ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Pesquisa da UFG cria exame que detecta câncer através da cera de ouvido
Projeto de lei pode reduzir direitos e cobertura e encarecer planos de saúde
A perda de poder do presidente da Amil
Artigo: Sem cursos decentes e Revalida, medicina está em risco
Sociedade de Imunizações: adulto desconhece calendário de vacinas
Consultas psiquiátricas pelos planos de saúde sobem 20% em dois anos
Maqueiro, não! App regula serviço de macas em hospital
A REDAÇÃO
Pesquisa da UFG cria exame que detecta câncer através da cera de ouvido
Yuri Lopes
Goiânia – Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) descobriram um exame que detecta o câncer e outras doenças em diferentes estágios, a partir da análise da cera de ouvido.
O estudo foi realizado no Laboratório de Métodos de Estração e Separação (Lames), ligado ao Instituto de Química da UFG.
Os cientistas envolvidos na pesquisa descobriram que a cera guarda o histórico do metabolismo e indica se a pessoa está saudável ou doente.
O exame é feito a partir de uma amostra de cera coletada do ouvido, que fica armazenada em um recipiente isolado do meio externo, mantida a – 20? C, em caso de o exame ser feito em outro dia após a coleta.
Durante a realização da pesquisa, foram analisadas amostras de 50 indivíduos saudáveis e 52 com câncer, sendo 21 carcinomas, 4 sarcomas acompanhados de carcinomas, 10 leucemias, 11 linfomas, 3 mielomas com leucemia e 3 tumores do sistema nervoso central acompanhados de carcinomas.
O resultado da pesquisa foi revelado ao universo científico após publicação do estudo na publicação especializada Scientific Reports Nature.
………….
HOJE EM DIA
Projeto de lei pode reduzir direitos e cobertura e encarecer planos de saúde
Um debate sobre drásticas alterações nas regras dos planos de saúde pode entrar na pauta do Congresso em breve. Em uma minuta de projeto de lei enviada ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), as operadoras propõem mudanças como redução das coberturas, flexibilização para reajustes de mensalidades mais de uma vez por ano, peso maior na cobrança aos idosos e critérios menos rígidos para os ressarcimentos ao SUS, além de retirar da Agência Nacional de Saúde Suplementar(ANS) a regulação do setor.
Preocupado com a proposta, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) publicou a minuta do projeto com uma análise crítica dos 89 artigos que as empresas querem alterar na Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/1998). Segundo especialistas da área, as mudanças podem prejudicar 47,2 milhões de clientes no país, sendo 10,8% deles concentrados em Minas.
Em nota técnica, o Idec considera o projeto como "danoso ao SUS que, já subfinanciado, passaria a arcar com os custos da desassistência promovida pela nova legislação e perderia recursos com o fim do ressarcimento".
O professor Mário Sheffer, do departamento de Medicina da USP e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), argumenta que a perda de cerca de três milhões de clientes das operadoras, que migraram para o SUS de 2014 a 2018, segundo a ANS, motivou as empresas a batalhar por um projeto de lei mais draconiano.
"É uma ideia de apagar o papel da ANS e criar um mercado hiper-fragmentado, no qual o cliente irá ter menor cobertura e gastará mais", diz Sheffer.
Uma das críticas do Idec é a liberação para as operadoras oferecerem pacotes avulsos, como de atendimento básico, consultas médicas e diagnóstico. Hoje, a ANS obriga os planos a atenderem ao Cadastro Internacional de Doenças (CID), emergências ambulatoriais, hospitalares e ações de tratamento e reabilitação.
Prazo para consultas
Outro ponto delicado é a retirada do prazo máximo de sete dias para marcar consultas de especialidades básicas, como pediatria e cirurgia geral, sem qualquer sanção às operadoras.
Para a presidente do Conselho Diretor do Idec, Marilena Lazzarini, as mudanças também restringem os direitos dos idosos e afetam os gastos do SUS, que deverá continuar atendendo pacientes que tenham planos privados, mas só receberá o ressarcimento nos casos em que o paciente for efetivamente transferido da rede pública para a particular.
"As operadoras querem proibir idosos de aderirem a planos coletivos, até seis vezes mais baratos do que os individuais. O SUS também seria prejudicado porque teria que atender à rede privada, mas sem necessariamente receber por isso", avalia Lazzarini.
Procurado, o Ministério da Saúde informou que não comenta projetos de lei. A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) não se posicionou. Já a ANS informou que "reconhece apenas projetos que estão em tramitação no Congresso, não cabendo comentar suposta proposta advinda do setor regulado". O órgão destacou ainda que "a legislação do setor e a regulamentação promovida pela ANS trouxeram importantes conquistas para o consumidor".
Lucros
Enquanto as operadoras de planos de saúde reclamam a perda de clientes nos últimos anos, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou, em julho, um estudo evidenciando um aumento na média de consultas realizadas por indivíduo no ano passado e um crescimento de 55,6% no lucro dessas empresas nos últimos seis anos.
Em 2018, foram 1,4 bilhão de procedimentos como consultas, exames e internações, expansão de 5,4% em relação a 2017. Enquanto isso, o número de beneficiários de planos de saúde privados permaneceu praticamente estável – de 47,15 milhões para 47,26 milhões neste período.
Segundo o Idec, o aumento de procedimentos por indivíduo está refletido diretamente no lucro líquido das operadoras, saltando de R$ 109 bilhões em 2013 para R$ 196 bilhões em 2018, de acordo com dados da ANS
………………
O GLOBO
A perda de poder do presidente da Amil
Em fase de fechar as torneiras para estancar os resultados ruins da Amil, a UnitedHealth anuncia em muito breve uma reestruturação administrativa que vai restringir fortemente o poder de Claudio Lottenberg. O presidente da Amil foi dias atrás para Israel, de férias. Deve passar dez dias fora.
Sua volta deve coincidir com o anúncio das mudanças na empresa, todas elas gestadas pela CEO mundial da United, Molly Joseph, que, depois de passar o mês de agosto no Brasil, retornou aos EUA na semana passada. Até a venda de hospitais está sendo estudada pela United, que comprou a Amil em 2015 por R$ 10 bilhões.
Após descredenciamento, Amil e Rede D'Or vão manter tratamentos em andamento
……………..
Artigo: Sem cursos decentes e Revalida, medicina está em risco
Médicos pelo Brasil, embora melhor que o Mais Médicos, não resolverá o problema
No começo do século passado, o educador americano Abraham Flexner foi designado para avaliar 155 faculdades de Medicina dos EUA. Como no Brasil de hoje, havia excesso de faculdades e escassez de qualidade. Sua dura avaliação, de 1910, ficou famosa: afirmava que muitos dos cursos eram "uma desgraça para a causa da medicina". Na década seguinte ao Relatório Flexner, o número de faculdades caiu 36%, de 133 para 85. E hoje os EUA têm uma das medicinas mais respeitadas do mundo.
A medicina brasileira há anos sofre uma situação que põe em risco a saúde de toda a população. A decadência se acelerou em anos recentes. Os principais fatores foram a explosão de cursos de péssima qualidade Brasil afora, colocando-nos como o segundo país com mais faculdades de medicina no mundo; e o malfadado programa Mais Médicos, que trouxe cubanos como profissionais sem titulação aferida, em troca de dinheiro para o governo cubano. Ninguém está a salvo, nem os ricos e ou políticos, sujeitos – como todos os brasileiros – a acidentes e a terminarem em hospitais públicos, como o presidente da República, Jair Bolsonaro, salvo de uma facada por médicos de uma unidade do SUS.
No início de agosto, o grupo de trabalho de cubanos do Ministério da Saúde, de que participei, decidiu que eles passarão a ser tratados como qualquer médico formado fora do país, só podendo exercer a medicina após aprovados pelo teste Revalida.
Nos últimos anos, vem se intensificando a emigração de brasileiros para cursarem medicina em países fronteiriços, em faculdades privadas de péssima qualidade, com a expectativa de exercer a profissão no Brasil. Já são dezenas de milhares. Esse capital eleitoral motiva políticos populistas a buscar arrumar uma "solução" para esses profissionais praticarem medicina sem prova ou amparados pelo "Revalida light" – uma gambiarra para permitir a pessoas incapazes atender a população, colocando-a em risco.
O governo não pode abrir mão do Revalida em universidade pública para autorizar o exercício da medicina no país. Assim é em qualquer país sério, como Estados Unidos, França ou Inglaterra. Diferentemente do que é dito, estes profissionais formados fora não resolverão a escassez de médicos no interior do Brasil. Após obterem seus registros, não vão se estabelecer nos rincões, e sim nos grandes centros.
A falta de fiscalização efetiva das faculdades privadas de Medicina é outro problema. Muitas foram abertas sem nenhuma condição de formar médicos adequadamente. Há denúncias de que alunos de países da América do Sul se transferem já no final do curso para uma faculdade brasileira, com o intuito de obter o CRM sem o Revalida. Se comprovadas as denúncias, faculdades transformadas em balcão de negócios precisam ser fechadas.
Não faltam médicos ao Brasil. Falta é política de captação de profissionais para os rincões e que só será resolvida com a criação de uma carreira de Estado. O recente programa Médicos pelo Brasil, embora melhor que o moribundo Mais Médicos, tampouco resolverá o problema. A contratação por CLT não dá ao médico a segurança de abandonar sua vida estabelecida para morar em local ermo, se está sujeito à demissão a qualquer tempo. Sugeri ao ministério a criação da carreira de Estado ao menos para os locais mais afastados – promessa de campanha. Seria uma forma de mitigar a falha e serviria de início para a carreira de Estado em todos os postos posteriormente.
É hora de dar um fim a este momento dramático, com milhares incapazes de exercer a medicina, formados em péssimos cursos fora do Brasil, sem Revalida, e com graduados no Brasil em faculdades onde basta ter dinheiro para conseguir o diploma. Precisamos por aqui de um novo Relatório Flexner, como nos EUA de 1910, que separe os bons cursos dos maus. Porque os principais afetados são sempre os mais pobres.
Raphael Câmara Medeiros Parente é médico e conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro
……………….
ISTOÉ
Sociedade de Imunizações: adulto desconhece calendário de vacinas
O retorno do sarampo a regiões do Brasil, contagiando principalmente adultos, fez com que a vacina tríplice viral voltasse a entrar em evidência. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) alerta, entretanto, que a surpresa de parte da população adulta em relação à necessidade de se vacinar comprova o desconhecimento em relação ao Calendário Nacional de Vacinação. Vice-presidente da SBIm, Isabela Balalai informa que a entidade criou um grupo multidisciplinar focado em como reverter essa situação.
"Parece que está todo mundo descobrindo e entendendo como uma coisa nova que o adulto tem que se vacinar. A vacina tríplice viral está no calendário do adulto há anos, e parece novidade", adverte ela. "Há uma questão cultural de que vacina é coisa de criança. A gente aprendeu que precisa levar as crianças ao posto e não sabe que esse é só o primeiro desafio. A população desconhece que existe um calendário de vacinação rotineiro para o adulto".
O contágio de sarampo traz uma preocupação adicional para a SBIm, porque ele indica que existe a possibilidade de um retorno da rubéola, doença que está erradicada no país. Como a imunização contra ambas e também contra a caxumba é garantida com a mesma vacina, a tríplice viral, Isabela Balalai afirma que o avanço do sarampo indica que a imunização contra as três doenças está abaixo do ideal. "Se o vírus da rubéola entrar no país, como é a mesma vacina, o cenário pode ser o mesmo".
Com 37 anos, a securitária Ludmilla Tosoni conta que não costuma atualizar sua caderneta de vacinação de adulto, que só recebeu quando tomou a vacina de febre amarela, há dois anos. "A vacina da gripe foi a última que tomei. É uma vacinação que acontece aqui no trabalho, em uma campanha que eles fazem. Tomo pela facilidade", diz ela, que sabe que precisa tomar a vacina da hepatite B e que pode encontrá-la gratuitamente no posto de saúde. "A vacinação de adultos é mais displicente que a vacinação de crianças. Quando se trata de crianças, as pessoas costumam ser mais cuidadosas, mais atentas", reconhece.
O Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde pode ser consultado na internet. Adultos devem manter em dia as imunizações de hepatite B, febre amarela, tríplice viral e dupla adulto (DT), além da pneumocócica 23 valente para grupos específicos. A SBIm tem um calendário mais amplo, que também pode ser conferido online, mas nem todas as vacinas que constam nele podem ser obtidas gratuitamente no Sistema Único de Saúde.
Isabela Balalai reconhece que a responsabilidade de comunicar o calendário de vacinação é do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações, mas acrescenta que é também dos médicos, que, na avaliação da SBIm, não vêm cumprindo esse papel como poderiam.
"Os médicos também precisam estar informados. É outro desafio. O médico que atende adultos ainda não tem na rotina dele a recomendação de vacina", diz ela, acrescentando que uma das conclusões do grupo de trabalho foi a recomendação de investir mais na educação médica, reforçando conteúdos sobre vacinação.
A vacinação de adultos será um dos assuntos discutidos na Jornada Nacional de Imunizações, que acontecerá nesta semana em Fortaleza. O encontro de pesquisadores e especialistas, que começa quarta-feira (4) e vai até sábado (7), tratará de outros desafios, como o combate às fake news e boatos contra as vacinas.
……………
PORTAL UOL
Consultas psiquiátricas pelos planos de saúde sobem 20% em dois anos
O estresse e a ansiedade já faziam parte do dia a dia da comissária de bordo Carla (nome fictício), de 38 anos, há anos. Sempre ocupada, ela nunca deu grande importância para o problema. Quando o filho nasceu, em 2018, os sintomas, até então leves, se agravaram, levando Carla, em junho, a uma crise nervosa que a fez jogar o bebê-conforto com o filho no chão.
"Ele já tinha nove meses e praticamente não dormia. Eu estava sozinha, sem ninguém para me ajudar a cuidar dele, sem dormir há dias, já tinha procurado vários profissionais e nenhum soube como me ajudar. Então eu tive essa crise", conta.
STJ manda hospital abrir prontuários por suspeita de troca de bebês Sócio que agrediu crianças pode voltar ao clube Pinheiros Rosely Sayão: 'Pais têm receio de assumir o papel de careta da família'
Por sorte, o bebê não teve nenhum ferimento e a crise aconteceu dentro de uma clínica médica do plano de saúde de Carla. No local, ela foi imediatamente atendida por uma equipe de saúde mental estabelecida no espaço há alguns meses justamente com o objetivo de dar um atendimento mais especializado para pacientes com transtornos mentais, demanda crescente entre as operadoras de saúde brasileiras.
Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que o número de procedimentos registrados pelos convênios médicos voltados à saúde mental têm crescido em ritmo muito superior à média dos demais tratamentos.
Enquanto as consultas médicas como um todo cresceram apenas 0,5% entre 2016 e 2018, o número de atendimentos com psiquiatras saltou 19,5% no mesmo período. Alta ainda maior foi observada nas sessões de psicoterapia, que aumentaram 35,6%.
As internações psiquiátricas, indicadas geralmente para pacientes com quadros mais graves, também aumentaram. No ano passado, foram 196,3 mil atendimentos do tipo ante 157,4 mil em 2016, alta de 24,7%. No mesmo período, as internações gerais feitas por planos cresceu apenas 3,8%.
Programas especiais
O quadro já faz alguns planos de saúde, como o de Carla, criarem programas especiais voltados para saúde mental, com ações direcionadas tanto a pessoas que sofrem com os transtornos mais comuns, como depressão e ansiedade, quanto para pacientes com quadros como autismo e síndrome de Down.
Maior operadora do País, a Amil implementou, em oito de suas unidades próprias de atendimento básico, equipes de saúde mental formadas por um psiquiatra, um psicólogo e um assistente social. "Esses profissionais auxiliam os médicos da família, responsáveis pelo acompanhamento de rotina, e também atendem pacientes encaminhados por ele", explica Nulvio Lermen Junior, diretor técnico de atenção ambulatorial da Amil.
"(O aumento de transtornos psiquiátricos) é um problema muito relevante. Afeta a vida da pessoa em vários aspectos: diminui a qualidade de vida e a produtividade no trabalho, aumento o risco de suicídio e de internação e afeta todo o núcleo familiar, por isso que os planos precisam prestar atenção nisso.", diz.
Somente neste ano, as oito clínicas da Amil que contam com equipe de saúde mental já atenderam cerca de 1,6 mil pacientes dentro do programa, dos quais 512 estavam em situação de crise, como foi o caso de Carla. Depois do episódio, ela começou a tomar medicação para ansiedade e passa por psicoterapia semanalmente. "Acabou facilitando o meu tratamento ter os vários profissionais no mesmo local", conta.
A Care Plus, operadora com foco no segmento premium, também decidiu investir em um programa de saúde mental. Lançou em julho iniciativa que oferece aos beneficiários uma central telefônica 24 horas com uma equipe de psicólogos que fazem um primeiro atendimento e direcionam o paciente aos serviços necessários.
A empresa criou ainda um programa focado em crianças e adolescentes com condições como o autismo. "A ideia é que o paciente e todos os seus familiares tenham apoio psicológico e autorização facilitada para as terapias necessárias", explica Ricardo Salem, diretor médico da Care Plus. A Amil também lançará nas próximas semanas programa voltado a autistas.
De acordo com as empresas, o investimento no atendimento especializado de saúde mental não só melhora a qualidade de vida dos usuários como diminui o risco de complicações – ruins para o doente, mas também para o plano, que, nesses casos, tem mais gastos.
A preocupação das operadoras com essa demanda teve reflexo no número de programas de prevenção e promoção de saúde cadastrados pelos convênios junto à ANS. Entre 2016 e este ano, as iniciativas do tipo passaram de 31 para 42.
'Só tinha vontade de chorar, sumir, morrer, me machucar'
Foi só quando começou a cortar a própria pele que a operadora de telemarketing Rejane Oliveira Guilhermino dos Santos, de 28 anos, se convenceu que precisava de ajuda médica. Já fazia pelo menos dois anos, desde que perdeu a guarda do filho para o ex-marido, que ela sentia uma tristeza frequente, mas pensava que o sentimento seria passageiro.
"Percebi que as coisas estavam piorando quando comecei a me isolar das pessoas. Só sentia vontade de chorar, de sumir, de morrer, de me machucar. Mas não imaginava que o que eu tinha era depressão", conta ela.
Após crises em que se automutilava, Rejane decidiu marcar uma consulta no médico da família que a acompanha pelo plano de saúde.
"Foi ele que me encaminhou para a psiquiatra e para a psicóloga. Daí passei a entender que era um problema que precisava de tratamento. Foi bom ter esse atendimento especializado porque, entre colegas, cheguei a sofrer preconceito. No trabalho, me disseram que eu não precisava de licença, que tudo isso era frescura", conta ela.
A analista de relacionamento Sabrina (nome fictício), de 27 anos, também preferiu recorrer a um auxílio profissional durante uma crise de depressão em um fim de semana. "Como o plano oferece a central telefônica com psicólogos, preferi ligar nesse telefone do que desabafar com amigos ou familiares. Alguns não compreendem o problema em sua totalidade, é melhor falar com alguém especializado", conta ela.
Ela diz que já faz tratamento para depressão há alguns anos, mas que, quando tinha pioras aos fins de semana, não sabia como agir. "Eu ficava sem ter o que fazer porque é mais difícil conseguir atendimento. Agora, quando vejo sinais de piora, eu já falo com a psicóloga da central. Ela respeita o meu espaço, às vezes quero falar só por mensagem e ela me ajuda", diz.
………………
CORREIO DA BAHIA
Maqueiro, não! App regula serviço de macas em hospital
Ferramenta digital torna mais eficiente transporte de pacientes e eleva moral de categoria
São 15:30 quando Wesley vê o alerta do pedido da corrida no celular. Precisará chegar em até cinco minutos para não ter o pedido cancelado. No Pronto Atendimento, Yasmin aguarda sua chegada. No Hospital Santa Izabel, no centro de Salvador, as macas e cadeiras de rodas chegam por meio de um aplicativo de corrida criado para atender a unidade. Os homens de blusa azul e calça branca, chamados agentes de transporte, estão por todos os lados com celulares à mão.
É a primeira vez que um hospital brasileiro testa essa modalidade de transporte por aplicativo, informação confirmada pela Federação Brasileira de Hospitais (FBH). Como num aplicativo de corrida qualquer, por exemplo, tanto motorista quanto passageiro podem cancelar. No caso do TAP, nome do sistema, tanto agente de transporte quanto paciente. A diferença é que quem precisa de uma corrida dentro da unidade tem urgência de chegar ao destino.
Quando chega a Yasmin, Wesley Rocha espera cinco minutos.
"Se demorasse mais, teria que cancelar", explica, enquanto leva, de cadeira de rodas, a menina ao setor de exames.
Os agentes recebem as chamadas em tempo real, por proximidade. A taxa de cancelamento é de 1% a 3%.
No mês de julho, foram 9.325 corridas. Numa tarde de quarta-feira, a reportagem acompanhou, da solicitação ao fim, quatro corridas. O tempo de espera média é de 4 minutos e 33 segundos.
A corrida é iniciada a partir de um código. É preciso fotografar o QR Code fixado na pulseira do paciente e verificar se aquela é a pessoa certa. Até porque, o aplicativo funciona dos setores mais emergenciais aos mais complexos. "Ajuda bastante a gente. Não corre risco de pegar a paciente errada", acredita o agente Wesley. Eles garantem que nunca aconteceu.
Por todos os lados
Os 47 agentes ficam espalhados pela unidade, com 53 mil metros quadrados a percorrer. O dia costuma ser mais movimentado. As pausas ocorrem ou no salão da musicoterapia, onde param para escutar piano, ou na central de transportes. Naquela sala, seis pessoas observam, num monitor, os pedidos.
Cada um é organizado por nome, horário, local de solicitação e destino.
"A gente pode perguntar onde estão, o porquê de uma demora", explica Bianca Silva, uma das responsáveis pela função.
Os enfermeiros e técnicos fazem a solicitação. Nos casos de pacientes com necessidade de máscaras de gás, por exemplo, quatro técnicos de enfermagem se alternam para auxiliar o transporte. Os médicos também podem precisar acompanhá-los.
Às 15h45, o paciente Alex da Silva é levado, numa maca, para o setor de hemodinâmica. O agente conversa com ele enquanto o elevador não chega. Há sete meses, tudo era diferente, lembra Mendes, chefe o setor de transporte.
Maqueiros não, agentes de transporte
Antes, quando precisavam chegar até um paciente, os agentes utilizam o procedimento padrão nos hospitais baianos. Cada área tinha sua própria equipe de maqueiros e encontrava, via rádio, um profissional. O equipamento ficava pendurado à cintura do atendente e rompia o silêncio do hospital, incomodava.
Os maqueiros, hoje chamados de agentes de transporte, não podiam migrar, mesmo que a movimentação em uma área fosse maior que em outra. A centralização começou a se tornar um problema.
Nos quartos, os médicos reclamavam da demora. Os maqueiros não conseguiam chegar sempre a tempo. A solução mais imediata foi pensar na contratação de novos funcionários. Um dia, no seu escritório, Mônica Bezerra, diretora administrativa do hospital, pensou que de nada adiantaria. Àquela altura, os maqueiros estavam incomodados até com a própria função. Daí a mudança de nome.
A sacada foi pensar um novo aplicativo de corridas. A administração contratou uma empresa de tecnologia, que iniciou a análise. Ninguém havia testado algo parecido dentro de um hospital. Nem que a mudança de nome teria impacto. "Criamos nas pessoas a concepção de que elas são importantes", diz a diretora.
Cinco estrelas
Desde então, Elci Mendes é responsável por coordenar as idas e vindas do transporte hospitalar. "Maqueiros não, agentes de transporte", avisa, se, por força do hábito, alguém confunde os nomes".
"Melhorou muito a mão de obra profissional, porque ele se sente parte do processo", acredita ele.
Na tarde da visita, Ariele, 3, diagnosticada com pneumonia, foi levada ao ambulatório por um carrinho elétrico. "Achei ótimo. Tira um pouco do peso de estar aqui", diz Elisângela Souza, 39, mãe da criança, que ri a caminho do consultório, guiada por Mendes. Os funcionários e pacientes não estranharam a mudança, mas acham curioso a automatização do pedido.
O agente Hebert Peixoto, 42, trabalha ali desde 2015. Acompanhou toda a transição. "Antes, eram os setores ligando para cada maqueiro. Uma agonia. Me sinto até mais valorizado", lembra, antes de partir para o setor de exames, onde pegará uma paciente.
Os agentes precisam ser rápidos. O hospital já está em fase de testes para criar uma avaliação em estrelas. Na saída, dez agentes posam para a foto. "Somos os Smurfs", brinca Luciano Santos.
A pausa dura cinco minutos, até que Mendes avisa que precisam retornar. É o máximo de tempo que podem ficar parados sem perder nenhuma corrida ou empacar o hospital.
Até prontuário é eletrônico: hospitais começam a investir em tecnologia de gestão
Desde o início do ano, funcionários de cinco hospitais estaduais registram os prontuárioseletronicamente. O software adotado, chamado AGHUse, registra, em tempo real, a ocupação dos leitos e o estado de saúde de cada paciente. A tecnologia também agrega os custos, faturamentos, estoques e manutenções em cada um deles.
Neste ano, a rede estadual de saúde, por exemplo, investiu R$ 60 milhões milhões em tecnologia na gestão dos hospitais. A Secretaria Municipal não tem estimativa. No ano passado, uma pesquisa do Deel Global Techonology Adoption Indez (GTAI) mostrou que, no Brasil, as administrações hospitalares tinham investido 4% a mais em tecnologia. Não apenas na melhoria de equipamentos, mas de métodos de gestão.
O diretor da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), Mauro Adan acredita que a aplicação de tecnologia na gestão tem a ver com a fidelização de pacientes. É o que fará o paciente voltar, quando for preciso.
"O que vai fazer que o paciente escolha o hospital: equipe médica ou recurso que eu possa ter, seja de conforto ou segurança", opina Mauro. A associação não tem nenhum balanço.
No caso do Santa Izabel, a mudança aconteceu a partir da adoção da metodologia Lean, em 2015, explica Mônica Bezerra. O método, criado pela Toyota na década de 60, pretende tornar o processo mais produtivo, na menor quantidade de tempo possível. No Lean, tudo pode ser considerado um problema.
As equipes coletam informações sobre o produto, quem será beneficiado, quem contribui e como cada etapa pode ser medida. Depois, é formulado um projeto. A crença é de que qualquer intervenção, por mínima que pareça, causa impacto na rotina e no rendimento da empresa.
O Hospital Municipal de Salvador implantou a mesma metodologia em agosto do ano passado. Um dos indicadores adotados é medir a lotação do hospital, a partir da medida exata de quanto tempo os pacientes passam pelas urgências e permanecer no hospital.
Assim, podem readequar a assistência conforme necessitado. O hospital também criou um aplicativo por meio do qual é possível acessar as especialidades disponíveis e exames realizados.
…………..
Rosane Rodrigues da Cunha
Assessoria de Comunicação