Coração de Jesus e no hospital particular Jardim América.
A dona de casa apontou que é preciso dar oportunidade aos profissionais do exterior com o programa Mais Médicos, adotado pela presidente Dilma Rousseff, mas que deve ser feito um debate mais amplo sobre o tema. “Falta estrutura nos postos, até luva falta. Não adianta só empregar. E precisam também passar pelo exame de revalidação do diploma. Será que eles têm capacidade para nos atende?”, refletiu.
Mãe de três filhos, Telvina elogiou a médica pediatra que realizava atendimento ambulatorial. “A Marly é diferenciada. A gente chega aqui sabendo que vai esperar, pois ela atende bem, é atenciosa”, argumentou.
Do outro lado do posto de saúde, na ala de urgência e emergência, estava Osmar Martins de Jesus. Sentado em um dos bancos da unidade de atendimento, ele demonstrava preocupação e cansaço. Osmar esperava a esposa que estava sendo atendida com fortes dores nas costas. Morador do Parque Tremendão, ele foi parar no Ciams do Jardim América após passar pelos postos do Jardim Curitiba, de Campinas e por um Centro de Referência em Ortopedia e Fisioterapia.
Osmar Martins afirmou que desde segunda-feira ele e a esposa procuram uma solução para as dores nas costas que ela tem sentido. No Ciams do Jardim América, Osmar disse que demorou 10 minutos para ser atendido. “Acho que aqui não vai resolver. Ontem minha esposa já tinha tomado uma injeção. Sinceramente, estou sem rumo”, desabafou.
Para ele, a paralisação dos médicos é “pouca vergonha”, mas do governo. “Os salários deles e dos professores deveriam ser os melhores.”
Corredores vazios
No Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) os corredores permaneceram vazios na parte da manhã. Lá, estavam sendo emitidos os chequinhos para a marcação e realização de exames e consultas. O movimento nos ambulatórios visitados pelo Opção Online estava diminuído, fora do normal. Os funcionários da unidade aproveitaram para realizar a limpeza dos locais, tamanha era a tranquilidade.
No HC, três clínicos-gerais estavam atendendo nos setores de urgência e emergência. O hospital informou que a falta de pacientes se justifica pela paralisação dos médicos, que foi bem divulgada, e fez com que a demanda fosse menor que o normal.
Manifestação
Na manhã desta terça-feira, cerca de 500 médicos e acadêmicos participaram de manifestação que teve como destino a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), na Praça Cívica.
O protesto, que ocorreu pacificamente, pedia a valorização da Medicina, a aplicação do Exame Nacional de Revalidação dos Diplomas (Revalida) para os profissionais que serão importados, além da suspensão dos vetos do chamado “Ato Médico”. Os médicos saíram do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) e caminharam pelas avenidas T-7, Assis Chateaubriand e seguiram para o Centro de Goiânia.
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O HOJE
Médicos voltam a parar serviços
Ato nacional termina à meia-noite de hoje. Em Goiás, segundo Conselho, sete mil profissionais aderiram ao movimento
Myla Alves
A insatisfação dos médicos diante das ações do governo federal continua. Como forma de protesto, profissionais de todo país paralisaram as atividades ontem. O movimento termina hoje à meia-noite. Às 19 horas, os profissionais têm agendados uma assembleia geral. Em Goiás, de acordo com o Conselho Regional de Medicina (Cremego), sete mil médicos aderiram à paralisação, sendo quatro mil em Goiânia. A paralisação atingiu todas as consultas eletivas, exames e cirurgias do Sistema Único de Saúde (SUS). Os serviços de Perícias Médicas e Residência Médica também foram suspensos.
A nova paralisação começou à 0h do dia 30. No último dia 23, os médicos já haviam suspendido as atividades, mantendo apenas os atendimentos de urgência e emergência. O objetivo, de acordo com a classe médica, é conscientizar a população sobre os supostos prejuízos causados pelas propostas do governo federal, como a criação do programa Mais Médicos e a aprovação da lei que regulamenta a atividade médica no país, conhecida como Ato Médico. Segundo a categoria, os vetos anunciados pela presidente Dilma Rousseff prejudicam o serviço de saúde.
Na manhã de ontem, os profissionais se concentraram em frente ao Cremego, no Setor Bueno, em Goiânia. Depois, realizaram uma caminhada por ruas centrais da cidade, que foi acompanhada por agentes da Secretaria Municipal de Trânsito (SMT) e por viaturas da Polícia Militar. O grupo iniciou o trajeto pela Avenida Mutirão, depois passou pela Avenida T-7, seguiu pela Assis Chateubriand até a Praça Cívica. O ato foi finalizado em frente à sede da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), que fica na esquina das ruas 82 e 83, no Setor Sul.
Durante o ato, os médicos, vestindo camisetas, distribuíram panfletos para explicar à população o motivo da paralisação. Na carta, eles explicam que a categoria deseja melhorar o serviço de saúde no país e que as mobilizações foram a maneira encontrada para chamar a atenção das autoridades. Segundo a categoria, não faltam médicos, principalmente no interior. O que falta são investimentos na saúde.
Sobre a vinda de profissionais estrangeiros para o país, a categoria considera a ação positiva, desde que os médicos de outros países passem pelo exame de revalidação do diploma e comprovem ter conhecimento do idioma, para que possam entender os pacientes. A criação de uma carreira de Estado para os médicos também está entre as reivindicações do grupo.
Falta de estímulos
Para o presidente do Cremego, Salomão Rodrigues, faltam estímulos para que os profissionais trabalhem nas cidades do interior e nas periferias dos grandes centros. “Quase 15 mil médicos se inscreveram no Programa Mais Médicos, que é um programa que escraviza o médico, não oferece nenhuma garantia trabalhista e, principalmente, não oferece nenhuma boa condição de trabalho. Não há estímulo para a interiorização. Se o governo criasse uma carreira de Estado como existe para os advogados na magistratura, não faltaria médico em nenhuma cidade do interior. O governo está no caminho errado, está matando a medicina no Brasil”, opina.
O presidente do Cremego afirma que a luta dos médicos é em nome de toda a população. “Lutamos por uma saúde pública no Brasil de maior qualidade. Buscamos a rejeição da Medida Provisória 621/2013 (Programa Mais Médicos), que somada aos vetos do Ato Médico, criam no Brasil dois sistemas de saúde: um para os pobres e um para os ricos, que podem pagar um plano de saúde ou ser atendido por particular.”
Desde o início das paralisações, o governo federal ainda não manifestou a abertura de negociações com os médicos sobre a pauta de reivindicações, como informa Salomão Rodrigues. Até o momento, houve sinalização para a abertura do debate apenas em relação à duração do curso de Medicina, que passaria de seis para oito anos a partir de 2015. Mas, a revisão dessa determinação ainda não aconteceu e continua valendo o estabelecido pela Medida Provisória. O tempo da mudança do curso é mais uma ação do programa Mais Médicos, que prevê que os estudantes passem a trabalhar dois anos no SUS, recebendo bolsas do governo federal. De acordo com os médicos, os estudantes já prestam serviço ao SUS no quinto e também sexto anos da faculdade.
Segundo Salomão, médicos estão explicando para a população a importância das paralisações. Ele afirma que não há rejeição dos cidadãos para o ato. “Essa foi a maneira encontrada para sensibilizar a sociedade. Não tememos a rejeição porque o médico está conversando com a população em seus atendimentos, durante todo o mês. A população já está vindo para o lado dos médicos”, assegura.
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A REDAÇÃO
Médicos fazem protesto na Praça Cívica
Goiânia – Médicos e residentes de vários Estados paralisaram, nesta terça-feira (30/7), todos os atendimentos eletivos no Sistema Único de Saúde (SUS). A ação se estende até quarta (31). Serão mantidos atendimentos de urgência e emergência, assistência a pacientes internados, plantões em UTI, serviço de regulação de urgência e transplantes.
No final da manhã, mais de 500 médicos e acadêmicos caminharam para a Praça Cívica em manifestação pacífica pela valorização da Medicina. A passeata saiu do prédio do Conselho Regional de Medicina de Goiás, passando pela Avenida T-7, Av. Assis Chateaubriand e finalizará em frente ao prédio da Fundação Nacional da Saúde.
Amanhã, 31 de julho, a classe médica continuará com a paralisação ao atendimento dos serviços médicos eletivos, iniciada às 00h de hoje.
A paralisação faz parte da mobilização nacional da classe médica em defesa da saúde pública de qualidade e contra as medidas adotadas pelo Governo Federal na área da saúde, como os vetos à Lei do Ato Médico e a criação do Programa Mais Médicos.
Em Goiás, além da paralisação por dois dias, coordenada pelo Comitê das Entidades Médicas (Cemeg), formado pela Associação Médica de Goiás (AMG), Conselho Regional de Medicina no Estado de Goiás (Cremego) e Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), haverá atos públicos para chamar a atenção das autoridades sobre as reivindicações dos médicos.
Na capital goiana, os manifestantes devem se concentrar às 9h no Cremego, que fica no Setor Bueno. Depois, farão uma caminhada até a Praça Cívica, onde será realizada uma manifestação na porta da Fundação Nacional da Saúde (Funasa).
De acordo com as entidades médicas, os protestos, com atos públicos, paralisações, mobilização junto ao Congresso Nacional e ações judiciais, vão continuar até que as reivindicações dos médicos sejam atendidas.
A classe médica quer a derrubada dos vetos ao Ato Médico (projeto de lei que regulamenta o exercício da medicina no Brasil) e da Medida Provisória 621/2013 (Programa Mais Médicos) e criação de uma carreira de Estado para os médicos.
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Rosane Rodrigues da Cunha
Assessora de Comunicação