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DESTAQUES
Planos de saúde: índice máximo de aumento de individuais será divulgado hoje. Veja como funcionam os reajustes
Entidades filantrópicas pedem suspensão do piso da enfermagem, ao menos para o setor
Goiás fica em 8º lugar no ranking dos estados que mais consomem bebida alcóolica no país
Redes sociais e o submundo da cirurgia plástica
Anvisa aprova primeiro medicamento injetável para prevenção do HIV
Tratamento precoce de cardiopatia congênita simples não deixa sequelas
O que explica aumento de mortalidade por infarto entre mulheres jovens brasileiras
Mais de um milhão de pessoas esperam por cirurgias eletivas no SUS
O que explica aumento de mortalidade por infarto em mulheres jovens no Brasil
O GLOBO
Planos de saúde: índice máximo de aumento de individuais será divulgado hoje. Veja como funcionam os reajustes
A Agência Nacional de Saúde Suplementar divulga, nesta segunda-feira, o percentual máximo autorizado para os reajustes dos planos de saúde individuais. O limite é válido para a aplicação entre maio de 2023 e abril de 2024, de acordo com o mês de aniversário do contrato. O índice está sendo divulgado com um mês de atraso e será aplicado retroativamente nos contratos que deveriam ter sido reajustados em maio.
O mercado estima que o percentual limite para o reajuste deve ficar entre 9% e 12%. Segundo a Associação Brasileira dos Planos de Saúde (Abramge), em suas simulações, o percentual encontrado com maior frequência foi de 10,4%.
Seja qual for o índice se determinado pela ANS nesse intervalo bem menor do que o que vem sendo aplicado nos contratos coletivos – a maior parte na faixa dos 25%, havendo alguns superiores a 30% – ficará muito acima da inflação medida pelo IPCA nesse período, de 3,94%.
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Limite de reajuste de planos individuais autorizados pela ANS – Foto: Editoria de arte Limite de reajuste de planos individuais autorizados pela ANS – Foto: Editoria de arte
Essa limitação só vale para 8,9 milhões de contratos, que representam apenas 17,5% dos 50,5 milhões de usuários.
Confira como é a regra de reajuste para diferentes contratos de planos de saúde:
Como é calculado o reajuste anual?
O contrato deve informar com clareza os critérios de reajuste. Mas, de forma geral, este é calculado a partir da variação nos custos ocasionada por fatores como inflação, uso de novas tecnologias e a própria utilização do plano pelos consumidores que compõem o contrato.
No caso dos planos individuais, a taxa máxima de aumento anual é limitada pela ANS.
Nos coletivos, há uma livre negociação entre contratantes e operadoras, o que pode levar a índices muito maiores do que o determinado pela ANS. Os contratos de adesão, tradicionalmente, concentram os maiores percentuais de reajuste.
Para os coletivos com até 29 anos, a ANS estabelece que as operadoras devem fazer o cálculo usando como base todos usuários dessa modalidade em sua carteira. Essa é a uma forma de diluir risco, já que em um contrato com pequeno número de usuários, se houver um caso grave, que exija desembolso de alto custo, isso poderia levar a reajustes excessivamente altos e inviabilizar a permanência dos beneficiários.
E o reajuste por faixa etária, quando acontece?
O reajuste por mudança de faixa etária ocorre de acordo com a variação da idade do consumidor. Há dez faixas previstas: até 18 anos; de 19 a 23 anos; de 24 a 28 anos; de 29 a 33 anos; de 34 a 38 anos; de 39 a 43 anos; de 44 a 48 anos; de 49 a 53 anos; de 54 a 58 anos; e 59 anos ou mais.
A ANS determina que a a diferença de valor entre a mensalidade da primeira e da última faixa etária não pode ultrapassar 500%. A norma da agência também estipula que as últimas cinco faixas não podem acumular uma variação maior do que a das cinco primeiras, a fim de evitar que o peso maior do reajuste se concentre nas faixas de maior idade, o que acabaria por levar esses consumidores a deixarem o plano.
Se eu não conseguir a nova mensalidade do meu plano de saúde, qual a alternativa?
A portabilidade pode ser uma alternativa. Esse instrumento permite trocar operadora sem a necessidade de cumprir novos períodos de carência e de cobertura parcial temporária para doenças ou lesões preexistentes.
Para realizar a troca de um plano de saúde, é importante observar as regras estabelecidas pela ANS. Os planos devem ser compatíveis (pode-se verificar em https://www.ans.gov.br/gpw-beneficiario/). Também é necessário que o consumidor esteja vinculado ao plano atual há pelo menos dois anos, ele não pode estar inadimplente e o contrato precisa estar ativo.
Além disso, as operadoras têm como política comercial avaliar o tempo de permanência do beneficiário em outro plano e as características daquele produto. Se essa análise indicar boas práticas de uso, a empresa pode dispensar o prazo de carência.
Esse período é demonstrado por meio de um documento conhecido como carta de permanência. Nesses casos, o beneficiário poderá utilizar todos os serviços do plano de saúde contratado, sem ter que esperar.
Posso trocar por um plano mais barato na mesma operadora? Nesse caso, há carência?
Sim, isso é possível, e nesse caso não há necessidade de cumprimento de carência. No entanto, é preciso ter ao menos um ano de contrato no plano anterior.
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JOTA INFO
Entidades filantrópicas pedem suspensão do piso da enfermagem, ao menos para o setor
Federação das Instituições Beneficentes sustenta que filantrópicas não possuem ‘socorro’ para custeio do piso da enfermagem
A Federação Nacional das Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas solicitou, ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), a suspensão total da lei do piso da enfermagem, ou, ao menos, para “instituições beneficentes que não realizam atendimento pelo SUS, até que seja indicada a fonte de custeio”.
Segundo a federação, há risco na empregabilidade caso as entidades beneficentes tenham que pagar o piso. “Se a rede SUS foi contemplada com assistência financeira da União, as demais instituições não possuem socorro semelhante”, alega.
O julgamento do piso da enfermagem foi interrompido, no dia 24 de maio, com um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Até a paralisação, o relator, Luís Roberto Barroso, tinha votado pela manutenção da liminar em que estabelecia critérios para o pagamento do piso, enquanto o ministro Edson Fachin havia opinado pela aplicação imediata do piso tanto para o setor público quanto privado.
Com a interrupção, continua válida a liminar de Barroso que restabeleceu o piso da enfermagem nos seguintes termos: União deve pagar 100% do piso para os servidores do seu quadro; estados, municípios e hospitais que atendem 60% de pacientes dos SUS quitam as folhas de pagamento dos profissionais de saúde nos limites dos valores repassados pela União; e a iniciativa privada pode tentar acordo com os funcionários via negociação coletiva, que deve valer para os salários relativos ao período trabalhado a partir de 1º de julho de 2023.
A Federação Nacional das Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas solicitou, nesta terça-feira (6/6), que o ministro Barroso aceite seu pedido de amicus curiae na ADI 7.222 e que mantenha a liminar que impediu a produção de efeitos da lei do piso da enfermagem. A organização argumenta que as instituições de saúde beneficentes e filantrópicas possuem um planejamento financeiro previamente acordado com seus financiadores e que elas já estão “em situação financeira caótica”.
Sustenta que as instituições filantrópicas, muitas vezes, celebram termos de parceria com os entes públicos para promover os tratamentos de saúde. Segundo a federação, os entes públicos parceiros foram “surpreendidos com uma lei que estabelece um piso salarial de âmbito nacional, absurdamente desproporcional, o qual não é aplicado (considerando a média salarial), nem aproximadamente, em nenhum dos estados da Federação”.
A federação alega que as entidades serão impactadas duramente pela lei do piso da enfermagem e que, em muitos locais, pode ocorrer a inviabilidade total “da manutenção dos serviços por parte destas organizações, sem fins econômicos, as quais, em muitos locais chegam a ser o único hospital da cidade ou região”.
Segundo a federação, quase a totalidade das atividades de atenção aos idosos, a pessoas com deficiência, a pessoas excepcionais, a pessoas que precisam de reabilitação, entre outras; são realizadas por associações, fundações ou organizações religiosas. O Panorama das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) no Brasil mostra que 60% das instituições de acolhimento aos idosos são filantrópicas.
“É certo que o Estado não possui condições de absorver todo este atendimento, mas se as organizações não contarem com recursos para manter os profissionais que realizam os atendimentos, a situação ficará insustentável”, ressalta.
A federação defende que a destinação de recursos do governo para o pagamento piso da enfermagem, alteração que foi importante para revogação parcial da liminar, diz respeito somente às instituições de saúde que atuam de forma complementar ao SUS. “Portanto, se as medidas não são suficientes para sustentar o custo com o piso nacional dos profissionais de enfermagem para as organizações que atendem ao SUS, o que se dirá quanto aquelas instituições que, apesar da relevância pública dos seus serviços, não contam contam com nenhuma medida de assistência financeira no aspecto da Lei debatida na presente ADI”, destaca.
Segundo a entidade, “se a rede SUS foi contemplada com assistência financeira da União, as demais instituições não possuem socorro semelhante, o que só pode levar a um destino: se não há recursos, não há emprego, estabelecido o caos”.
A organização ainda sustenta que o tempo que o STF previu para negociações com os sindicatos de enfermagem é extremamente curto. “E ainda, as organizações sindicais, não abrirão mão do piso salarial da enfermagem aos seus representados”, afirma.
Ainda não há nova data para que o julgamento seja retomado. O ministro Gilmar Mendes tem, de acordo com as novas regras do tribunal, 90 dias para apresentar o voto-vista. Depois deste período, o caso é liberado automaticamente para os outros ministros para julgamento.
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TV ANHANGUERA
Goiás fica em 8º lugar no ranking dos estados que mais consomem bebida alcóolica no país
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TV BAND
Redes sociais e o submundo da cirurgia plástica
As redes sociais estão sendo usadas para divulgar a prática inescrupulosa da medicina. Em especial, a oferta de cirurgia plástica circulando em posts montados por pessoas que se autointitulam “facilitadoras de procedimentos médicos”.
Redes sociais e o submundo da cirurgia plástica | Band (uol.com.br)
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AGÊNCIA ESTADO
Anvisa aprova primeiro medicamento injetável para prevenção do HIV
A Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro medicamento injetável para prevenção do HIV no Brasil, o Cabotegravir, que será mais uma opção de profilaxia pré-exposição (PreP), ou seja, uso contínuo de medicamentos antirretrovirais para pessoas com maior risco de contaminação. A autorização foi dada à empresa GSK (GlaxoSmithKline) e está na Resolução nº 1.970, de 1º de junho de 2023, publicada no Diário Oficial da União no último dia 5 de junho.
Atualmente, os medicamentos à disposição do público são comprimidos de uso via oral. A principal diferença em relação aos novos está em sua ação prolongada, com redução da necessidade de doses. Basicamente, aplica-se uma injeção intramuscular na região dos glúteos, com as duas doses iniciais tendo entre elas um intervalo de quatro semanas, e depois uma dose a cada oito semanas. Ou seja, em vez de 365 doses anuais, seriam apenas seis.
Segundo informações divulgadas pela GSK em 2020, a eficácia do novo método seria 69% maior em relação aos medicamentos de uso oral e diário. Além disso, espera-se que, com doses menos frequentes, a adesão ao tratamento aumente para os que fizerem uso desse tipo de medicamento. Para mais informações sobre eficácia, segurança e quem deve recorrer ao método da PReP, é possível acessar o site e documentos do Ministério da Saúde (ainda sem atualização em relação aos injetáveis).
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AGÊNCIA BRASIL
Tratamento precoce de cardiopatia congênita simples não deixa sequelas
Doença atinge 1% dos bebês nascidos no Brasil
O Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita, uma anomalia na estrutura ou função do coração, é lembrado nesta segunda-feira (12) no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, 1% dos bebês que nascem no país tem alguma cardiopatia congênita. Isso significa cerca de 29 mil a 30 mil novos casos por ano. Na terça-feira (13), o Instituto Nacional de Cardiologia (INC) promove uma sessão de portas abertas para pacientes e familiares, com o objetivo de ajudar no entendimento de cada pessoa e esclarecer dúvidas sobre a doença.
A anomalia surge na gestação. “A criança nasce com o problema; vem da barriga da mãe e, ao longo da vida, vai lidar com a doença, no formato da complexidade do que é a doença na origem”, disse à Agência Brasil a coordenadora do Serviço de Cardiopatia Congênita no Adulto e Doenças da Aorta do INC, Maria Carolina Terra Cola,. A unidade é referência do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro no tratamento de crianças e adultos com cardiopatias congênitas.
A doença pode ser mais ou menos complexa, explicou a médica. Quanto mais simples, maior é a chance de a criança ter a doença tratada logo, ou seja, na primeira ou segunda infância, e ficar sem nenhuma sequela, tendo só o acompanhamento cardiológico normal, disse Maria Carolina.
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Quando a cardiopatia congênita é mais complexa, ou muito complexa, a criança, adolescente ou adulto vão acabar tendo que lidar com o problema a vida toda e, muitas vezes, voltar ao hospital para internações e intervenções, que podem ser cirurgias ou cateterismo. “E vivenciar isso a vida inteira, com maior ou menor grau de limitação, em relação às coisas simples da vida, como se exercitar, engravidar”, acrescentou.
Riscos
De acordo com a médica, os riscos específicos relacionados à cardiopatia congênita incluem infecção no coração (hemocardite) e necessidade de colocação de marca-passo. “A vida do paciente será de acordo com a complexidade da cardiopatia. Vai ser de acordo com as sequelas, os resíduos iniciais que a doença deixou na vida dele”. Muitas vezes, o jovem tem de colocar uma válvula no coração que, ao longo da vida, terá de ser trocada mais de uma vez, em períodos de dez anos.
As doenças mais simples podem até ser consideradas curadas na infância. O paciente vai ter acompanhamento médico, que pode ser feito pelo cardiologista. Já nas cardiopatias de média para alta complexidade, a gama de pacientes precisará ser assistida por um especialista. Isso sem contar questões da vida adulta, como trabalho, formação, estudo, possibilidade de engravidar, necessidade de esterilização devido ao risco alto de engravidar, risco de endocardite e necessidade de novas intervenções para pacientes mais complexos.
Maria Carolina informou que pessoas com cardiopatia congênita devem praticar atividade física, mas de acordo com suas possibilidades. ”Tem aqueles para os quais será liberada só a caminhada e outros que podem até ser liberados para esporte competitivos.”
As sequelas podem ocorrer na função cardíaca, na função de válvulas cardíacas, e também sob a forma de arritmia, hipertensão arterial pulmonar. As alterações residuais que ficam no paciente é que vão determinar o que ele pode fazer, qual é a mulher que poderá engravidar sem nenhum problema. A vida do jovem ou adulto jovem cardiopata congênito será norteada pela complexidade da doença em relação a esses fatores.
Segundo a médica, essas questões vão poder ser customizadas de acordo com a gravidade e com o que o paciente apresenta em termos de lesões residuais, de problemas cardiológicos decorrentes da cardiopatia congênita. Ela ressaltou que mesmo mulheres que já trocaram a válvula do coração, mas que tenham cardiopatia congênita de média complexidade, poderão engravidar. Já as pacientes que acabam evoluindo para insuficiência cardíaca, hipertensão arterial pulmonar, arritmias, terão a contraindicação, porque a gravidez se torna risco para sua vida.
Algumas situações de risco para engravidar podem ser resolvidas operando, destacou a médica do INC. Outras alterações, contudo, não podem ser resolvidas com cirurgia. “Para essas pacientes, a gente desaconselha a gravidez”. As crianças do sexo feminino com cardiopatia muito complexa devem ser conscientizadas ao longo da adolescência, antes até da entrada na vida adulta, sobre o risco que vão correr se engravidarem.
Estatísticas
A cardiopatia congênita pode ser transmitida da mãe ou do pai para o filho. Por isso, é importante em famílias em que a cardiopatia se repete, que o paciente saiba que podem transmiti-la aos filhos. Não é incomum encontrar famílias com várias alterações.
O número de adultos cardiopatas congênitos tem crescido continuamente. Um estudo de 2018 estimou que existam 50 milhões de adultos portadores de cardiopatia congênita no mundo. O Brasil acompanha a tendência mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência de cardiopatias congênitas varia entre 0,8% nos países com alta renda e 1,2% nos países com baixa renda – o valor médio de 1% de incidência é aceito para o Brasil e demais países da América Latina.
Nas duas últimas décadas, a mortalidade por cardiopatia congênita em crianças caiu quase três vezes, graças a avanços nas técnicas cirúrgicas e hemodinâmicas e nos diagnósticos cada vez mais precoces e precisos feitos, muitas vezes, em fetos no útero das mães. “Isso deu uma sobrevida maior aos pacientes. Eu tenho pacientes operados na década de 1970.” No início, eles eram atendidos, não por especialistas, mas pelo pediatra, e viviam menos.
Maria Carolina destacou que muitos cardiopatas congênitos enfrentam dificuldades de engajamento na vida profissional e até de acesso ao ensino básico, ao terceiro grau. Muitos também não se consideram capazes. “Essa é uma de nossas preocupações. Muitos pacientes com baixa complexidade nos abordam querendo laudo para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e nós explicamos que eles estão bem. A cardiopatia está curada, porque foi operado na infância, e as sequelas não são graves. O paciente pode estudar e trabalhar.”
A médica defendeu a necessidade de promover o desenvolvimento pessoal e profissional desses doentes, porque é melhor ser um indivíduo produtivo, que colabora com a sociedade e consigo mesmo, na medida em que amplia sua autoestima e a realização pessoal. Nos casos de mais alta complexidade, quando o paciente não tem condição de trabalhar, são necessários laudos para benefício do INSS, porque ele tem limitação natural.
Fora da curva
A médica Maria Carolina aponta o caso de Cintia Maia como “um ponto fora da curva”. Diagnosticada com a doença com um mês e 15 dias, Cintia Maria teve o primeiro atendimento ocorreu no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez a primeira cirurgia Hospital Quarto Centenário e continuou o tratamento no hospital da UFRJ.
Quando engravidou e teve problemas, Cintia foi encaminhada para o Instituto Nacional de Cardiologia. O filho dela, que está com 11 anos, tratou a cardiopatia congênita logo no início e hoje não tem problemas. Depois da gravidez, Cintia ficou debilitada, com muitas limitações, mas operou a válvula cardíaca e voltou a ter vida normal. “Estudo, trabalho, faço tudo.”
Ela admite que sente alguma fadiga ou cansaço, mas nada que a impeça de realizar suas atividades. Cintia faz acompanhamento anual no Instituto Nacional de Cardiologia, para avaliar a necessidade de troca da válvula. Ela é professora e neuropsicopedagoga.
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PORTAL TERRA
O que explica aumento de mortalidade por infarto entre mulheres jovens brasileiras
Números de mulheres brasileiras de 18 a 49 anos vítimas de infarto aumentaram na última década.
O que explica aumento de mortalidade por infarto entre mulheres jovens brasileiras
A mortalidade por infarto entre mulheres jovens no Brasil está em crescimento – e menos da metade delas recebe o tratamento adequado para prevenir ou tratar esse problema.
Esses são dois dos principais alertas de um recente posicionamento sobre a saúde do coração feminino lançado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
A entidade chama a atenção para todas as falhas na cadeia de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do ataque cardíaco – e de outras doenças agudas que afetam o sistema cardiovascular – entre o público feminino.
Na cardiologia, as diferenças entre homens e mulheres “vão além das questões cromossômicas” e envolvem “os valores sociais, as percepções e os comportamentos”, que “moldam padrões e criam diferentes papeis na sociedade”, aponta o documento.
Essas questões ganham mais importância quando lembramos que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, independentemente do sexo.
Mas o que está por trás dessa quase negligência do coração feminino? Especialistas ouvidos pela apontam que não existe um único fator que explica o fenômeno – e há toda uma sucessão de falhas por trás desse cenário.
A seguir, confira o aumento da mortalidade nesse público em comparação às demais faixas etárias e entenda o que saúde mental e sintomas “desprezados” têm a ver com o problema.
Mulheres mais jovens sob risco
O infarto geralmente acontece quando há o entupimento das artérias coronárias, os vasos que levam sangue rico em oxigênio e nutrientes para o coração funcionar direito.
Essa crise cardíaca aguda – e potencialmente mortal – costuma ser o estopim de uma série de elementos que se acumulam por anos ou décadas, como doenças crônicas (obesidade, hipertensão, colesterol alto, diabetes ), comportamentos e mudanças de estilo de vida (consumo de álcool, tabagismo, sedentarismo, sono de má qualidade ) ou características individuais (idade, sexo, histórico familiar ).
Tradicionalmente, o ataque cardíaco sempre foi vinculado à figura do homem com mais de 45 ou 50 anos que carrega um ou mais fatores de risco da lista detalhada no parágrafo anterior. E, segundo essa linha de raciocínio, o risco para as mulheres só aumentava no pós-menopausa – quando elas perdem a proteção cardiovascular conferida por alguns hormônios, como o estrogênio e a progesterona.
Mas a realidade é bem mais complexa: o posicionamento da SBC revela que o percentual da taxa de mortalidade por infarto no Brasil vem caindo de forma geral entre homens e mulheres de 1990 para 2019.
Porém, quando são analisados os números específicos de mulheres mais jovens, que estariam supostamente mais protegidas pelos fatores hormonais, mortalidade por doenças cardíacas até aumentou nas últimas décadas.
A taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares agudas subiu 7,6% entre mulheres de 15 a 49 anos entre 1990 e 2019.
Nos outros grupos (mulheres mais velhas e homens de todas as idades), essas taxas estão em queda ou sofreram um crescimento menor em comparação às brasileiras pré-menopausa.
A variação foi menor entre aquelas de 50 a 69 anos (+5,4%) e caiu entre as que já passaram dos 70 anos (-18,4%). Entre os homens, a variação da mortalidade também foi inferior nos três grupos analisados: de 15 a 49 anos (+5,8%), 50 a 69 anos (+1,6%) e 70 anos ou mais (-18,2%).
“Ainda não temos evidências suficientes para explicar definitivamente e em detalhes porque isso está acontecendo e o que está por trás dessa letalidade maior nesse grupo”, admite o cardiologista Antonio Mansur, diretor do Serviço de Prevenção, Cardiopatia na Mulher e Reabilitação Cardiovascular do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo.
Mas o documento da SBC apresenta algumas pistas que ajudam a entender esse cenário – como você confere a seguir.
O infarto geralmente está relacionado ao entupimento das artérias coronárias (em vermelho na ilustração) Foto: / BBC News Brasil
Fatores de risco menos óbvios
Para começar, o posicionamento destaca que “as mulheres apresentam com maior frequência fatores de risco cardiovascular não tradicionais, como estresse mental e depressão, e sofrem as consequências das desvantagens sociais devido à raça, etnicidade e renda”.
Ou seja: além daqueles gatilhos clássicos do infarto (pressão alta, diabetes, sedentarismo, excesso de peso ), o público feminino ainda é mais afetado por problemas relacionados à saúde mental.
As questões psicológicas, por sua vez, vão representar um fardo a mais para um coração que já está sobrecarregado.
O impacto do estresse e da saúde mental no coração da mulher foi medido em vários estudos publicados ao longo dos últimos anos.
Um deles, feito na Universidade Emory, nos Estados Unidos, mostrou que a taxa de ataques cardíacos relacionados ao estresse era o dobro no público feminino em comparação com o masculino.
Entre pacientes que se recuperam de um infarto, a diferença no fardo mental também é marcante entre os sexos. De acordo com uma pesquisa da Universidade Yale, também nos EUA, a percepção de estresse é maior entre as mulheres mais jovens durante os doze meses que sucedem o evento cardiovascular.
Em linhas gerais, a saúde mental das mulheres é mais afetada que a dos homens por questões hormonais, de violência de gênero e traumas, segundo uma revisão publicada no The Lancet Psychiatry.
“Existe uma tendência na sociedade e na medicina de não se valorizar muito os aspectos da saúde mental. A mulher é vista como nervosa, como se não soubesse se portar ou reagir”, comenta a cardiologista Ieda Jatene, do Grupo de Estudo de Doenças Cardiovasculares em Mulheres do HCor, em São Paulo.
“Muitas vezes, as queixas emocionais não são encaradas com a mesma seriedade de incômodos físicos”, lamenta a médica.
Que fique claro: estresse, ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos acometem homens e mulheres. Em ambos os sexos, se essas doenças não forem diagnosticadas e tratadas adequadamente, elas podem resultar em ataque cardíaco.
“Porém, o público feminino tende a sofrer mais com a sobrecarga relacionada à dupla ou à tripla jornada diária”, acrescenta Jatene, referindo-se à incumbência de ter uma profissão, cuidar da casa e dar atenção à família que recai com maior frequência sobre elas.
Além da saúde mental, a lista de fatores de risco cardiovasculares não tradicionais que acometem as mulheres inclui também o parto prematuro, a doença hipertensiva da gestação, o diabetes gestacional, as doenças autoimunes (como lúpus e artrite reumatoide, mais frequentes no público feminino) e os tratamentos para doenças como o câncer de mama.
Sintomas desprezados
Após anos de sobrecarga, as artérias do coração entopem e o músculo entra em pane. Falamos aqui do infarto, um evento que costuma apresentar alguns sintomas importantes e bem conhecidos – o mais famoso deles é a dor no peito que irradia para o braço esquerdo.
Mas aqui, mais uma vez, as mulheres saem no prejuízo. Nelas, nem sempre o ataque cardíaco se manifesta dessa forma.
Mansur, que também é professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, calcula que a dor no peito aparece em 90 a 95% dos homens com infarto. Enquanto isso, esse sintoma acomete de 75 a 80% das mulheres na mesma condição.
“Ou seja: ela ainda é o sinal comum e mais importante em ambos os sexos”, constata ele.
As mulheres vítimas desse problema, porém, podem sentir mais frequentemente outros incômodos diferentes – e, em razão disso, nem suspeitarem que estão sob risco.
Muitas vezes, nem mesmo os profissionais da saúde que atuam em ambulatórios e serviços de emergência conhecem esses sintomas atípicos do infarto, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento delas.
“Muitas apresentam queixas como cansaço extremo, um desconforto no peito que não tem uma característica de aperto, falta de ar e disparos nas batidas do coração”, descreve Jatene.
“Todas essas manifestações devem sempre ser encaradas como sinais de alerta para uma doença cardiovascular”, complementa ela.
Além das pistas de infarto citadas pela médica, os manuais de cardiologia incluem também mal-estar súbito, sensação de desmaio, dificuldades para manter a respiração, fraqueza intensa, tontura, suor frio, dor no abdômen ou nas costas, palidez, náuseas, vômitos e dificuldades para dormir.
Diante deles, vale ir até um serviço de emergência com a maior rapidez possível.
Jornadas duplas ou triplas, mais comuns entre as mulheres, podem resultar em mais estresse – o que afeta a saúde do coração Foto: / BBC News Brasil
Tratamento inadequado
Chegamos, enfim, à terceira barreira da lista: segundo o posicionamento da SBC, “menos de 50% das pacientes [com doenças cardíacas] são submetidas ao tratamento medicamentoso adequado”.
Em outras palavras, mesmo quando superam as outras duas dificuldades, fazem exames de rotina ou suspeitam de algo mais grave e recebem o diagnóstico correto, mais da metade das pacientes não tem acesso aos remédios ou aos procedimentos mais indicados para o caso delas.
Segundo os médicos ouvidos pela e o próprio documento da SBC, existem vários fatores que explicam esse menor acesso aos tratamentos contra as doenças cardiovasculares.
O primeiro deles tem a ver justamente com o fato de os profissionais de saúde suspeitarem menos desses problemas quando a paciente é do sexo feminino – com isso, elas não recebem o diagnóstico adequado, que permitiria realizar a melhor terapia no tempo adequado.
Os especialistas também observam que, no geral, as mulheres têm menos acesso a exames de rotina do coração, que permitiriam flagrar aqueles fatores de risco por trás de um infarto – como diabetes, colesterol alto e hipertensão arterial – e poderiam ser controlados por meio de medicações. Esses problemas ficam, então, escondidos por décadas, até que desembocam numa crise aguda das coronárias.
O posicionamento da SBC ainda chama a atenção para os “determinantes sociais da saúde”, como abuso sexual e violência, privação socioeconômica e baixa escolaridade. A entidade aponta que todos eles são “potencializadores de doenças cardiovasculares” nas mulheres – e é importante levar em consideração todos esses pontos durante a consulta para ampliar o acesso aos tratamentos mais efetivos para elas.
“Infelizmente, essa é a realidade. O tratamento do infarto nas mulheres costuma ser inadequado e tardio”, classifica Mansur.
“Elas são menos submetidas, por exemplo, à angioplastia e à colocação de stent”, diz o médico.
Esses nomes citados pelo cardiologista fazem alusão aos métodos cirúrgicos minimamente invasivos que desentopem as artérias coronárias e instalam pequenos dispositivos (os stents) que garantem a passagem de sangue pela região afetada.
Mansur acrescenta que, além dos procedimentos, as mulheres também costumam receber menos prescrições de remédios para controlar os fatores de risco tradicionais, como hipertensão e colesterol alto – que, como vimos anteriormente, são gatilhos para um infarto.
“As mulheres também são menos representadas em estudos clínicos de cardiologia. O número de voluntárias nas pesquisas é sempre muito menor”, aponta Jatene.
“Até há pouco tempo, acreditava-se que doença cardiovascular era coisa de homem e a mulher só apresentaria esses problemas depois que perdesse a proteção hormonal no pós-menopausa. Mas sabemos hoje em dia que eles podem aparecer de forma muito mais precoce”, reforça ela.
Para completar, a recuperação pós-infarto também é mais complicada entre o público feminino. Segundo um estudo publicado em maio no Jornal da Academia Americana de Cardiologia, mulheres são 1,65 vez mais propensas a precisar de uma nova internação nos primeiros 12 meses em comparação com os homens.
Elas também sofrem 1,46 vez mais complicações relacionadas ao ataque cardíaco e têm um risco 2,2 vezes maior de morrer nessa janela de um ano após o evento inicial.
Os stents (no centro da imagem) são pequenas estruturas metálicas que desentopem e mantêm a estrutura de vasos sanguíneos Foto: / BBC News Brasil
Como mudar isso
Para Jatene, a melhora desse cenário passa necessariamente por uma palavra: educação.
Na visão da médica, todo mundo deve conhecer melhor as formas de prevenção dos fatores de risco cardiovasculares e os cuidados básicos diante dos sinais de um infarto.
Do lado dos profissionais de saúde, ela também aponta para a necessidade de uma melhoria no acolhimento das pacientes.
“Fundamentalmente, precisamos valorizar os sintomas precoces, mesmo que eles sejam atípicos, e encaminhá-las para uma avaliação”, diz a cardiologista.
Já do ponto de vista da população geral, conhecer mais sobre o problema e ter uma rotina de autocuidado é algo primordial, aponta Jatene.
“É importante que toda mulher de 35 a 40 anos procure um cardiologista e faça uma avaliação. Isso pode ajudar na detecção de um problema que ainda está escondido”, sugere.
A médica acredita que, quando o assunto é coração, o público feminino deve ter a mesma rotina de cuidados reservada à prevenção do câncer de mama – com exames periódicos quando há indicação e atenção aos possíveis sintomas de algo mais sério.
“As mulheres geralmente cuidam do marido, dos filhos, dos pais, dos colegas de trabalho, dos amigos Mas elas dificilmente são cuidadas como deveriam”, conclui ela.
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PORTAL REGIÃO NOROESTE
Mais de um milhão de pessoas esperam por cirurgias eletivas no SUS
Mais de um milhão de pessoas estão na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para a realização de cirurgias eletivas em todo o Brasil. O número aparece no relatório mais recente do Ministério da Saúde sobre o andamento de um novo programa do governo federal, que pretende repassar recursos para reduzir a espera por cirurgias, exames e consultas na rede pública de saúde.
💉 Contexto: Lançado em janeiro, o Programa Nacional de Redução das Filas (PNRF) foi uma das bandeiras dos primeiros 100 dias da terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
🩺 Na primeira etapa, a prioridade são as cirurgias eletivas, que são procedimentos já marcados e sem urgência.
Os 26 estados e o Distrito Federal elaboraram planos com o detalhamento da quantidade de pessoas na fila e os procedimentos cirúrgicos mais aguardados em cada localidade e encaminharam ao Ministério da Saúde. Esse levantamento durou cerca de três meses e foi concluído na última semana: 👥 O tamanho da fila de espera por cirurgias eletivas é de 1.082.795 pessoas em todo o Brasil.
🧑⚕️ 487.646 cirurgias serão realizadas por meio do programa do governo federal.
📉 Com isso, a fila das cirurgias eletivas será reduzida em 45%.
Até então, não havia um número exato de pessoas na chamada fila do SUS. O detalhamento feito pelos estados ajudou o governo federal a ter uma noção sobre a espera pelos procedimentos de saúde na rede pública de uma maneira nacional.
Desde março, o Ministério da Saúde iniciou a transferência de dinheiro para que estados e municípios possam realizar mutirões de atendimentos – são R$ 200 milhões apenas para desafogar a fila de cirurgias eletivas. Após essa etapa, o governo federal planeja seguir com o programa para tentar reduzir as filas de espera por exames e consultas especializadas.
Como funciona? O ministério envia um terço do dinheiro previsto após a aprovação do plano estadual e o restante é repassado depois da realização dos procedimentos.
Fila por estado
Goiás é o estado que tem a maior fila para cirurgias eletivas no SUS (125.894), seguido de São Paulo (111.271), Rio Grande do Sul (108.066) e Pernambuco (103.955).
Para alguns estados, a perspectiva é boa: Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Sergipe e Tocantins pretendem zerar a fila de espera por cirurgias eletivas no âmbito do programa do governo federal. Em outros, no entanto, a redução fica abaixo de 50%, como é o caso de Amazonas, Goiás e Santa Catarina.
Represamento pós-pandemia
A espera por cirurgias, consultas e exames no SUS sempre existiu, mas ficou ainda maior após a pandemia da Covid-19, quando cirurgias não urgentes foram paralisadas. E, consequentemente, as filas aumentaram.
Para a professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Marília Louvison, o programa do governo federal pode ser efetivo para resolver o represamento agravado nos últimos anos. Mas, segundo ela, é preciso avançar para uma melhor organização dos processos.
“Filas sempre existirão. É preciso fazer a gestão das filas para garantir tempo oportuno para resolver as necessidades da população, em cada território”, afirmou Marília.
A tendência, porém, é de que a fila não ande tão rápido como o esperado pelos pacientes. Um dos motivos está na contratação de mão-de-obra capaz de atender as demandas represadas, sem esquecer dos atendimentos de saúde que ocorrem fora das filas.
“Uma das dificuldades que faz o programa ter maior lentidão é a necessidade de identificar os prestadores capazes de assumir essa oferta adicional, porque a rotina continuará acontecendo normalmente, considerando especificidade, especialidade e complexidade cirúrgica”, afirmou a professora Marília Louvison.
As cirurgias mais esperadas
A facoemulsificação com implante de lente intraocular dobrável, mais conhecida como cirurgia de catarata, é a que tem a maior fila declarada: mais de 167 mil pessoas aguardam o procedimento.
A cirurgia de catarata é um procedimento simples e moderno, um dos mais feitos na oftalmologia, e é a única forma de tratamento para a doença, que deixa a lente interna do olho opaca, gerando perda de visão. Com a cirurgia, o paciente pode voltar a enxergar.
💊 Ranking dos procedimentos com mais demanda
No ranking dos 10 principais procedimentos cirúrgicos com maior demanda e que serão realizados, em parte, pelo programa do governo federal, também estão: colecistectomia (retirada da vesícula biliar); hernioplastias (tratamento de hérnia em diferentes partes do corpo); histerectomia (remoção do útero); laqueadura e vasectomia (procedimentos de esterilização); tratamento cirúrgico de varizes.
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FOLHA.COM
O que explica aumento de mortalidade por infarto em mulheres jovens no Brasil
A mortalidade por infarto entre mulheres jovens no Brasil está em crescimento – e menos da metade delas recebe o tratamento adequado para prevenir ou tratar esse problema.
Esses são dois dos principais alertas de um recente posicionamento sobre a saúde do coração feminino lançado pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia).
A entidade chama a atenção para todas as falhas na cadeia de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do ataque cardíaco – e de outras doenças agudas que afetam o sistema cardiovascular – entre o público feminino.
Os números de mulheres brasileiras de 18 a 49 anos vítimas de infarto aumentaram na última década – via BBC
Na cardiologia, as diferenças entre homens e mulheres “vão além das questões cromossômicas” e envolvem “os valores sociais, as percepções e os comportamentos”, que “moldam padrões e criam diferentes papeis na sociedade”, aponta o documento.
Essas questões ganham mais importância quando lembramos que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, independentemente do sexo.
Mas o que está por trás dessa quase negligência do coração feminino? Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que não existe um único fator que explica o fenômeno – e há toda uma sucessão de falhas por trás desse cenário.
A seguir, confira o aumento da mortalidade nesse público em comparação às demais faixas etárias e entenda o que saúde mental e sintomas “desprezados” têm a ver com o problema.
MULHERES MAIS JOVENS SOB RISCO
O infarto geralmente acontece quando há o entupimento das artérias coronárias, os vasos que levam sangue rico em oxigênio e nutrientes para o coração funcionar direito.
Essa crise cardíaca aguda – e potencialmente mortal – costuma ser o estopim de uma série de elementos que se acumulam por anos ou décadas, como doenças crônicas (obesidade, hipertensão, colesterol alto, diabetes ), comportamentos e mudanças de estilo de vida (consumo de álcool, tabagismo, sedentarismo, sono de má qualidade ) ou características individuais (idade, sexo, histórico familiar ).
Tradicionalmente, o ataque cardíaco sempre foi vinculado à figura do homem com mais de 45 ou 50 anos que carrega um ou mais fatores de risco da lista detalhada no parágrafo anterior. E, segundo essa linha de raciocínio, o risco para as mulheres só aumentava no pós-menopausa – quando elas perdem a proteção cardiovascular conferida por alguns hormônios, como o estrogênio e a progesterona.
Mas a realidade é bem mais complexa: o posicionamento da SBC revela que o percentual da taxa de mortalidade por infarto no Brasil vem caindo de forma geral entre homens e mulheres de 1990 para 2019.
Porém, quando são analisados os números específicos de mulheres mais jovens, que estariam supostamente mais protegidas pelos fatores hormonais, mortalidade por doenças cardíacas até aumentou nas últimas décadas.
A taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares agudas subiu 7,6% entre mulheres de 15 a 49 anos entre 1990 e 2019.
Nos outros grupos (mulheres mais velhas e homens de todas as idades), essas taxas estão em queda ou sofreram um crescimento menor em comparação às brasileiras pré-menopausa.
A variação foi menor entre aquelas de 50 a 69 anos (+5,4%) e caiu entre as que já passaram dos 70 anos (-18,4%). Entre os homens, a variação da mortalidade também foi inferior nos três grupos analisados: de 15 a 49 anos (+5,8%), 50 a 69 anos (+1,6%) e 70 anos ou mais (-18,2%).
“Ainda não temos evidências suficientes para explicar definitivamente e em detalhes porque isso está acontecendo e o que está por trás dessa letalidade maior nesse grupo”, admite o cardiologista Antonio Mansur, diretor do Serviço de Prevenção, Cardiopatia na Mulher e Reabilitação Cardiovascular do InCor (Instituto do Coração), em São Paulo.
Mas o documento da SBC apresenta algumas pistas que ajudam a entender esse cenário – como você confere a seguir.
FATORES DE RISCO MENOS ÓBVIOS
Para começar, o posicionamento destaca que “as mulheres apresentam com maior frequência fatores de risco cardiovascular não tradicionais, como estresse mental e depressão, e sofrem as consequências das desvantagens sociais devido à raça, etnicidade e renda”.
Ou seja: além daqueles gatilhos clássicos do infarto (pressão alta, diabetes, sedentarismo, excesso de peso ), o público feminino ainda é mais afetado por problemas relacionados à saúde mental.
As questões psicológicas, por sua vez, vão representar um fardo a mais para um coração que já está sobrecarregado.
O impacto do estresse e da saúde mental no coração da mulher foi medido em vários estudos publicados ao longo dos últimos anos.
Um deles, feito na Universidade Emory, nos Estados Unidos, mostrou que a taxa de ataques cardíacos relacionados ao estresse era o dobro no público feminino em comparação com o masculino.
Entre pacientes que se recuperam de um infarto, a diferença no fardo mental também é marcante entre os sexos. De acordo com uma pesquisa da Universidade Yale, também nos EUA, a percepção de estresse é maior entre as mulheres mais jovens durante os doze meses que sucedem o evento cardiovascular.
Em linhas gerais, a saúde mental das mulheres é mais afetada que a dos homens por questões hormonais, de violência de gênero e traumas, segundo uma revisão publicada no The Lancet Psychiatry.
“Existe uma tendência na sociedade e na medicina de não se valorizar muito os aspectos da saúde mental. A mulher é vista como nervosa, como se não soubesse se portar ou reagir”, comenta a cardiologista Ieda Jatene, do Grupo de Estudo de Doenças Cardiovasculares em Mulheres do HCor, em São Paulo.
“Muitas vezes, as queixas emocionais não são encaradas com a mesma seriedade de incômodos físicos”, lamenta a médica.
Que fique claro: estresse, ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos acometem homens e mulheres. Em ambos os sexos, se essas doenças não forem diagnosticadas e tratadas adequadamente, elas podem resultar em ataque cardíaco.
“Porém, o público feminino tende a sofrer mais com a sobrecarga relacionada à dupla ou à tripla jornada diária”, acrescenta Jatene, referindo-se à incumbência de ter uma profissão, cuidar da casa e dar atenção à família que recai com maior frequência sobre elas.
Além da saúde mental, a lista de fatores de risco cardiovasculares não tradicionais que acometem as mulheres inclui também o parto prematuro, a doença hipertensiva da gestação, o diabetes gestacional, as doenças autoimunes (como lúpus e artrite reumatoide, mais frequentes no público feminino) e os tratamentos para doenças como o câncer de mama.
SINTOMAS DESPREZADOS
Após anos de sobrecarga, as artérias do coração entopem e o músculo entra em pane. Falamos aqui do infarto, um evento que costuma apresentar alguns sintomas importantes e bem conhecidos – o mais famoso deles é a dor no peito que irradia para o braço esquerdo.
Mas aqui, mais uma vez, as mulheres saem no prejuízo. Nelas, nem sempre o ataque cardíaco se manifesta dessa forma.
Mansur, que também é professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, calcula que a dor no peito aparece em 90 a 95% dos homens com infarto. Enquanto isso, esse sintoma acomete de 75 a 80% das mulheres na mesma condição.
“Ou seja: ela ainda é o sinal comum e mais importante em ambos os sexos”, constata ele.
As mulheres vítimas desse problema, porém, podem sentir mais frequentemente outros incômodos diferentes – e, em razão disso, nem suspeitarem que estão sob risco.
Muitas vezes, nem mesmo os profissionais da saúde que atuam em ambulatórios e serviços de emergência conhecem esses sintomas atípicos do infarto, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento delas.
“Muitas apresentam queixas como cansaço extremo, um desconforto no peito que não tem uma característica de aperto, falta de ar e disparos nas batidas do coração”, descreve Jatene.
“Todas essas manifestações devem sempre ser encaradas como sinais de alerta para uma doença cardiovascular”, complementa ela.
Além das pistas de infarto citadas pela médica, os manuais de cardiologia incluem também mal-estar súbito, sensação de desmaio, dificuldades para manter a respiração, fraqueza intensa, tontura, suor frio, dor no abdômen ou nas costas, palidez, náuseas, vômitos e dificuldades para dormir.
Diante deles, vale ir até um serviço de emergência com a maior rapidez possível.
TRATAMENTO INADEQUADO
Chegamos, enfim, à terceira barreira da lista: segundo o posicionamento da SBC, “menos de 50% das pacientes [com doenças cardíacas] são submetidas ao tratamento medicamentoso adequado”.
Em outras palavras, mesmo quando superam as outras duas dificuldades, fazem exames de rotina ou suspeitam de algo mais grave e recebem o diagnóstico correto, mais da metade das pacientes não tem acesso aos remédios ou aos procedimentos mais indicados para o caso delas.
Segundo os médicos ouvidos pela BBC News Brasil e o próprio documento da SBC, existem vários fatores que explicam esse menor acesso aos tratamentos contra as doenças cardiovasculares.
O primeiro deles tem a ver justamente com o fato de os profissionais de saúde suspeitarem menos desses problemas quando a paciente é do sexo feminino – com isso, elas não recebem o diagnóstico adequado, que permitiria realizar a melhor terapia no tempo adequado.
Os especialistas também observam que, no geral, as mulheres têm menos acesso a exames de rotina do coração, que permitiriam flagrar aqueles fatores de risco por trás de um infarto – como diabetes, colesterol alto e hipertensão arterial – e poderiam ser controlados por meio de medicações. Esses problemas ficam, então, escondidos por décadas, até que desembocam numa crise aguda das coronárias.
O posicionamento da SBC ainda chama a atenção para os “determinantes sociais da saúde”, como abuso sexual e violência, privação socioeconômica e baixa escolaridade. A entidade aponta que todos eles são “potencializadores de doenças cardiovasculares” nas mulheres – e é importante levar em consideração todos esses pontos durante a consulta para ampliar o acesso aos tratamentos mais efetivos para elas.
“Infelizmente, essa é a realidade. O tratamento do infarto nas mulheres costuma ser inadequado e tardio”, classifica Mansur.
“Elas são menos submetidas, por exemplo, à angioplastia e à colocação de stent”, diz o médico.
Esses nomes citados pelo cardiologista fazem alusão aos métodos cirúrgicos minimamente invasivos que desentopem as artérias coronárias e instalam pequenos dispositivos (os stents) que garantem a passagem de sangue pela região afetada.
Mansur acrescenta que, além dos procedimentos, as mulheres também costumam receber menos prescrições de remédios para controlar os fatores de risco tradicionais, como hipertensão e colesterol alto – que, como vimos anteriormente, são gatilhos para um infarto.
“As mulheres também são menos representadas em estudos clínicos de cardiologia. O número de voluntárias nas pesquisas é sempre muito menor”, aponta Jatene.
“Até há pouco tempo, acreditava-se que doença cardiovascular era coisa de homem e a mulher só apresentaria esses problemas depois que perdesse a proteção hormonal no pós-menopausa. Mas sabemos hoje em dia que eles podem aparecer de forma muito mais precoce”, reforça ela.
Para completar, a recuperação pós-infarto também é mais complicada entre o público feminino. Segundo um estudo publicado em maio no Jornal da Academia Americana de Cardiologia, mulheres são 1,65 vez mais propensas a precisar de uma nova internação nos primeiros 12 meses em comparação com os homens.
Elas também sofrem 1,46 vez mais complicações relacionadas ao ataque cardíaco e têm um risco 2,2 vezes maior de morrer nessa janela de um ano após o evento inicial.
COMO MUDAR ISSO
Para Jatene, a melhora desse cenário passa necessariamente por uma palavra: educação.
Na visão da médica, todo mundo deve conhecer melhor as formas de prevenção dos fatores de risco cardiovasculares e os cuidados básicos diante dos sinais de um infarto.
Do lado dos profissionais de saúde, ela também aponta para a necessidade de uma melhoria no acolhimento das pacientes.
“Fundamentalmente, precisamos valorizar os sintomas precoces, mesmo que eles sejam atípicos, e encaminhá-las para uma avaliação”, diz a cardiologista.
Já do ponto de vista da população geral, conhecer mais sobre o problema e ter uma rotina de autocuidado é algo primordial, aponta Jatene.
“É importante que toda mulher de 35 a 40 anos procure um cardiologista e faça uma avaliação. Isso pode ajudar na detecção de um problema que ainda está escondido”, sugere.
A médica acredita que, quando o assunto é coração, o público feminino deve ter a mesma rotina de cuidados reservada à prevenção do câncer de mama – com exames periódicos quando há indicação e atenção aos possíveis sintomas de algo mais sério.
“As mulheres geralmente cuidam do marido, dos filhos, dos pais, dos colegas de trabalho, dos amigos Mas elas dificilmente são cuidadas como deveriam”, conclui ela.
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Assessoria de Comunicação